Universo teve vários começos, diz estudo
Universo teve vários começos, diz estudo
Folha de S.Paulo
COSMOLOGIA
Cosmos "eterno" ajudaria a explicar porque as galáxias passam pelo surto atual de afastamento acelerado
Universo teve vários começos, diz estudo
REINALDO JOSÉ LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL
Os defensores de que o Universo existe essencialmente desde a eternidade, ou pelo menos passou por uma longa série de encarnações antes de sua versão atual, estão voltando à carga hoje. Eles afirmam que a existência de um cosmos cíclico é a melhor maneira de explicar porque o Universo atual está em expansão.
O estudo, feito por Paul Steinhardt, da Universidade Princeton (EUA), e Neil Turok, da Universidade de Cambridge (EUA), já estimulou uma saraivada de críticas, principalmente pelo seu caráter especulativo. Um dos principais cosmólogos americanos, que não quis se identificar, fez o seguinte comentário à reportagem da Folha ao saber do novo trabalho: "Oh, Senhor... será que isso um dia vai acabar?"
A pesquisa de Steinhardt e Turok está na edição de hoje da revista "Science" (http://www.sciencemag.org), uma das mais importantes publicações científicas do mundo. Ainda não há evidências concretas de que os ciclos de "criação" e "destruição" do Universo são a explicação correta, mas a dupla diz acreditar que elas poderão ser encontradas no futuro próximo.
O nada que existe
Tudo indica que o que tem estimulado a atual expansão acelerada do Universo é a chamada constante cosmológica. Esse é o nome dado à energia escura ou do vácuo -que, apesar de corresponder ao vazio, não é igual a zero.
Por mais bizarro que seja, os físicos descobriram que o vácuo é um lugar movimentadíssimo, no qual partículas "virtuais" são criadas e destruídas o tempo todo. E o resultado de tanta atividade é muito pequeno, embora não nulo. Dá até vergonha dizer o número, de tão ridículo: algo como 1 dividido por 10 seguido de 119 zeros.
Ninguém consegue explicar de forma satisfatória tanta coincidência. Muitos hoje especulam que o Universo possui áreas onde a constante cosmológica é muito maior. Bom para a Terra: nessas regiões distantes, o tecido da matéria seria praticamente rasgado com a velocidade da expansão. Seria mera questão de sorte o Sistema Solar estar onde está.
Turok e Steinhardt não aceitam isso.Teria de haver um mecanismo natural para tornar a constante cosmológica tão pequena, raciocinam eles. A proposta deles é que o Universo conhecido seja, na verdade, uma membrana de três dimensões que interage com outra membrana -a rigor, outro cosmo. "Pense em duas placas ou folhas de papel paralelas, separadas por um espacinho", explica Turok.
A gravidade permitiria que essas membranas interagissem, e o "contato" periódico entre elas geraria vários Big Bangs. Ao longo do processo, a constante cosmológica teria todo o tempo do mundo para enfraquecer até o valor que possui hoje. Steinhardt disse à Folha que, se os pesquisadores continuarem a não detectar ondas gravitacionais do "início" do Universo, isso significaria que o modelo cíclico está correto, porque os ciclos produzem ondas muito pequenas, impossíveis de medir com a tecnologia atual.
Muitos físicos, por enquanto, estão longe de ficar convencidos. "A tese dos autores se apóia em suposições fortemente especulativas e teorias inacabadas", disse George Matsas, do Instituto de Física Teórica da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
COSMOLOGIA
Cosmos "eterno" ajudaria a explicar porque as galáxias passam pelo surto atual de afastamento acelerado
Universo teve vários começos, diz estudo
REINALDO JOSÉ LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL
Os defensores de que o Universo existe essencialmente desde a eternidade, ou pelo menos passou por uma longa série de encarnações antes de sua versão atual, estão voltando à carga hoje. Eles afirmam que a existência de um cosmos cíclico é a melhor maneira de explicar porque o Universo atual está em expansão.
O estudo, feito por Paul Steinhardt, da Universidade Princeton (EUA), e Neil Turok, da Universidade de Cambridge (EUA), já estimulou uma saraivada de críticas, principalmente pelo seu caráter especulativo. Um dos principais cosmólogos americanos, que não quis se identificar, fez o seguinte comentário à reportagem da Folha ao saber do novo trabalho: "Oh, Senhor... será que isso um dia vai acabar?"
A pesquisa de Steinhardt e Turok está na edição de hoje da revista "Science" (http://www.sciencemag.org), uma das mais importantes publicações científicas do mundo. Ainda não há evidências concretas de que os ciclos de "criação" e "destruição" do Universo são a explicação correta, mas a dupla diz acreditar que elas poderão ser encontradas no futuro próximo.
O nada que existe
Tudo indica que o que tem estimulado a atual expansão acelerada do Universo é a chamada constante cosmológica. Esse é o nome dado à energia escura ou do vácuo -que, apesar de corresponder ao vazio, não é igual a zero.
Por mais bizarro que seja, os físicos descobriram que o vácuo é um lugar movimentadíssimo, no qual partículas "virtuais" são criadas e destruídas o tempo todo. E o resultado de tanta atividade é muito pequeno, embora não nulo. Dá até vergonha dizer o número, de tão ridículo: algo como 1 dividido por 10 seguido de 119 zeros.
Ninguém consegue explicar de forma satisfatória tanta coincidência. Muitos hoje especulam que o Universo possui áreas onde a constante cosmológica é muito maior. Bom para a Terra: nessas regiões distantes, o tecido da matéria seria praticamente rasgado com a velocidade da expansão. Seria mera questão de sorte o Sistema Solar estar onde está.
Turok e Steinhardt não aceitam isso.Teria de haver um mecanismo natural para tornar a constante cosmológica tão pequena, raciocinam eles. A proposta deles é que o Universo conhecido seja, na verdade, uma membrana de três dimensões que interage com outra membrana -a rigor, outro cosmo. "Pense em duas placas ou folhas de papel paralelas, separadas por um espacinho", explica Turok.
A gravidade permitiria que essas membranas interagissem, e o "contato" periódico entre elas geraria vários Big Bangs. Ao longo do processo, a constante cosmológica teria todo o tempo do mundo para enfraquecer até o valor que possui hoje. Steinhardt disse à Folha que, se os pesquisadores continuarem a não detectar ondas gravitacionais do "início" do Universo, isso significaria que o modelo cíclico está correto, porque os ciclos produzem ondas muito pequenas, impossíveis de medir com a tecnologia atual.
Muitos físicos, por enquanto, estão longe de ficar convencidos. "A tese dos autores se apóia em suposições fortemente especulativas e teorias inacabadas", disse George Matsas, do Instituto de Física Teórica da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).
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Re: Universo teve vários começos, diz estudo
carlos escreveu:O nada que existe
Liberem o videomaker!
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Grande parte das pessoas pensam que elas estão pensando quando estão meramente reorganizando seus preconceitos.
- William James
Agora já aprendemos, estamos mais calejados...
os companheiros petistas certamente não vão fazer as burrices que fizeram neste primeiro mandato.
- Luis Inácio, 20/10/2006
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Grande parte das pessoas pensam que elas estão pensando quando estão meramente reorganizando seus preconceitos.
- William James
Agora já aprendemos, estamos mais calejados...
os companheiros petistas certamente não vão fazer as burrices que fizeram neste primeiro mandato.
- Luis Inácio, 20/10/2006
Re.: Universo teve vários começos, diz estudo
Eu não escrevi NADA! 

"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).
Re.: Universo teve vários começos, diz estudo
O Cosmos ciclico já foi refutado pelo Satélite WMAP que em 2003 confirmou que o Universo está em expansão acelerada devido á repulsão antigravítica da energia escura. O Universo não vai recuar...
Re: Re.: Universo teve vários começos, diz estudo
Ming Lee escreveu:O Cosmos ciclico já foi refutado pelo Satélite WMAP que em 2003 confirmou que o Universo está em expansão acelerada devido á repulsão antigravítica da energia escura. O Universo não vai recuar...
Não é porque o universo se expande de forma acelerada (atualmente) que ele não poderá vir a colapsar num futuro distante. Isso depende das propriedades da energia escura (algo por si só altamente especulativo) - no caso de estarmos lidando, claro, com um modelo cosmológico que admita a existência de tal entidade. Não se sabe quase nada sobre energia escura (nem mesmo se ela existe), portanto, não se pode dizer que ela não possa vir a exercer no futuro um papel oposto ao que (supostamente) exerce no presente estado do universo. Ou seja, não é possível descartar uma espécie de transição de fase neste sentido.
Na verdade, a Cosmologia ainda está num estágio muito especulativo, poucas coisas estão realmente bem estabelecidas neste campo. Existem muitas especulações e poucas observações. Mais ou menos a mesma coisa que acontece atualmente com as Supercordas e outras áreas altamente especulativas da Física (obviamente, não estou dizendo que a Cosmologia seja tão especulativa quanto as Supercordas)...
A propósito, não deixa de ser algo bastante ingênuo tentar traçar cenários definitivos para o universo fazendo uso apenas da RG. Uma teoria cosmológica realística deveria necessariamente incorporar a MQ, portanto, a princípio, penso que teríamos que aguardar por desenvolvimentos em Supercordas ou em outra teoria candidata a TOE, o que possibilitaria a emergência de cenários mais realísticos...
Re.: Universo teve vários começos, diz estudo
Mas o fato é que o universo está a acelerar ( parece razoável que uma aceleração seja provocada por algo de sinal contrário á gravidade. Que outra coisa poderia ser? Deus soprando o universo???).
Pelo menos isto indica que a hipotese de voltar atrás é menos provável.
Pelo menos isto indica que a hipotese de voltar atrás é menos provável.
Re: Re.: Universo teve vários começos, diz estudo
Ming Lee escreveu:Mas o fato é que o universo está a acelerar ( parece razoável que uma aceleração seja provocada por algo de sinal contrário á gravidade. Que outra coisa poderia ser? Deus soprando o universo???).
Pelo menos isto indica que a hipotese de voltar atrás é menos provável.
Na verdade, isso não procede. Só seria possível fazer uma previsão deste tipo se houvesse algum modelo com uma descrição bem definida sobre as propriedades da energia escura (neste caso, poderia se falar acerca de conjecturas mais ou menos plausíveis segundo tal modelo). Até onde sei, isso não existe. Á partir do momento que se incorpora energia escura num modelo cosmológico, a coisa se torna muito especulativa e não dá para dizer muita coisa acerca da evolução do universo. Se não se conhece as propriedades de um ente fundamental do modelo cosmológico utilizado, como é que se pode fazer conjecturas realísticas acerca da dinâmica do espaço-tempo (e lembre que estamos ignorando o fato de que essa história toda não está partindo de uma TOE)?! Os cosmólogos ainda têm muito chão para percorrer...estão com muitas idéias na cabeça, mas com poucos fatos em mãos...
E cuidado com coisas que "parecem razoáveis" nestas áreas. Em muitos dos casos, o que parece razoável, está completamente errado. As coisas tem que estar bem estabelecidas matematicamente e a conexão entre os entes matemáticos e os observáveis físicos tem que estar bastante clara, do contrário, não estaremos falando nem de especulações, mas de chutes. Na minha opinião, assim que estabelecermos de forma consistente uma TOE (não estou falando matematicamente, mas observacionalmente), a Cosmologia irá sofrer uma gigantesca revolução...talvez até mesmo mudanças profundas de paradigmas...
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- Registrado em: 03 Nov 2005, 07:43
Re: Re.: Universo teve vários começos, diz estudo
Ming Lee escreveu:Mas o fato é que o universo está a acelerar ( parece razoável que uma aceleração seja provocada por algo de sinal contrário á gravidade. Que outra coisa poderia ser?
Qualquer coisa. Ninguém sabe, até o momento.
Ming Lee escreveu:Deus soprando o universo???).
De onde tirou isso?
Ming Lee escreveu:Pelo menos isto indica que a hipotese de voltar atrás é menos provável.
Não inventa. Não há dados suficiente para qualquer estimativa ou probabilidades. O que há são somente especulações.
"Quando LULLA fala, o mundo se abre, se ilumina e se esclarece."
Marilena Chauí, filósofa da USP.
O triste é saber que tal figura recebe do contribuinte para dizer tais asneiras.
Chamo de pervertido um animal, uma espécie, um indivíduo, quando esse ou essa perde seus instintos, quando escolhe, prefere o que lhe é prejudicial.
F. Nietzche
Marilena Chauí, filósofa da USP.
O triste é saber que tal figura recebe do contribuinte para dizer tais asneiras.
Chamo de pervertido um animal, uma espécie, um indivíduo, quando esse ou essa perde seus instintos, quando escolhe, prefere o que lhe é prejudicial.
F. Nietzche
Re.: Universo teve vários começos, diz estudo
Michiu Kaku diz que a cosmologia actual nao é mais especulativa mas baseada em hipoteses testáveis.
Estou para fotocopiar em breve o Quantum Field Theory: A Modern Introduction do Kaku. Pela rápida folheada que dei neste livro, na quarta-feira passada, me pareceu bom...
Bom, a Teoria das Supercordas também faz previsões inéditas e falseáveis (existência dos companheiros supersimétricos das partículas conhecidas, por exemplo) e não deixa de ser altamente especulativa apenas por este motivo. Existem teorias que trabalham amparadas por inúmeros resultados bem estabelecidos experimentalmente e observacionalmente (como toda a Física Clássica, a QED, a QFD e a QCD, para citar apenas alguns exemplos). Estas teorias constituem o chamado mainstream da Física, cujas previsões são largamente confirmadas pelas experiências e observações. Quando você trabalha com uma teoria que não possui respaldo nas observações até então conhecidas e que faz uso de hipóteses que não podem (ou não foram até o momento) deduzidas das teorias que compõem o mainstream da Física, diz-se que tal teoria é uma especulação. Este é o presente status de muitas das modernas teorias da Cosmologia e também das Supercordas, dentre outras. Se as especulações em questão não fossem de algum modo testáveis, elas não pertenceriam ao âmbito da Ciência e aí já não estaríamos a tratar de Física, mas de alguma outra coisa...
Bom, a Teoria das Supercordas também faz previsões inéditas e falseáveis (existência dos companheiros supersimétricos das partículas conhecidas, por exemplo) e não deixa de ser altamente especulativa apenas por este motivo. Existem teorias que trabalham amparadas por inúmeros resultados bem estabelecidos experimentalmente e observacionalmente (como toda a Física Clássica, a QED, a QFD e a QCD, para citar apenas alguns exemplos). Estas teorias constituem o chamado mainstream da Física, cujas previsões são largamente confirmadas pelas experiências e observações. Quando você trabalha com uma teoria que não possui respaldo nas observações até então conhecidas e que faz uso de hipóteses que não podem (ou não foram até o momento) deduzidas das teorias que compõem o mainstream da Física, diz-se que tal teoria é uma especulação. Este é o presente status de muitas das modernas teorias da Cosmologia e também das Supercordas, dentre outras. Se as especulações em questão não fossem de algum modo testáveis, elas não pertenceriam ao âmbito da Ciência e aí já não estaríamos a tratar de Física, mas de alguma outra coisa...
Re.: Universo teve vários começos, diz estudo
Penso que especulaçao é uma coisa e Hipotese Testável é outra. Nformalmente se diz que algo é mera especulaçao, quando se quer desmerecer algo. Isso foi muitas vezes feito com a Cosmologia. Mas para Michio Kaku, as coisas estao a mudar...
Re.: Universo teve vários começos, diz estudo
Ah... e fotocopiar livros é crime... 

Re: Re.: Universo teve vários começos, diz estudo
Ming Lee escreveu:Penso que especulaçao é uma coisa e Hipotese Testável é outra. Nformalmente se diz que algo é mera especulaçao, quando se quer desmerecer algo. Isso foi muitas vezes feito com a Cosmologia. Mas para Michio Kaku, as coisas estao a mudar...
Eu não quis utilizar este sentido depreciativo. Até porque eu mesmo estou em dúvida se sigo para a pós-graduação na UERJ e continuo na área de Fenômenos Fora do Equilíbrio em TQC, ou se vou para a UNESP, atrás do Nathan Berkovits, para ingressar na área de Supercordas. Caso eu me decida pela segunda opção, estarei arriscando meu futuro em uma das áreas mais especulativas da Física. Eu sei, contudo, que existe um pessoal que fica meio revoltado por já ter sofrido preconceito no passado devido ao seu ramo de pesquisa. O Novello, por exemplo, é uma cara meio revoltado com o fato de terem desmerecido durante muito tempo a Cosmologia, como se fosse algo que não merecia ser levado a sério. O pior é que, hoje em dia, ele faz a mesma coisa com o pessoal de Supercordas...
Ming Lee escreveu:Ah... e fotocopiar livros é crime...
Eu sei, mas não tem outro jeito. Livros em inglês são muito caros aqui no Brasil (e lembre-se que a renda das pessoas por aqui não é das melhores). Quando dá, eu até compro (como foi o caso recentemente, quando comprei dois livros sobre Teoria de Grupos e um sobre Teorias de Gauge através do sítio da Amazon). Quando não dá, faço fotocópias mesmo. Neste período, por exemplo, estou cursando três cadeiras de Teoria de Campos (uma das quais é da Pós-Graduação) e estou tendo que utilizar muitos livros diferentes. Já fotocopiei quatro deles. Não dá para ficar sem referências importantes na sua biblioteca pessoal...
Neste caso, sinto muito, mas que se danem as editoras...