Estudo refuta a "complexidade irredutível".
Enviado: 10 Abr 2006, 22:51
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cienci ... 200604.htm
EVOLUÇÃO
Pesquisa mostra como seleção natural reusa peças para criar novas máquinas moleculares
Estudo refuta a "complexidade irredutível"
KENNETH CHANG
DO "NEW YORK TIMES"
Reconstruindo genes de animais extintos, cientistas demonstraram pela primeira vez o processo gradual pelo qual a evolução cria uma nova peça de maquinário molecular ao reusar e modificar partes existentes.
Os pesquisadores dizem que sua descoberta, publicada na última sexta-feira no periódico "Science", dá um contra-argumento aos céticos da evolução, os quais questionam como uma progressão de pequenas mudanças poderia produzir os intricados mecanismos encontrados nas células vivas.
"A evolução da complexidade é uma velha questão da biologia evolutiva", disse Joseph Thornton, professor de biologia na Universidade do Oregon e autor principal do artigo científico. "Não há controvérsia sobre se esse sistema evoluiu. A questão para os cientistas é como ele evoluiu, e foi isso o que o nosso estudo mostrou."
Os experimentos de Thornton miraram em dois receptores de hormônios. Um é um componente de sistemas de resposta a estresse. O outro, apesar de ter uma forma parecida, participa de processos biológicos diferentes, incluindo função renal em animais.
Hormônios e seus receptores funcionam como pares de chave e fechadura. Seu encaixe levou à questão de como novos pares evoluem, já que um sem o outro aparentemente seria inútil.
Os pesquisadores encontraram os equivalentes modernos ao receptor de hormônio de estresse na lampréia, um peixe primitivo, e também em arraias.
Depois de comparar semelhanças e diferenças nos genes, os cientistas concluíram que ele descendia de um gene ancestral comum há 450 milhões de anos -antes de os animais conquistarem terra firme. O grupo, então, recriou o receptor ancestral em laboratório, e descobriu que ele se encaixava no hormônio de estresse, o cortisol, e no de regulação renal, a aldosterona. Assim, o receptor para a aldosterona existia antes da aldosterona aparecer -o hormônio só evoluiu em animais terrestres. "Ele tinha uma função diferente e foi aproveitado para participar de um novo sistema complexo quando o hormônio apareceu", disse Thornton.
Ele afirma que o estudo refuta a tese da "complexidade irredutível" invocada pelos criacionistas, segundo a qual o maquinário celular é complexo demais para ter evoluído gradualmente.
EVOLUÇÃO
Pesquisa mostra como seleção natural reusa peças para criar novas máquinas moleculares
Estudo refuta a "complexidade irredutível"
KENNETH CHANG
DO "NEW YORK TIMES"
Reconstruindo genes de animais extintos, cientistas demonstraram pela primeira vez o processo gradual pelo qual a evolução cria uma nova peça de maquinário molecular ao reusar e modificar partes existentes.
Os pesquisadores dizem que sua descoberta, publicada na última sexta-feira no periódico "Science", dá um contra-argumento aos céticos da evolução, os quais questionam como uma progressão de pequenas mudanças poderia produzir os intricados mecanismos encontrados nas células vivas.
"A evolução da complexidade é uma velha questão da biologia evolutiva", disse Joseph Thornton, professor de biologia na Universidade do Oregon e autor principal do artigo científico. "Não há controvérsia sobre se esse sistema evoluiu. A questão para os cientistas é como ele evoluiu, e foi isso o que o nosso estudo mostrou."
Os experimentos de Thornton miraram em dois receptores de hormônios. Um é um componente de sistemas de resposta a estresse. O outro, apesar de ter uma forma parecida, participa de processos biológicos diferentes, incluindo função renal em animais.
Hormônios e seus receptores funcionam como pares de chave e fechadura. Seu encaixe levou à questão de como novos pares evoluem, já que um sem o outro aparentemente seria inútil.
Os pesquisadores encontraram os equivalentes modernos ao receptor de hormônio de estresse na lampréia, um peixe primitivo, e também em arraias.
Depois de comparar semelhanças e diferenças nos genes, os cientistas concluíram que ele descendia de um gene ancestral comum há 450 milhões de anos -antes de os animais conquistarem terra firme. O grupo, então, recriou o receptor ancestral em laboratório, e descobriu que ele se encaixava no hormônio de estresse, o cortisol, e no de regulação renal, a aldosterona. Assim, o receptor para a aldosterona existia antes da aldosterona aparecer -o hormônio só evoluiu em animais terrestres. "Ele tinha uma função diferente e foi aproveitado para participar de um novo sistema complexo quando o hormônio apareceu", disse Thornton.
Ele afirma que o estudo refuta a tese da "complexidade irredutível" invocada pelos criacionistas, segundo a qual o maquinário celular é complexo demais para ter evoluído gradualmente.