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Divorciado é quem mais muda de religião.

Enviado: 20 Mar 2006, 13:47
por spink
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidi ... 200620.htm



NOVA FÉ

Estudo da Igreja Católica mostra que 52% dos divorciados e 35% dos separados judicialmente trocaram de religião

Divorciado é quem mais muda de religião

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Católica desde o berço, daquelas que iam à missa toda semana, a vendedora Rosa Maria Camaroto, 53, sentiu-se a mulher mais feliz do mundo quando ouviu o padre dizer "até que a morte os separe".
Passou sete anos acreditando que o casamento era mesmo um sacramento eterno, até que começou a desconfiar do seu marido.
Descobriu que estava sendo traída e, cheia de dúvidas, não encontrou apoio na paróquia que freqüentava. Fragilizada, aceitou o convite de vizinhos e foi assistir a um culto da Assembléia de Deus. "Senti amparo e nunca mais deixei a nova igreja. Fui acolhida mesmo estando em processo de separação", declara.
Rosa Maria é o exemplo típico do brasileiro que muda de religião. Segundo uma pesquisa do Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (Ceris) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), são divorciados ou separados judicialmente os que mais trocam de credo no país.
Entre os divorciados, 52% mudaram de fé. Entre os separados judicialmente, 35%. No último censo, de 2000, havia 2.661.741 separados e 2.319.575 divorciados no Brasil. Aplicadas as porcentagens, 2.155.736 pessoas desses grupos trocaram de religião.

Igrejas intolerantes
O que pode explicar a migração é que algumas igrejas, como a Católica, não aceitam plenamente descasados e não permitem uma segunda união. Sentindo-se excluídos, eles partem em busca de uma religião mais tolerante.
Foi o que aconteceu com Rosa Maria. "Não estava mais me sentindo bem na Igreja Católica. Eles não me apoiaram, e eu não poderia nem mais comungar", diz.
Professor de teologia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Fernando Altemeyer acredita que muitos trocam de fé quando sentem que sua igreja não tem espaço para eles.
"Descasados podem se sentir deixados de lado e mudam de religião por desconforto. Além disso, vivem um momento de ruptura, de análise", esclarece.
A presidente da Associação Brasileira de Terapia Familiar, Sandra Fedullo Colombo, também acredita que, quando uma pessoa rompe um relacionamento afetivo, reavalia o seu cotidiano.
"Alguns descobrem que seguiam a religião por comodismo. Sozinhos, percebem que têm o direito de escolher o seu caminho", afirma Sandra.
Quando a separação é traumática, as pessoas querem apagar lembranças e ainda passam por uma fase de revolta. "Passam a questionar por que Deus não as ajudou, além de questionar as doutrinas e regras", pondera.

Discordância de princípios
As estatísticas do Ceris foram levantadas em 2004 e farão parte de um livro a ser lançado em maio. Os resultados têm representação nacional porque os dados foram projetados levando-se em conta o censo do IBGE (leia nesta página).
Eles mostram que a grande mudança ocorre entre os que não tinham religião ou eram católicos e passaram a freqüentar igrejas evangélicas pentecostais.
A maior mobilidade religiosa também se dá com aqueles que têm maior nível de escolaridade: 37% mudaram de credo. A proporção varia pouco quando o corte é feito por idade ou sexo.
A pesquisa do Ceris também perguntou qual é a principal motivação para a mudança de fé. Em primeiro lugar, a "discordância dos princípios ou da doutrina".
Sílvia Fernandes, socióloga e coordenadora do levantamento, explica que não há um estudo detalhado sobre a movimentação dos descasados de cada religião.
"Divorciados transitam mais em todas as religiões, não observamos quanto em cada uma. Não dá para dizer que a mudança de religião dos católicos está associada à não-aceitação do divórcio", diz. Para ela, quando uma pessoa se separa, procura novos espaços de sociabilidade para reconstruir relações de amizade e afetivas.
"A igreja ou o grupo religioso funciona como um novo grupo social, na medida em que promove encontros, festas e cultos."
Altemeyer lembra que, em vários casos, descasados encontram novos parceiros de outra religião e se convertem. Ele acha que as igrejas devem analisar por que estão perdendo seus rebanhos. "É preciso se adequar ao cotidiano e dar respostas aos fiéis que, muitas vezes, sentem-se desamparados."

Re.: Divorciado é quem mais muda de religião.

Enviado: 20 Mar 2006, 13:50
por spink
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidi ... 200622.htm



Padres criam pastoral para acolher descasados

DA REPORTAGEM LOCAL

Não há sinal de mudança à vista. Então, enquanto o Vaticano não se mostra disposto a rever os seus conceitos, alguns padres driblam as regras e tentam manter os seus fiéis. Para acolher os descasados, algumas paróquias da capital criaram a Pastoral para Casais em Segunda União. Eles continuam sem poder se casar na igreja e comungar, mas são católicos praticantes e se reúnem para discutir os motivos da exclusão.
É o que acontece quinzenalmente na São João Clímaco, no Sacomã, zona sul da cidade. Naquela região, algumas paróquias, há oito anos, resolveram trabalhar com esses casais. "Estamos com oito casais que se encontram para falar da Bíblia e da situação em que vivem", conta o padre Édson Donizete Toneti. "A acolhida é necessária porque a igreja não olha com atenção para esse rebanho, que não pára de crescer."
Edivan Lopes, 45, motorista, participa da pastoral. Divorciado, vive com Gabriela, que nunca foi casada, há quase dez anos. Tem um filho do primeiro casamento e dois do segundo, todos batizados. Seu sonho é esperar Gabriela no altar. "Ela diz que não fica triste de não poder se casar na igreja, apesar de sermos bastante católicos. Mas eu queria muito", conta.
O motorista também gostaria de voltar a comungar. O padre Édson explica que, principalmente para esses fiéis, a comunhão precisa ter um sentido mais amplo. "Eles não recebem a eucaristia, mas podem fazer a comunhão com Deus." Casar-se no religioso pela segunda vez, porém, só é possível se o divorciado recorrer ao Tribunal Eclesiástico. Dados de 1999 do tribunal da Arquidiocese de São Paulo revelam que, naquele ano, 108 casamentos foram declarados nulos.
Segundo o padre Juarez Pedro de Castro, secretário-geral do Vicariato da Comunicação da Arquidiocese de São Paulo, ainda vai levar um bom tempo para a Igreja Católica aceitar casamentos de divorciados ou separados e permitir que eles comunguem. (DT)

Re.: Divorciado é quem mais muda de religião.

Enviado: 20 Mar 2006, 15:05
por Tranca
Saudações, Penna!

Cabem aqui algumas considerações.

As igrejas evangélicas concorrem entre si na sua luta proselitista para ganhar mais adeptos, o que significa em seu meio: mais prestígio e conseqüentemente, mais renda.

Como o catolicismo segrega os descasados, estes tendem a encontrar um meio que os acolha.

Ou seja, as igrejas precisam de novos prosélitos e os descasados precisam de amparo e uma nova perspectiva de vida. Acabam por darem certo nessa relação igreja-rebanho.

Ademais, trazer pessoas que tiveram seus lares destruídos é um "baita negocião".

Trazer a si gente que está passando por uma fase difícil é algo ótimo. Rende bons testemunhos, de como a vida da pessoa era uma desgraça antes e como passou a ser abençoada depois de se converter*.

O rebanho aumenta e se a pessoa acaba por encontrar outro companheiro e se casa nesta igreja, logo a mesma estará crescendo em projeção geométrica, devido às famílias que vão se formando em seu seio, tornando o vínculo que as une à esta igreja maior ainda.

* Se a conversão de uma pessoa fosse simplesmente pelo fato de que ela de uma hora para outra sentiu-se "tentada" a mudar suas crença, sem que tenha passado por vários percalços até encontrar Jesus, seu testemunho seria muito chato.

Todos querem ouvir sobre vidas despedaçadas e transformações milagrosas: o mulher que era uma piranha e que depois passou a ser uma bênção, até se casando com um "irmão"; o cara que era corno e que perdeu tudo e ia se atirar de cima do viaduto que por meio da ajuda providencial de um "irmão" que ia passando desistiu de pular e conheceu a igreja na qual obteve a graça de ficar mais rico do que já fora e encontrar uma companheira ideal; a mocinha que não conseguia nada e perdeu o namorado para a rival e ficou desgostosa da vida, mas acabou por "aceitar jesuis" de todo coração e agora tem um emprego ótimo, um carro do ano e namora o "galã" da congregação ou o cara que era alcoólatra e batia na mulher que depois de tomar uns catiripapos da vida e ter chegado ao fundo do poço, "conheceu a palavra" e agora é um novo homem, um empresário de sucesso e pai de família exemplar... Isto dá show!

Testemunhos de conversões sem o choque da desgraça/benção (inferno/paraíso) não gera entusiasmo na audiência. Literalmente: NÃO TEM GRAÇA (acho que com duplo sentido).


Nessas igrejas, as pessoas são bem acolhidas e passam pela tradicional doutrinação que as faz rechaçar até parte daquilo de bom que sua "antiga vida" lhe proporcionara.

Portanto, tudo o mais que encontram no seio e por meio da nova proposta de vida - amigos, um novo casamento, emprego, etc - acabam por ser supervalorizado, em detrimento de quaisquer outras conquistas feitas nos tempos em que eram "ímpios". Utiliza-se, para isso, da memória seletiva, para dizer somente as coisas ruins do passado e as bênçãos da vida atual, de modo que os testemunhos tornam-se surreais, parecendo que as vidas dos recém-conversos realmente deram uma guinada de 180º, mudando da água turva e salobra para o mais puro néctar dos deuses.





Ah, e passam a ver os "outros", que não possuem sua crença e não vêem o mundo pelo mesmo espectro seu, como ímpios, mas isso é mote para outra discussão.

Algumas igrejas mais tradicionalistas possuem claras divisões entre os "mais puros" e os "menos puros". Pessoas separadas e divorciadas, que vivem em pecado comoutro companheiro, acabam por ser segregadas, tendo que se sentarem mais atrás nos cultos, enquanto os lugares à frente são reservados àqueles casais "abençoados". Não saberia dizer qual a aceitação de novos conversos descasados nesses meios.

Re.: Divorciado é quem mais muda de religião.

Enviado: 20 Mar 2006, 16:21
por Flavio Costa
Quando a pessoa está nova, fica toda encantada com o romantismo que a Igreja promete. Depois que vive, vê que a teoria católica não casa bem com a realidade incerta da vida e se desilude. Atualmente, a ICAR é uma grande farsa, com meia dúzia de pessoas que ainda têm a mentalidade doutrinada o suficiente para suportar o anacronismo. A maioria vai para a missa e não faz nada do que o padre manda...

Re: Re.: Divorciado é quem mais muda de religião.

Enviado: 20 Mar 2006, 16:24
por unborn
Tranca-Ruas escreveu: As igrejas evangélicas concorrem entre si na sua luta proselitista para ganhar mais adeptos, o que significa em seu meio: mais prestígio e conseqüentemente, mais renda.



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