O erro de Brzezinski

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Washington
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O erro de Brzezinski

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O erro de Brzezinski
por José Nivaldo Cordeiro em 01 de maio de 2006

Resumo: Guerras precisam sem feitas quando o equilíbrio é quebrado e quando é preciso restaurar a racionalidade política, impondo-se a paz pela força.

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Concordo que é exagero falar em guerra entre civilizações, pelo menos ainda não. Até agora o Ocidente enquanto unidade não se moveu em armas contra o mundo islâmico. Este, sim, tem movido uma guerra declarada e unilateral e por todos os meios contra o Ocidente. No início o alvo era apenas o Estado de Israel, ainda incipiente. Viu-se que o monstro islâmico tinha garras curtas e presas degeneradas. Um leão desdentado. Tomaram uma surra histórica de Israel, um pequeno país de valentes. Depois veio a Opep, que nunca foi propriamente um consórcio monopolista para auferir meros lucros extras com o produto; o objetivo sempre foi fragilizar a economia do Ocidente, em ato de guerra fria.


De novo aqui o tiro saiu pela culatra. A tecnologia ocidental moveu-se no sentido da economia e da substituição dos derivados do petróleo e a nossa tecnologia de motor flex com o uso alternativo de álcool combustível é a prova cabal de que o mundo livre tem seus meios para enfrentar essa guerra suja. Lembro-me que no início dos anos oitenta eu fiz um estudo sobre a viabilidade das usinas de álcool no Brasil, quando então o barril do petróleo estava abaixo dos US$ 20,00. Minha conclusão, obviamente errada no longo prazo, era de que o Proálcool era inviável porque o barril-equivalente de petróleo a partir do álcool de cana-de-açúcar custava então a astronômica cifra de U$ 40 dólares. Recomendei ao banco em que trabalhava não alocar recursos no setor. Estava certo no curto prazo e fui competente no meu trabalho de economista, mas visto de hoje vejo o quanto eu estava errado. Nem sabia que o preço do petróleo era uma mera peça no jogo de xadrez dos islâmicos contra os ocidentais, aliados que estavam com a União Soviética e todos que conspiravam contra o mundo livre, os autodenominados não-alinhados.


Eu era então absolutamente ignorante em geopolítica, não teria como saber que estava em marcha uma guerra como nunca houve no passado.


Isto posto, quero comentar aqui o artigo publicado no Estadão de hoje (30/04/2006), de autoria de Zbigniew Brzezinski, sob o sugestivo título “Ataque preventivo poderia afundar EUA”, referindo-se ao Irã. O autor foi conselheiro de Segurança Nacional daquele país e poderia ser uma fonte fundamentada sobre o assunto, mas seu texto carrega toda a carga de cegueira estratégica do Partido Democrata, razão pela qual é um equívoco do começo ao fim. O que está nele proposto é uma irresponsabilidade, não apenas para os EUA, mas para o mundo. A proposta dele equivale àquela feita no imediato pós-guerra, que contemporizou com o bloco soviético e muito custou ao mundo, seja em vidas sacrificadas, seja em liberdades perdidas, seja em recursos materiais. A razão mandava que o Mundo Livre atacasse imediatamente a URSS logo após a rendição japonesa, mas em erro histórico deixou o mal ganhar força, levando a uma possibilidade de a humanidade conhecer um conflito apocalíptico.


Guerras precisam sem feitas quando o equilíbrio é quebrado e quando é preciso restaurar a racionalidade política, impondo-se a paz pela força. É uma guerra justa por definição e dela não se pode escapar.


Voltemos ao texto. Quero comentar aqui as quatro razões que justificariam a passividade dos EUA diante do crescimento do poderio atômico iraniano, equivalente ao poderio dos radicais islâmicos espalhados pelo mundo, na visão de Brzezinski.


1- “Na ausência de uma ameaça iminente (a falta de vários anos para que os iranianos obtenham um arsenal nuclear), o ataque seria um ato de guerra unilateral”. Foi o mesmo argumento para apaziguar com Stalin e deu no que deu, longos anos de grande ameaça e esforços continuados para deter o comunismo no mundo. O autor ignora os atos de guerra unilaterais que os iranianos, como de resto as nações muçulmanas do Oriente Médio. Lembro aqui a invasão da embaixada americana em Teerã, a morte dos Marines no Líbano, ataque às belonaves no Golfo Pérsico, as manifestações em comemoração à explosão das Torres Gêmeas e a retórica guerreira e genocida dos líderes iranianos, à semelhança do que fez Hitler quando chegou ao poder. Em outras palavras, não precisa ser profeta para saber que esses alucinados não hesitarão em apertar o gatilho dos artefatos atômicos, se estiverem à disposição. Seria uma irresponsabilidade histórica não fazer o que precisa ser feito, isto é, destruir a capacidade agressiva do inimigo declarado, para impedir tal possibilidade.


2- “As prováveis reações iranianas agravariam significativamente as atuais dificuldades dos EUA no Iraque e no Afeganistão, talvez precipitando atos de violência do Hezbollah no Líbano e possivelmente em outros lugares e, com toda a probabilidade, atacando os Estados Unidos na violência regional por uma década ou mais”. Uma afirmação dessas é vergonhosa, uma verdadeira sugestão de rendição a priori, sem luta, por medo. Uma política da covardia, que nada resolveria. É preciso entender de uma vez por todas que, faça os EUA o que fizerem – o Ocidente, na verdade – serão atacados pelo simples motivo de serem o que são. O mundo islâmico está passando por uma crise existencial sem solução prevista no curto prazo. Seu modo de vida está sucateado, é incompatível coma modernidade ocidental, que chega por todos os meios a seus territórios. Quanto mais o modo de vida moderno é exposto, maior o ódio, porque nossa liberdade, que consiste sobretudo na liberdade das nossas mulheres, é incompatível com seu tribalismo machista, que precisa ser enterrado nas dobras da história. Não se fará isso facilmente, muito menos de fora para dentro. Não haverá como esperar que uma elite reformista assuma o poder para executar a modernização, porque antes disso os radicais irão à guerra por todos os meios, como é próprio de sua psicologia. Cabe ao Ocidente fazer duas coisas: não permitir a existência de arsenal atômico e vencer o conflito.


3- “Os preços do petróleo disparariam, especialmente se os iranianos cortassem sua produção ou buscassem interromper o fluxo dos campos petrolíferos da Arábia Saudita”. No preâmbulo deste comentário eu mostrei que o mercado de energia é dinâmico. Uma eventual elevação do preço do petróleo adicional viabilizaria praticamente todas as formas de geração alternativa de energia. Rapidamente viria a tecnologia de hidrogênio e o uso do álcool praticamente seria universalizado como substituto da gasolina. Mas a falácia maior é achar que o prejuízo pela elevação dos preços e uma eventual interrupção de fornecimento de petróleo seria prejudicial apenas ao Ocidente. Não. O maior prejudicado seria o próprio Irã, que perderia sua principal fonte de financiamento, enfraquecendo sua capacidade militar. A realidade é precisamente o oposto do que sugere Brzezinski.


4- “No rastro do ataque, os EUA se tornariam um alvo ainda mais provável do terrorismo, além de reforçar as suspeitas globais de que o apoio americano a Israel é em si uma causa fundamental da ascensão do terror islâmico”. Isso é uma besteira monumental. Israel é apenas o bode expiatório do sentimento de inferioridade do Islã como civilização, o símbolo mais visível de sua incapacidade de impor sua vontade política, a nódoa que mancha sua ideologia homicida e impotente. Em Israel a civilização por antonomásia, o Ocidente, acontece aos olhos espantados os islamitas escravizados ao século VII. Lá há liberdades públicas e as mulheres são livres, coisas intoleráveis para eles.


O pior é que o pensamento de Brzezinski reflete o pensamento da opinião pública da esquerda mundial. É um erro dramático. Mesmo a esquerda ocidental terá que colocar para si a hipótese de que não há outra maneira que não enfrentar militarmente o poderio islâmico que, vamos e convenhamos, não é lá grande coisa. Só assustam as moças na feira, aquelas que estão desarmadas e ao alcance de homens-bombas irracionais, intolerantes e covardes.
"Quando LULLA fala, o mundo se abre, se ilumina e se esclarece."
Marilena Chauí, filósofa da USP.

O triste é saber que tal figura recebe do contribuinte para dizer tais asneiras.


Chamo de pervertido um animal, uma espécie, um indivíduo, quando esse ou essa perde seus instintos, quando escolhe, prefere o que lhe é prejudicial.
F. Nietzche

Washington
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Re.: O erro de Brzezinski

Mensagem por Washington »

Achei o texto interessante. Um pouco ácido, mas interessante.
"Quando LULLA fala, o mundo se abre, se ilumina e se esclarece."
Marilena Chauí, filósofa da USP.

O triste é saber que tal figura recebe do contribuinte para dizer tais asneiras.


Chamo de pervertido um animal, uma espécie, um indivíduo, quando esse ou essa perde seus instintos, quando escolhe, prefere o que lhe é prejudicial.
F. Nietzche

Trancado