As Elites e o Povão
Enviado: 19 Mai 2006, 10:24
AS ELITES E O POVÃO
É cansativo, é irritante, isso de falar em elites e povão, como se só o chamado povão fosse honesto e merecedor de confiança e tudo que se liga à "elite" significasse o pior quanto à moral, ao valor e à confiabilidade.
É mal-intencionado dizer que só a elite é saudável, educada, merecedora das boas coisas da vida e o povão é sujo, grosseiro e não vai melhorar nunca.
Precisamos ter, repito uma vez ainda, cuidado com as palavras, que podem ser perigosas armadilhas. Isso vale para nós, colunistas, para nossos críticos bem ou mal-intencionados, pra políticos, para governantes, para cada um de nós em particular.
E, afinal, o que é essa "elite"? Quem a constitui? Parece que existem várias.
Elite social - Nada mais triste que ler: "Fulana de Tal, socialite". Tem profissão? Tem família? Faz alguma coisa da vida? Não, ela é socialite. O marido, ou o filho, ou o companheiro dessa fina dama seria o quê? Um socialite, também? Singularmente ainda não vi o termo usado no masculino. Talvez porque na nosas utopia os homens sempre têm profissão e ganham o dinheiro, isto é, são úteis, enquanto as mulheres ornamentam seu lado público.
Elite intelectual - Dessa, já gostei mais. Porém, cuidado: o grau de intelectualidade não reside na quantidade de diplomas, alguns fajutos, adiquiridos no exterior em universidades com nomes pomposos. O intelectual de primeira é o que de verdade pensa, lê, estuda, escreve, pesquisa e atua. Cultiva a simplicidade e detesta a arrogância, companheira da inteligência limitada.
Elite financeira - Bem, pode ser impressionante, porém já cansei de ver gente endinheirada palitando os dentes à mesa ou tratando mal garçons ou empregados.
Elite artística - É coisa para pensar. Mas traz seus perigos, porque os de sucesso correm o risco fatal de ser mordidos pela mosca azul e botar aquela máscara de nariz empinado; os de menos sucesso estão sob ameaça de vender a alma ao diabo do ressentimento.
Elite política - Díficil de comentar, aqueles em que a gente ainda votaria não ocupam os dedos todos da minha mão direita. Pois essa seria uma seleção de homens íntegros, querendo o bem de todos: não só dos afortunados, nem só dos mais pobres.
Talvez elite verdadeira fosse a dos bens informados e instruídos, não importa em que grau, não importam dinheiro nem sofisticação. Um povo pouco informado acredita no primeiro demagogo que aparece, engole suas mentiras como pílulas salvadoras e, por cegueira ou por carência, segue o caminho de seu próprio infortúnio.
Seria melhor largar essa bobagem de elite versus povão e pensar em habitantes deste planeta e deste país. Todos merecendo melhor cuidado com a saúde, melhores escolas e universidades, melhores condições de vida, melhor salário, melhores estradas, lugares de lazer mais bem-cuidados, mais tranquilos e seguros, menos impostos, menos mentiras. Mais oportunidades, mais sinceridade, mais vida. Melhor uso das palavras. Mais respeito pela inteligência comum e pelo bom senso.
É demasiado fácil enganar o povo apontando o dedo para alguns que descobrem verdades ocultíssimas e acusar para não se acusado: "Olhaí, é coisa das elites."
Então, velhíssima fórmula tão pouco aplicada, comecemos pela educação. Mas não venha m com a empulhação quanto aos analfabetos a menos no país. Alfabetizado não é quem aprendeu a assinar o nome: é quem antes leu e compreendeu aquilo que vai assinar, pois, se optar errado, a exploração de sua ignorância vai sobre seus ombros por mais longo tempo de altos juros.
Mais cuidado com palavras, pois elas podem se transformar, de pedras preciosas, em testemunho de ignorância ou má vontade, ou ainda em traiçoeiros punhais.
Eu tenho lido alguns artigos que a Lya escreveu e já li um livro dela, Perdas e ganhos. Adoro a forma como ela coloca relacionamentos, sentimentos, palavras. Algo interessante que aprendi em um dos artigos que eu li, é que um povo sem educação, é um povo fadado ao engano constante dos mais fortes. Nossos políticos infelizmente não estão interessados em investir em educação, ou melhor distribuição de renda. Um povo que tem educação, que vai à escola é um povo que pensa e que lê. No meu entendimento se o projeto fome zero tivesse dado certo, além de projetos do governo de alfabetização, nosso povo conseqüentemente pensaria melhor, porque uma barriga vazia sentido a dor da fome, não vai ter condições de utilizar a massa cinzenta. Logo, não é interessante nem alimentar bem o povo e muito menos pagar salários dignos à professores que têm até disposição, mas que irá ficar satisfeito ganhando um salário um tanto quanto apertado para ser professor numa cidade do interior do país. O povo quanto mais dependente for de políticos melhor para o político. Eu, como professora valorizo muito a educação, e acho que ela é a principal maneira de se poder transformar não só a elite, como também o povão. Um amigo ,tem uma comunidade da qual eu acho muito interessante e admirável e a lya fala dele no texto. "Palavras são gaiolas". E é verdade, dependendo do que você fala, da maneira como você fala, você pode tanto dar esperança como pode destruir uma vida. Nos últimos dias, tenho aprendido algo sobre algumas coisas que eu mesma tenho. Como falar sem pensar, é um exercício longo, árduo e díficil e até conversei sobre isso na terapia hoje cedinho. Mayara, minha filha que tem quase treze anos, demora a falar algumas coisas e acho sempre admirável que quando ela aponta meus defeitos, é porque ela já tolerou bastante minha imperfeição de falar algumas coisas sem pensar e ela ficar (com toda razão) irritada comigo. Tenho observando ela ultimamente, e tenho adorado o fato dela estar apaixonada por ler, pesquisar, se inteirar e observar. Mas o que mais me impressiona é que a May nunca fala as coisas quando está com raiva. E é bem interessante, ela tem uma colega na escola que é pobre mesmo, e volta e meia vejo Mayara emprestando livros que eu mesma comprei para esta amiga. Um dia perguntei pra ela, sobre isso e ela disse, quero que a Jéssica possa ler as mesmas coisas que eu leio. A escola da minha filha, tem um clube de leitura e eu acho isso o máximo. E agora eles terão um grêmio estudantil para falar sobre política, melhoria da escola e também falar quando o professor não estiver ensinando as coisas de maneira satisfatória. Quem sabe, seja esse o princípio da mundança.
É cansativo, é irritante, isso de falar em elites e povão, como se só o chamado povão fosse honesto e merecedor de confiança e tudo que se liga à "elite" significasse o pior quanto à moral, ao valor e à confiabilidade.
É mal-intencionado dizer que só a elite é saudável, educada, merecedora das boas coisas da vida e o povão é sujo, grosseiro e não vai melhorar nunca.
Precisamos ter, repito uma vez ainda, cuidado com as palavras, que podem ser perigosas armadilhas. Isso vale para nós, colunistas, para nossos críticos bem ou mal-intencionados, pra políticos, para governantes, para cada um de nós em particular.
E, afinal, o que é essa "elite"? Quem a constitui? Parece que existem várias.
Elite social - Nada mais triste que ler: "Fulana de Tal, socialite". Tem profissão? Tem família? Faz alguma coisa da vida? Não, ela é socialite. O marido, ou o filho, ou o companheiro dessa fina dama seria o quê? Um socialite, também? Singularmente ainda não vi o termo usado no masculino. Talvez porque na nosas utopia os homens sempre têm profissão e ganham o dinheiro, isto é, são úteis, enquanto as mulheres ornamentam seu lado público.
Elite intelectual - Dessa, já gostei mais. Porém, cuidado: o grau de intelectualidade não reside na quantidade de diplomas, alguns fajutos, adiquiridos no exterior em universidades com nomes pomposos. O intelectual de primeira é o que de verdade pensa, lê, estuda, escreve, pesquisa e atua. Cultiva a simplicidade e detesta a arrogância, companheira da inteligência limitada.
Elite financeira - Bem, pode ser impressionante, porém já cansei de ver gente endinheirada palitando os dentes à mesa ou tratando mal garçons ou empregados.
Elite artística - É coisa para pensar. Mas traz seus perigos, porque os de sucesso correm o risco fatal de ser mordidos pela mosca azul e botar aquela máscara de nariz empinado; os de menos sucesso estão sob ameaça de vender a alma ao diabo do ressentimento.
Elite política - Díficil de comentar, aqueles em que a gente ainda votaria não ocupam os dedos todos da minha mão direita. Pois essa seria uma seleção de homens íntegros, querendo o bem de todos: não só dos afortunados, nem só dos mais pobres.
Talvez elite verdadeira fosse a dos bens informados e instruídos, não importa em que grau, não importam dinheiro nem sofisticação. Um povo pouco informado acredita no primeiro demagogo que aparece, engole suas mentiras como pílulas salvadoras e, por cegueira ou por carência, segue o caminho de seu próprio infortúnio.
Seria melhor largar essa bobagem de elite versus povão e pensar em habitantes deste planeta e deste país. Todos merecendo melhor cuidado com a saúde, melhores escolas e universidades, melhores condições de vida, melhor salário, melhores estradas, lugares de lazer mais bem-cuidados, mais tranquilos e seguros, menos impostos, menos mentiras. Mais oportunidades, mais sinceridade, mais vida. Melhor uso das palavras. Mais respeito pela inteligência comum e pelo bom senso.
É demasiado fácil enganar o povo apontando o dedo para alguns que descobrem verdades ocultíssimas e acusar para não se acusado: "Olhaí, é coisa das elites."
Então, velhíssima fórmula tão pouco aplicada, comecemos pela educação. Mas não venha m com a empulhação quanto aos analfabetos a menos no país. Alfabetizado não é quem aprendeu a assinar o nome: é quem antes leu e compreendeu aquilo que vai assinar, pois, se optar errado, a exploração de sua ignorância vai sobre seus ombros por mais longo tempo de altos juros.
Mais cuidado com palavras, pois elas podem se transformar, de pedras preciosas, em testemunho de ignorância ou má vontade, ou ainda em traiçoeiros punhais.
Eu tenho lido alguns artigos que a Lya escreveu e já li um livro dela, Perdas e ganhos. Adoro a forma como ela coloca relacionamentos, sentimentos, palavras. Algo interessante que aprendi em um dos artigos que eu li, é que um povo sem educação, é um povo fadado ao engano constante dos mais fortes. Nossos políticos infelizmente não estão interessados em investir em educação, ou melhor distribuição de renda. Um povo que tem educação, que vai à escola é um povo que pensa e que lê. No meu entendimento se o projeto fome zero tivesse dado certo, além de projetos do governo de alfabetização, nosso povo conseqüentemente pensaria melhor, porque uma barriga vazia sentido a dor da fome, não vai ter condições de utilizar a massa cinzenta. Logo, não é interessante nem alimentar bem o povo e muito menos pagar salários dignos à professores que têm até disposição, mas que irá ficar satisfeito ganhando um salário um tanto quanto apertado para ser professor numa cidade do interior do país. O povo quanto mais dependente for de políticos melhor para o político. Eu, como professora valorizo muito a educação, e acho que ela é a principal maneira de se poder transformar não só a elite, como também o povão. Um amigo ,tem uma comunidade da qual eu acho muito interessante e admirável e a lya fala dele no texto. "Palavras são gaiolas". E é verdade, dependendo do que você fala, da maneira como você fala, você pode tanto dar esperança como pode destruir uma vida. Nos últimos dias, tenho aprendido algo sobre algumas coisas que eu mesma tenho. Como falar sem pensar, é um exercício longo, árduo e díficil e até conversei sobre isso na terapia hoje cedinho. Mayara, minha filha que tem quase treze anos, demora a falar algumas coisas e acho sempre admirável que quando ela aponta meus defeitos, é porque ela já tolerou bastante minha imperfeição de falar algumas coisas sem pensar e ela ficar (com toda razão) irritada comigo. Tenho observando ela ultimamente, e tenho adorado o fato dela estar apaixonada por ler, pesquisar, se inteirar e observar. Mas o que mais me impressiona é que a May nunca fala as coisas quando está com raiva. E é bem interessante, ela tem uma colega na escola que é pobre mesmo, e volta e meia vejo Mayara emprestando livros que eu mesma comprei para esta amiga. Um dia perguntei pra ela, sobre isso e ela disse, quero que a Jéssica possa ler as mesmas coisas que eu leio. A escola da minha filha, tem um clube de leitura e eu acho isso o máximo. E agora eles terão um grêmio estudantil para falar sobre política, melhoria da escola e também falar quando o professor não estiver ensinando as coisas de maneira satisfatória. Quem sabe, seja esse o princípio da mundança.