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Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 11:36
por O ENCOSTO
Uma coisa que a maioria dos defensores do psi possuem em comum é a fé. Ela por si só explica por que buscam e fornecem calhamaços de dados experimentais para apoiar suas alegações, mas desconsideram ou banalizam todos os indícios que mostram que elas estão equivocadas.



Parapsicologia




A parapsicologia é a busca pelos fenômenos paranormais, como a percepção extra-sensorial (PES) e a psicocinese. A maioria dos cientistas tenta explicar fenômenos observáveis. A parapsicologia procura observar fenômenos inexplicáveis.

A metodologia científica desse campo data ao menos de 1882, com a fundação da Sociedade para Pesquisas Psíquicas, em Londres. Seus membros buscavam distinguir os fenômenos paranormais do espiritismo e investigar os médiuns e suas atividades. A sociedade estudava a psicografia, a levitação, e relatos de atividades ectoplásmicas e poltergeists. As experiências modernas na parapiscologia têm se concentrado principalmente na PES, na psicocinese (influência mental sobre objetos físicos) e na projeção astral (viagem mental e percepção sem o auxílio do corpo). Tais experimentos foram dirigidos na Universidade de Duke nos anos de 1930 por Joseph Banks Rhine (1895-1980), cujos trabalhos tiveram continuidade no Rhine Research Center. Também foram conduzidos na Grã-Bretanha na Sociedade para Pesquisas Psíquicas e em laboratórios de pesquisas russos. Os norte-americanos Charles Tart e Raymond Moody, entre muitos outros, continuam a expandir a obra de Rhine. A CIA e as forças armadas dos EUA contrataram parapsicólogos e estudaram supostos paranormais, como Ingo Swann. Outras pesquisas parapsicológicas prosseguem em vários locais, entre eles o Laboratório de Sonhos do Maimonides Hospital, do Brooklyn, Nova York; a Universidade de Nevada, em Las Vegas; a Pesquisa de Anomalias da Escola de Engenharia de Princeton; e a Universidade de Edimburgo, cujo departamento de parapsicologia possui a Cátedra Koestler de Parapsicologia, e publica o European Journal of Parapsychology. Os parapsicólogos também têm várias outras publicações. Os pesquisadores do psi freqüentemente encontram provas da existência deste, mas um estudo (chamado de VERITAC, nome do computador utilizado) de um ano de duração, feito pelos laboratórios da Força Aérea dos Estados Unidos, não foi capaz de verificar a existência da PES. Alguns parapsicólogos, como Susan Blackmore, abandonaram a pesquisa do psi após anos de insucesso na tentativa de encontrar qualquer apoio significativo para a existência dos fenômenos paranormais.

Tradicionalmente, a pesquisa nesta área tem sido caracterizada pelo engano, pela fraude e pela incompetência na montagem de experiências adequadamente controladas e na avaliação de dados estatísticos. Quando são feitos experimentos adequadamente controlados, geralmente estes produzem resultados negativos, ou seja, são incapazes de demonstrar um único caso claro de poderes psíquicos ou fenômenos paranormais. Os estudos com resultados positivos são geralmente explicáveis por probabilidades (espera-se que periodicamente aconteçam ocorrências incomuns de "acertos psíquicos"). Mas estudos negativos, como o realizado por Richard C. Sprinthall and Barry S. Lubetkin e publicado no Journal of Psychology (vol. 60, pp. 313-18) e que foi cuidadosamente e adequadamente projetado, são universalmente rejeitados pelos devotos do psi. Pesquisadores que alegam ter encontrado resultados positivos muitas vezes ignoram sistematicamente seus próprios estudos, ou criam justificativas para o fracasso, quando estes não apóiam as alegações que defendem. Muitos, senão a maioria dos pesquisadores do psi, permitem o início opcional e o fim opcional. Todos os pesquisadores do psi limitam suas pesquisas à investigação de truques de salão (adivinhação de um número ou naipe de uma carta de baralho, ou ao "adivinhe para que eu estou olhando") e de pessoas que fazem truques de salão. Muitos são fascinados por números e fazem experiências com outro tipo de truque, sofisticado com tecnologia. Em lugar de pedir a pessoas que usem o pensamento para fazer um semáforo mudar de vermelho para verde, pedem que elas tentem influenciar geradores de números aleatórios em computadores. Quando os pesquisadores encontram uma mínima estranheza estatística, especulam que isso se deva a poderes paranormais.

Por outro lado, quando parapsicólogos realmente alegam ter provas de que alguém é um verdadeiro paranormal, não conseguem fazer com que a pessoa repita os fantásticos resultados de seus estudos. Por exemplo, J. B. Rhine afirmou que Hubert Pearce, que mais tarde tornou-se pastor metodista, teria identificado corretamente 25 cartas Zener seguidas, depois de prometer a ele US$ 100 para cada carta que acertasse. A única outra ocasião em que Pearce fez uso se seus supostos poderes foi num outro teste feito por Rhine e J. G. Pratt, outro crente. Rhine e Pratt não só deixaram de tomar precauções para garantir que Pearce não trapacearia, como nunca pediram a ninguém que o testasse independentemente. O resultado é que muito da literatura sobre o assunto trata de integridade: céticos propondo que a trapaça era possível e Rhine e Pratt tomando como ofensa que qualquer pessoa questionasse sua integridade ou competência, muito menos a integridade do pesquisado, o Sr. Pearce. Não teria havido qualquer controvérsia, no entanto, se ele tivesse sido testado adequadamente, ou por outros que não tivessem um interesse tão forte na perpetuação da idéia de que a pesquisa paranormal pudesse um dia apresentar resultados de algum valor. Não teria havido nenhuma controvérsia de Pearce tivesse ido adiante e demonstrado publicamente seus poderes psíquicos. É mais provável que não tenha demonstrado publicamente esses poderes porque não possuía nenhum.

Além disso, Pearce não era um mágico treinado como Uri Geller, outra testemunha chave da defesa da PES. Geller tem demonstrado seus poderes para o público: é capaz de entortar colheres e chaves com a mente, maneira que, na opinião de James Randi, é a mais difícil. Randi faz o mesmo truque e demonstra como é feito. Para que se tenha uma boa idéia do que se faz passar por pesquisa científica na parapsicologia atual, sugere-se ler o relato de Randi sobre os estudos feitos com Geller por Russel Targ e Harold Puthoff [capítulo 7 de Flim-Flam!] ou ler a crítica de Martin Gardner sobre o livro Mind-Reach, de autoria deles [capítulo 30 de Science Good Bad and Bogus].

Recentemente, os trabalhos de Charles Honorton e seus experimentos Ganzfeld têm sido divulgados como exemplos de estudo científico correto, de cuja integridade não se pode duvidar. Talvez. Mas os dados oriundos dessas experiências ilustram mais um problema de boa parte das pesquisas parapsicológicas: correlações não definem causalidade. Encontrar uma correlação que não corresponda ao que seria previsto pelo acaso não estabelece um evento causal. Além disso, mesmo se houver um evento causal, a correlação em si não tem muita utilidade para se determinar em que ele consiste. O que se pensa que é uma causa pode ser um efeito. Ou talvez possa haver um terceiro fator desconhecido que esteja causando o efeito observado. Ou a correlação pode ser devida ao acaso, mesmo se for estatisticamente improvável num determinado sentido. A correlação aparente pode ser na verdade estatisticamente provável no conjunto. Assim, o fato de que um grupo de pessoas testadas identifique corretamente numa taxa de 0,36 qual entre quatro imagens uma outra pessoa visualizou, quando as probabilidades preveriam 0,25, não estabelece um evento causal. Nem, é claro, estabelece a PES como causa, se é que existe uma causa. O evento pode muito bem ser causal, mas a causa real pode ser bastante comum, como fraude, pistas não intencionais, ou alguma tendenciosidade em relação aos temas selecionados por acaso. Se outros pesquisadores puderem duplicar os resultados com testes mais e mais rigorosos, tornar-se-á então altamente provável que estejam sendo medidos eventos causais. Assim, o problema será encontrar a causa. Talvez se descubra que trata-se de uma força psíquica até então não detectada pela física, mas isso parece improvável. Do ponto de vista da física, parece haver um grande problema com o pressuposto, e alegada descoberta, de alguns parapsicólogos de que a distância espacial é irrelevante para o exercício da PES. Cada uma das quatro forças conhecidas na natureza enfraquece com a distância. Assim, como disse Einstein numa carta ao Dr. Jan Ehrenwald, "Isso sugere... uma indicação muito forte de que uma fonte não identificada de erros sistemáticos pode estar envolvida [nesses experimentos de PES]" (Gardner 1981, 153). O cético prefere acreditar que a PES não exista do que acreditar que exista uma força muito forte e poderosa mas indetectável, quando é possível detectar o que seria uma força muito mais fraca, a gravidade, sem qualquer problema.

Uma coisa que a maioria dos defensores do psi possuem em comum é a fé. Ela por si só explica por que buscam e fornecem calhamaços de dados experimentais para apoiar suas alegações, mas desconsideram ou banalizam todos os indícios que mostram que elas estão equivocadas. Sua fé não é um fideísmo irracional -- a crença sem consideração, e totalmente a despeito, das provas. É o tipo de fé controlada que caracteriza um pouco de crença religiosa. As provas contam, mas somente se apoiarem suas crenças, caso contrário não contam. Esse pensamento seletivo banaliza o conceito de prova e explica, em parte, por que alguns dos testes experimentais do psi são inadequadamente projetados, controlados e ministrados. Explica também por que ocorrem tantas desculpas e hipóteses ad hoc para justificar fracassos na confirmação das hipóteses paranormais.

Veja verbetes relacionados sobre projeção astral, auras, Edgar Cayce, clariaudição, clarividência, predisposição para a confirmação, percepção dermo-óptica, sonhos, funções humanas extraordinárias, experiência Ganzfeld, mentalistas, Raymond Moody, início e fim opcionais, paranormalidade, precognição, psi, insucesso por psi, paranormais, fotografia psíquica, cirurgias mediúnicas, psicocinese, visão remota, retrocognição, falsificação retrospectiva, sessões espíritas (seance), shotgunning, Charles Tart, telepatia, e James Van Praagh.


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leitura adicional

A Elusiva Mente Aberta: Dez Anos de Pesquisas Negativas na Parapsicologia de Susan Blackmore em The Skeptical Inquirer 1987, 11, 244-255.
Vinte coisas a se considerar com respeito a fenômenos paranormais de James Randi
As Provas da Função Psíquica: Alegações versus Realidade de Ray Hyman
Unidade Parapsicológica de Koestler (interessante história da origem de termos como psi, PES, etc.)

O que é a parapsicologia?

Alcock, James E. Science and Supernature: a Critical Appraisal of Parapsychology (Buffalo, N.Y.: Prometheus Books, 1990).

Gardner, Martin. Fads and Fallacies in the Name of Science (New York: Dover Publications, Inc., 1957), cap. 25.

Gardner, Martin. Science: Good, Bad and Bogus (Buffalo, N.Y.: Prometheus Books, 1981), caps. 7, 13, 18, 19, 21, 27 and 31.

Gordon, Henry. Extrasensory Deception: Esp, Psychics, Shirley MacLaine, Ghosts, Ufos (Buffalo, NY: Prometheus Books, 1987).

Frazier, Kendrick. editor, Science Confronts the Paranormal (Buffalo, N.Y.: Prometheus Books, 1986).

Frazier, Kendrick. editor, The Hundredth Monkey and Other Paradigms of the Paranormal (Buffalo, N.Y.: Prometheus Books, 1991).

Hansel, C.E.M. The Search for Psychic Power: ESP and Parapsychology Revisited (Buffalo, N.Y.: Prometheus Books, 1989).

Hines, Terence. Pseudoscience and the Paranormal (Buffalo, NY: Prometheus Books, 1990).

Hyman, Ray. The Elusive Quarry : a Scientific Appraisal of Psychical Research (Buffalo, N.Y.: Prometheus Books, 1989).

Kurtz, Paul.editor, A Skeptic's Handbook of Parapsychology (Buffalo, N.Y.: Prometheus Books, 1985).

Randi, James. Flim-Flam! (Buffalo, New York: Prometheus Books,1982).

Stein, Gordon. editor, The Encyclopedia of the Paranormal (Buffalo, N.Y.: Prometheus Books, 1996).


http://skepdic.com/brazil/parapsicologia.html

Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 11:38
por O ENCOSTO
Experimentos Ganzfeld





Os experimentos ganzfeld ("campo total") têm sido aclamados por muitos parapsicólogos como fonte de provas científicas da telepatia ou da clarividência.

Esses experimentos possuem três fases.

1. Preparação do receptor (receiver) e do transmissor (sender). O receptor é colocado numa cadeira confortável. Coloca fones de ouvido que tocam ruído branco ou rosa continuamente. [Ruído branco é um tipo de ruído produzido através da combinação de sons de todas as diferentes freqüências. Quando se combinam todos os tons imagináveis que um ser humano pode ouvir, obtém-se ruído branco. Isso mascara quaisquer sons distinguíveis e praticamente elimina as informações sensoriais com origem no som. Ruído rosa é o ruído branco sem as freqüências altas, e soa como uma queda d'água.] Colocam-se metades de bolas de pingue-pongue sobre os olhos. Uma luz vermelha ilumina o rosto. Antes que o teste se inicie, toca-se uma fita de relaxamento, a fim de colocar a pessoa num estado relaxado. Após vários minutos de campo sensorial inalterado, o receptor supostamente atinge um estado semelhante ao de estar numa câmara de isolamento sensorial. É comum relatarem-se alucinações nesse estado. Antes que se sele o receptor na câmara de ganzfeld, pede-se a ele que diga em voz alta o que está sentindo ou "vendo", e ele o faz por cerca de 20 minutos.

2. Transmissão do alvo. Em outra sala, um assistente já selecionou uma imagem de um pacote de alvos, dentro de um grande conjunto de pacotes. Cada um tem quatro figuras ou vídeos que são bastante diferentes um do outro. O alvo fica dentro de um envelope opaco. O experimentador é cego para esse conteúdo. O assistente entrega a ele o envelope. O experimentador o entrega ao transmissor, que é fechado na sala. O transmissor tenta comunicar o alvo ao receptor telepaticamente. São feitos intervalos e o processo de envio é repetido várias vezes. Em muitos desses experimentos, a seleção do alvo é automatizada (autoganzfeld). [Isso foi feito em resposta às críticas de Ray Hyman sobre a casualização dos alvos.] O experimentador tem comunicação direta com a sala do receptor, e pode ouvir e gravar tudo o que ele diz, assim como comunicar-se com ele. A sala do transmissor é equipada para ouvir o que o receptor diz. Isso é considerado um "feedback", supostamente útil para guiar o transmissor para que altere seu método de transmissão telepática.

3. Avaliação do resultado. O processo inteiro dura de 15 a 30 minutos. O receptor é libertado dos fones e das coberturas dos olhos e "apresentado a vários estímulos (geralmente quatro) e, sem saber qual deles era o alvo, tem de relacionar o grau em que cada um deles coincide com as imagens e pensamentos experimentados durante o período de ganzfeld. Se o receptor atribuir a maior pontuação ao estímulo que corresponde ao alvo, isso é registrado como um "acerto". Assim, se o experimento usa conjuntos de avaliação que contêm quatro estímulos (o alvo e três iscas, ou estímulos de controle), a taxa de acertos esperada por acaso é de 0,25" (Bem e Honorton 1994).

Se a taxa de acertos é significativamente superior ao acaso (25%), os pesquisadores tomam isso como evidência de psi. Senão, tomam como evidência do que seria esperado por simples palpites.

Os primeiros estudos ganzfeld importantes foram feitos por Charles Honorton, William Braud e Adrian Parker, dos meados de 1970 aos de 1980.

Segundo Dean Radin, esses experimentos oferecem provas científicas da existência de psi. "Temos plenas justificativas para ter confiança muito alta de que algumas pessoas às vezes obtenham pequenas quantidades de informações específicas à distância, sem o uso dos sentidos comuns. Efeitos psi realmente ocorrem no ganzfeld" (Radin 1997: 88).

No que consistem essas provas cientificas? Honorton alegou que 55% dos estudos entre 1974 e 1981 obtiveram resultados significativos. Ray Hyman avaliou esse grande volume de trabalhos e criticou a alegação de Honorton em vários aspectos, entre os quais o problema da gaveta de arquivo e relato tendencioso não foram os menores (Hyman 1989: 28). Hyman alegou, diante de uma reunião conjunta da Society for Psychical Research e da Parapsychological Association (Agosto de 1982) que havia estimado a taxa efetiva de erro dos estudos em cerca de 0,25. Honorton sustentava que a taxa de erro era cerca de 0,05. Hyman concluiu que a base de dados psi ganzfeld era "inadequada, quer para apoiar o estudo como reprodutível, quer para demonstrar a realidade de psi" (Hyman 1989: 53). Grande parte de sua análise inicial foi focalizada em problemas estatísticos e na falta de coerência entre os diversos estudos. No entanto observou, entre outras coisas, que, dos 36 estudos com resultados positivos, 50% deles vinham de apenas quatro pesquisadores.

Em 1986, Hyman e Honorton emitiram um comunicado conjunto no qual concordaram que havia um efeito significativo global na base de dados ganzfeld "que não podia ser razoavelmente explicada por relato seletivo ou análise múltipla", mas que continuavam "a divergir a respeito do grau em que o efeito constituiria evidência de psi" (Hyman 1989: 63). Estipularam então alguns padrões restritivos aos quais futuros experimentos deveriam aderir.

Em 1994, Bem e Honorton publicaram os resultados de uma meta-análise de 28 estudos ganzfeld, dos quais 23 tinham resultado em taxas de acerto superiores ao esperado pelo acaso. A taxa de acertos global foi de 36%, quando o previsto pelo acaso seriam 25%. Os resultados, segundo Dean Radin, tinham "probabilidade de dez bilhões contra uma contra o acaso". Uma análise posterior de Honorton recalculou as probabilidades contra o acaso como 10.000 para uma, com a reprodução em oito outros laboratórios além do de Honorton. A análise posterior, alega Radin, eliminou o efeito gaveta como questão relevante, embora a fórmula estatística usada para substanciar essa alegação tenha sido considerada enganosa (Stenger 2002).

Quando os estudos granzfeld foram automatizados, a fim de se eliminarem potenciais vícios e fornecimento de pistas por parte dos investigadores ao selecionar e apresentar os alvos, os resultados foram semelhantes aos dos estudos anteriores. Por exemplo, onze estudos com 240 participantes em 354 sessões apresentaram uma taxa de acertos de 32%, quando seriam esperados 25% por acaso.

Os estudos foram reproduzidos? Julie Milton e Richard Wiseman publicaram sua própria meta-análise de estudos ganzfeld e concluíram que "a técnica ganzfeld não oferece, no presente momento, um método reprodutível para a produção de ESP em laboratório" (1999).

mais problemas

Os experimentos ganzfeld são baseados em dois pressupostos questionáveis. O primeiro é de que estados mentais em que há informações sensoriais reduzidas conduzem mais fortemente a psi. Em especial, acredita-se que o estado meditativo, o estado de sonho, o estado hipnagógico, o estado hipnótico, estados de privação sensorial e determinados estados induzidos por drogas conduzem a psi. No entanto, embora acredite-se que a mente nesses estados esteja alerta e receptiva a psi, isso jamais foi provado (Blackmore 2004: 298). Porém, Bem e Honorton (1994) afirmam que

Historicamente, psi tem sido freqüentemente associado a meditação, hipnose, sonhos e outros estados alterados de consciência que ocorrem naturalmente ou são induzidos. Por exemplo, a idéia de que fenômenos psi podem ocorrer durante a meditação é expressa na maioria dos textos clássicos sobre técnicas meditativas. A crença de que a hipnose seja um estado condutivo a psi data dos primórdios do mesmerismo (Dingwall, 1968) e pesquisas multi-culturais indicam que a maioria das experiências psi da "vida real" relatadas são mediadas através de sonhos (Green, 1960; Prasad & Stevenson, 1968; L. E. Rhine, 1962; Sannwald, 1959). Atualmente há relatos de evidências experimentais coerentes com as daquelas observações originadas em depoimentos. Por exemplo, vários investigadores em laboratórios relataram que a meditação facilita a atuação de psi (Honorton, 1977). Uma meta-análise de 25 experiências com hipnose e psi, conduzidas entre 1945 e 1981 em 10 diferentes laboratórios, sugere que a indução hipnótica facilite a atuação de psi (Schechter, 1984). E psi mediado por sonhos foi relatado numa série de experiências conduzidas no Maimonides Medical Center, em Nova York, e publicadas entre 1966 e a972 (Child, 1985; Ullman, Krippner & Vaughan, 1973).

Nos estudos de sonhos do Maimonides, dois participantes -- um "receptor" e um "transmissor" -- passaram a noite num laboratório do sono. As ondas cerebrais e movimentos dos olhos dos receptor foram monitoradas, enquanto dormia numa sala isolada. Quando o receptor entrava num período de sono REM, o experimentador apertava uma campainha que sinalizava ao transmissor -- sob a supervisão de um segundo experimentador -- para que iniciasse um período de transmissão. O transmissor então se concentrava numa figura aleatoriamente escolhida (o "alvo"), objetivando influenciar o conteúdo dos sonhos do receptor.

Perto do fim do período REM, despertava-se o receptor e pedia-se que ele descrevesse qualquer sonho que tivesse acabado de experimentar. Esse procedimento foi repetido por toda a noite com o mesmo alvo. Uma transcrição dos sonhos do receptor eram entregues a julgadores externos que classificavam cegamente a semelhança dos sonhos da noite a várias imagens, inclusive o alvo.




Este não é o lugar adequado para tentar refutar todas essas alegações, portanto me limitarei a um comentário sobre os experimentos do Maimonides sobre telepatia dos sonhos. Essas experiências foram feitas de uma forma em que dados ambíguos poderiam facilmente ser encaixados de forma a dar respaldo à hipótese da telepatia. Por exemplo, em um dos experimentos o alvo era a Descida da Cruz, de Max Beckman. Os experimentadores e Dean Radin cosideraram a telepatia um sucesso porque o receptor sonhou por duas vezes com Winston Churchill. Radin escreveu: "Notem a relevância simbólica de 'church-hill' [N.T.: igreja-colina em inglês] no sonho relatado" (Radin 1997: 70). "Observa-se que a taxa global de acerto é de 63%... O intervalo de confiança de 95% exclui claramente a taxa de acerto de 50% esperada pelo acaso" (Radin 1997: 71). E então?

Enquanto os experimentos ganzfeld em si não permitam que tais interpretações vagas sejam contabilizadas como "acertos", alguns pesquisadores ganzfeld se impressionam bastante com ambigüidades parecidas.

Por exemplo, abaixo há uma transcrição de uma descrição verbal feita por um receptor num experimento autoganzfeld. Ela foi tirada de uma página (atualmente extinta) do site do Dr. Rick Berger sobre ganzfeld. Berger desenvolveu o autoganzfeld.

Eu vejo o memorial de Lincoln...
E Abraham Lincoln sentado lá... É
4 de julho... Todo tipo de fogos de artifício...
Agora estou em Valley Forge... Há
fogos... E penso em bombas
explodindo no ar... E Francis Scott
Key... E Charleston...




Há umas poucas imagens que poderiam "coincidir" com essa descrição, já que ela em si contém pelo menos oito imagens distintas (o memorial de Lincoln, Lincoln, 4 de julho, fogos, Valley Forge, bombas, Scott Key, Charleston) às quais se poderia facilmente acrescentar mais algumas, como a bandeira dos EUA, o hino nacional americano. E, claro, George Washington, que foi a imagem selecionada como a que mais se assemelhava à descrição verbal. Berger parece pensar que essas impressões foram geradas pela imagem de George Washington que o transmissor tentava enviar telepaticamente. Não parece ocorrer a ele que poderia haver uma dúzia de outras razões para que o receptor tivesse as visões que teve.

A segunda presunção dos experimentadores ganzfeld é a que é feita por muitos parapsicólogos. Assumem que qualquer afastamento significativo das leis do acaso em seus experimentos é evidência de que algo paranormal ocorreu. Isso é assumir o que se quer provar. O desvio em relação ao acaso poderia se dever a psi. Também poderia se dever a alguma outra coisa.

Pode ser justificável que tenhamos uma confiança muito alta de que, quando se fazem estudos ganzfeld, os receptores provavelmente acertam corretamente um alvo entre quatro numa taxa significativamente maior que esperada pelo acaso. Ainda assim é um grande salto assumir que informações foram transmitidas e que essa transferência se deu por meios paranormais. Dizer que não se pode pensar em nenhuma outra explicação para os dados e que um cético não pode oferecer uma explicação naturalista para isso não justifica uma alta confiança em que a telepatia tenha sido provada.

Mesmo se estivermos confiantes de que nossos controles eliminaram coisas como trapaça, vazamento sensorial, casualização inadequada, palpites felizes, reconhecimento inconsciente de padrões, etc, como podemos ter certeza de que a única explicação razoável para o que parece ser uma transferência de informação é de fato uma transferência genuína de informação? E como podemos ter certeza de que algum outro fator que não controlamos, ou porque não pensamos ou porque não podíamos pensar nele, não é responsável pela anomalia? Como argumenta o psicólogo James Alcock, a anomalia pode não representar uma transferência legítima de informação. Pelo que sabemos, Zeus poderia ser responsável por ela.





O desvio do que se espera pelo acaso poderia se dever a qualquer combinação de influências -- um 'gerador aleatório' não-aleatório, diversas falhas metodológicas, ou... Zeus. (Eu poderia argumentar que Zeus existe e gosta de atormentar parapsicólogos, por isso dá a elas resultados significativos de quando em quando, mas não permite a reprodução fora da parapsicologia. O resultado significativo ofereceria tanto apoio à minha hipótese de que Zeus existe quanto à hipótese Psi de que a vontade do sujeito teria causado os resultados). (Alcock 2003: 43)




Assim, mesmo se forem obtidas probabilidades contra o acaso, sempre é possível que isso nada tenha a ver com telepatia. Pode não ter nada a ver com Zeus. Mas é possível que tenha a ver com algo natural que não foi levado em conta. Apesar disso, afirma Dean Radin, temos que admitir que "algo interessante está acontecendo" (1997: 79). Mas seria telepatia ou clarividência? Não sei. Seria Zeus? Duvido, mas também duvido que seja telepatia ou clarividência. No entanto, minhas dúvidas são irrelevantes com relação ao que realmente está acontecendo. O melhor que podemos dizer é que não sabemos por que alguns participantes percebem os alvos numa taxa não aleatória. Pode ser que valha a pena estudar esses sujeitos, não para verificar se são capazes de transmitir informações, embora pudéssemos fazer isso, mas já sabemos que os resultados não mostrariam nenhuma transferência de informação. Sabemos disso porque, se fosse possível que qualquer pessoa transmitisse informações telepaticamente de uma maneira inequívoca, isso já teria sido feito.

Veja verbetes relacionados sobre predisposição para a confirmação, ESP, efeito experimentador, lei dos números muito grandes, estatística oculta, parapsicologia, ciência patológica, PEAR, falácia post hoc, e psicocinese.

leitura adicional

Evidências da Atividade Paranormal: Alegações vs. Realidade (1996) de Ray Hyman
O Melhor Argumento a Favor da ESP? (2000) de Matt Nisbet, Skeptical Inquirer
Science Frontiers sobre os Experimentos Ganzfeld (1993)
O Ganzfeld Automatizado
What's the story on "ganzfeld" experiments? (2000). The Straight Dope
Alcock, James. Jean Burns e Anthony Freeman. Psi Wars: Getting to Grips with the Paranormal (Imprint Academic 2003).

Bem, Daryl J. e Charles Honorton (1994). "Does Psi Exist?" Psychological Bulletin, Vol. 115, No. 1, 4-18.

Blackmore, Susan (2003). Consciousness: An Introduction. Oxford University Press.

Hyman, Ray (1995). "Evaluation of Program on Anomalous Mental Phenomena," Journal of Scientific Exploration, Volume 10 Número 1.

Hyman, Ray (1989). The Elusive Quarry: a Scientific Appraisal of Psychical Research. Prometheus Books.

Milton, J. e R.Wiseman (1999). "Does psi exist? Lack of replication of an anomalous process of information transfer." Psychological Bulletin, 125 (4), 387-391.

Radin, Dean (1997). The Conscious Universe - The Scientific Truth of Psychic Phenomena. HarperCollins.

Schick Jr., Theodore and Lewis Vaughn (2001). How to Think About Weird Things 3rd. ed. McGraw Hill.

Stenger, Victor J. (2002). "Meta-Analysis and the File-Drawer Effect." Skeptical Briefs.


http://skepdic.com/brazil/ganzfeld.html

Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 12:30
por Zangari
Como estou sem tempo agora, apenas algumas observações gerais; texto ruim, com premissas equivocadas, historicamente incompleto, tendencioso e, ainda, NÃO contempla estudos recentes cujos resultados se contrapõem às críticas apresentadas. Um exemplo claro: não apresenta a última metanálise dos estudos experimentais ganzfeld que invalida as críticas apresentadas. O Encosto, que é um dos céticos que respeito, não se furtará a lê-la e a apresentar a refutações a ela, devidamente embasadas em dados. Não creio que ele simplesmente tenha "fé" em tudo quanto é postado no Dicionário do Cético só porque tem esse nome! Aguardemos os comentários do Enconsto relativamente a esta metanálise: http://dbem.ws/Updating_Ganzfeld.pdf

Zangari

Re: Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 12:50
por O ENCOSTO
Zangari escreveu:Como estou sem tempo agora, apenas algumas observações gerais; texto ruim, com premissas equivocadas, historicamente incompleto, tendencioso e, ainda, NÃO contempla estudos recentes cujos resultados se contrapõem às críticas apresentadas. Um exemplo claro: não apresenta a última metanálise dos estudos experimentais ganzfeld que invalida as críticas apresentadas. O Encosto, que é um dos céticos que respeito, não se furtará a lê-la e a apresentar a refutações a ela, devidamente embasadas em dados. Não creio que ele simplesmente tenha "fé" em tudo quanto é postado no Dicionário do Cético só porque tem esse nome! Aguardemos os comentários do Enconsto relativamente a esta metanálise: http://dbem.ws/Updating_Ganzfeld.pdf

Zangari



Saudações Zangari.

Também o respeito muito. Obrigado.

Só não entendi o motivo para me chamar a "subir no ring".

Vou ler atentamente o artigo (por estar em inglês irei levar um pouco mais de tempo para ler com atenção) mas desde já quero deixar registrado que a sua critica, dando a entender que o texto está desatualizado, não procede.

O link fornecido por você contém um artigo datado de 2001 enauqnro o Dicionário Cético usa fontes mais atuais (2003).

Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 12:50
por Zangari
Enquanto aguardamos os comentários d´O Encosto, posto uma mensagem que enviei ao Fórum Virtual de Pesquisa Psi em 2004, comentando o trecho inicial do artigo acima "copiado". Infelizmente, meu objetivo inicial de comentar todo o texto ainda não foi concluído. Mas, quem sabe eu encontre um tempo para isso agora!

http://listas.pucsp.br/pipermail/pesqui ... 08208.html
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Prezados colegas,

Há de tudo na internet! Cada um tem suas preferências e pode encontrar aquilo que mais se amolde a seus gostos. Um de meus sites de referência é o Dicionário do Cético (http://www.cetico.hpg.ig.com.br), que traz uma série de termos ligados ao que se costuma chamar de "paranormalidade". Há muita coisa interessante e útil ali. Mas, há algum material que necessita ser comentado, no sentido de 'colocar os pingos nos is'.

Comentarei, em doses homeopáticas, o conteúdo trás o verbete "Parapsicologia", provavelmente referência de muitos visitantes com interesse em Pesquisa Psi. Acompanhemos o conteúdo do primeiro parágrafo:

A parapsicologia é a busca pelos fenômenos paranormais, como a percepção extra-sensorial (PES) e a psicocinese. A maioria dos cientistas tenta explicar fenômenos observáveis. A parapsicologia procura observar fenômenos inexplicáveis.
1. Há, dentre as onze acepções apresentadas para o verbete buscar no Aurélio, duas que nos podem auxiliar:

verbo transitivo direto
1 esforçar-se por achar ou descobrir (alguém ou algo)
Ex.: b. uma palavra no dicionário

transitivo direto
2 examinar minuciosamente, investigar; pesquisar, esquadrinhar
Ex.: b. a razão de ser duma coisa

Buscar na primeira conceituação pode significar 'paranormofilia'. Assim, os parapsicólogos seriam devotados crédulos na paranormalidade, esforçando-se por achar ou descobrir a paranormalidade. Não os parapsicólogos não estão obstinadamente a tentar encontrar a paranormalidade. Estão a avaliar sua existência, o que é bastante diverso. Assim, Parapsicologia não "é a busca pelos fenômenos paranormais", mas o estudo científico de alegações de paranormalidade.

Assim, podemos concordar parcialmente com o fato de a Parapsicologia buscar pelos fenômenos paranormais no segundo sentido. A Parapsicologia buscaria examinar minuciosamente os fenômenos paranormais. Por que não podemos concordar plenamente? Por que o objeto da análise dos parapsicólogos é justamente a existência de certos fenômenos paranormais e não se pode assumir antecipadamente que eles existam para que os investiguem! Dizendo de outra forma, estudam a possibilidade, as evidências de existência de tais fenômenos, quer estes existam ou não. Não quero antecipar as conclusões aqui. Basta que nos recordemos das razões de existência da Parapsicologia e o que faz dela uma disciplina com objeto próprio. Independentemente da existência ou não de fenômenos paranormais, o estudo das alegações da paranormalidade é objeto de estudo da Parapsicologia.

O autor, segue, afirmando que "A maioria dos cientistas tenta explicar fenômenos observáveis. A parapsicologia procura observar fenômenos inexplicáveis". Sim, há cientistas que tenta explicar fenômenos observáveis. Mas há campos da ciência que lidam com fenômenos não diretamente observáveis, apesar de mensuráveis! Não seria esse exatamente o campo da física das partículas? Alguém objetaria que a Física não se legitima enquanto ciência? Mas, a Parapsicologia procura observar fenômenos inexplicáveis? Mas, observáveis desde que ponto de vista? Há quem alegue ter visto diretamente ocorrências aparentemente paranormais, como o deslocamento de objetos sem contato físico reconhecido dentro de sua casa! Nesse caso, alegadamente o fenômeno foi observado por alguém, cabendo ao parapsicólogo avaliar, pesquisar, examinar minuciosamente se tal alegação tem ou não procedência. O parapsicólogo não assume a priori qualquer interpretação da alegação: a investiga.

Perguntaria eu, o que seria da Microbiologia se não fosse o afinco dos pioneiros dessa ciência ao insistirem em estudar o que não lhes era possível observar naquele momento? Sim, porque os micróbios não eram conhecidos, não eram observáveis, não eram, portanto... explicados! A ciência tem esse interessante hábito: investigar o que não é conhecido, já que se o fosse, não seria necessário ser estudado! Digo isso porque outra acepção de "observar" é essa:
transitivo direto e pronominal
1 fixar os olhos em (alguém, algo ou si mesmo); considerar(-se) com atenção, com aplicação; ver-se mutuamente; estudar(-se)
Assim, a ciência deve considerar com atenção tudo quanto se alega, seja essa alegação procedente ou não. O texto parece querer induzir o leitor a acreditar que a Parapsicologia seria uma disciplina diferente das demais ciências ao se ocupar do que não é explicável. Errado: grande parte da pesquisa científica só se justifica porque o que é investigado ainda não é completamente explicado. Senão, para que pesquisa?

Sigamos um pouco mais. O próximo parágrafo é extenso e, não tenho comentário em sua maior parte. Mas, seu final merece alguns comentários:

A metodologia científica desse campo data ao menos de 1882, com a fundação da Sociedade para Pesquisas Psíquicas, em Londres. Seus membros buscavam distinguir os fenômenos paranormais do espiritismo e investigar os médiuns e suas atividades. A sociedade estudava a psicografia, a levitação, e relatos de atividades ectoplásmicas e poltergeists. As experiências modernas na parapiscologia têm se concentrado principalmente na PES, na psicocinese (influência mental sobre objetos físicos) e na projeção astral (viagem mental e percepção sem o auxílio do corpo). Tais experimentos foram dirigidos na Universidade de Duke nos anos de 1930 por Joseph Banks Rhine (1895-1980), cujos trabalhos tiveram continuidade no Rhine Research Center. Também foram conduzidos na Grã-Bretanha na Sociedade para Pesquisas Psíquicas e em laboratórios de pesquisas russos. Os norte-americanos Charles Tart e Raymond Moody, entre muitos outros, continuam a expandir a obra de Rhine. A CIA e as forças armadas dos EUA contrataram parapsicólogos e estudaram supostos paranormais, como Ingo Swann. Outras pesquisas parapsicológicas prosseguem em vários locais, entre eles o Laboratório de Sonhos do Maimonides Hospital, do Brooklyn, Nova York; a Universidade de Nevada, em Las Vegas; a Pesquisa de Anomalias da Escola de Engenharia de Princeton; e a Universidade de Edimburgo, cujo departamento de parapsicologia possui a Cátedra Koestler de Parapsicologia, e publica o European Journal of Parapsychology. Os parapsicólogos também têm várias outras publicações. Os pesquisadores do psi freqüentemente encontram provas da existência deste, mas um estudo (chamado de VERITAC, nome do computador utilizado) de um ano de duração, feito pelos laboratórios da Força Aérea dos Estados Unidos, não foi capaz de verificar a existência da PES. Alguns parapsicólogos, como Susan Blackmore, abandonaram a pesquisa do psi após anos de insucesso na tentativa de encontrar qualquer apoio significativo para a existência dos fenômenos paranormais.

No início, o único reparo seria sugerir a substituição de "A metodologia científica desse campo" por "O estudo sistemático desse campo", uma vez que os próprios parapsicólogos admitem que o emprego da metodologia científica no início da Pesquisa Psíquica é extremamente questionável. Mas é o final que merece maior consideração.

Os pesquisadores do psi freqüentemente encontram provas da existência deste, mas um estudo (chamado de VERITAC, nome do computador utilizado) de um ano de duração, feito pelos laboratórios da Força Aérea dos Estados Unidos, não foi capaz de verificar a existência da PES.
O autor quer fazer crer o leitor que parapsicólogos não freqüentemente encontram estudos que não evidenciam psi? Se é assim, o autor parece nunca ter lido uma publicação especializada em estudos científicos de psi! As publicações especializadas estão repletas de estudos experimentais em que a hipótese psi não foi demonstrada! O fato de ele apresentar um (um único) estudo em que psi não foi demonstrado não significa absolutamente nada! Assim como um (um único) estudo que demonstrasse psi nada significaria. Tenho a impressão de que o autor quer fazer o leitor crer que essa pesquisa contrária à hipótese psi teria mais peso do que todas as pesquisas em que psi foi demonstrada, o que é um equívoco grosseiro, ou simplesmente má fé. Aqui a avaliação isenta deve recorrer ao recurso das meta-análises, ferramenta estatística que avalia, em massa, as pesquisas relacionadas à hipótese investigada. E nesse território, há várias meta-análises que demonstram que a hipótese psi tem justificativa empírica, apresenta evidências a seu favor.


Alguns parapsicólogos, como Susan Blackmore, abandonaram a pesquisa do psi após anos de insucesso na tentativa de encontrar qualquer apoio significativo para a existência dos fenômenos paranormais

Ora, e porque o autor não omitiu que o Dr. Daryl J. Bem, o eminente psicólogo social americano, que era cético e, depois de ser convidado a avaliar (como mágico e como metodólogo) os experimentos ganzfeld realizado por Charles Honorton e equipe, tornou-se parapsicólogo? Porque omitiu que esse têm encontrado evidências de psi em seus próprios experimentos? Por que omitiu que até mesmo céticos ao replicarem o experimento desenvolvido por Bem obtiveram resultados favoráveis à hipótese psi (http://homepage.mac.com/dbem/Precogniti ... uation.pdf)?


Para por aqui. Mas voltarei com mais um trechinho do texto em breve. Não quero cansá-los com mais agora.

Um fraternal abraço,
Wellington Zangari

Re: Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 12:54
por Zangari
O ENCOSTO escreveu:...mas desde já quero deixar registrado que a sua critica, dando a entender que o texto está desatualizado, não procede.

O link fornecido por você contém um artigo datado de 2001 enauqnro o Dicionário Cético usa fontes mais atuais (2003).


EXATAMENTE!!! Então, tentemos responder: por que o texto, escrito DEPOIS da publicação da última metanálise, NÃO a contempla em suas críticas? É por isso que a crítica procede!

Zangari

Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 13:15
por rapha...
Zangari's back!

Enviado: 22 Mai 2006, 14:15
por Aurelio Moraes
O Zangari respondeu muito bem, vou só complementar:

"Crítica'

Resultados experimentais aparentemente bem-sucedidos devem-se, na verdade, a: falta de cuidados com os procedimentos, pesquisadores mal treinados, falhas metodológicas, relatórios seletivos, e problemas estatísticos. Não há, portanto, nem vestígio de demonstração científica dos fenômenos psi. "



Resposta

Essas questões têm sido apontadas com detalhes pelas revisões meta-analíticas da literatura experimental. Os resultados demonstram sem ambigüidades que os experimentos bem-sucedidos não podem ser invalidados por essas críticas. De fato, uma pesquisa realizada por especialistas em métodos científicos da Universidade de Harvard, demonstrou que a melhor pesquisa experimental de psi atualmente não apenas é conduzida de acordo com os padrões científicos apropriados, mas comumente se mantém fiel a protocolos mais rigorosos do que os encontrados na pesquisa contemporânea realizada tanto nas ciências físicas quanto nas sociais. Além disso, ao longo dos anos, tem havido várias réplicas verdadeiramente efetivas a críticas de estudos individuais e, na década passada, os experimentos foram desenvolvidos levando-se em conta todas as críticas que poderiam eventualmente ser feitas quanto à metodologia e à possiblidade fraude ou conluio, fazendo com que céticos fossem incluídos na realização do experimento.


http://www.pesquisapsi.com/wiki/Faq/CriticaFalha

"Crítica

Os fenômenos psi violam os princípios limitadores da ciência e, portanto, são impossíveis. "


Resposta

Há vinte anos, essa crítica era uma réplica mordaz razoável comumente feita às alegações de existência dos fenômenos psi. Hoje, com os avanços em muitas disciplinas científicas, a visão de mundo da ciência está mudando rapidamente e os princípios limitadores básicos estão sendo constantemente redefinidos. Além disso, o substancial conjunto de dados empíricos da Parapsicologia agora apresenta anomalias que simplesmente “vieram para ficar”. Sendo assim, essa crítica não é mais persuasiva e lentamente está desaparecendo. Dada a velocidade das mudanças da ciência atual, atribuir psi ao reino do impossível agora parece imprudente, no melhor dos casos, e tolo, no pior.

Além do mais, este tipo de crítica, constitui-se o que é conhecido como "Falácia do apelo à ignorância", ou seja, consiste em afirmar que algo é falso porque não provaram sua veracidade. Este é um pontos centrais de sustentação da chamada teoria cética.

Ao se deparar com este tipo de afirmativa, deve-se ter em mente que geralmente não se está falando em uma teoria psi em si mas de um conjunto de evidências experimentais que indicam a existência de uma anomalia. E é justamente por se tratar de uma anomalia, não se deve esperar que o fenômeno seja facilmente explicado pelo atual corpo de conhecimentos.

Ao invés de simplesmente ignorar os resultados apresentados, alegando imposssibilidade teórica, o que é um ato de dogmatismo (comum há alguns fanáticos religiosos, mas inesperado para cientistas céticos), o mais adequado é que o protocolo experimental seja examinado em busca de possíveis falhas metodológicas que possibilitem ou facilitem a contaminação dos dados, seja através de fraude ou de fatores não previstos no desenho experimental.

http://www.pesquisapsi.com/wiki/Faq/CriticaImpossivel

"Crítica

A Parapsicologia ainda não tem um experimento “replicável"



Resposta

Muitas pessoas, quando falam sobre um experimento psi “replicável”, geralmente têm em mente um experimento como aqueles realizados em aulas elementares de Física para demonstrar a aceleração da gravidade ou reações químicas simples. Em tais experimentos, em que há relativamente poucas variáveis que, além da baixa quantidade são bem conhecidas e controláveis, os experimentos podem ser realizados por praticamente qualquer pessoa, em qualquer momento, e irão funcionar. Porém, é inadequado insistir nesse grau de replicação no caso da Parapsicologia como o é para a maior parte dos experimentos das Ciências Sociais ou Ciências do Comportamento. Os experimentos psi geralmente envolvem muitas variáveis, algumas das quais mal são conhecidas e muito difíceis ou impossíveis de serem diretamente controladas. Nestas circunstâncias, os cientistas fazem uso de argumentos estatísticos para demonstrar a “replicabilidade”, ao invés da visão comum, porém restrita, de que “se psi existe, eu deveria ser capaz de utilizá-la quando eu quisesse”. Na hipótese de psi não existir, deveríamos esperar que cerca de 5% dos experimentos psi bem conduzidos apresentassem bons resultados (ou seja, estatisticamente significativos), pelo puro acaso.

Mas suponhamos que em uma série de 100 experimentos psi genuínos nós observássemos, de forma consistente, que 20 foram bem sucedidos. É extremamente improvável que isto ocorra pelo mero acaso, o que sugere que psi esteve presente em alguns desses estudos. Entretanto, isto também significa que em qualquer experimento há 80% de chance de “fracasso”. Assim, se um crítico planeja um experimento sobre psi para verificar se o fenômeno é “real” e o experimento falha, obviamente é incorreto alegar, tendo como base um único experimento, que psi não é real porque não é “replicável”. Um método amplamente aceito para avaliar a “replicabilidade” em experimentos é chamado de meta-análise. Essa técnica quantitativa é massissamente utilizada em ciências médicas, comportamentais e sociais para integrar os resultados de numerosos experimentos independentes. Iniciada em 1985, a meta-análise tem sido aplicada a numerosos tipos de experimentos. Em muitos desses estudos, os resultados indicam que os dados obtidos pelos experimentos não foram devidos ao acaso, a falhas metodológicas, a prática de relatórios seletivos, a quaisquer outras explicações “normais” plausíveis. O que permanece é psi e, em vários domínios experimentais, psi tem sido replicada por investigadores independentes.

http://www.pesquisapsi.com/wiki/Faq/CriticaReplicavel




"Crítica :

A Parapsicologia obteve nenhum avanço depois de mais de 1 século de pesquisas. "


Resposta :

No núcleo dos argumentos atuais dos críticos está a afirmação retórica de que 100 anos de investigação falharam em fornecer evidência convincente dos fenômenos parapsicológicos. Enquanto os parapsicólogos não tiveram a oportunidade de responder, afirmaram que 130 anos da investigação não produziram a evidência de psi (Druckman e Swets, 1988). Um crítico inglês que foi designado recentemente para um período de 4 anos por 100.000 libras esterlinas para investigações psíquicas na faculdade de Darwin de Cambridge para que escrevesse um livro sobre o porque das pessoas acreditarem em coisas impossíveis, foi mencionado na New Scientist dizendo que após 150 anos de investigações psíquicas "não há evidência alguma de que haja um fenômeno" (Marrom, 1992). Tais conhecimentos são afirmações extraordinárias, já que a investigação psíquica não existiu até 1882 e as investigações sistemáticas em laboratório que usam métodos quantitativos não começaram até princípios dos anos 1930. Através da história a investigação parapsicológica foi mantida através de pouquíssimos recursos. O psicólogo Sybo Schouten da Universidade de Utrecht (na imprensa) comparou os patrocínios financeiros da parapsicologia com aqueles da psicologia americana. Encontrou que o total dos recursos financeiros e humanos dedicados à parapsicologia desde 1882 no melhor dos casos, apenas são iguais às despesas por dois meses da investigação psicológica convencional no ano de 1873.

Como se pode reconciliar o argumento de "um século de falhas" com a admissão da parte dos críticos de que existem efeitos “astronomicamente significativos” e a falha em demonstrar ao menos alguma explicação alternativa possível para estes efeitos?

A resposta dizem eles, é que falta à parapsicologia “acumulação”. "Toda a ciência exceto a parapsicologia," diz Hyman "constrói sobre seus dados precedentes. A base de dados se expande outra vez com cada geração e as investigações originais são ainda incluídas. Na parapsicologia, a base de dados expande muito pouco porque as experiências antigas são rejeitadas continuamente e as novas tomam seu lugar ".

Os efeitos astronomicamente significativos para os quais não existe uma explicação alternativa razoável são, diz Hyman, baseados em meta-análises "retrospectivas" de muitas experiências similares.

Todo o leitor verdadeiramente cético seria alarmado pela contradição lógica neste argumento: se o parapsicologia fosse "não-acumulativa" e cada geração nova os parapsicólogos rejeitassem os resultados da geração precedente, como poderia ter efeitos "astronomicamente significativos" nas meta-análises que são, pela definição, a acumulação dos resultados de muitos estudos precedentes? Hyman se refere somente a meta-análises relativas a duas áreas de investigação, Ganzfeld e das experiências de geradores de número aleatório (Honorton, 1985; Hyman, 1985; Randi e Nelson, 1989). Ele deprecia outras meta-análises, como discutido por Broughton e por Morris, que envolvem as experiências do precognição (Honorton e Ferrari 1989) e a investigação do psicoquinese com dados (Radin e Nelson, 1989) que envolvem a acumulação dos resultados das investigações que datam dos anos 1930. Na seção 3, eu apresento um exemplo detalhado de uma linha da investigação da parapsicológica que foi construída

sistematicamente em investigações precedentes.

http://www.pesquisapsi.com/wiki/Faq/FalaciaSeculoPsi

Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 14:18
por Aurelio Moraes
Sobre Ganzfeld:
http://moebius.psy.ed.ac.uk/Ganzfeld_H.html

http://www.fpc.edu/pages/Academics/beha ... eb95-2.htm

http://www.dina.kvl.dk/~abraham/psy1.html

às vezes falam:

"Afirmativa :

Nenhum cientísta acredita em Pesquisa Psi ! "


Comentário :

A afirmativa muitas vezes aparece em uma versão alternativa como : "nenhum físico acredita em Pesquisa Psi" ou "nenhum neurocientista..."

É uma afirmativa improcedente, a Pesquisa Psi possui muitos colaboradores com sólida formação científica que participam ativamente de suas áreas de formação, algumas vezes merecendo destaque especial nestas.

Uma breve olhada no currículo de alguns membros da Parapsychological Association é suficiente para coletar alguns exemplos :

* Daryl Bem é formado em Física e em Psicologica social. Ele é um das principais figuras relacionadas aos experimentos Ganzfeld.

* Helmut Schmidt é formado em Física. Foi um dos pioneiros nos testes de micro-psicocinesia (ou micro-PK), desenvolvendo alguns aparelhos (RNG) para realizar testes automáticos deste tipo.

* Brian Josephson, Físico, Ganhador do prêmio Nobel de Física em 1973 pela descoberta do Efeito Josephson.

* Edwin May, Física, especializado em Física de baixas energias.

* G. Scott Hubbard, Físico, diretor do Centro Espacial AMES, da NASA.

* Walter von Lucadou, Sc.D. em Física

* Vernon Neppe é especialista em Neuropsiquiatria e em Psicofarmacologia.

* Michael Persinger, organizador do "Behavioral Neuroscience Program" da Laurentian University.

* Charles Robert Richet, fisiologista, ganhador do prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina em 1913, uma das principais figuras da era pré-Rhine na Pesquisa Psi.

É considerado válido que o debatedor peça informações para se certificar de que a Pesquisa Psi possui profissionais com a "expertise" necessária para conduzir adequadamente os experimentos, bem como avaliar os resultados experimentais.

Não se pode, no entanto, argumentar que não existem profissionais qualificados, sem conhecer o campo. Em geral, quem lança mão destes argumentos costumam fazer uso da "falácia do escocês" em resposta ao fornecimento de uma lista de profissionais qualificados.

Alguns pseudo-céticos, não satisfeitos com a falácia do escocês, lançam mão do seguinte argumento circular :

"Existem cientistas, até hoje, que acham que a relatividade está errada. Em todas as epocas existem pessoas assim. Porem, retirando esse tipo de personalidade que está fora da linha mais aceita, todos eles compreendem perfeitamente que a paranormalidade não existe."

Em outras palavras :

"Tirando os cientistas que acreditam em paranormalidade, todos compreendem que ela não existe"

Ou vir na forma :

"Existem cientistas que acreditam em todo tipo de teoria falsa, tirando estes, nenhum leva a sério a parapsicologia"
http://www.pesquisapsi.com/wiki/Faq/FalaciaEscoces

"Crítica

Significância estatísticas dos experimentos psi são explicados pela omissão de resultados negativos. "


Resposta

De acordo com alguns auto-entitulados céticos, o efeito gaveta é :

"A prática de se relatar e publicar somente pesquisas com resultados positivos cria uma falsa representação do assunto sob investigação, especialmente se for feita uma meta-análise.

Uma das críticas que têm sido feitas à parapsicologia é de que seus pesquisadores ignoram estudos com resultados negativos."

Dicionário do Cético

Este argumento é utilizado por muitos pseudo-céticos para desqualificar os resultados experimentais apresentados pela Pesquisa Psi. Entretanto, a possibilidade de File-drawer é considerada avaliada pela comunidade psi, o próprio Dicionário do Cético 'reconhece :

"Em 1975, a American Parapsychological Association estabeleceu uma política oficial contra o relato seletivo de resultados exclusivamente positivos."

Dicionário do Cético

É claro que existe a possibilidade de que vários pesquisadores ignorem esta recomendação e descartem os resultados negativos sendo necessário avaliar até que ponto a seleção de resultados poderia estar afetando os resultados divulgados.

Em artigo publicado na Statistical Science a pesquisadora Jessica Utts avalia a possibilidade de file-drawer nos experimentos Ganzfeld e descarta a possibilidade de que o efeito seja capaz de anular o resultado positivo encontrado nas meta-análises publicadas sobre o tema.

Para entender melhor a inviabilidade de se evocar o file-drawer effect para desqualificar os resultados da Pesquisa Psi, é preciso considerar o pequeno número de pesquisadores da área (estimado em 400 no mundo todo), a escasses de dinheiro para financiar experimentos e o grande tempo necessário para a elaboração e execução de um experimento e que a grande maioria dos pesquisadores psi possui uma carreira paralela como principal fonte de renda sendo impedidos de se dedicar em tempo integral à Pesquisa Psi.

Para anular os resultados dos experimentos publicados, seria necessário um número número muito maior de resultados não publicados, este número está além do viável considerando o tempo de cada experimento e o número de homens.hora disponível, além de ser altamente improvável do ponto de vista econômico.


http://anson.ucdavis.edu/~utts/91rmp.html

http://www.pesquisapsi.com/wiki/Faq/FDE

Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 14:19
por Wing Zero
Porrada. Um tópico á moda antiga. Nem tudo está perdido...

Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 14:20
por Azathoth
Se o Turatti aparecer, tudo vai estar perdido.

Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 14:21
por Aurelio Moraes

Re: Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 14:23
por Aurelio Moraes
Azathoth escreveu:Se o Turatti aparecer, tudo vai estar perdido.


Não fala no diabo que ele aparece.

Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 14:26
por Wing Zero
Eu acho que já tive fenómenos Psi. Algumas vezes já senti um formigueiro e vi na minha mente pessoa conhecidas... e passado alguns minutos a pessoa aparece. É isto o Psi???

Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 14:35
por Tranca
O blog do Auréolo é pseudo-cético. :emoticon12:

Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 14:47
por O ENCOSTO
Saudações Zangari.

Li o artigo indicado por você e, sinceramente, não creio que ele tenha apresentado alguma novidade com relação ao que já foi feito. Se replicarem o estudo, poderá ocorrer oque acontecu antes: Encontrar resultados favoráveis ao acaso.

Outra dúvida: O dicionário cético apresnta este exemplo;

Por exemplo, abaixo há uma transcrição de uma descrição verbal feita por um receptor num experimento autoganzfeld. Ela foi tirada de uma página (atualmente extinta) do site do Dr. Rick Berger sobre ganzfeld. Berger desenvolveu o autoganzfeld.

Eu vejo o memorial de Lincoln...
E Abraham Lincoln sentado lá... É
4 de julho... Todo tipo de fogos de artifício...
Agora estou em Valley Forge... Há
fogos... E penso em bombas
explodindo no ar... E Francis Scott
Key... E Charleston...



Se realmente é assim que se avalia os resultados, concordo plenamente com oque está escrito no artigo do dicionário cético, que ainda nos fornece a seguinte hipótese:

Desvio para a Confirmação

"É o erro peculiar e perpétuo da compreensão humana ser mais tocado e excitado pelas afirmativas que pelas negativas." --Francis Bacon

Desvio para a confirmação refere-se a um tipo de pensamento selectivo em que tendemos a notar e ver o que confirma as nossas crenças e a ignorar ou diminuir o que a contradiz. Por exemplo, se acreditamos que durante a lua cheia existe um aumento de acidentes, reparamos nos acidentes que ocorrem na lua cheia, mas não registamos os mesmos dados se não está lua cheia. A tendencia para isto ao longo do tempo reforça a nossa crença numa relação entre lua cheia e acidentes.

Esta tendencia dá mais atenção e peso a dados que suportem os nossos preconceitos e crenças do que aos dados contrários. Se as nossas crenças estão firmemente estabelecidas sobre bases sólidas e experiencias confirmatórias, esta tendencia não é grave. Se nos tornamos cegos a provas que refutam uma hipótese, atravessamos a linha entre o razoável e a mente fechada..

Numerosos estudos demonstraram que as pessoas dão valor excessivo a informação confirmatória, que é positiva ou suporta uma posição (Gilovich, ch. 3). Thomas Gilovich especula que a "mais provavel razão para a excessiva influencia da informação confirmatória é que é mais facil tratá-la cognitivamente." É mais facil ver como um dado suporta uma posição do que ver como ele conta contra a posição. Considere uma experiencia tipica de PES ou algo como um sonho clarividente: os sucesso não são ambiguos ou os dados são facilmente tratados para contar como sucessos, enquanto os negativos requerem esforço intelectual para os ver como negativos ou para os considerar como significantes. Tem sido demonstrado que a tendencia para dar mais atenção e peso ao positivo e ao confirmatório influencia a memória. Quando procuramos nas nossas memórias por dados relevantes a uma posição, é mais provável que nos lembremos de dados que confirmam essa posição (Gilovich).

Investigadores são muitas vezes culpados de desvio para a confirmação quando desenham as experiências ou apresentam os seus dados de modo que tendem a confirmar as suas hipóteses. Procedem de modo a evitar tratar dados que contradizem a sua hipótese. Por exemplo, os parapsicólogos são célebres por usarem o inicio e fim opcionais nas suas investigações de PES. Muitos cientistas sociais são culpados do mesmo erro, especialmente quando procuram estabelecer relações entre variáveis ambiguas, como a ordem de nascimento de irmãos e as "ideias radicais", durante periodos históricos definidos arbitrariamente. Se define os pontos de inicio e fim da recolha de dados em relação à teoria da evolução do modo que Frank Sulloway fez em Born to Rebel, chega a correlações significantes entre a ordem de nascimento e a tendencia para aceitar ou rejeitar a teoria da evolução. Contudo, se começar com Anaximandro e parar com St. Agostinho, pode obter diferentes resultados, visto que a ideia foi universalmente rejeitada durante este periodo. Ou se usa como exemplo de "ideia radical" algo como a de Philip Henry Gosse em Creation (Omphalos): an attempt to untie the geological knot (1857), não tem apoio para a sua hipótese. Gosse era mais radical que Darwin na sua tentativa de reconciliar os dados geologicos com o criacionismo, mas Gosse está quase esquecido porque a sua ideia radical de que Deus criou tudo, incluindo fósseis, num dado momento, foi universalmente rejeitada. Gosse tentou reconciliar os dados cientificos, que indicam uma terra muito antiga, com a visão ortodoxa de que Deus criou tudo em 4004 a.C., como calculada pelo Arcebispo Ussher. Quer os primeiros filhos a nascer, quer os outros, não parecem ter sido impressionados por esta ideia radical.

Experimentadores podem evitar ou reduzir o desvio para a confirmação colaborando no desenho das experiencias com colegas que manteem hipóteses contrárias. As pessoas teem de se lembrar constantemente desta tendencia e procurar activamente dados contrários às suas crenças. Visto ser antinatural, parece que as pessoas vulgares estão condenadas ao desvio.



http://skepdic.com/brazil/confirma.html

Re: Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 14:49
por O ENCOSTO
Tranca-Ruas escreveu:O blog do Auréolo é pseudo-cético. :emoticon12:


E o autor é pseudo-magro.

Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 14:59
por O ENCOSTO
Saudações Zangari.

Seus comentários estão mesturados com o texto original.

Gostaria de comentar o seguinte:

O autor, segue, afirmando que "A maioria dos cientistas tenta explicar fenômenos observáveis. A parapsicologia procura observar fenômenos inexplicáveis". Sim, há cientistas que tenta explicar fenômenos observáveis. Mas há campos da ciência que lidam com fenômenos não diretamente observáveis, apesar de mensuráveis!


Pois é. Os supostos fenomenos estudados não são mensuráveis. A critica do autor está correta já que os fenomenos estudados pela PSI não são observáveis e muito menos mensuraveis.

Re: Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 15:47
por Zangari
Saudações!

Saudações Zangari.

Li o artigo indicado por você e, sinceramente, não creio que ele tenha apresentado alguma novidade com relação ao que já foi feito. Se replicarem o estudo, poderá ocorrer oque acontecu antes: Encontrar resultados favoráveis ao acaso.



Os resultados da metanálise NÃO podem ser explicados como acaso, Encosto! Objetivamente, a metanálise serve justamente para obter um índice estatístico para que se avalie se os resultados diferentes, de testes com procedimentos semelhantes pode ou não ser devido ao acaso, apresentando ou não evidências da robustez e consistência destes resultados. O resultado desta última metanálise apresenta índices que sustentam a não possibilidade matemática de que os resultados dos experimentos ganzfeld possam ser explicados pelo acaso. Isso não significa afirmar a presença de "paranormalidade", mas de efeitos estatísticos anômalos que podem ou não ter a ver com processos anômalos de interação entre o ser humano e o meio. Portanto, a crítica NÃO procede, bem como a alegação de que os resultados desta última metanálise poderiam ser interpretados como sinal de acaso.


Outra dúvida: O dicionário cético apresnta este exemplo;

Por exemplo, abaixo há uma transcrição de uma descrição verbal feita por um receptor num experimento autoganzfeld. Ela foi tirada de uma página (atualmente extinta) do site do Dr. Rick Berger sobre ganzfeld. Berger desenvolveu o autoganzfeld.

Eu vejo o memorial de Lincoln...
E Abraham Lincoln sentado lá... É
4 de julho... Todo tipo de fogos de artifício...
Agora estou em Valley Forge... Há
fogos... E penso em bombas
explodindo no ar... E Francis Scott
Key... E Charleston...


Se realmente é assim que se avalia os resultados, concordo plenamente com oque está escrito no artigo do dicionário cético, que ainda nos fornece a seguinte hipótese:



Não, Encosto, NÃO É ASSIM E NUNCA FOI ASSIM! Ainda que alguns RELATOS obtidos em uma situação experimental ganzfeld possam impressionar alguns pela sua semelhança com os alvos, A CIÊNCIA NÃO SE NÃO IMPORTA À MÍNIMA com efeitos qualitativamente interessantes ao "intérprete". Isso seria uma avaliação subjetiva que nada tem a ver com o que se faz! Objetivamente, o que se faz nesses estudos é solicitar que o sujeito experimental diga o que lhe vêm à mente. Isso é gravado e, posteriormente, ele e juízes independentes farão uma avaliação comparativa entre essa "mentation" e 4 potenciais alvos. Há uma classificação por semelhança, em que ele e os juízes terão que pontuar/classificar de 1 a 4 (1 sendo mais semelhante). Apenas se ouver coincidência entre "1" e o alvo é que se considerará um acerto (hit). Assim, se simplesmente houve um chute, os resultados jamais poderiam desviar significativamente dos 25% esperados (1 em 4)... Mas há um desvio significativo e objetivo. Retomando: os resultados não se baseia nas características qualitativas da "mentation", mas na classificação objetiva feita tanto pelo sujeito quanto por juízes independentes, de modo que o argumento de "desvio para a confirmação" não tem pé... nem cabeça! Simplesmente não se aplicam a um estudo controlado contra a validação subjetiva.

Zangari

Re: Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 16:06
por Zangari
Saudações Encosto!

Você cita o trecho de meu texto:
O autor, segue, afirmando que "A maioria dos cientistas tenta explicar fenômenos observáveis. A parapsicologia procura observar fenômenos inexplicáveis". Sim, há cientistas que tentam explicar fenômenos observáveis. Mas há campos da ciência que lidam com fenômenos não diretamente observáveis, apesar de mensuráveis!


E comenta:
Pois é. Os supostos fenomenos estudados não são mensuráveis. A critica do autor está correta já que os fenomenos estudados pela PSI não são observáveis e muito menos mensuraveis.


Primeiro, o autor erra ao alegar que a Parapsicologia procura observar "fenômenos inexplicáveis". Ora, o que estudamos, de modo empírico, são alegações paranormais! "Alegações", enquanto obejto de estudo, existem e é isso que interessa! O estudo da existência ou não do que se alega é outra coisa e que é avaliada de modo experimental. Essa existência é que é tema de polêmica. Sequer sabemos se "isso" existe ou não, de modo que me parece um tanto absurdo dizer que algo que nem sabemos se existe é ou não explicável!

Por fim, vamos à sua afirmação. Pelo que acabo de escrever você depreenderá que em Parapsicologia não estudamos "supostos fenômenos", mas alegações de paranormalidade. O fato é que, ao avaliar tais alegações de modo controlado, as pessoas são convidadas a realizarem "tarefas psi" em laboratório. O que importa é saber se elas podem ou não obter resultados acima do índice esperado pelo acaso e isso tem sido verificado, como mostram as metanálises. Os testes são objetivos também porque há controle da coincidência, ou seja, são mensauráveis porque há um modo de comparar os resultados obtidos com os esperados. Podemos dizer que não são observáveis? Sim e não! Não vejo diretamente a "telepatia" nos estudos ganzfeld, mas posso obter dados de sua POSSÍVEL presença ou ausência pelos dados estatísticos. Se não houvesse qualquer dado que fugisse do esperado o assunto estaria terminado e não haveria qualquer polêmica. Mas, como há efeitos estatísticos anômalos objetivos, então a polêmica permanece no sentido de manter a pesquisa de modo a que tenhamos mais dados a respeito do que provoca tal desvio inesperado. É aí onde céticos e proponentes de psi divergem quanto à INTERPRETAÇÃO desses dados, ainda que não existam muita dúvida de que exista um efeito estatístico anômalo em jogo. Ray Hyman, que é um dos maiores céticos da "interpretação psi" e da Parapsicologia como um todo, aceita a existência de "efeitos anômalos" nessas pesquisa.

Por fim: há áreas das hard sciences que se lida, da mesma forma, apenas com representações matemáticas da realidade. Os físicos, até muito pouco tempo, considerando a História da Ciência, tinham exclusivamente que considerar a existência das partículas sem nunca tê-las observado! Isso nunca fez da Física uma ciência menor! Obviamente, não estou comparando a PP com a Física. Não fiquei maluco a esse ponto. A questão é outra: objetos de estudo não-diretamente observáveis podem ser cientificamente legítimos. Mas... obviamente, a comparação é falha, dentre outros motivos, pela inexistência de uma "teoria psi" aceita em consenso pelos pesquisadores. Mas... para ser rigoroso e cético... também a Física está em busca de uma... teoria unificada!

Zangari

Enviado: 22 Mai 2006, 16:28
por Vitor Moura
Ray Hyman, que é um dos maiores céticos da "interpretação psi" e da Parapsicologia como um todo, aceita a existência de "efeitos anômalos" nessas pesquisa.

Eu acho que ele aceitava! Vc já sabe, mas o restante do fórum não, então deixa eu avisar o pessoal. Seguinte:

Recentemente,em 2005, saiu um artigo na PloS Medicine dizendo que as metanálises AUMENTAM os erros existentes nos diversos estudos, ao invés de diminuirem, como se pensava. Hyman, sabendo disto, o que fez? Pegou a metanálise ganzfeld de 1985 e refez os cálculos.O que é que ele descobriu?

Deixe-nos supor que cada defeito contribui somente com uma quantidade muito pequena de viés. A pergunta é, qual é o viés total produzido pela combinação de todos estes vieses menores operando juntos? Tentei responder esta pergunta para alguns dos defeitos que eu identifiquei com respeito aos testes de significância na original base de dados psi de ganzfeld. (6) Corri uma simulação usando alguns dos defeitos. Os estudos nesta base de dados testaram seus resultados usando o nível de significância de 0,05. A simulação mostrou que, em efeito, os experimentadores operavam com um nível de significância de 0,30 ou mais alto. O índice de alarme falso era mais do que seis vezes o que foi noticiada! Esta simulação usou só alguns dos defeitos e fraquezas que eu descobri nessa base de dados.


Qual o problema do Hyman? Ele NÃO USOU A METANÁLISE MAIS RECENTE! A metanálise mais recente está mais livre de erros que a de 1985. Porém, qual o mérito no artigo de Hyman? Mostrar que os resultados obtidos na metanálise PODEM ser explicado por um viés estatístico até então desconhecido, e não ser indicativo de nenhuma anomalia.

Lógico, faltou só o Hyman mostrar que a metanálise mais recente de fato obtinha resultados não significativos. Isso, que era o principal, ele não fez, ele pegu a de 1985. Até que alguém refaça estes cálculos, no entanto, no meu entender, os parapsicólogos não podem se fiar na última metanálise para evidenciar anomalias.Apenas por garantia.

Um abraço,
Vitor

Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 16:40
por rapha...
Até que o tópico estava legal.

Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 16:44
por clara campos
:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

Re: Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 17:02
por Vitor Moura
rapha... escreveu:Até que o tópico estava legal.


Rapha, o que é que vc tem contra mim?

Re: Re.: Parapsicologia

Enviado: 22 Mai 2006, 18:39
por Aurelio Moraes
O ENCOSTO escreveu:
Tranca-Ruas escreveu:O blog do Auréolo é pseudo-cético. :emoticon12:


E o autor é pseudo-magro.


Pseudo-cético é o seu tataravô.
E é verdade. Devo ser pseudo-magro.
Esta foto aqui deve ser montagem:
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