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A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 13:50
por Aurelio Moraes
A Crônica- parte I

CARACTERÍSTICAS

A crônica é o único gênero literário produzido essencialmente para ser vinculado na imprensa, seja nas páginas de uma revista, seja nas de um jornal. Quer dizer, ela é feita com uma finalidade utilitária e pré-determinada: agradar aos leitores dentro de um espaço sempre igual e com a mesma localização, criando-se assim, no transcurso dos dias ou das semanas, uma familiaridade entre o escritor e aqueles que o lêem.

Em regra geral, a crônica é um comentário leve e breve sobre algum fato do cotidiano. Algo para ser lido enquanto se toma o café da manhã, na feliz expressão de Fernando Sabino. O comentário pode ser poético ou irônico mas o seu motivo, na maioria dos casos, é o fato miúdo: a notícia em quem ninguém prestou atenção, o acontecimento insignificante, a cena corriqueira. Nessas trivialidades, o cronista surpreende a beleza, a comicidade, os aspectos singulares. O tom, como acentua Antonio Candido é o de "uma conversa aparentemente banal".

O próprio Fernando Sabino tem uma das melhores delimitações de crônica, dizendo que ela "busca o pitoresco ou o irrisório no cotidiano de cada um". Em outro momento, o autor de O homem nu voltou a teorizar sobre o gênero:

Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num incidente doméstico, torno-me simples espectador.

A questão da linguagem

A mistura entre jornalismo e literatura leva o cronista a um freqüente impasse: para se constituir como texto artístico, o seu comentário sobre o cotidiano precisa apresentar uma linguagem que transcenda a da mera informação. Ou seja, precisa de uma linguagem menos denotativa e mais pessoal. Isso não significa elaboração muito sofisticada ou pretensiosa. Significa que o estilo deve dar a impressão de naturalidade e a língua escrita aproximar-se da fala.

Nem sempre o cronista atinge o duplo alvo: fazer literatura e expressar-se com simplicidade. Em função do grande público, é preciso buscar primeiramente a clareza e uma dimensão de oralidade na escrita. Daí porque a crônica seja considerada por muitos críticos um gênero menor: aquela vontade de forma que todo o grande artista possui termina subjugada pela necessidade de ser acessível a todos.

Além disso, o cronista tem prazos para entregar seu material, não podendo nunca deixar seu texto amadurecer. Mesmo assim, algum desses prosadores, que escrevem sob pressão de horários rígidos, são capazes de alcançar uma linguagem literária de singular beleza. Observe-se o fragmento de uma crônica de Rubem Braga:
Foi em sonho que revi longamente a amada; sentada numa velha canoa, na praia, ela me sorria com afeto. Com sincero afeto – pois foi assim que ela me dedicou aquela fotografia com sua letra suave de ginasiana. (...)
Foi em sonho que revi a longamente amada. Havia praia, uma lembrança de chuva na praia, outras lembranças: água em gotas redondas, pingos d´água na sua pele de um moreno suave, o gosto de sua pele beijada devagar... Ou não será gosto, talvez a sensação diferente que dá em nossa boca uma pele de outra, esta mais seca e mais quente, aquele úmida e mansa. Mas de repente é apenas essa ginasiana de pernas ágeis que vem nos trazer o retrato com sua dedicatória de sincero afeto; essa que ficou para sempre impossível sem, entretanto, nos magoar, sombra suave entre morros.


A proximidade com o conto

Nem só de comentários a respeito do dia-a-dia vive a crônica. Com relativa freqüência, ela se aproxima do conto. O gosto pela história curta, pelo diálogo ágil, pela narrativa de final imprevisto e surpreendente e a unidade de ação, tempo e espaço levam vários cronistas à prática mais ou menos disfarçada do conto.

Fernando Sabino e Luís Fernando Veríssimo são expoentes dessa modalidade. Vários dos trabalhos que publicam na imprensa apresentam personagens e situações ficcionais próprias do gênero narrativo. Por exemplo, O homem nu, do primeiro, e a série Comédias da vida privada, do segundo, são mais relatos do que comentários.

Diante de tal embrulho teórico, poderíamos considerar que o conto – ao contrário da crônica-conto – não tem as limitações de linguagem, extensão e profundidade, exigidas pelos jornais. Apresenta, pois, um grau maior de complexidade. Além disso, o conto, em estado puro, visa normalmente ao dramático, enquanto a crônica-conto busca, de forma quase que exclusiva, o humor e a sátira.

No entanto, esta diferenciação só é perceptível aos alunos com a leitura contínua de contos e de crônicas, tornando-se desnecessário o estabelecimento de uma rígida fronteira conceitual entre ambos.

http://educaterra.terra.com.br/literatu ... 20/001.htm

Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 13:53
por Johnny
Saudades do exílio Hammond?

Re: Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 13:54
por Aurelio Moraes
Johnny escreveu:Saudades do exílio Hammond?


Estou me sentindo o Gabeira...

Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 13:56
por Johnny
Cuidado pois em época de eleição sempre buscam um bode expiatório...

Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 13:58
por Aurelio Moraes
É...

Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 14:05
por spink
Deve. :emoticon12:

Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 14:20
por Ateu Tímido
Faltou a opção "só se o ofendido se sentir ofendido, a critério da moderação".... :emoticon12:

Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 14:21
por Aurelio Moraes
Faltou mesmo! :emoticon12:

Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 14:46
por Tranca
O Acauan fez tudo errado.

Em se tratando do Aurélio, devia deixar a crônica no fórum e suspendê-lo por no mínimo duas semanas, não tirar a crônica do fórum e deixar ele por aí a encher os piquás...

Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 14:50
por spink
:emoticon266:

Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 15:01
por Aurelio Moraes
Tranca, eu vou te mostra o piquá..
:emoticon12:

Enviado: 28 Abr 2006, 15:08
por Aurelio Moraes
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"Há 25 anos, o Brasil entrava na treva pela porta do Ato Institucional N.º 5. A ordem constitucional foi substituída pelos termos draconianos do ato, promulgado em 13 de dezembro de 1968. A censura à imprensa, proibida pela Constituição,nos primeiros dias foi exercida por oficiais do Exército. Eles iam a algumas redações e escolhiam o que saía nos principais jornais. Alguns vetos eram transmitidos pelo telefone. A seguir, o serviço foi alojado na Polícia Federal, com censores treinados para esta função e nome no quadro de carreira: agente de censura. Grandes jornais de resistência democrática, como O Estado de S.Paulo, sofreram durante anos a presença do censor na gráfica. Ele lia o jornal já montado, o que era um transtorno a mais: se algo fosse vetado, a notícia não poderia ser substituída. O Estadão passou a publicar receitas de bolo e poemas de Camões no vácuo da censura. "

BOLO XADREZ

INGREDIENTES:
Massa branca:
2 xícaras de chá de farinha de trigo(240g)
1 pitada de sal
3 ovos (150g)
1 1/2 xícara de chá de açúcar (270g)
1 xícara de chá de margarina (200g)
1 xícara de chá de leite longa (240ml)
2 colheres de chá de fermento em pó (4g)

Massa de chocolate:
2 xícaras de chá de farinha de trigo (240g)
1 pitada de sal
1 xícara de chá de chocolate em pó (110g)
3 ovos (150g)
1 1/2 xícara de chá de açúcar (270g)
1 xícara de chá de margarina (200g)
1 xícara de chá de leite (240ml)
2 colheres de chá de fermento em pó (4g)

Cobertura:
2 claras (75g)
1/2 xícara de chá de açúcar (90g)

Recheio:
1 xícara de chá de doce de leite (300g)



MODO DE PREPARO:
Preaqueça o forno em temperatura média (180°C)

Massa Branca:
Peneire em uma tigela a farinha de trigo com o sal. Reserve. Separe as gemas das claras. Coloque as claras na tigela da batedeira e bata por 4 minutos ou até obter picos firmes. Transfira-as para outra tigela e reserve. Na mesma tigela da batedeira coloque as gemas, o açúcar e a margarina (reservando 1 colher sopa). Bata por 4 minutos ou até obter um creme fofo e esbranquiçado. Sem parar de bater despeje aos poucos e alternadamente o leite e a farinha de trigo. Incorpore as claras em neve e o fermento. Mexa com movimentos de baixo para cima, mas sem bater, até a massa ficar homogêneo. Com a margarina reservada unte uma assadeira (20x28cm) e enfarinhe. Despeje a massa e leve ao forno por 30 minutos ou até que, enfiando um palito, este saia limpo. Retire do forno e reserve.

Massa Escura:
Peneire em uma tigela a farinha de trigo com o chocolate em pó (reserve 1 colher das de sopa) e o sal. Reserve. Separe as gemas das claras. Coloque as claras na tigela da batedeira e bata por 4 minutos ou até obter picos firmes. Transfira-as para outra tigela e reserve. Na mesma tigela da batedeira coloque gemas , o açúcar e a margarina (reservando 1 colher sopa). Bata por 4 minutos ou até obter um creme fofo e esbranquiçado. Sem parar de bater despeje, aos poucos e alternadamente, o leite e a farinha de trigo. Incorpore as claras batidas em neve e o fermento. Mexa com movimentos de baixo para cima, mas sem bater, até a massa ficar homogêneo. Com a margarina reservada unte uma assadeira (20x28cm) e polvilhe com o chocolate reservado. Despeje a massa. Leve ao forno por 30 minutos ou até que, enfiando um palito, este saia limpo. Retire do forno e reserve.

Suspiro:
Coloque na tigela da batedeira as claras. Bata por 4 minutos ou até obter picos firmes. Sem parar de bater, adicione o açúcar (colher a colher). Continue a bater por mais 2 minutos ou até formar um suspiro.
Reserve.

Montagem:
Corte os bolos (já frios) em tiras no sentido do comprimento (11x2x2 cm de altura). Sobre uma placa intercale as tiras, coloque uma tira branca, com o auxílio e uma faca passe doce de leite e coloque uma
tira escura. (totalizando 6 tiras na base). Em cima dessa base passe uma camada de doce de leite e volte a intercalar. Faça isso até que acabem as tirase o bolo fique xadrez.

Transfira o suspiro para um saco de confeitar com bico pitanga médio. Enfeite toda superfície do bolo com o suspiro. Deixe as laterais do bolo sem cobrir, para que apareça o efeito xadrez.

Sugestão:
Você pode usar essa idéia com outras receitas de bolo. Use suas receitas preferidas. Você também pode escolher outra decoração, colocando, por exemplo, uma cobertura branca ou de chocolate e confeitos coloridos.

Rendimento: 12 pedaços de 215g cada
Calorias por fatia : 775
Tempo de preparo: 2:30


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Enviado: 28 Abr 2006, 15:11
por Johnny
Ai Aurélio, você me faz ficar tão excitado com estas imagens. Bons tempos em que sómente os militares tinham o poder sobre tudo e não um bando de metidos por aí... Mas enfim, ainda bem que em casa a gente manda, né? Ou não? Xiiiiiii

Enviado: 28 Abr 2006, 15:12
por spink
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:emoticon16:

Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 15:13
por Hugo
A liberdade vencerá esse enquete! :emoticon10:

Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 15:13
por Johnny
Credu Penna, que fal ta de sensibilidade!

Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 15:14
por Johnny
Sou sempre a favor da dita-dura

Re: Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 15:15
por spink
Johnny escreveu:Credu Penna, que fal ta de sensibilidade!


Só estou brincando.

Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 15:15
por Tranca
Estou preparando uma crônica sobre um rapaz recém egresso da RCC, trompetista e fã de Miles Davis, contando suas desventuras amorosas, descobertas sexuais tardias e sua participação em um fórum de internet sob a alcunha de Sr. Trompete.

É apenas uma crônica bem humorada. Qualquer semelhança com algum conhecido é mera coincidência.

Advirto, não cito nomes.
:emoticon1:

Enviado: 28 Abr 2006, 15:17
por Aurelio Moraes
Johnny escreveu:Ai Aurélio, você me faz ficar tão excitado com estas imagens. Bons tempos em que sómente os militares tinham o poder sobre tudo e não um bando de metidos por aí... Mas enfim, ainda bem que em casa a gente manda, né? Ou não? Xiiiiiii


Tá de saca.

Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 15:17
por Johnny
VocÊs estão procurando ceva pra se molha

Re: Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 15:19
por spink
Tranca-Ruas escreveu:Estou preparando uma crônica sobre um rapaz recém egresso da RCC, trompetista e fã de Miles Davis, contando suas desventuras amorosas, descobertas sexuais tardias e sua participação em um fórum de internet sob a alcunha de Sr. Trompete.

É apenas uma crônica bem humorada. Qualquer semelhança com algum conhecido é mera coincidência.

Advirto, não cito nomes.
:emoticon1:


Não esqueça de mencionar a guinada ideológica desse senhor. :emoticon16:

Re: Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 15:21
por Tranca
penna escreveu:
Tranca-Ruas escreveu:Estou preparando uma crônica sobre um rapaz recém egresso da RCC, trompetista e fã de Miles Davis, contando suas desventuras amorosas, descobertas sexuais tardias e sua participação em um fórum de internet sob a alcunha de Sr. Trompete.

É apenas uma crônica bem humorada. Qualquer semelhança com algum conhecido é mera coincidência.

Advirto, não cito nomes.
:emoticon1:


Não esqueça de mencionar a guinada ideológica desse senhor. :emoticon16:


Pois claro, caro Penna. Inclusive sua breve passagem pelo espiritismo quântico.

Mas nada de nomes.

E é uma crônica bem humorada.
:emoticon16:

Re: Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 15:22
por Tranca
Johnny escreveu:VocÊs estão procurando ceva pra se molha


Você não entendeu o ponto, caro Johnny!

Re: Re.: A minha crônica deve ser censurada?

Enviado: 28 Abr 2006, 15:24
por Johnny
Tranca-Ruas escreveu:
Johnny escreveu:VocÊs estão procurando ceva pra se molha


Você não entendeu o ponto, caro Johnny!


Claro que fui esclarecido admirável Tranca! Apenas estou a namorar com as possibilidades da lingüistica.