
Como explicar que um bebê, poucos minutos após o nascimento, saiba exatamente como mamar? Por que, quando estamos à mesa, muitos de nós ficamos com água na boca diante de um suculento bife, mas a poucos apetece uma salada de chuchu? Por que tantos homens fantasiam com belas e jovens mulheres vistas no metrô, ou arriscam a felicidade de suas esposas, de seus filhos e a sua própria paz de espírito por uma experiência sexual passageira? Pergunte a qualquer mãe a que extremos chegaria para salvar a vida de seus filhos.
Essas e uma série de outras perguntas podem nos ajudar a entender como nossas decisões, conscientes ou inconscientes, são afetadas por um conjunto de heranças que os evolucionistas definem como instinto.
Esse é o ponto de partida de Instinto Humano, livro do médico inglês Robert Winston, novo lançamento da Editora Globo. Winston é considerado hoje o cientista de maior sucesso da TV inglesa, onde apresenta diversas séries produzidas pela BBC.
Em Instinto Humano, que deu origem à série de programas que no Brasil foram apresentados pelo Fantástico, o médico oferece uma reflexão sobre os nossos instintos mais primais, armazenados em nossos genes desde nossos antepassados biológicos e que, apesar dos milhares de anos que separam as metrópoles atuais das savanas que serviram como hábitat aos nossos antepassados pré-históricos, ainda se manifestam diariamente em cada um de nós nos momentos mais diversos.
Com linguagem fácil e elucidativa, evitando o uso exagerado de termos científicos que acaba por afugentar o público não especializado, Robert Winston consegue, através de uma narrativa prazerosa e repleta de exemplos surpreendentes, levar o leitor a reflexões que permitem compreender melhor as inúmeras reações inesperadas que o aparato racional por si só não tem como justificar.
O autor nos auxilia a entender porque algumas perguntas a respeito do comportamento humano simplesmente não têm respostas no plano cultural. Que mesmo toda a história das civilizações não é capaz de apagar o fato incontestável de que nós, seres humanos, agimos, em grande medida, como animais.