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Competição versus Colaboração

Enviado: 14 Mar 2006, 12:01
por Claudio Loredo

Aprendemos desde cedo a valorizar a competição. Por causa dela procuramos sempre nos aperfeiçoar para não sermos deixados para trás. A mesma lógica da competição aplicamos as empresas e as nações, mas a pergunta é: até que ponto a competição gera ganhos e onde ela começa a gerar prejuízos?

Vivemos numa época de domínio das grandes empresas. As pessoas tem que se adaptar as exigências dessas empresas para conseguir os melhores empregos e os Governos são obrigados a obedecer a vontade dessas empresas para conseguirem investimentos. Este panorama é recente na história humana e nem sempre foi assim, nem sempre as pessoas e as nações tiveram que se adaptar as exigências do mercado.

Antes da revolução industrial, cada pessoa era dona de seus instrumentos de trabalho, que se resumiam a pertences pessoais. Com o surgimento das industrias a produção passa a ser feita em larga escala e os meios de produção passam a ficar nas mãos da burguesia. Ao proletariado cabia vender sua força de trabalho a esta burguesia para ter acesso aos meios de produção e assim ganhar o seu salário.

Hoje o trabalhador já não depende tanto da indústria para poder produzir, pois a maior riqueza atual é o conhecimento. Ele pode vender seu conhecimento para várias empresas ou pessoas sem precisar de vínculos empregatícios.

Este trabalhador também já não precisa competir com outros trabalhadores que exercem a mesma atividade que a sua. Muito pelo contrário. Ele precisa colaborar. Precisa contactar esses profissionais pela internet, ou até pessoalmente, para trocar conhecimentos com eles e trabalhar em rede, num sistema de ajuda mútua. Assim, em conjunto, esses profissionais fazem muito mais do que sozinhos. A colaboração em grupo os torna muito mais capacitados do que a competição individualizada.

A tendência é os empreendimentos passarem a ocorrer igual a produção de um filme. Pessoas de diversas profissões se juntam, umas endicando outras, realizam um trabalho em comum, vendem o resultado deste trabalho e depois se dispersam se unindo em outros empreendimentos. Então, o importante não é estar ligado a uma empresa, o importante é estar ligado a redes de pessoas que sempre garantam novos empreendimentos.

O poder das empresas deve diminuir a medida que elas se fragmentam. Cada empresa só pode cuidar do seu negócio principal, atividades acessórias devem ser terceirizadas. Só que hoje o processo de terceirização está fragmentando cada vez mais as empresas. Hoje custa bem menos para uma empresa contratar um trabalhador autônomo do que contratar um empregado.

O custo de autônomo é menor porque as pessoas preferem trabalhar por conta própria do que trabalhar como empregados e estar subordinados a alguém. Para atingir este emprego ideal de autônomo as pessoas topam ganhar menos. Por isso o autônomo é mais em conta para as empresas.

Assim, acaba existindo uma empresa idéia, a qual se incorporam outras empresas, mas essas outras empresas acabam se fragmentando e se tornando apenas um conjunto de pessoas unidas por uma idéia.

Estou falando tudo isto para mostrar que existem alternativas naturais para sair desse sistema econômico que temos atualmente. As inovações tecnológicas levam a mudanças na organização social e do trabalho e que por isso, não existem verdades absolutas na economia. Tudo está em constante mudança que por sua vez criam novas situações e idéias.

Diante do que acabei de dizer quero colocar alguns questionamentos.

1) Ainda existe sentido na existência do Estado-Nação e na competição entre eles?
2) Quem deve comandar os governos: a sociedade civil ou as grandes empresas?
3) Não está na hora da sociedade civil controlar diretamente o governo, ao invés de deixar este ser guiado pelo mercado?
4) O que trás mais ganhos para a sociedade: a competição entre seus membros ou a colaboração entre eles?
5) Qual o papel dos organismos internacionais e dos bloco econômicos na garantia dos direitos humanos e da natureza?
6) Qual indicador mede melhor a riqueza de uma nação: o Produto Interno Bruto per capita (PIB per capita) ou o Indice de Desenvolvimento Humano (IDH)?