Em segundo mandato, Lula será "mais pró-Chávez", prevê especialista
Da Redação
O presidente da Bolívia, Evo Morales, chamou hoje de "chantagem" o anúncio feito ontem pela Petrobras de desistir de investimentos no país. A declaração ocorreu antes do início da reunião entre Morales, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, o argentino Nestor Kirchner e o presidente Lula na cidade argentina de Puerto Iguazú, na fronteira com o Brasil.
Segundo Morales, a nacionalização da exploração do gás boliviano é soberana e a reunião desta quinta-feira tratará apenas da integração energética entre os países sul-americanos. Ontem, ele se reuniu em La Paz com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que, ao que tudo indica, tem interesses mais do que diplomáticos na crise e no possível espaço deixado pela Petrobras na Bolívia.
Para o professor André Martin, doutor em Geografia Humana pela USP, a América Latina assiste ao nascimento de algo novo, que sucede ao neoliberalismo. "Vivemos um momento turbulento, mas não estou muito impressionado. Esta ebulição é passageira e depois as coisas se ajeitam. Há muito mais interesses comuns em jogo do que eventuais excessos de retórica neste momento. É preciso olhar em perspectiva mais ampla."
Ao contrário do têm afirmado outras análises, na opinião de Martin, a região não está dando um passo para trás. No longo prazo, ele vê alguns solavancos no cenário. "Não estamos dando um prazo atrás. Na verdade, para ficarmos no diapasão do que está acontecendo com a América Latina, acho que o governo, queiramos ou não, será mais à esquerda, para ficar mais afinado com a opinião pública latino-americana. Obviamente que se quer manter a democracia, mas que ela sirva para melhorar as condições de vida da população. Não há porque ficarmos muito assombrados."
Neste contexto, para o especialista é "bastante provável" que o presidente Lula será outro num eventual segundo mandato, mais próximo das políticas de Chávez e Morales. A atitude do presidente boliviano, afirma, pode servir de espelho para o presidente se a política for conduzida com base no apoio da opinião pública. "Basta fazer um questionário na Bolívia sobre qual o apoio a esta posição dura do presidente de nacionalização. Garanto que será de 90% para cima. Não se trata só um arroubo de Evo Morales, há algo mais profundo que temos que entender", disse.
Faltou planejamento
Na avaliação do analista, a falta de planejamento do Estado da política econômica a longo prazo está na raiz da atual crise. "Tivemos uma década de 70 de desenvolvimento, mas com ditaduras; nos anos 80 veio a abertura democrática e a estagnação econômica. Nos anos 90, esperava-se que a abertura econômica trouxesse desenvolvimento. Mas houve grande estagnação também e o fosso social aumentou. Agora há um débito muito grande a ser resgatado."
"Também na década de 90, tivemos a perspectiva da abertura, que levou às privatizações, por exemplo, do setor energético. Agora, no momento mais turbulento, nos damos conta de que é um setor estratégico. Não deveríamos abrir mão da soberania sobre a energia. Nos damos conta de que a estratégia do governo Fernando Henrique foi equivocada, se apoiou no gás boliviano", completa.
Desta forma, a nacionalização da exploração do gás pelo governo boliviano não é, na opinião de Martin, a ruptura de um contrato perfeito, mas antes parte de uma transformação profunda por que passa a América andina.
"A Bolívia pode se dar ao luxo de não querer a exploração de recursos na medida em que se esteja contratando porque, até agora, com uma experiência longa de abertura ao capital estrangeiro não houve muitos benefícios para a população mais pobre do país. Estão no seu direito", afirma.
Ele vê com otimismo o fim da atual crise entre os países sul-americanos. "Estou seguro que depois da reunião entre os presidentes vai se colocar água na fervura. Há muitas cobranças. O momento político está pesado no mundo porque os Estados Unidos estão jogando pesado com a questão dos hidrocarbonetos e isto está respigando em nós. Cautela neste momento é a melhor postura", afirma.
http://noticias.uol.com.br/uolnews/inte ... 25u61.jhtm
Em segundo mandato Lulla seria mais pró-Chavez
Em segundo mandato Lulla seria mais pró-Chavez
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