Evidência Inconsistente com a Hipótese de Super-PES
Enviado: 09 Abr 2006, 12:53
[center]EVIDÊNCIA INCONSISTENTE COM A HIPÓTESE DE SUPER-PES[/center]
[center]por David Fontana[/center]
A assim chamada hipótese de Super-PES é algumas vezes colocada como uma explicação alternativa para material sugestivo de sobrevivência. A presente nota detalha um caso da literatura que parece refutar esta hipótese.
[center]A POSIÇÃO DA HIPÓTESE[/center]
A hipótese de Super-PES ou Super-Psi (a noção de que qualquer informação evidencial vinda de médiuns ou de supostas fontes desencarnadas é explicável em termos de telepatia dos vivos ou de conhecimento clarividente do mundo material, ao invés da invocação de comunicações além da morte) foi primeiramente considerada no século 19 por Charles Richet, e também foi estudada (com graus variáveis de aceitação e rejeição) por membros dirigentes desta Sociedade nas primeiras décadas do século presente. O sociólogo americano e pesquisador psíquico Hornell Hart cunhou o termo Super-PES em 1959, e o psicólogo Gardner Murphy explorou ainda mais a utilidade da idéia durante as décadas de 1960 e 1970.
A hipótese pode potencialmente ser usada para descartar evidência sugestiva de sobrevivência, mas para isso às vezes tem-se que postular a existência de PES com um poder e complexidade muito além do que foi demonstrado em laboratório ou em casos espontâneos de PES. Parece altamente improvável que tal PES possa funcionar direito através do vasto leque de casos onde evidencia sugestiva de sobrevivência foi obtida. Alan Gauld, em um das investigações mais completas e inteligíveis da hipótese em questão, chega à conclusão que “a teoria de Super-PES não bastará para explicar a quantidade de informação correta e apropriada [relacionada à sobrevivência] às vezes conseguida” (Gauld, 1982). Lá, para todos propósitos práticos, a questão pode ser deixada de lado. Mas aí permanece o problema que como a evidência para sobrevivência só pode ser verificada conferindo-a contra fontes existentes, telepatia e clarividência de fontes materiais permanecem como possibilidades alternativas teóricas, não importando quão improváveis elas possam ser.
[center]O CASO DALLAS[/center]
Pode portanto parecer impossível encontrar um caso sugestivo de sobrevivência que seja imune a este problema. No entanto, não é assim. Um bom caso é descrito em um dos livros de Helen Dallas (1929), e merece ser mais conhecido. Helen Dallas era uma Sócia Honorária desta Sociedade, e amiga de Sir Oliver Lodge, que referiu casos a ela e a quem, com sua permissão, ela dedicou o livro em questão. Sentou-se freqüentemente com Gladys Leonard e com a maioria dos principais médiuns de sua época, publicou artigos em nosso Journal, e propõem idéias úteis em relação às Correspondências Cruzadas. Estes fatos, juntos com a evidência de seus vários livros (o mais conhecido é provavelmente Dallas, 1927), sugerem que era uma pesquisadora de confiança e cuidadosa.
O caso em questão, que eu resumo abaixo, foi experimentado por Dallas em primeira mão. O médium foi Otto von Bourg , e o ostensivo comunicador era o tio morto e guardião de Dallas, que tinha tomado conta de seus negócios quando estava vivo. Von Bourg primeiro descreveu o cavalheiro em questão, aparentemente de modo exato, então disse “Eu recebo a palavra tio”. O médium então perguntou a Dallas se o tio tinha. . .
. . . ajudado-me a organizar quaisquer papéis antes dele ter morrido. Compreendi que ele me tinha ajudado a esboçar meu testamento. [Von Bourg] então disse: “Eu recebi incorreto, muito fortemente”. Isto surpreendeu-me, e eu perguntei se quis dizer que meu tio queria que alterasse meu testamento. Disse: “Não, a base está certa; mas há algo incorreto, e eu penso que se você vê-lo ele a impressionará com relação ao que é.”
Dallas subseqüentemente escreveu a seu solicitante sobre seu testamento, e o enviou a um amigo dela, um juiz aposentado, com a petição que ele o visse para ela. Respondeu prontamente que “O testamento como esboçado parece para a conter um terrível disparate, o qual acabaria com suas intenções até certo ponto”. Dallas especificamente não conta-nos que o testamento tinha sido verificado pelo solicitante quando foi primeiramente deixado com ele, mas está claro pelo que ela diz que tinha sido, e que ele não tinha conseguido notar este disparate. Conta-nos que o juiz a informou que ele tinha “achado disparates semelhantes. . . feitos por outros solicitantes”, e ela adiciona que “nem o solicitante nem eu podíamos [itálicos dela] estar cientes do fraseado equivocado”.
Dallas usa este caso para rejeitar telepatia dos vivos. Nem ela nem o solicitante sabiam do erro à época da sessão com von Bourg, e o mesmo vale para o juiz, que só soube dele quando ela subseqüentemente enviou-lhe seu testamento. Mas ela pode também eficientemente rejeitar a clarividência, porque na época da sessão nada existia em escrito para dizer que o testamento era imperfeito, e nós não podemos supor que o testamento era ciente do próprio erro e fosse capaz de revelar este conhecimento ao médium. Assim em nenhuma parte havia a existência de qualquer informação relevante sobre o disparate que o médium podia ter acedido de forma clarividente.
O juiz certamente levava em sua cabeça o conhecimento de disparates semelhantes feitos por outros solicitantes, mas ele não sabia nada do possível erro do testamento de Dallas até que ela contatou-o depois da sessão. Nós apenas podemos oferecer o argumento absurdo que ele teve capacidades psíquicas não reconhecidas e de algum modo tinha se tornado inconscientemente ciente do testamento no passado e de seu fraseado imperfeito, e que o médium então tinha selecionado-o clarividentemente e pescado a informação de sua mente inconsciente. Igualmente absurda é a noção que o solicitante tinha registrado o disparate inconscientemente, e que o médium tinha ido à pesca nessa área da mente dele. Ninguém até agora sugeriu seriamente que a teoria de Super-PES deve ser esticada para cobrir toda a informação que nós guardamos no inconsciente, informação cuja existência, desde que está inconsciente, não pode em todo o caso ser verificada. Igualmente absurda é a noção que o médium tinha lido o testamento por clarividência, e que ele possuía mais conhecimento legal que o solicitante, e que tinha achado o erro por si.
Podemos naturalmente apelar ao último refúgio da teoria de Super-PES, a saber a noção que tudo que está para acontecer potencialmente pode ser conhecido pela mente, e que em conseqüência o médium pode ter colhido conhecimento precognitivo do escrutínio do juiz do testamento e de sua descoberta subseqüente. Mas no momento atual tal refúgio está somente disponível se nós primeiramente abdicarmos de qualquer reivindicação ao método científico.Não somente nós não estamos certos se as capacidades precognitivas tem ou não, se elas existem, acesso a todo tipo de acontecimento, como não há nenhuma evidência que tais capacidades operaram no exemplo presente. O médium revelou informação somente de um acontecimento atual, a saber o erro no testamento, e não dos acontecimentos futuros cercando a descoberta deste erro. Ele não fez nenhuma referência à parte exercida nesta descoberta pelo juiz, ou ao papel do juiz em informar para Dallas ou a seu solicitante dos resultados relevantes. Sua única referência vaga ao futuro — i.e. se de Dallas olhasse no testamento seu tio “lhe impressionaria com o que [o erro] é”— revelou-se aliás ser incorreta. Não foi o tio dela, mas o juiz que fez isso.
A própria Dallas achava que seu tio morto “descobriu depois da morte que ele tinha cometido um erro no seu esboço de meu testamento”, e portanto desejou corrigi-lo. Não é fácil de argumentar com esta visão. Naturalmente, gostaríamos de saber mais detalhes, tais como os nomes do juiz e do solicitante, e nós gostaríamos de entrevistar estes cavalheiros e obter evidência escrita do disparate no testamento e das circunstâncias que o cercam. A lacuna temporal torna isto impossível e em todo o caso, quem alguma vez soube de um solicitante registrando a própria incompetência? Mas mesmo sem estes detalhes, nós ficamos com um caso intrigante, e um que, a menos que fôssemos acusar Dallas de ponderadamente querer nos enganar, deve constar em quaisquer argumentos futuros contra a hipótese de Super-PES.
[center]CONCLUSÃO[/center]
Há outros casos desta espécie. Tomando este como nosso modelo, a conclusão é que nós podemos procurar essas comunicações por supostos desencarnados que chamam a atenção a questões secundárias (tais como erros) que não estão explicitados na informação material a que nossa atenção está sendo chamada. Tais questões secundárias devem ser desconhecidas a qualquer um que previamente tenha lidado com estas informações, e subseqüentemente devem ser detectadas por forasteiros que não tenham nenhuma conexão com o caso. Adicionalmente, as circunstâncias sob as quais a detecção ocorre não devem caracterizar nas comunicações elas próprias.
[center]REFERÊNCIAS[/center]
Dallas, H. A. (1927) Leaves from a Psychic Notebook. London: Rider.
Dallas, H. A. (1929) Comrades on the Homeward Way. London: Collins.
Gauld, A. (1982) Mediumship and Survival: A Century of Investigation. London: Heinemann [reprinted 1983 by Paladin].
[center]por David Fontana[/center]
A assim chamada hipótese de Super-PES é algumas vezes colocada como uma explicação alternativa para material sugestivo de sobrevivência. A presente nota detalha um caso da literatura que parece refutar esta hipótese.
[center]A POSIÇÃO DA HIPÓTESE[/center]
A hipótese de Super-PES ou Super-Psi (a noção de que qualquer informação evidencial vinda de médiuns ou de supostas fontes desencarnadas é explicável em termos de telepatia dos vivos ou de conhecimento clarividente do mundo material, ao invés da invocação de comunicações além da morte) foi primeiramente considerada no século 19 por Charles Richet, e também foi estudada (com graus variáveis de aceitação e rejeição) por membros dirigentes desta Sociedade nas primeiras décadas do século presente. O sociólogo americano e pesquisador psíquico Hornell Hart cunhou o termo Super-PES em 1959, e o psicólogo Gardner Murphy explorou ainda mais a utilidade da idéia durante as décadas de 1960 e 1970.
A hipótese pode potencialmente ser usada para descartar evidência sugestiva de sobrevivência, mas para isso às vezes tem-se que postular a existência de PES com um poder e complexidade muito além do que foi demonstrado em laboratório ou em casos espontâneos de PES. Parece altamente improvável que tal PES possa funcionar direito através do vasto leque de casos onde evidencia sugestiva de sobrevivência foi obtida. Alan Gauld, em um das investigações mais completas e inteligíveis da hipótese em questão, chega à conclusão que “a teoria de Super-PES não bastará para explicar a quantidade de informação correta e apropriada [relacionada à sobrevivência] às vezes conseguida” (Gauld, 1982). Lá, para todos propósitos práticos, a questão pode ser deixada de lado. Mas aí permanece o problema que como a evidência para sobrevivência só pode ser verificada conferindo-a contra fontes existentes, telepatia e clarividência de fontes materiais permanecem como possibilidades alternativas teóricas, não importando quão improváveis elas possam ser.
[center]O CASO DALLAS[/center]
Pode portanto parecer impossível encontrar um caso sugestivo de sobrevivência que seja imune a este problema. No entanto, não é assim. Um bom caso é descrito em um dos livros de Helen Dallas (1929), e merece ser mais conhecido. Helen Dallas era uma Sócia Honorária desta Sociedade, e amiga de Sir Oliver Lodge, que referiu casos a ela e a quem, com sua permissão, ela dedicou o livro em questão. Sentou-se freqüentemente com Gladys Leonard e com a maioria dos principais médiuns de sua época, publicou artigos em nosso Journal, e propõem idéias úteis em relação às Correspondências Cruzadas. Estes fatos, juntos com a evidência de seus vários livros (o mais conhecido é provavelmente Dallas, 1927), sugerem que era uma pesquisadora de confiança e cuidadosa.
O caso em questão, que eu resumo abaixo, foi experimentado por Dallas em primeira mão. O médium foi Otto von Bourg , e o ostensivo comunicador era o tio morto e guardião de Dallas, que tinha tomado conta de seus negócios quando estava vivo. Von Bourg primeiro descreveu o cavalheiro em questão, aparentemente de modo exato, então disse “Eu recebo a palavra tio”. O médium então perguntou a Dallas se o tio tinha. . .
. . . ajudado-me a organizar quaisquer papéis antes dele ter morrido. Compreendi que ele me tinha ajudado a esboçar meu testamento. [Von Bourg] então disse: “Eu recebi incorreto, muito fortemente”. Isto surpreendeu-me, e eu perguntei se quis dizer que meu tio queria que alterasse meu testamento. Disse: “Não, a base está certa; mas há algo incorreto, e eu penso que se você vê-lo ele a impressionará com relação ao que é.”
Dallas subseqüentemente escreveu a seu solicitante sobre seu testamento, e o enviou a um amigo dela, um juiz aposentado, com a petição que ele o visse para ela. Respondeu prontamente que “O testamento como esboçado parece para a conter um terrível disparate, o qual acabaria com suas intenções até certo ponto”. Dallas especificamente não conta-nos que o testamento tinha sido verificado pelo solicitante quando foi primeiramente deixado com ele, mas está claro pelo que ela diz que tinha sido, e que ele não tinha conseguido notar este disparate. Conta-nos que o juiz a informou que ele tinha “achado disparates semelhantes. . . feitos por outros solicitantes”, e ela adiciona que “nem o solicitante nem eu podíamos [itálicos dela] estar cientes do fraseado equivocado”.
Dallas usa este caso para rejeitar telepatia dos vivos. Nem ela nem o solicitante sabiam do erro à época da sessão com von Bourg, e o mesmo vale para o juiz, que só soube dele quando ela subseqüentemente enviou-lhe seu testamento. Mas ela pode também eficientemente rejeitar a clarividência, porque na época da sessão nada existia em escrito para dizer que o testamento era imperfeito, e nós não podemos supor que o testamento era ciente do próprio erro e fosse capaz de revelar este conhecimento ao médium. Assim em nenhuma parte havia a existência de qualquer informação relevante sobre o disparate que o médium podia ter acedido de forma clarividente.
O juiz certamente levava em sua cabeça o conhecimento de disparates semelhantes feitos por outros solicitantes, mas ele não sabia nada do possível erro do testamento de Dallas até que ela contatou-o depois da sessão. Nós apenas podemos oferecer o argumento absurdo que ele teve capacidades psíquicas não reconhecidas e de algum modo tinha se tornado inconscientemente ciente do testamento no passado e de seu fraseado imperfeito, e que o médium então tinha selecionado-o clarividentemente e pescado a informação de sua mente inconsciente. Igualmente absurda é a noção que o solicitante tinha registrado o disparate inconscientemente, e que o médium tinha ido à pesca nessa área da mente dele. Ninguém até agora sugeriu seriamente que a teoria de Super-PES deve ser esticada para cobrir toda a informação que nós guardamos no inconsciente, informação cuja existência, desde que está inconsciente, não pode em todo o caso ser verificada. Igualmente absurda é a noção que o médium tinha lido o testamento por clarividência, e que ele possuía mais conhecimento legal que o solicitante, e que tinha achado o erro por si.
Podemos naturalmente apelar ao último refúgio da teoria de Super-PES, a saber a noção que tudo que está para acontecer potencialmente pode ser conhecido pela mente, e que em conseqüência o médium pode ter colhido conhecimento precognitivo do escrutínio do juiz do testamento e de sua descoberta subseqüente. Mas no momento atual tal refúgio está somente disponível se nós primeiramente abdicarmos de qualquer reivindicação ao método científico.Não somente nós não estamos certos se as capacidades precognitivas tem ou não, se elas existem, acesso a todo tipo de acontecimento, como não há nenhuma evidência que tais capacidades operaram no exemplo presente. O médium revelou informação somente de um acontecimento atual, a saber o erro no testamento, e não dos acontecimentos futuros cercando a descoberta deste erro. Ele não fez nenhuma referência à parte exercida nesta descoberta pelo juiz, ou ao papel do juiz em informar para Dallas ou a seu solicitante dos resultados relevantes. Sua única referência vaga ao futuro — i.e. se de Dallas olhasse no testamento seu tio “lhe impressionaria com o que [o erro] é”— revelou-se aliás ser incorreta. Não foi o tio dela, mas o juiz que fez isso.
A própria Dallas achava que seu tio morto “descobriu depois da morte que ele tinha cometido um erro no seu esboço de meu testamento”, e portanto desejou corrigi-lo. Não é fácil de argumentar com esta visão. Naturalmente, gostaríamos de saber mais detalhes, tais como os nomes do juiz e do solicitante, e nós gostaríamos de entrevistar estes cavalheiros e obter evidência escrita do disparate no testamento e das circunstâncias que o cercam. A lacuna temporal torna isto impossível e em todo o caso, quem alguma vez soube de um solicitante registrando a própria incompetência? Mas mesmo sem estes detalhes, nós ficamos com um caso intrigante, e um que, a menos que fôssemos acusar Dallas de ponderadamente querer nos enganar, deve constar em quaisquer argumentos futuros contra a hipótese de Super-PES.
[center]CONCLUSÃO[/center]
Há outros casos desta espécie. Tomando este como nosso modelo, a conclusão é que nós podemos procurar essas comunicações por supostos desencarnados que chamam a atenção a questões secundárias (tais como erros) que não estão explicitados na informação material a que nossa atenção está sendo chamada. Tais questões secundárias devem ser desconhecidas a qualquer um que previamente tenha lidado com estas informações, e subseqüentemente devem ser detectadas por forasteiros que não tenham nenhuma conexão com o caso. Adicionalmente, as circunstâncias sob as quais a detecção ocorre não devem caracterizar nas comunicações elas próprias.
[center]REFERÊNCIAS[/center]
Dallas, H. A. (1927) Leaves from a Psychic Notebook. London: Rider.
Dallas, H. A. (1929) Comrades on the Homeward Way. London: Collins.
Gauld, A. (1982) Mediumship and Survival: A Century of Investigation. London: Heinemann [reprinted 1983 by Paladin].