Chimpanzés têm noção de cooperação e altruísmo
Enviado: 23 Mar 2006, 11:15
Retirado do site da Sciam
Chimpanzés têm noção de cooperação e altruísmo, diz estudo
Março
Por David Biello
Sabe-se que, no ambiente selvagem, os chimpanzés caçam juntos, particularmente quando as condições não permitem que um caçador solitário tenha sucesso. Mas isto não prova a espécie de primata mais próxima dos humanos entenda a cooperação da mesma maneira que nós: tais caçadas em grupo podem simplesmente ser o produto de ações independentes e simultâneas de muitos indivíduos, com pouca compreensão da necessidade de ação coordenada para assegurar o sucesso. Um estudo novo, porém, mostra pela primeira vez que os chimpanzés entendem quando a cooperação é necessária e como assegurar sua eficácia. E outro estudo mostra que eles podem até estar dispostos a cooperar sem esperança de recompensa.
O grupo de pesquisa de Alicia Melis, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, em Leipzig, Alemanha, submeteu os chimpanzés de uma reserva de Uganda a um desafio cooperativo. Para alcançar uma bandeja de comida atrás de barras, um chimpanzé precisava puxar as duas extremidades de uma corda que passava por aros de metal na bandeja. Se o chimpanzé simplesmente puxasse uma extremidade, a corda escorregaria pelo aro. Se, porém, o chimpanzé abrisse a porta para um aposento adjacente, libertasse um colega chimpanzé e cooperasse com ele para puxarem as duas extremidades da corda ao mesmo tempo, ambos seriam recompensados com a comida na bandeja.
"Eles tinham não apenas de saber quando precisavam de ajuda, mas também sair para obtê-la", diz Melis. "Então eles tinham de esperar até que seu parceiro chegasse, e os dois precisavam puxar a corda ao mesmo tempo. Os chimpanzés realmente tinham de entender por que precisavam de seu parceiro."
Quando as extremidades da corda eram colocadas perto o suficiente para que um único chimpanzé pudesse realizar a tarefa, este raramente pedia ajuda. Mas quando precisavam de ajuda - e quando tinham uma opção entre vários colaboradores potenciais - os chimpanzés rapidamente aprendiam a escolher os parceiros mais colaborativos.
Embora esta experiência ofereça o primeiro vislumbre da cooperação consciente fora da humanidade - e levante a possibilidade de que tais habilidades possam ter estado presentes em nosso ancestral comum mais de 6 milhões de anos atrás - não quer dizer que os chimpanzés consigam se comunicar sobre um objetivo compartilhado, como crianças humanas.
Entretanto, no segundo estudo, encabeçado por Felix Warneken, também do Instituto Max Planck, três chimpanzés jovens ajudaram seu zelador humano a alcançar objetivos mesmo sem nenhuma esperança de recompensa - assim como crianças humanas ainda com 18 meses. "Este é o primeiro experimento a mostrar a ajuda altruísta voltada para objetivos em qualquer primata não-humano", observa Warneken. "Tem-se alegado que os chimpanzés agem sobretudo visando seus próprios fins, mas em nosso experimento, mesmo sem recompensa, eles continuavam ajudando."
Ambos os artigos apareceram recentemente na revista Science.
Chimpanzés têm noção de cooperação e altruísmo, diz estudo
Março
Por David Biello
Sabe-se que, no ambiente selvagem, os chimpanzés caçam juntos, particularmente quando as condições não permitem que um caçador solitário tenha sucesso. Mas isto não prova a espécie de primata mais próxima dos humanos entenda a cooperação da mesma maneira que nós: tais caçadas em grupo podem simplesmente ser o produto de ações independentes e simultâneas de muitos indivíduos, com pouca compreensão da necessidade de ação coordenada para assegurar o sucesso. Um estudo novo, porém, mostra pela primeira vez que os chimpanzés entendem quando a cooperação é necessária e como assegurar sua eficácia. E outro estudo mostra que eles podem até estar dispostos a cooperar sem esperança de recompensa.
O grupo de pesquisa de Alicia Melis, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, em Leipzig, Alemanha, submeteu os chimpanzés de uma reserva de Uganda a um desafio cooperativo. Para alcançar uma bandeja de comida atrás de barras, um chimpanzé precisava puxar as duas extremidades de uma corda que passava por aros de metal na bandeja. Se o chimpanzé simplesmente puxasse uma extremidade, a corda escorregaria pelo aro. Se, porém, o chimpanzé abrisse a porta para um aposento adjacente, libertasse um colega chimpanzé e cooperasse com ele para puxarem as duas extremidades da corda ao mesmo tempo, ambos seriam recompensados com a comida na bandeja.
"Eles tinham não apenas de saber quando precisavam de ajuda, mas também sair para obtê-la", diz Melis. "Então eles tinham de esperar até que seu parceiro chegasse, e os dois precisavam puxar a corda ao mesmo tempo. Os chimpanzés realmente tinham de entender por que precisavam de seu parceiro."
Quando as extremidades da corda eram colocadas perto o suficiente para que um único chimpanzé pudesse realizar a tarefa, este raramente pedia ajuda. Mas quando precisavam de ajuda - e quando tinham uma opção entre vários colaboradores potenciais - os chimpanzés rapidamente aprendiam a escolher os parceiros mais colaborativos.
Embora esta experiência ofereça o primeiro vislumbre da cooperação consciente fora da humanidade - e levante a possibilidade de que tais habilidades possam ter estado presentes em nosso ancestral comum mais de 6 milhões de anos atrás - não quer dizer que os chimpanzés consigam se comunicar sobre um objetivo compartilhado, como crianças humanas.
Entretanto, no segundo estudo, encabeçado por Felix Warneken, também do Instituto Max Planck, três chimpanzés jovens ajudaram seu zelador humano a alcançar objetivos mesmo sem nenhuma esperança de recompensa - assim como crianças humanas ainda com 18 meses. "Este é o primeiro experimento a mostrar a ajuda altruísta voltada para objetivos em qualquer primata não-humano", observa Warneken. "Tem-se alegado que os chimpanzés agem sobretudo visando seus próprios fins, mas em nosso experimento, mesmo sem recompensa, eles continuavam ajudando."
Ambos os artigos apareceram recentemente na revista Science.