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A Armadilha Criacionista

Enviado: 23 Abr 2006, 18:03
por Acauan
A Armadilha Criacionista
Postado originalmente em 28/11/2002 18:15:24

Por Acauan

Aceitar que exista uma polêmica “Criacionismo X Evolucionismo” é de imediato muito favorável ao primeiro e prejudicial ao segundo, pois nivela ambas as teses dentro do status de teorias científicas antagônicas e coloca os defensores tanto de uma quanto de outra na confortável posição para os “criacionistas” de participantes de um debate científico.

Da mesma forma, ao aceitar a classificação de “Evolucionista” o cientista desavisado se deixa marcar por um sufixo que define partidarismo e parcialidade, perdendo assim a aura de isenção que caracteriza o exercício da investigação científica.

Não existe um debate científico entre “Criacionismo e Evolucionismo” e sim um debate de idéias entre os defensores de uma doutrina religiosa e os de uma teoria científica.
O que os fundamentalistas cristãos chamam de “Criacionismo” não pode ser aceito como Teoria Científica simplesmente porque coloca o carro a frente dos bois no que concerne à esta definição:

Uma teoria científica parte de uma hipótese, identifica evidências que a sustentem e só então declara uma conclusão. Para que esta conclusão seja aceita pela comunidade científica, ela deve ser passível de comprovação experimental reprodutível.

Uma Doutrina Religiosa como o Criacionismo segue o caminho inverso: A conclusão já está a priori definida e é incontestável antes de qualquer evidência ter sido levantada, cabendo à evidência apenas o papel de sustentar a argumentação futura e não a de comprovar a confiabilidade da tese presente.

Além disto boa parte da argumentação “Criacionista” é de contestação e não de estabelecimento de conceitos, uma vez que os argumentos sempre se infiltram nas lacunas das Teorias de Darwin.

Esta infiltração seria menos eficaz se os cientistas tivessem uma posição mais honesta com relação às lacunas citadas. Elas em nada comprometem a Teoria da Evolução em si, apenas atestam que ela precisa ser mais trabalhada, mesmo porque as comprovações experimentais da Seleção Natural exigem a reconstituição de fenômenos que ocorreram ao longo de milhões de anos, não sendo passíveis de reprodução em laboratório pelos nossos recursos atuais.

Um exemplo comparativo interessante é o desenvolvimento da Teoria Heliocêntrica:

Em 1510 Copérnico declara que a Terra gira em torno do Sol, rompendo com a doutrina da Igreja Católica Romana que defendia o Geocentrismo Aristotélico.
Copérnico acreditava que a Terra e os demais planetas descreviam órbitas circulares em torno do Sol, o que criava um problema pois a observação dos planetas não coincidia com as previsões fundamentadas em sua teoria.

Entre 1609 e 1619 Johanes Kepler defendeu a tese de que os planetas, inclusive a Terra, descreviam órbitas elípticas e não circulares em torno do Sol. Com este ajuste o comportamento observado daqueles corpos celestes passou a coincidir com as previsões teóricas, mas não se estabeleceu então uma justificativa matemática para tal comportamento.

Somente em 1689, com a publicação de “Princípios Matemáticos de Filosofia Natural” é que Sir Isaac Newton demonstrou matematicamente como a gravitação do Sol atraía os planetas e produzia as órbitas elípticas descritas por Kepler.

Assim, temos um hiato de quase cento e oitenta anos entre a primeira versão da Teoria Heliocêntrica e sua consagração com os postulados de Newton.

A “Origem das Espécies” de Charles Darwin foi publicado em 1859 e tem portanto menos de cento e cinquenta anos. Talvez explicar a vida seja mais demorado do que explicar os astros, mas o equivalente criacionista às lacunas da Teoria de Copérnico resultaria no restabelecimento da crença de que era o Sol que girava em torno da Terra, e isto convenhamos, é um assunto encerrado.

No momento devido, a Ciência preencherá as lacunas de Darwin e muitas outras, e encerrará todas as polêmicas associadas a elas. Mas até lá deve estar atenta às armadilhas que encontrará pelo caminho.


Re.: A Armadilha Criacionista

Enviado: 25 Abr 2006, 00:20
por carlo
O diabo Acauan, será os religiosos aceitarem o preenchimento das lacunas, acho que nunca aceitarão.

Re.: A Armadilha Criacionista

Enviado: 25 Abr 2006, 01:50
por Caro Colega
Preenchimento das lacunas???????? onde???????????

ah, deve estar falando daquele bagrecrocodilo gigante? :emoticon12:

Re: Re.: A Armadilha Criacionista

Enviado: 25 Abr 2006, 14:06
por Acauan
carlo escreveu:O diabo Acauan, será os religiosos aceitarem o preenchimento das lacunas, acho que nunca aceitarão.


Tiveram que aceitar que a Terra não é o centro do Universo, não tiveram?

O medo que os fundamentalistas tem da evolução é que ela quebra a interpretação literal do Gênesis e o vínculo também literal que eles estabeleceram entre a queda de Adão e o sacrifício vicário de Cristo.

Este mesmo medo existia entre os religiosos do tempo de Galileu, uma vez que se a Terra não fosse o centro do Universo, porque diabos Deus teria feito toda sua obra ali?

Com o tempo os religiosos aprendem a dar conotação espiritual simbólica à sua mitologia. Às vezes leva séculos até aceitarem isto, mas eles não tem outra opção.

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Re: Re.: A Armadilha Criacionista

Enviado: 25 Abr 2006, 14:22
por o anátema
carlo escreveu:O diabo Acauan, será os religiosos aceitarem o preenchimento das lacunas, acho que nunca aceitarão.


Quando se acha um intermediário, os criacionistas vêem duas novas lacunas.


(isso os que conseguem entender alguma coisa, e publicam em sites para os do tipo posta-e-foge simplesmente lerem e colarem por aqui, sem entender a "argumentação" criacionista nem a teoria da evolução)

Re: Re.: A Armadilha Criacionista

Enviado: 25 Abr 2006, 14:33
por o anátema
Caro Colega escreveu:Preenchimento das lacunas???????? onde???????????

ah, deve estar falando daquele bagrecrocodilo gigante? :emoticon12:


Será que saberia dizer por que não há as muitíssimas homologias incompatíveis com uma árvore evolutiva?

São possíveis de existir, e refutariam de verdade a ancestralidade comum. E seriam mais prováveis, mais numerosas (potencialmente) que as permitidas pela evolução.

Dizer que isso é coincidência, é como ver uma seqüência como 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20...

não tem de fato essa relação de um número ser sucedido pela soma de 1 ao número anterior, mas que "por acaso", eles parecem que seguem esse padrão, mas a seqüência na realidade é aleatória...