MST prepara a revolução no país
Enviado: 22 Abr 2006, 13:27
Rio, 22 de abril de 2006 "O Globo"
MST prepara criação de braço urbano
Letícia Lins
RECIFE. O coordenador do Movimento dos Sem Terra (MST) em São Paulo, João Paulo Rodrigues, disse ontem que o MST está preparando a criação de um braço urbano do movimento, que terá atuação semelhante à da Via Campesina. Segundo Rodrigues, a idéia é que através dessa organização urbana as classes trabalhadoras do campo e da cidade possam atuar em conjunto para fazer uma revolução no país.
O líder do MST deu a informação durante o II Fórum Social Brasileiro, que está sendo realizado na Universidade Federal de Pernambuco, em Recife. Rodrigues disse à platéia ter convicção de que o Brasil está às vésperas de ter o maior movimento de massas das duas últimas décadas. Antecipou, no entanto, que somente em 2007 o braço urbano do MST passará a atuar de fato.
- Este ano as pessoas vão se voltar ao tema eleitoral. No ano que vem não tem desculpa, porque não tem eleição. Então vamos trabalhar nessa perspectiva de construir um grande movimento de massas que possa ajudar a resolver o problema da terra, do trabalho, pois a população continua sem emprego; o tema da moradia, as centrais da juventude, a educação e a saúde - disse Rodrigues.
Ele ainda completou:
- Tenho plena convicção de que se o governo brasileiro não avançar nas políticas públicas para resolver os problemas dos sem-terra, dos sem -teto, dos sem-emprego, dos sem-educação, vamos construir um grande movimento, provavelmente o maior dos últimos 20 anos, para trabalhar na perspectiva de resolver pelo menos os problemas básicos da população.
“Não queremos que turma da cidade vista camisa do MST”
Rodrigues ainda vai participar de diversos ciclos de debate do Fórum Social, que se encerra no próximo domingo.
- O MST não quer ficar urbano, mas queremos fazer uma parceria com entidades urbanas e aliados, para que possamos fazer ações em conjunto. Inclusive vamos incentivar os movimentos para fazer uma grande jornada de luta da juventude, na qual possamos reunir os dois milhões de jovens dos nossos assentamentos com os da cidade.
Ele explicou qual será o papel da nova organização:
- Não queremos que a turma da cidade vista a camisa do MST. Mas queremos que ela lute contra o agronegócio, que lute contra os transgênicos, contra ações imperialistas na América Latina e com um grande enfrentamento ao capital financeiro internacional. E o MST não pode fazer isso sozinho, mas junto com as forças da cidade.
O coordenador explicou os objetivos do MST:
- Nossa iniciativa de estar perante o Fórum é para mostrar que precisamos avançar. Como conseguimos construir a Via Campesina, precisamos também de uma espécie de Via Campesina urbana, para que a CUT, os sem-teto, os estudantes, os perueiros, os desempregados, possam fazer na cidade as ações que fazemos no campo.
Rodrigues ainda falou da experiência de outros países da América Latina:
- Nós temos a experiência da América latina, onde houve grandes avanços sociais nos locais em que há base organizada, mas é grande a fatia populacional do campo. No Brasil, só temos 18% das pessoas na área rural. Então, temos clareza que as mudanças só virão, se lutarmos junto ao lado do povo da cidade.
Rodrigues lamentou a pouca concentração de pessoas no campo no país:
- Se no Brasil tivéssemos o mesmo percentual da população camponesa da Bolívia, já teríamos feito a revolução contra a desigualdade social.
Mas disse que o termo revolução não implica necessariamente uso de armas, e sim pressão da população organizada para acabar com a desigualdade social. Ele citou como exemplo de pressão que deu certo as últimas manifestações feitas por estudantes na França.
- O povo precisa ir às ruas, cobrar o Congresso, pôr um milhão de pessoas em Brasília.
Objetivo é aglutinar 25 milhões
RECIFE.Ainda em sua palestra no II Fórum Social Brasileiro, o coordenador do MST João Paulo Rodrigues disse concordar com o coordenador nacional do MST em Pernambuco, Jaime Amorim, que classificou o MST de movimento pequeno por aglutinar “apenas um milhão de pessoas”.
- O MST não tem dúvida de que um milhão de pessoas é pouco. Somos das menores organizações sociais que existem, menores do que a CUT, a Contag, a Igreja, a UNE, que têm base organizada muito maior. E temos clareza de que, para as mudanças necessárias tanto na reforma agrária quanto nas estruturais, precisamos de uma base maior.
Segundo Rodrigues, o desafio do MST é aumentar sua base para quatro milhões de famílias sem-terra, cerca de 25 milhões de pessoas.
Ele criticou a reforma agrária do governo Lula, mas disse ser melhor do que a de Fernando Henrique Cardoso. E anunciou um plano de autonomia política nas próximas eleições presidenciais:
- O MST está discutindo com as bases, mas é provável que adotemos a autonomia política. Provavelmente o MST não se engajará ou apoiará algum candidato no primeiro turno. Mas pelo que tenho visto no campo, a impressão que tenho é que 80% da base votarão em Lula, por entender que é o candidato mais progressista e poderá trazer novidades para a reforma agrária.
O líder do MST voltou a dizer que a depredação da Aracruz Celulose, no Rio Grande do Sul, não foi um ato de violência, mas sim de desobediência civil. Anteontem, os responsáveis foram denunciados pelo Ministério Público.
MST prepara criação de braço urbano
Letícia Lins
RECIFE. O coordenador do Movimento dos Sem Terra (MST) em São Paulo, João Paulo Rodrigues, disse ontem que o MST está preparando a criação de um braço urbano do movimento, que terá atuação semelhante à da Via Campesina. Segundo Rodrigues, a idéia é que através dessa organização urbana as classes trabalhadoras do campo e da cidade possam atuar em conjunto para fazer uma revolução no país.
O líder do MST deu a informação durante o II Fórum Social Brasileiro, que está sendo realizado na Universidade Federal de Pernambuco, em Recife. Rodrigues disse à platéia ter convicção de que o Brasil está às vésperas de ter o maior movimento de massas das duas últimas décadas. Antecipou, no entanto, que somente em 2007 o braço urbano do MST passará a atuar de fato.
- Este ano as pessoas vão se voltar ao tema eleitoral. No ano que vem não tem desculpa, porque não tem eleição. Então vamos trabalhar nessa perspectiva de construir um grande movimento de massas que possa ajudar a resolver o problema da terra, do trabalho, pois a população continua sem emprego; o tema da moradia, as centrais da juventude, a educação e a saúde - disse Rodrigues.
Ele ainda completou:
- Tenho plena convicção de que se o governo brasileiro não avançar nas políticas públicas para resolver os problemas dos sem-terra, dos sem -teto, dos sem-emprego, dos sem-educação, vamos construir um grande movimento, provavelmente o maior dos últimos 20 anos, para trabalhar na perspectiva de resolver pelo menos os problemas básicos da população.
“Não queremos que turma da cidade vista camisa do MST”
Rodrigues ainda vai participar de diversos ciclos de debate do Fórum Social, que se encerra no próximo domingo.
- O MST não quer ficar urbano, mas queremos fazer uma parceria com entidades urbanas e aliados, para que possamos fazer ações em conjunto. Inclusive vamos incentivar os movimentos para fazer uma grande jornada de luta da juventude, na qual possamos reunir os dois milhões de jovens dos nossos assentamentos com os da cidade.
Ele explicou qual será o papel da nova organização:
- Não queremos que a turma da cidade vista a camisa do MST. Mas queremos que ela lute contra o agronegócio, que lute contra os transgênicos, contra ações imperialistas na América Latina e com um grande enfrentamento ao capital financeiro internacional. E o MST não pode fazer isso sozinho, mas junto com as forças da cidade.
O coordenador explicou os objetivos do MST:
- Nossa iniciativa de estar perante o Fórum é para mostrar que precisamos avançar. Como conseguimos construir a Via Campesina, precisamos também de uma espécie de Via Campesina urbana, para que a CUT, os sem-teto, os estudantes, os perueiros, os desempregados, possam fazer na cidade as ações que fazemos no campo.
Rodrigues ainda falou da experiência de outros países da América Latina:
- Nós temos a experiência da América latina, onde houve grandes avanços sociais nos locais em que há base organizada, mas é grande a fatia populacional do campo. No Brasil, só temos 18% das pessoas na área rural. Então, temos clareza que as mudanças só virão, se lutarmos junto ao lado do povo da cidade.
Rodrigues lamentou a pouca concentração de pessoas no campo no país:
- Se no Brasil tivéssemos o mesmo percentual da população camponesa da Bolívia, já teríamos feito a revolução contra a desigualdade social.
Mas disse que o termo revolução não implica necessariamente uso de armas, e sim pressão da população organizada para acabar com a desigualdade social. Ele citou como exemplo de pressão que deu certo as últimas manifestações feitas por estudantes na França.
- O povo precisa ir às ruas, cobrar o Congresso, pôr um milhão de pessoas em Brasília.
Objetivo é aglutinar 25 milhões
RECIFE.Ainda em sua palestra no II Fórum Social Brasileiro, o coordenador do MST João Paulo Rodrigues disse concordar com o coordenador nacional do MST em Pernambuco, Jaime Amorim, que classificou o MST de movimento pequeno por aglutinar “apenas um milhão de pessoas”.
- O MST não tem dúvida de que um milhão de pessoas é pouco. Somos das menores organizações sociais que existem, menores do que a CUT, a Contag, a Igreja, a UNE, que têm base organizada muito maior. E temos clareza de que, para as mudanças necessárias tanto na reforma agrária quanto nas estruturais, precisamos de uma base maior.
Segundo Rodrigues, o desafio do MST é aumentar sua base para quatro milhões de famílias sem-terra, cerca de 25 milhões de pessoas.
Ele criticou a reforma agrária do governo Lula, mas disse ser melhor do que a de Fernando Henrique Cardoso. E anunciou um plano de autonomia política nas próximas eleições presidenciais:
- O MST está discutindo com as bases, mas é provável que adotemos a autonomia política. Provavelmente o MST não se engajará ou apoiará algum candidato no primeiro turno. Mas pelo que tenho visto no campo, a impressão que tenho é que 80% da base votarão em Lula, por entender que é o candidato mais progressista e poderá trazer novidades para a reforma agrária.
O líder do MST voltou a dizer que a depredação da Aracruz Celulose, no Rio Grande do Sul, não foi um ato de violência, mas sim de desobediência civil. Anteontem, os responsáveis foram denunciados pelo Ministério Público.