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Ataques no interior de SP

Enviado: 16 Mai 2006, 12:49
por Christiano
ONDA DE ATAQUES

Rebelião, DPs e casas de civis
são atingidas


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Policiais foram principal alvo de atentados e ataques
neste final de semana


O INÍCIO - Horror generalizado. Assim pode ser definida a situação iniciada na noite de sexta-feira (12), quando criminosos promoveram ao menos 55 ataques que tiveram como alvos, na capital, policiais, guardas municipais e agentes penitenciários, em diferentes pontos do Estado. A onda de violência é considerada uma resposta do PCC (Primeiro Comando da Capital) à decisão do governo paulista de isolar líderes da facção criminosa.
Os ataques ocorreram após a transferência, na quinta-feira (11), de 765 presos para a penitenciária de Presidente Venceslau (presídio de segurança máxima mais temido do País).
Na sexta, oito integrantes do PCC foram levados para depoimento no Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), na zona norte de São Paulo, incluindo o líder da facção, Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola. A facção estaria planejando uma série de crimes e rebeliões.
INTERIOR AMEAÇADO
No interior do Estado vários detentos se amotinaram. As rebeliões foram iniciadas na penitenciária 1 de Avaré e na de Iaras, ambas no interior. As ações de criminosos ganharam força e os motins se espalharam, no sábado, para outras 21 penitenciárias e CDPs (Centros de Detenção Provisória) do Estado.
ASSIS

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Durante a rebelião os detentos ficaram em cima de caixas de água com bandeiras contendo a sigla PCC

Em Assis a rebelião foi iniciada na manhã de domingo, 14, às 7 horas, antes do horário de visitas. Treze agentes foram mantidos reféns no momento em que entregavam café da manhã nos pavilhões habitacionais. A polícia militar deu apoio externo, porém, ao contrário do que ocorreu em Paraguaçu Paulista, não adentrou a unidade.
De acordo com o diretor da Penitenciária Estadual de Assis, Mauro Luis Lima, a rendição dos funcionários se deu com o uso de armas improvisadas (estiletes).
Antes de todos os reféns serem libertados, após período de negociação, dois foram soltos, o primeiro em troca de atendimento médico a um preso (com crise de epilepsia); o segundo, sem maiores explicações do diretor, fez parte da negociação.
Durante a rebelião os detentos ficaram em cima de caixas de água com bandeiras contendo a sigla PCC e quebraram o refeitório.
Em Assis o término da rebelião foi às 10h30 e os mais de 1.064 detentos retornaram às celas (o local tem capacidade para 750).
Sobre os prejuízos, o diretor disse que ainda não tinham sido avaliados. “Faremos um levantamento e varredura na unidade”, adiantou.
DAGMAR MARCILIANO

Fonte: http://www.jornalvozdaterra.com.br/poli ... 052006.asp

Enviado: 16 Mai 2006, 12:50
por Christiano
ONDA DE ATAQUES

PARAGUAÇU PAULISTA

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Os detentos quebraram a parte administrativa onde está localizada enfermaria, cozinha e oficinas

Com capacidade para 768 presos, o presídio da Estância abriga 1.075. A rebelião (iniciada na sexta) terminou no domingo, por volta das 12h30, após a entrada da Força Tática de Paraguaçu, Assis, Ourinhos e Marília.
Segundo o capitão PM Rogério Gago, comandante da 2º Cia (Paraguaçu), após horas de conversa em que foi insistido para que voltassem às celas, os presos - que não fizeram qualquer reivindicação - justificaram que a rebelião se tratava de um movimento estadual e que aguardariam as instruções.
Os detentos, disse o capitão, quebraram a parte administrativa onde está localizada enfermaria, cozinha e oficinas. Além disso, queimaram todos os colchões e usaram as mesas como barricadas. Apesar do “fuzuê”, não houve feridos.
Quando a rebelião foi iniciada, 257 pessoas visitavam os presos. Elas ficaram no local, mas não mantidas reféns, estes, três agentes penitenciários.
PRESOS MEMBROS DO PCC - Além do fim da rebelião, a PM de Paraguaçu conseguiu deter um dos líderes do primeiro escalão do PCC. O homem morava numa casa tida como muito boa e tem um carro top de linha.
Foram pegos também, outros dois membros da facção PCC, os quais estavam hospedados em um hotel daquela cidade e participaram de um roubo.
Em Paraguaçu, a exemplo de Assis, a casa de um policial – há pouco transferido para o Corpo de Bombeiros - foi baleada com 13 tiros.
DAGMAR MARCILIANO

Fonte: http://www.jornalvozdaterra.com.br/poli ... 052006.asp

Enviado: 16 Mai 2006, 12:52
por Christiano
ONDA DE ATAQUES

Casa de vice-prefeito e de investigador são atingidas

O delegado afastado por conta da política, atual vice-prefeito João Rosa da Silva Filho foi um dos civis alvo de criminosos.
Sua casa, localizada na Vila Tênis Clube, recebeu uma rajada de tiros. Segundo João Rosa, cerca de 13 projéteis atingiram os portões e um transfixou a porta e foi para dentro da sala da residência.
No momento do ataque, o vice-prefeito estava na casa e saiu armado, quando percebeu que os disparos partiram de criminosos que usavam uma moto.
Para João Rosa os disparos em sua casa foi por ordem de membros do PCC.
“Isso tudo que está acontecendo nada mais é do que anos de descaso por parte da Segurança Pública. Falta investimento na polícia. O profissional não tem valorização alguma”, lamentou.
O outro civil que teve a casa alvejada trabalha na Delegacia de Investigações Gerais (DIG). Ele não estava no imóvel no momento do ataque. Sua esposa percebeu que os tiros foram disparados de cima de uma motocicleta.
“A pancada de disparos ocorreu por duas vezes em horários alternados, ambas no período noturno. Foram cerca de 10 tiros, possivelmente calibre 38”, finalizou.
Na manhã de ontem foram presas três pessoas do sexo masculino por envolvimento no ataque à casa de João Rosa, uma delas menor de idade.

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Viaturas foram atingidas por projéteis

Destruição de viaturas e queima de delegacias em Assis
Os criminosos mostraram que não estão brincando. Ligados ou não ao PCC (Primeiro Comando da Capital), ou aproveitando da situação instalada [mega rebelião] atiraram em três Distritos Policiais.
Na noite de sábado, no 2º e 3º DPs. No domingo, á noite, por volta das 22h53, o 4º. Os dois primeiros Distritos citados foram atingidos com grande número de projéteis de arma de fogo. Só no 3º foram recolhidas 11 cápsulas. Um investigador acredita que tenham sido disparados contra a unidade cerca de 20 tiros. Viaturas, na garagem, também foram atingidas. Já no 4º DP, localizado na Vila Prudenciana, houve queima total de duas viaturas.
Vizinhos das delegacias atingidas ouviram barulho de motor de motos.

Notícia sobre rebelião na cadeia era falsa
Foi amplamente comentado que havia sido iniciada uma rebelião na Cadeia de Assis. Todos os órgãos de imprensa foram até o local, onde várias pessoas se concentraram.
A notícia extra-oficial que se teve é que houve visita, mas que, por ordem do delegado seccional foram interrompidas. Ainda, que os detentos do xadrez oito já estavam encapuzados e com facas nas mãos.
DAGMAR MARCILIANO

Fonte: http://www.jornalvozdaterra.com.br/poli ... 052006.asp

Enviado: 16 Mai 2006, 12:59
por Christiano
COMBATE

Seccional afirma que polícia civil está motivada

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José Carlos de Oliveira Júnior, delegado Seccional
de Polícia Civil de Assis


Em entrevista concedida ontem, sob forte aparato de segurança, o delegado Seccional de Polícia Civil de Assis, José Carlos de Oliveira Júnior disse que nunca viu uma situação de violência como a atual no Estado de São Paulo. Isso porque foi questionado sobre ter vindo de uma metrópole e, agora, enfrentar a onda criminal que atinge uma cidade interiorana como Assis.
“A situação é realmente grave em todo Estado. Nossa obrigação é tomar medidas aqui na região e tranqüilizar a comunidade. Já aguardávamos alguma coisa ruim porque havia no ar a notícia de que poderia haver ações violentas por causa da transferência dos 765 presos. Aqui os alvos foram nossas unidades, viaturas e residências de civis”, apontou.
A exemplo da polícia militar todo efetivo da polícia civil, inclusive o que estava em licença e férias, foi chamado a trabalha ininterruptamente após os atentados a três distritos, à residência de João Rosa da Silva Filho e de um investigador da DIG.
“Nós tivemos reação imediata a essas atitudes, e ontem, até as 4 horas, já tínhamos a prisão de três elementos diretos envolvidos nessa ação. O que posso divulgar, por enquanto, é isso”, disse.
O delegado acrescentou que a obrigação da civil é tentar identificar imediatamente as pessoas que praticaram ações contra as unidades da polícia, prendê-las e continuar atenta.
“O volume do gravame da situação que vem ocorrendo no Estado inteiro faz com que todas as forças policiais estejam atentas, preparadas, e também motivadas”.
Temos ligação direta da Seccional com a nossa diretoria e com o Setor de Inteligência de São Paulo, órgão que nos tem passado todas as informações necessárias para que possamos combater efetivamente o que está acontecendo. O Estado democrático de direito não pode se curvar a uma situação dessa”, destacou.
Questionado sobre a polícia ter, ou não, perdido o controle da situação, o delegado argumentou que tudo que está ocorrendo é uma orquestração que veio por parte de facções criminosas pelas remoções dos líderes.
“Temos de estar atentos porque a sucessão e gravidade dos fatos, como a morte de policiais na capital, requerem atenção redobrada. Tenho certeza que as polícias militar e civil, em consonância, conseguirão dar tranqüilidade à população”.
Oliveira Júnior não descarta a possibilidade de presos que saíram das grades, beneficiados pelo indulto do dia das mães (em Assis não houve detento beneficiado), estarem praticando ações em nome da facção (ele prefere não citar a sigla).
“Não podemos garantir que membros de facções criminosas não estejam agindo nesta cidade e região. Aqui temos notícias de que muitos marginais estão aproveitando a situação desse movimento, sem organização alguma, para seu próprio benefício”, apontou.
DAGMAR MARCILIANO

Fonte: http://www.jornalvozdaterra.com.br/poli ... 052006.asp

Enviado: 16 Mai 2006, 13:02
por Christiano
SEGURANÇA REDOBRADA

Major pede calma à população
Lincoln garante ampliação do efetivo policial e conseqüente aumento da prevenção e repressão

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Major PM Lincoln de Oliveira Lima

A imprensa local foi recebida ontem nas dependências do 32º Batalhão de Polícia Militar pelo major PM Lincoln de Oliveira Lima, que achou oportuno falar sobre a violência que vem sendo praticada também em Assis.
O oficial iniciou a entrevista coletiva pedindo calma à população. Garantiu que a PM, desde o início das manifestações de violência está trabalhando efetivamente para que o clima de segurança impere em Assis e região.
Informou que todo efetivo foi convocado a assumir postos, trabalhando numa escala extra que excede à normalidade, de modo que possa fazer prevenção e repressão imediata.
“O importante é que a comunidade não de deixe assustar demais frente ao que vem acontecendo principalmente nas capitais e grandes centros. Temos recebido algumas solicitações, em especial com a questão escolar. Não há nenhum fato real sobre estabelecimentos escolares serem alvos, mas enfim, a PM, com a ronda escolar e viaturas de policiamento está intensificando as ações nesses locais. Não há nenhum indício de que algo esteja acontecendo. Estamos contando com a população que tem nos passado denúncias sobre fatos que conheçam, via 190, e isso nos tem possibilitado ações preventivas e prisões”, disse.
Para Lincoln ninguém precisa entrar em pânico, visto que, conforme garantiu, tudo está sob controle. No caso de qualquer necessidade, disse que todo munícipe pode ligar para o 190 que será prontamente atendido.
“Acredito que exista uma tendência desses fatos [violência e rebeliões] diminuírem porque o próprio crime organizado está verificando que não está havendo retorno para as ações que o governo determinou. A posição da polícia militar continua enérgica e firme para combater a criminalidade”, frisou.
Sobre haver integrantes do PCC agindo em Assis, ou pessoas se aproveitando do atual momento, o major disse que “muitos marginais estão usando o momento sob o manto dessa facção criminosa para fazer algumas ações de retaliação. Não acredito que pessoa integrante do PCC, principalmente da chefia esteja envolvida aqui, mas de qualquer forma nossas ações estão sendo desenvolvidas com inteligência, busca de informações, principalmente vindas de São Paulo, para que possamos fazer um planejamento adequado e eficiente que faça frente a essas ações”, expôs.
Para o oficial é remota a possibilidade de pessoas de Assis, voltadas á marginalidade, serem instruídas por integrantes de facções criminosas. Em todo o caso, o militar disse que há que se ter cautela, visto que nesse momento surgem notícias cuja veracidade é de difícil comprovação.
Segundo ele o sentimento da polícia, face ao atual cenário, é de alerta.
DAGMAR MARCILIANO

Fonte: http://www.jornalvozdaterra.com.br/poli ... 052006.asp

Enviado: 16 Mai 2006, 13:03
por Christiano
EDITORIAL

ANOMIA DO ESTADO

É condenável, sob todos os aspectos, a onda de ataques de organizações criminosas contra postos da Polícia militar e civil, agências bancárias e residências de autoridades constituídas. São Paulo e o país vivem sitiados pela violência. O que se vive no Brasil é quase uma guerra civil, em que o poder paralelo, sob o comando do PCC, afronta o Estado e suas instituições democráticas. O número de vítimas fatais já beira a casa de 100 mortos, a maioria, policiais militares covardemente assassinados por bandidos. É um caos jamais visto, e que merece a nossa reflexão. Na verdade, o que se verifica é uma anomia do Estado. Isto é, não parece que vivemos um Estado de Direito, mas o que causa espécie, é que se vive uma ausência de leis, diante do descaso com que as autoridades tratam a questão da segurança pública. A população está atemorizada e há necessidade, a curtíssimo prazo, de uma reação firme e organizada do Estado, para volta à normalidade.
Não obstante, é preciso reconhecer que esses fatos estão acontecendo porque prevalece no país um clima de absoluta impunidade. A começar da nossa legislação penal que é muito branda para tratar os criminosos, como bem disse o presidente da OAB paulista, Flavio D’ Urso. Impõe-se uma reforma urgente para impor sanções mais pesadas aos infratores da lei, sobretudo no que diz respeito à segurança da população. Mas o caos que se estabelece também decorre do sistema endêmico de corrupção que se instalou no país e a falta de responsabilidade de nossos governantes de vir a público esclarecer essas irregularidades, ao invés de mentir de forma deslavada e estarrecedora à população. O que se viu nos mais variados depoimentos às CPIs que apuram essas denúncias é algo vergonhoso, com os acusados sendo protegidos por liminares judiciais para mentir ao povo. E o mesmo tempo, o presidente da República vir a público dizer que não sabe de nada do que acontece à volta do Palácio do Planalto, enquanto pipocam pela imprensa diariamente novas denúncias de corrupção. A última delas, envolvendo 170 deputados com o superfaturamento de ambulâncias. Efetivamente, esse estado de coisas nos leva a crer que este não é um país sério. O povo está indignado com esse estado de coisas, e os criminosos se aproveitam da situação para colocar em xeque a própria estrutura do Estado. Como esse é um ano eleitoral, há uma guerra surda entre os concorrentes à sucessão presidencial. Lula, da Áustria, oferece ajuda da Polícia Federal para combater o crime organizado em São Paulo, onde tem o seu principal adversário a ameaçar a sua reeleição. O que se vê é que os nossos governantes brincam com coisa séria. Não é apenas São Paulo que está ameaçado pelo terror, mas todo o país. E a origem desse confronto é o clima de impunidade que se instalou no país. Os bandidos, financiados pelo tráfico de drogas, estão mais bem aparelhados do que a própria Polícia, e o que se sente é uma certa impotência do Estado em combater o crime. Pelo menos, essa é a sensação que se passa à opinião pública. Tanto que a primeira reação dos pais foi evitar que ontem seus filhos freqüentassem as escolas, pois correu uma onda de boatos de que essas entidades seriam o próximo alvo do PCC, depois das bases policiais e de agências bancárias. O que se sente é que realmente existe uma anomia no país, se vista sob o prisma de que o terror colocou vários estados de sobressalto. O crime pegou as autoridades de surpresa, lembrando o que aconteceu nos EUA, quando as torres gêmeas foram destruídas por dois aviões comerciais pilotados por correligionários de Bin Laden.
O restabelecimento da ordem pública é um imperativo. O Estado tem essa responsabilidade e deve dar uma resposta rápida à população ameaçada e amedrontada. E é hora de nossos legisladores, já desacreditados pelo esquema do mensalão e, muitos deles, envolvidos por denúncias de corrupção, pensar, com auxílio da OAB, uma reforma penal no Brasil, de forma a impor maior rigor nas penalidades para crimes contra a segurança nacional e crimes hediondos.
MEDEIROS DE ABREU

Fonte: http://www.jornalvozdaterra.com.br/opin ... 052006.asp