Cobaias humanas.
Enviado: 28 Mar 2006, 08:52
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/ ... u1631.jhtm
Um ensaio mortal para seis cobaias
Seis britânicos se debatem entre a vida e a morte depois de participar como voluntários de testes clínicos de um novo medicamento
Walter Oppenheimer
em Londres
Às 8 da manhã daquela segunda-feira eram oito pessoas, entre 18 e 40 anos de idade, perfeitamente saudáveis e normais. Uma hora depois, seis delas começaram a sentir-se mal, muito mal. Começaram a vomitar e a sentir que suas cabeças iam explodir. Quatro delas estão em estado muito grave. Duas em estado crítico.
As seis receberam um novo medicamento experimental, conhecido como TGN 1412, com o qual seus criadores esperavam combater doenças como leucemia, reumatismo e esclerose múltipla. Mas algo saiu terrivelmente errado naquela manhã, há quase duas semanas, no centro de testes farmacológicos administrado pela empresa americana Parexel no Northwick Park Hospital, em Harrow, um bairro no noroeste de Londres.
Duas das oito cobaias ficaram atônitas ao ver as reações de seus companheiros, "que caíam como peças de dominó". Eles também temiam começar a se contorcer de dor de um momento para outro. Mas não lhes aconteceu nada.
Eles haviam ingerido um placebo e continuavam tão sãos quanto chegaram ali, com o objetivo de ajudar um pouco a ciência e bastante seu bolso:
submeter-se àqueles testes lhes daria pouco mais de 4 mil euros. Uma boa quantia para os que saem sãos, uma miséria para os que jazem em coma, transformados no "homem-elefante", como descreveu a namorada de um dos afetados, com o pescoço e a cabeça terrivelmente inchados.
Os médicos estão desconcertados. E não sabem muito bem como tratar os doentes porque estão combatendo os efeitos secundários de uma substância até agora desconhecida. O TGN 1412 não é um produto químico, mas um produto biológico, uma proteína "humanizada" desenvolvida geneticamente pela firma alemã de biotécnica TeGenero.
O novo medicamento foi projetado para abordar a proteína CD28 em um subgrupo de células do sistema imunológico chamadas de células T. A maioria dos tratamentos de anticorpos atua reduzindo as reações biológicas, mas o TGN 1412 foi projetado para fazer o contrário: ativar as células T. Acredita-se que a substância poderia ter superestimulado as células T malignas, fazendo-as explodir ou morrer.
Enquanto os médicos tratam os seis afetados com esteróides e transfusões de sangue, os pesquisadores tentam verificar o que aconteceu. O organismo governamental responsável por estabelecer as condições em que se realizam as experiências de novos medicamentos deu a entender que o projeto cumpriu as medidas de cautela adequadas, apesar de os advogados dos afetados dizerem que a informação oferecida pelos autores do teste antes que se submetessem é um tanto confusa.
Parece que houve alguns problemas com os testes realizados com animais e vários deles morreram. Em conseqüência disso, a dose do medicamento administrada no primeiro teste clínico com seres humanos foi 500 vezes menor que a administrada aos ratos, coelhos e cachorros que já testaram o remédio.
Mas os cientistas acreditam que não estão diante de um problema de dose excessiva, e sim que talvez a droga funcione de maneira diferente nos animais e nos homens, e por isso os animais utilizados nos testes anteriores não sofreram as mesmas reações, porque os anticorpos fabricados para o TGN 1412 foram criados especificamente para afetar a proteína humana.
O mundo científico teme agora que esse incidente afete de maneira muito negativa os testes clínicos de novos medicamentos, inclusive a utilização de animais como cobaias, se ficar demonstrado que em certo tipo de medicamentos os animais reagem de forma completamente diferente dos humanos.
Um ensaio mortal para seis cobaias
Seis britânicos se debatem entre a vida e a morte depois de participar como voluntários de testes clínicos de um novo medicamento
Walter Oppenheimer
em Londres
Às 8 da manhã daquela segunda-feira eram oito pessoas, entre 18 e 40 anos de idade, perfeitamente saudáveis e normais. Uma hora depois, seis delas começaram a sentir-se mal, muito mal. Começaram a vomitar e a sentir que suas cabeças iam explodir. Quatro delas estão em estado muito grave. Duas em estado crítico.
As seis receberam um novo medicamento experimental, conhecido como TGN 1412, com o qual seus criadores esperavam combater doenças como leucemia, reumatismo e esclerose múltipla. Mas algo saiu terrivelmente errado naquela manhã, há quase duas semanas, no centro de testes farmacológicos administrado pela empresa americana Parexel no Northwick Park Hospital, em Harrow, um bairro no noroeste de Londres.
Duas das oito cobaias ficaram atônitas ao ver as reações de seus companheiros, "que caíam como peças de dominó". Eles também temiam começar a se contorcer de dor de um momento para outro. Mas não lhes aconteceu nada.
Eles haviam ingerido um placebo e continuavam tão sãos quanto chegaram ali, com o objetivo de ajudar um pouco a ciência e bastante seu bolso:
submeter-se àqueles testes lhes daria pouco mais de 4 mil euros. Uma boa quantia para os que saem sãos, uma miséria para os que jazem em coma, transformados no "homem-elefante", como descreveu a namorada de um dos afetados, com o pescoço e a cabeça terrivelmente inchados.
Os médicos estão desconcertados. E não sabem muito bem como tratar os doentes porque estão combatendo os efeitos secundários de uma substância até agora desconhecida. O TGN 1412 não é um produto químico, mas um produto biológico, uma proteína "humanizada" desenvolvida geneticamente pela firma alemã de biotécnica TeGenero.
O novo medicamento foi projetado para abordar a proteína CD28 em um subgrupo de células do sistema imunológico chamadas de células T. A maioria dos tratamentos de anticorpos atua reduzindo as reações biológicas, mas o TGN 1412 foi projetado para fazer o contrário: ativar as células T. Acredita-se que a substância poderia ter superestimulado as células T malignas, fazendo-as explodir ou morrer.
Enquanto os médicos tratam os seis afetados com esteróides e transfusões de sangue, os pesquisadores tentam verificar o que aconteceu. O organismo governamental responsável por estabelecer as condições em que se realizam as experiências de novos medicamentos deu a entender que o projeto cumpriu as medidas de cautela adequadas, apesar de os advogados dos afetados dizerem que a informação oferecida pelos autores do teste antes que se submetessem é um tanto confusa.
Parece que houve alguns problemas com os testes realizados com animais e vários deles morreram. Em conseqüência disso, a dose do medicamento administrada no primeiro teste clínico com seres humanos foi 500 vezes menor que a administrada aos ratos, coelhos e cachorros que já testaram o remédio.
Mas os cientistas acreditam que não estão diante de um problema de dose excessiva, e sim que talvez a droga funcione de maneira diferente nos animais e nos homens, e por isso os animais utilizados nos testes anteriores não sofreram as mesmas reações, porque os anticorpos fabricados para o TGN 1412 foram criados especificamente para afetar a proteína humana.
O mundo científico teme agora que esse incidente afete de maneira muito negativa os testes clínicos de novos medicamentos, inclusive a utilização de animais como cobaias, se ficar demonstrado que em certo tipo de medicamentos os animais reagem de forma completamente diferente dos humanos.