masokismu islamico- auto-flagelo
Enviado: 21 Mar 2006, 12:15

Xiitas participam de cerimônia de luto em Kerbala, apesar das ameaças
KERBALA (Iraque), 20 mar (AFP) - "Hussein, não o esquecemos": centenas de milhares de xiitas iraquianos, batendo no peito e acenando com a cabeça, em ar contrito, lembraram nesta segunda-feira o 40º dia de luto da Achura num clima de extrema tensão no dia seguinte a um ataque fracassado com míssil Grad.
Apesar do medo da violência, um grupo de peregrinos caminhou em torno do mausoléu de Hussein, em Kerbala, 110 km ao sul de Bagdá, para reviver a memória de seu terceiro imã, morto pelos Omeiades sunitas em 680.
Ao ritmo de tambores, as procissões devem ocorrer até meia-noite diante dos mausoléus de Hussein e de seu meio-irmão Al-Abbas, onde os homens, vestidos de negro, flagelando-se, batem no peito com faixas vermelhas, negras e verdes.
A cerimônia, que coincide com o terceiro aniversário da invasão do Iraque pelas tropas americano-britânicas, conta com mais de 10.000 policiais, 2.000 comandos e 1.500 soldados em seu esquema de segurança.
"Viemos a Kerbala para mostrar que não temos medo dos Takfiri (os extremistas sunitas ligados ao chefe da Al-Qaeda no Iraque, Abbu Mussab al-Zarqawi) nem dos Sadamistas (os partidários do presidente deposto Saddam Hussein)", disse Jawad Ahmad, 40 anos, originário de Bagdá.
Uma dezena de peregrinos foi morta nesses últimos dias nas estradas que levam a Kerbala, em ataques atribuídos aos rebeldes sunitas, no momento em que a tensão entre as duas comunidades muçulmanas nunca esteve tão viva.
Numa mensagem, o chefe do poderoso Conselho Supremo da revolução islâmica no Iraque (CSRII), Abdel Aziz Hakim, acusou "os Takfiri e os Saddamistas" de fazer uma guerra raivosa e sem piedade contra" os xiitas.
"Vocês precisam estar conscientes da gravidade da situação e não se envolver numa guerra religiosa", disse o chefe do principal partido xiita iraquiano.
Há uma semana, quase três milhões de pessoas passaram por Kerbala. A maioria veio a pé, segundo uma estimativa do governador, Akil al-Khazaali. O momento mais importante da celebração aconteceu nesta segunda-feira.
Ahmed Khadem, de 36 anos, de Nassíria (sul), quer provar que os xiitas estão "prontos para sacrificar tudo pelo imã Hussein".
Centenas de homens, mulheres e crianças tiveram de dormir nas ruas porque os hotéis estavam lotados. Os moradores, segundo um costume ancestral, se encarregam de alimentar os peregrinos.
As autoridades estão mais preocupadas com problemas de segurança, pois há dois anos esses ritos se tornaram o alvo dos rebeldes sunitas. Em 2005, 44 pessoas morreram num atentado em Kerbala e, em 2004, 170 pessoas foram mortas em ataques durante o luto xiita em Bagdá e Kerbala.
Num alerta, domingo, três mísseis Grad foram lançados sobre Kerbala, sendo que apenas um caiu na cidade, sem deixar vítimas.
O governador afirmou ter pedido, em vão, para a Força multinacional comandada pelos americanos uma cobertura aérea durante a peregrinação.
"É a primeira vez que os terroristas utilizam este tipo de míssil", disse o governador, referindo-se ao Grad, fabricado na URSS e com alcance de 25 quilômetros.