Reserva de vagas para o MST divide a UFPel
Enviado: 19 Mar 2006, 07:59
Reserva de vagas para o MST divide a UFPel
Projeto prevê que seja criada uma turma de Veterinária só para 60 assentados indicados pelo movimento
EDUARDO CECCONI/ Pelotas/Casa Zero Hora
Responsável por acirrar a disputa na eleição que definiu o novo diretor de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), um projeto que pode beneficiar assentados de todo o país gerou reação. Um grupo de alunos pretende na segunda-feira protestar contra a possibilidade de abertura de 60 vagas para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Nesta semana, um candidato oposicionista entregou aos estudantes o projeto na íntegra. Elaborado pelo professor Luiz Felipe Damé Schuch, o texto prevê a criação de uma turma da Medicina Veterinária exclusiva para assentados e filhos de assentados.
Apesar dos ataques da chapa adversária, o professor Mário Meireles venceu a votação realizada na última quinta-feira, tendo Schuch como coordenador da campanha.
- Infelizmente, os debates impediram uma análise mais profunda do projeto. Simplesmente diziam para os alunos que o MST iria invadir a faculdade. Quase perdi a eleição - afirmou Meireles.
O novo diretor deve tomar posse em 45 dias e não quer falar sobre o projeto até lá. Schuch lamenta o "uso de campanha distorcido" do projeto. Ele propõe abrir 60 vagas para assentados e filhos de assentados em uma turma. O MST indicaria candidatos em todo o país, e eles passariam por um vestibular específico para definir os aprovados.
- Agora, com a tranqüilidade pós-eleitoral, vamos reiniciar o debate para esclarecer os alunos sobre o projeto - afirmou Schuch.
O projeto vai para as mãos do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da reitoria da UFPel. Depois será remetido ao curso, e depende da aprovação do colegiado e do conselho departamental da Medicina Veterinária para ser executado. O MEC limitou-se a dizer que as universidades federais têm autonomia para criar vagas.
( eduardo.cecconi@zerohora.com.br )
A Lei do Boi
> O uso de cotas diferenciadas para o ingresso de estudantes foi comum nos cursos de Agronomia e Veterinária entre 1968 e 1985, período de vigência da Lei 5.465/68. Ela determinava às instituições federais a reserva de 50% das vagas a candidatos do meio rural
> A chamada Lei do Boi estabelecia que os vestibulandos deveriam comprovar a conclusão dos estudos de 2º Grau em uma escola rural e atestar que seus pais possuíam propriedades
> A Lei 7.423, de 17 de dezembro de 1985, revogou a Lei do Boi
O projeto
> Proposto pelo Instituto Educar, com endereço no Assentamento Nossa Senhora Aparecida (em Pontão), o documento data de agosto de 2005
> Pretende criar 60 vagas para assentados e filhos de assentados na Medicina Veterinária da UFPel
> Caberia ao MST indicar os nomes dos candidatos, e à UFPel realizar um vestibular dirigido aos sem-terra escolhidos para definir os 60 aprovados
> As vagas iriam para: Rio Grande do Sul (25), Santa Catarina (10), Paraná (10), Sudeste (cinco), Centro-Oeste (quatro), Nordeste (quatro) e Norte (duas)
> Com a greve das universidades federais e problemas na tramitação, o projeto atrasou. A previsão era iniciar em março deste ano e concluir em agosto de 2011
> O financiamento estaria a cargo do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), com custo previsto de R$ 1.115.296
> Uma das justificativas é a necessidade de qualificar o colono, para aumentar a produtividade nos lotes
Projeto prevê que seja criada uma turma de Veterinária só para 60 assentados indicados pelo movimento
EDUARDO CECCONI/ Pelotas/Casa Zero Hora
Responsável por acirrar a disputa na eleição que definiu o novo diretor de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), um projeto que pode beneficiar assentados de todo o país gerou reação. Um grupo de alunos pretende na segunda-feira protestar contra a possibilidade de abertura de 60 vagas para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Nesta semana, um candidato oposicionista entregou aos estudantes o projeto na íntegra. Elaborado pelo professor Luiz Felipe Damé Schuch, o texto prevê a criação de uma turma da Medicina Veterinária exclusiva para assentados e filhos de assentados.
Apesar dos ataques da chapa adversária, o professor Mário Meireles venceu a votação realizada na última quinta-feira, tendo Schuch como coordenador da campanha.
- Infelizmente, os debates impediram uma análise mais profunda do projeto. Simplesmente diziam para os alunos que o MST iria invadir a faculdade. Quase perdi a eleição - afirmou Meireles.
O novo diretor deve tomar posse em 45 dias e não quer falar sobre o projeto até lá. Schuch lamenta o "uso de campanha distorcido" do projeto. Ele propõe abrir 60 vagas para assentados e filhos de assentados em uma turma. O MST indicaria candidatos em todo o país, e eles passariam por um vestibular específico para definir os aprovados.
- Agora, com a tranqüilidade pós-eleitoral, vamos reiniciar o debate para esclarecer os alunos sobre o projeto - afirmou Schuch.
O projeto vai para as mãos do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da reitoria da UFPel. Depois será remetido ao curso, e depende da aprovação do colegiado e do conselho departamental da Medicina Veterinária para ser executado. O MEC limitou-se a dizer que as universidades federais têm autonomia para criar vagas.
( eduardo.cecconi@zerohora.com.br )
A Lei do Boi
> O uso de cotas diferenciadas para o ingresso de estudantes foi comum nos cursos de Agronomia e Veterinária entre 1968 e 1985, período de vigência da Lei 5.465/68. Ela determinava às instituições federais a reserva de 50% das vagas a candidatos do meio rural
> A chamada Lei do Boi estabelecia que os vestibulandos deveriam comprovar a conclusão dos estudos de 2º Grau em uma escola rural e atestar que seus pais possuíam propriedades
> A Lei 7.423, de 17 de dezembro de 1985, revogou a Lei do Boi
O projeto
> Proposto pelo Instituto Educar, com endereço no Assentamento Nossa Senhora Aparecida (em Pontão), o documento data de agosto de 2005
> Pretende criar 60 vagas para assentados e filhos de assentados na Medicina Veterinária da UFPel
> Caberia ao MST indicar os nomes dos candidatos, e à UFPel realizar um vestibular dirigido aos sem-terra escolhidos para definir os 60 aprovados
> As vagas iriam para: Rio Grande do Sul (25), Santa Catarina (10), Paraná (10), Sudeste (cinco), Centro-Oeste (quatro), Nordeste (quatro) e Norte (duas)
> Com a greve das universidades federais e problemas na tramitação, o projeto atrasou. A previsão era iniciar em março deste ano e concluir em agosto de 2011
> O financiamento estaria a cargo do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), com custo previsto de R$ 1.115.296
> Uma das justificativas é a necessidade de qualificar o colono, para aumentar a produtividade nos lotes