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Matei a charada da Trindade
Enviado: 02 Jun 2006, 17:19
por Aranha
Segundo John HICK em “A Metáfora do Deus Encarnado”, A Igreja Cristã que crescia e se desenvolvia tinha de explicar as suas crenças em termos filosóficos aceitáveis, tanto para a cultura de fala grega do mundo mediterrâneo como para si mesma; e, depois da conversão do imperador Constantino ao cristianismo, a paz do Império passou a exigir um conjunto unitário de crenças cristãs. Por isso, Constantino convocou em 325 o Concílio de Nicéia, “com o propósito de restaurar a concórdia na Igreja e no império” (Pelikan 1985, 52); e foi nele que pela primeira vez a Igreja adotou oficialmente, da cultura grega, o conceito não-bíblico de status, declarando que Jesus, como o Deus Filho encarnado, era homoousios toi patri (da mesma substância que o Pai). As metáforas bíblicas originais foram daí por diante relegadas, para propósitos teológicos, ao nível de linguagem popular que aguardava interpretação, ao passo que uma definição filosófica tomou o seu lugar para objetivos oficiais. Um filho de Deus metafórico se transformara no Deus Filho metafísico, segunda pessoa da Trindade. O significado político disso foi que o imperador cristão possuía agora o status de vice-rei de Deus na terra. Assim, ao escrever sobre a vitória de Constantino diante de seu rival Licínio, o historiador contemporâneo Eusébio diz que Constantino e seu filho, “sob a proteção de Deus, o Rei universal, tendo o Filho de Deus, Salvador de todos, como seu líder e aliado, juntaram suas forças de todos os lados contra os inimigos da Divindade, chegando a uma fácil vitória” (Eusébio 1952, 386; Livro X, cap. 9, par. 4).
A trindade foi uma brilhante construção teológica que veio a atender duas premissas básicas da doutrina cristã, todas relativos a Jesus Cristo:
- Alçar Jesus ao status de Deus, pois haveria de ser um sangue divino a ser derramado em sacrifício vicário para a salvação da humanidade condenada pela queda de Adão, o nascimento virginal e a santidade de Jesus lhe conferiam a pureza necessária de cordeiro para o sacrifício ("Cordeiro de Deus Que tira os pecados do mundo" (Jo. 1:29)), pois os preceitos judaicos exigiam o sacrifício de um animal sem defeito(Ex. 12:5), o defeito do homem, no caso, é o pecado, mas um deus morrendo por amor a suas criaturas, tinha um apelo muito mais forte na comunidade helênica onde sacrifícios heróicos eram tema constante em todas comunidades religiosas. São Gregório de Nazianzo dizia: "Nós precisávamos de um Deus Encarnado; Deus posto na morte, para que nós pudéssemos viver";
De fato, alguns dos heróis legendários do mito grego eram chamados filhos de Deus – em particular Dioniso e Hércules eram filhos de Zeus com mães mortais. Governantes orientais, especialmente egípcios, eram chamados filhos de Deus. Sobretudo os ptolomeus do Egito reivindicaram o título de “filhos de Hélio” a partir do século IV aC, e no tempo de Jesus a expressão “filho de Deus” (huios theou) era muito utilizada com referência a Augusto. Também de filósofos famosos, como Pitágoras e Platão, dizia-se às vezes que foram gerados por um Deus (Apolo). E na filosofia estóica pensava-se que Zeus, o ser supremo, era o pai de todos os homens (...) (Dunn 1980, 17).
- Substituir o Jeová do Velho Testamento por Jesus, pois Jesus representava uma nova aliança voltada para o mundo helênico, mundo este que não assimilaria um Deus guerreiro Tribal como Jeová, é verdade que Este também estava sofrendo processo de helenização nas mãos de Filon de Alexandria e outros, no entanto, as primeiras comunidades cristãs entraram em conflito com os Judeus, impedindo uma negociação neste sentido, a posição das primeiras comunidades cristãs hostis aos judeus é bem visível no evangelho de João. Com o advento da Trindade, Jesus assumiu seu trono e Jeová foi reduzido a um papel coadjuvante completamente apagado pela figura de Jesus.
Então a junção de Jesus com Jeová numa única pessoa é explicável devido a necessidade de conciliar as questões acima com o dogma inviolável do Deus Único, mas porque o Espírito Santo entra nessa equação? – Este ente quando citado nas escrituras nunca demonstrou caráter ou personalidade, manifestando-se sempre como emanação do poder de Deus, permitindo perfeitamente interpretá-lo assim, então porque promovê-lo ao status de Deus?
Para este caso também há duas explicações:
- Influência da Filosofia Grega: Como os primeiros patrísticos eram filósofos de formação grega, esses desenvolveram a doutrina cristã baseados em tratados de Sócrates, Platão e Pitágoras, pináculos máximos da filosofia grega, a concepção da divindade de Platão gerou a doutrina da Trindade, como eram necessários 03 entes, o Espírito Santo veio a calhar, A trindade platônica. concebe a existência de três elementos eternos, os quais caracterizam sua ontologia:
Idéias arquétipas;
Demiurgo,;
Matéria eterna.
De futuro o neoplatonismo, sobretudo o de Plotino, dará aos três elementos uma sequência dinâmica, com três processões, que serão adotadas pelos teólogos cristãos para racionalizar sua crença na multiplicidade trina das Pessoas divinas.
As idéias arquétipas, segundo Platão, são eternas, reais, universais; elas correspondem aos números arquétipos de que falam os pitagóricos, a partir dos quais Platão formulou sua doutrina.
Platão ainda diz que: “A unidade é defendida, ou simplesmente sem a multiplicidade das pessoas, ou com a multiplicidade das pessoas. Mas, a multiplicidade das pessoas se daria sem a multiplicação da natureza”, veja só três em um, um em três, Platão já tinha feito o serviço, foi só adaptar.
- Sincretismo Cristão com outras religiões da época: De fato, várias religiões da época adoravam trindades de deuses, a doutrina da trindade seria então um amálgama entre estas crenças e o dogma do Deus único, o que fez surgir o Deus Três-em-um:
Cristianismo: Pai, Filho e Espírito Santo
Hinduísmo: Brahma, Vishnu e Shiva (trimurti)
Egito: Ìsis,Osíris e Hórus
Irlanda: Morrigan, Badb e Macha (facetas da Deusa da batalha)
Celtas: Virgem, Mãe e Anciã (Aspectos da Mãe Terra).
Eis aí a trindade explicada.
Abraços,
Re.: Matei a charada da Trindade
Enviado: 02 Jun 2006, 17:32
por Lúcifer
Muito interessante e elucidativo.
Tomara que os crentes dêem uma olhada aqui.
Enviado: 02 Jun 2006, 17:38
por spink
Lúcifer escreveu:Tomara que os crentes dêem uma olhada aqui.
Pouco provável.
Acho que o Poindexter apareça por aqui e diga que o assunto está esgotado.

Re.: Matei a charada da Trindade
Enviado: 02 Jun 2006, 17:56
por Lúcifer
Pois é.

Re.: Matei a charada da Trindade
Enviado: 02 Jun 2006, 17:59
por Aurelio Moraes
Re: Re.: Matei a charada da Trindade
Enviado: 02 Jun 2006, 18:00
por spink
Re.: Matei a charada da Trindade
Enviado: 02 Jun 2006, 18:06
por Perseus
Matou a charada e a trindade.
Re.: Matei a charada da Trindade
Enviado: 02 Jun 2006, 18:06
por Poindexter
O assunto foi esgotado aos cinco minutos do 2o Tempo de Argentina vs Inglaterra, em 1986, momento do milagre com o qual D10S iniciou a Nova Aliança.
Re.: Matei a charada da Trindade
Enviado: 02 Jun 2006, 18:15
por spink
Re.: Matei a charada da Trindade
Enviado: 02 Jun 2006, 18:20
por Aurelio Moraes
O Poindexter faz proselitismo maradoniano assim como o Vitor Moura faz proselitismo espírita-reencarnacionista.
Re.: Matei a charada da Trindade
Enviado: 02 Jun 2006, 18:46
por Tranca
Grande Élder Abmael!
Desmistificando o cristianismo como poucos.
Agora eu só dei uma lida rápida. Faço considerações na segunda.
Abraço
Re: Re.: Matei a charada da Trindade
Enviado: 02 Jun 2006, 20:36
por Aranha
Tranca-Ruas escreveu:Grande Élder Abmael!
Desmistificando o cristianismo como poucos.
Agora eu só dei uma lida rápida. Faço considerações na segunda.
Abraço
- Fico aliviado com sua visita, Poindexter e Aurélio estão destruindo o tôpico rapidamente....
Abraços,
Re: Re.: Matei a charada da Trindade
Enviado: 02 Jun 2006, 20:47
por Snake
Aurelio Moraes escreveu:O Poindexter faz proselitismo maradoniano assim como o Vitor Moura faz proselitismo espírita-reencarnacionista.
Isso significa que Poindexter começará a postar estudos científicos comprovando que "si Pelé es rey, Maradona es D10S"?
Re.: Matei a charada da Trindade
Enviado: 03 Jun 2006, 10:08
por carlo
Muito bom este post, Abmael. O RV anda pobre destes assuntos ultimamente, são estas postagens que devem chocar os crentes quando eles visitam o RV.

Re.: Matei a charada da Trindade
Enviado: 03 Jun 2006, 14:28
por Fernando Silva
Re: Re.: Matei a charada da Trindade
Enviado: 04 Jun 2006, 02:02
por carlo
Porra Fernando Silva, excelente cara! Ainda bem que no RV há pessoas como vc, que é fluente na língua inglesa e pode nos proporcionar a leitura de um texto ( bem traduzido, diga-se de passagem ) de grande e imensurável valia para nós, esperaremos então os crentes para possíveis refutações! Será que virão?
Re.: Matei a charada da Trindade
Enviado: 04 Jun 2006, 02:09
por carlo
Meu Deus da sheol, a coisa é tão óbvia, que ás vezes eu me pergunto: será que só nós enxergamos?
Re: Re.: Matei a charada da Trindade
Enviado: 04 Jun 2006, 10:06
por Fernando Silva
carlo escreveu:esperaremos então os crentes para possíveis refutações! Será que virão?
Os crentes não se entendem sobre a Trindade. Para uns, só há um deus que aparece de formas diferentes, não três. Para outros, há dois, Pai e Filho, sendo o Espírito apenas uma manifestação de seu poder. Há os que dizem que Jesus e o Espírito Santo são inferiores ao Pai. E há os que crêem na Trindade tradicional.
Para explicar as palavras de Jesus, que disse que era inferior ao Pai, eles dizem que era inferior enquanto estava na terra, na condição humana (o que não explica sobre o Espírito Santo ser inferior ao Pai).
Eles que são crentes que se entendam

Re: Re.: Matei a charada da Trindade
Enviado: 04 Jun 2006, 10:12
por Fernando Silva
carlo escreveu:Muito bom este post, Abmael. O RV anda pobre destes assuntos ultimamente, são estas postagens que devem chocar os crentes quando eles visitam o RV.

Por exemplo:
http://tempodofim3.tripod.com/TrindadeR ... rizada.htm
Enviado: 05 Jun 2006, 09:01
por Aranha
MAIS:
[center]
O primeiro uso da palavra “trindade” em sua forma grega ‘trias' foi de autoria de Teófilo, que tornou-se bispo de Antioquia da Síria, no oitavo ano do reinado de Marco Aurélio ( 168 a .C.). Ele usou a palavra no segundo dos três livros que escreveu endereçados ao seu amigo Autólico. Comentando o quarto dia da criação no Gênesis, ele escreveu: ”Da mesma maneira também os três dias que foram antes dos luminares, são tipos da trindade, de Deus, de sua palavra, e Sua sabedoria.” (Teófilo, “Para Autólico”, The Ante-Nicene Fathers)
Tertuliano (160- 220 a .D.) foi o primeiro à usar a palavra latina “trinitas”. Educado em Roma e presbítero em Cártago, Tertuliano lançou as bases da Teologia Latina, a qual mais tarde foi apoiada por Cipriano e Agostinho. Embora tenha denunciado Platão como filósofo herege, Tertuliano expressou sua teologia nos termos da filosofia de Platão. Ele estava entre os primeiros à ensinar a tortura eterna dos ímpios. A trindade e a imortalidade da alma foram desenvolvidas e formuladas dentro de um sistema de teologia por Agostinho.
Os escritos de Agostinho tonaram-se a teologia básica da Igreja Católica Romana. Tertuliano menciona a trindade em seu livro escrito contra Praxeas que apoiava a teoria monarquiana. Ele escreveu: “O mistério da dispensação ainda está guardada, que distribui a Unidade numa trindade, colocando em sua ordem as Três Pessoas - o Pai, o Filho e o Espírito Santo.” (Tertuliano. “Contra Praxeas,” - The Anti-Nicene Fathers)
Atenção específica foi centralizada sobre a doutrina da trindade no início do quarto século como resultado de uma controvérsia entre dois líderes da Igreja em Alexandria, Ario (256-336) e Atanásio (293-373). Ario mantinha que Jesus, embora grande, era em algumas formas inferior à Deus. Atanásio, pelo contrário, afirmava que Cristo era igual à Deus em todos os modos.
Em 318 a .D., a controvérsia veio a tona. Ario afirmou que se Jesus era realmente Filho de Deus, então deveria ter havido um tempo em que havia um Pai, mas nenhum Filho. O Pai, portanto, era maior do que o Filho. Num Concílio da Igreja local celebrado em 321 a .D., Ario e seus colaboladores foram excomungados da Igreja por causa de sua opinião. Ario, entretanto, tinha muitos amigos e seguidores em todas as Igrejas da Cristandade. A teoria da trindade não alcançou rapidamente uma posição dominante na Igreja. Pelo mesmo tempo em que a controvérsia entre Ario e Atanásio estava assolando as Igrejas, o imperador Constantino tornara-se o maior partidário do Cristianismo.
O imperador considerava a Igreja como uma grande força unificadora e estava ansioso para que o Cristianismo se tornasse a religião universal do Império Romano. Ele queria evitar todas as lutas internas da Igreja, arrazoando que deveria haver uma Igreja unida a fim de existir um império unificado.
Buscando restaurar a unidade às Igrejas, Constantino convocou uma reunião de um Concílio geral da Igreja à ser celebrado na cidade de Nicéia, em 325 a .D. Bispos e o clero de todas as Igrejas foram convidados para assistirem ao Concílio com todas as despesas pagas pelo imperador. O Concílio de Nicéia, entretanto, foi um Concílio de Igrejas na seção oriental do império. Enquanto é dito que compareceram ao Concílio 318 bispos além de oficiais eclesiásticos menores, não haviam sequer dez bispos do oeste presentes ao Concílio. O Concílio não era verdadeiramente representativo da Igreja inteira.
Eusébio, conhecido como o Pai da história da Igreja, no início do Concílio ofereceu um credo de acordo que usava a linguagem da Escritura em vez dos termos filosóficos usados por Atanásio. Os seguidores de Atanásio perceberam que um voto para Eusébio era realmente um voto para Ario, porque a Bíblia não confirma nada à respeito da doutrina da trindade. O compromisso de Eusébio, entretanto, foi rejeitado.
O imperador Constantino, embora ignorante com relação aos fatos teológicos que estavam então em discussão, mas ansioso por alcançar unidade, apoiou Atanásio. A maioria dos bispos presentes assinaram então finalmente o credo formulado pelo grupo Atanasiano. Aqueles que não assinaram, incluindo Ario, Eusébio de Nicomédia e Teognis de Nicéia, foram banidos e seus livros queimados publicamente.
Isto, entretanto, não foi o fim. O debate prosseguiu por quarenta e seis anos. Ario e seus colaboradores foram chamados de volta do exílio dentro de três a cinco anos após o Concílio de Nicéia. Atanásio foi deposto por um grande Concílio em Tiro em 335 a .D., sendo deportado para Gaul. Ario morreu em 336. Durante os anos que se sucederam, os seguidores de Ario e Atanásio alternadamente foram banidos e chamados de volta, já que vários imperadores que governavam o império favoreciam ou uma ou outra teoria. O trinitarianismo não tornou-se a dominante e “ortodoxa” doutrina da cristandade até que Teodósio tornou-se imperador (379). Teodósio foi o imperador que fez do cristianismo a religião estatal. A união da Igreja e estado pavimentaram o caminho para a ascenção da Igreja Católica Romana.
Teodósio convocou um Concílio em Constantinopla, que se reuniu em 381 a .D. Foi assistido por cerca de cento e cinquenta bispos do oriente. No credo adotado, o trinitarianismo foi feito doutrina oficial da Igreja nas fronteiras do império. Todos os que discordaram foram expulsos de seus púlpitos e excomungados de suas Igrejas. Era o regime totalitário dos imperadores romanos e mais tarde da Igreja Católica Romana que possibilitaram a doutrina da trindade manter seu lugar.
Ma muitos, mesmo fora da Igreja Católica Romana, continuaram a crer no ensino bíblico concernente a unidade de Deus. A região norte da Europa, convertida pelo missionário Ulfilas (Morreu em 381), abraçou a doutrina do Cristianismo Ariano. Isto foi muitos séculos antes dos Ostrogodos, Visigodos, Burgúndios, Vândalos, Lombardos, e outros povos do norte Europeu terem finalmente se entregado à crença na Trindade, tornando-se eventualmente parte da Igreja Católica Romana. A história da Igreja e a história da doutrina revela muitos crentes através de todos os vinte séculos da era Cristã que tem repudiado a teoria da trindade.
De aproximadamente meados da morte do último discípulo, até o fim do segundo século DC, surgiram eclesiásticos que são hoje conhecidos por apologistas. Escreveram para defender o cristianismo, que eles conheciam, das filosofias prevalecentes no mundo romano daquela época. Sua obra apareceu perto do fim, e depois, do período dos escritos dos Pais Apostólicos.
Justino, o Mártir, Taciano, Atenágoras, Teófilo e Clemente, de Alexandria, estavam entre os apologistas que escreveram em grego. Tertuliano foi um apologista que escreveu em latim. Será que ensinavam a Trindade? — três pessoas co-iguais (Pai, Filho e Espírito Santo) numa Divindade, cada pessoa um Deus verdadeiro, sem que haja, contudo, três Deuses, mas apenas um Deus?
“Justino [o Mártir] ensinou que antes da criação do mundo Deus estava sozinho e não existia nenhum Filho. . . . Quando Deus desejou criar o mundo, . . . gerou outro ser divino para criar o mundo para ele. Esse ser divino foi chamado . . . Filho, porque nasceu; foi chamado Logos, porque foi tomado da Razão ou Mente de Deus. . . .
Justino e os outros apologistas, portanto, ensinavam que o Filho é uma criatura. Ele é uma criatura elevada, uma criatura suficientemente poderosa para criar o mundo, mas, não obstante, uma criatura. Na teologia, esta relação do Filho com o Pai se chama subordinacionismo. O Filho é subordinado, isto é, secundário ao Pai, dependente dele e causado por ele. Os apologistas eram subordinacionistas.”
Note, porém, que, ao passo que Justino chama de “Deus” ao Filho, nunca diz que o Filho seja um de três pessoas iguais, sendo cada um deles Deus, mas formando os três apenas um Deus. Em vez disso, ele diz em seu Diálogo com Trífon:
“Há . . . outro Deus e Senhor [o pré-humano Jesus] sujeito ao Criador de todas as coisas [Deus Todo-Poderoso]; que [o Filho] é chamado também de Anjo, porque Ele [o Filho] anuncia aos homens o que quer que o Criador de todas as coisas — acima de quem não há outro Deus — deseja que lhes anuncie. . . .
[O Filho] é distinto Daquele que fez todas as coisas, — numericamente, quero dizer, não [distinto] na vontade.”
Há uma passagem interessante na Primeira Apologia de Justino, no capítulo 6, em que ele faz uma defesa contra a acusação da parte dos pagãos de que os cristãos são ateístas. Ele escreve:
“Tanto Ele [Deus] como o Filho (que se originou Dele e nos ensinou estas coisas, e a hoste de outros anjos bons que o seguem e são feitos semelhantes a Ele), e o Espírito profético, veneramos e adoramos.”
A respeito de Clemente, de Alexandria, lemos o seguinte em The Church of the First Three Centuries:
“Poderíamos citar numerosas passagens de Clemente em que a inferioridade do Filho é distintamente afirmada. . . .
Ficamos espantados de que qualquer pessoa que leia Clemente com atenção normal possa imaginar por um único instante que ele considerasse o Filho numericamente idêntico — um — com o Pai. Sua natureza dependente e inferior, conforme se parece a nós, é reconhecida em toda a parte. Clemente acreditava que Deus e o Filho eram numericamente distintos; em outras palavras, dois seres — um supremo, o outro subordinado.”
O conceito de Tertuliano sobre Pai, Filho e espírito santo era bem diferente da Trindade da cristandade, pois ele era subordinacionista. Ele considerava o Filho subordinado ao Pai. Na obra Against Hermogenes (Contra Hermógenes), ele escreveu:
“Não devemos supor que haja algum outro ser, exceto unicamente Deus, que seja não gerado e incriado. . . . Como pode algo, exceto o Pai, ser mais velho, e por isso deveras mais nobre, do que o Filho de Deus, o Verbo unigênito e primogênito? . . . Esse [Deus] que não precisou de um Criador para lhe dar existência, será muito mais elevado em categoria do que [o Filho] que teve um autor que o trouxe à existência.”
Também, na obra Against Praxeas, ele mostra que o Filho é diferente do Todo-Poderoso Deus e é subordinado a ele, ao dizer: “O Pai é a inteira substância, mas o Filho é uma derivação e parcela do todo, conforme Ele Próprio reconhece: ‘Meu Pai é maior do que eu.' . . . Assim, o Pai é distinto do Filho, sendo maior do que o Filho, visto que um é Aquele que o gera e outro Aquele que é gerado; também, um é Aquele que envia, e outro Aquele que é enviado; e, além disso, Aquele que cria é um, e Aquele por meio de quem a coisa é feita é outro.”
O mesmo se dá também com respeito a outros escritores do segundo e terceiro séculos, tais como Irineu, Hipólito, Orígenes, Cipriano e Novaciano. Embora alguns tenham igualado o Pai e o Filho em certos respeitos, em outros eles consideravam o Filho subordinado a Deus, o Pai. E nenhum deles sequer especulou que o espírito santo fosse igual ao Pai e ao Filho. Por exemplo, Orígenes (c. 185 a 254 EC) declara que o Filho de Deus é “o Primogênito de toda a criação” e que as Escrituras “conhecem a Ele como a mais antiga das obras de criação”.
O trinitarianismo não é uma doutrina Bíblica. Esta teoria não é mencionada e nem tampouco ensinada na Bíblia.
As palavras “trindade” e “triúno” jamais foram usadas pelos escritores Bíblicos. A doutrina da trindade era desconhecida pelos Israelitas do Velho Testamento e pelos Cristãos do Novo Testamento.
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Abraços,
Enviado: 05 Jun 2006, 09:05
por Aranha
MAIS:
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O primeiro uso da palavra “trindade” em sua forma grega ‘trias' foi de autoria de Teófilo, que tornou-se bispo de Antioquia da Síria, no oitavo ano do reinado de Marco Aurélio ( 168 a .C.). Ele usou a palavra no segundo dos três livros que escreveu endereçados ao seu amigo Autólico. Comentando o quarto dia da criação no Gênesis, ele escreveu: ”Da mesma maneira também os três dias que foram antes dos luminares, são tipos da trindade, de Deus, de sua palavra, e Sua sabedoria.” (Teófilo, “Para Autólico”, The Ante-Nicene Fathers)
Tertuliano (160- 220 a .D.) foi o primeiro à usar a palavra latina “trinitas”.
Educado em Roma e presbítero em Cártago, Tertuliano lançou as bases da Teologia Latina, a qual mais tarde foi apoiada por Cipriano e Agostinho. Embora tenha denunciado Platão como filósofo herege, Tertuliano expressou sua teologia nos termos da filosofia de Platão. Ele estava entre os primeiros à ensinar a imortalidade da alma e a tortura eterna dos ímpios. A trindade e a imortalidade da alma foram desenvolvidas e formuladas dentro de um sistema de teologia por Agostinho.
Os escritos de Agostinho tonaram-se a teologia básica da Igreja Católica Romana. Tertuliano menciona a trindade em seu livro escrito contra Praxeas que apoiava a teoria monarquiana. Ele escreveu: “O mistério da dispensação ainda está guardada, que distribui a Unidade numa trindade, colocando em sua ordem as Três Pessoas - o Pai, o Filho e o Espírito Santo.” (Tertuliano. “Contra Praxeas,” - The Anti-Nicene Fathers)
Atenção específica foi centralizada sobre a doutrina da trindade no início do quarto século como resultado de uma controvérsia entre dois líderes da Igreja em Alexandria, Ario (256-336) e Atanásio (293-373). Ario mantinha que Jesus, embora grande, era em algumas formas inferior à Deus.
Atanásio, pelo contrário, afirmava que Cristo era igual à Deus em todos os modos.
Em 318 a .D., a controvérsia veio a tona. Ario afirmou que se Jesus era realmente Filho de Deus, então deveria ter havido um tempo em que havia um Pai, mas nenhum Filho. O Pai, portanto, era maior do que o Filho. Num Concílio da Igreja local celebrado em 321 a .D., Ario e seus colaboladores foram excomungados da Igreja por causa de sua opinião. Ario, entretanto, tinha muitos amigos e seguidores em todas as Igrejas da Cristandade. A falsa teoria da trindade não alcançou rapidamente uma posição dominante na Igreja. Pelo mesmo tempo em que a controvérsia entre Ario e Atanásio estava assolando as Igrejas, o imperador Constantino tornara-se o maior partidário do Cristianismo.
O imperador considerava a Igreja como uma grande força unificadora e estava ansioso para que o Cristianismo se tornasse a religião universal do Império Romano. Ele queria evitar todas as lutas internas da Igreja, arrazoando que deveria haver uma Igreja unida a fim de existir um império unificado.
Buscando restaurar a unidade às Igrejas, Constantino convocou uma reunião de um Concílio geral da Igreja à ser celebrado na cidade de Nicéia, em 325 a .D. Bispos e o clero de todas as Igrejas foram convidados para assistirem ao Concílio com todas as despesas pagas pelo imperador. O Concílio de Nicéia, entretanto, foi um Concílio de Igrejas na seção oriental do império. Enquanto é dito que compareceram ao Concílio 318 bispos além de oficiais eclesiásticos menores, não haviam sequer dez bispos do oeste presentes ao Concílio. O Concílio não era verdadeiramente representativo da Igreja inteira.
Eusébio, conhecido como o Pai da história da Igreja, no início do Concílio ofereceu um credo de acordo que usava a linguagem da Escritura em vez dos termos filosóficos usados por Atanásio. Os seguidores de Atanásio perceberam que um voto para Eusébio era realmente um voto para Ario, porque a Bíblia não confirma nada à respeito da doutrina da trindade, Então o compromisso de Eusébio foi rejeitado. O imperador Constantino, embora ignorante com relação aos fatos teológicos que estavam então em discussão, mas ansioso por alcançar unidade, apoiou Atanásio. A maioria dos bispos presentes assinaram então finalmente o credo formulado pelo grupo Atanasiano. Aqueles que não assinaram, incluindo Ario, Eusébio de Nicomédia e Teognis de Nicéia, foram banidos e seus livros queimados publicamente.
Isto, entretanto, não foi o fim. O debate prosseguiu por quarenta e seis anos. Ario e seus colaboradores foram chamados de volta do exílio dentro de três a cinco anos após o Concílio de Nicéia. Atanásio foi deposto por um grande Concílio em Tiro em 335 a .D., sendo deportado para Gaul. Ario morreu em 336. Durante os anos que se sucederam, os seguidores de Ario e Atanásio alternadamente foram banidos e chamados de volta, já que vários imperadores que governavam o império favoreciam ou uma ou outra teoria. O trinitarianismo não tornou-se a dominante e “ortodoxa” doutrina da cristandade até que Teodósio tornou-se imperador (379). Teodósio foi o imperador que fez do cristianismo a religião estatal. A união da Igreja e estado pavimentaram o caminho para a ascenção da Igreja Católica Romana.
Teodósio convocou um Concílio em Constantinopla, que se reuniu em 381 a .D. Foi assistido por cerca de cento e cinquenta bispos do oriente. No credo adotado, o trinitarianismo foi feito doutrina oficial da Igreja nas fronteiras do império. Todos os que discordaram foram expulsos de seus púlpitos e excomungados de suas Igrejas. Era o regime totalitário dos imperadores romanos e mais tarde da Igreja Católica Romana que possibilitaram a doutrina da trindade manter seu lugar.
Muitos, mesmo fora da Igreja Católica Romana, continuaram a crer no ensino bíblico concernente a unidade de Deus. A região norte da Europa, convertida pelo missionário Ulfilas (Morreu em 381), abraçou a doutrina do Cristianismo Ariano que ensinava. Isto foi muitos séculos antes dos Ostrogodos, Visigodos, Burgúndios, Vândalos, Lombardos, e outros povos do norte Europeu terem finalmente se entregado à crença na Trindade, tornando-se eventualmente parte da Igreja Católica Romana. A história da Igreja e a história da doutrina revelam muitos crentes que através de todos os vinte séculos da era Cristã tem repudiado a teoria da trindade.
De aproximadamente meados da morte do último discípulo, até o fim do segundo século DC, surgiram eclesiásticos que são hoje conhecidos por apologistas. Escreveram para defender o cristianismo, que eles conheciam, das filosofias hostis prevalecentes no mundo romano daquela época. Sua obra apareceu perto do fim, e depois, do período dos escritos dos Pais Apostólicos.
Justino, o Mártir, Taciano, Atenágoras, Teófilo e Clemente, de Alexandria, estavam entre os apologistas que escreveram em grego. Tertuliano foi um apologista que escreveu em latim. Será que ensinavam a Trindade? — três pessoas co-iguais (Pai, Filho e Espírito Santo) numa Divindade, cada pessoa um Deus verdadeiro, sem que haja, contudo, três Deuses, mas apenas um Deus?
“Justino [o Mártir] ensinou que antes da criação do mundo Deus estava sozinho e não existia nenhum Filho. . . . Quando Deus desejou criar o mundo, . . . gerou outro ser divino para criar o mundo para ele. Esse ser divino foi chamado . . . Filho, porque nasceu; foi chamado Logos, porque foi tomado da Razão ou Mente de Deus. . . .
Justino e os outros apologistas, portanto, ensinavam que o Filho é uma criatura. Ele é uma criatura elevada, uma criatura suficientemente poderosa para criar o mundo, mas, não obstante, uma criatura. Na teologia, esta relação do Filho com o Pai se chama subordinacionismo. O Filho é subordinado, isto é, secundário ao Pai, dependente dele e causado por ele. Os apologistas eram subordinacionistas.”
Note, porém, que, ao passo que Justino chama de “Deus” ao Filho, nunca diz que o Filho seja um de três pessoas iguais, sendo cada um deles Deus, mas formando os três apenas um Deus. Em vez disso, ele diz em seu Diálogo com Trífon: “Há . . . outro Deus e Senhor [o pré-humano Jesus] sujeito ao Criador de todas as coisas [Deus Todo-Poderoso]; que [o Filho] é chamado também de Anjo, porque Ele [o Filho] anuncia aos homens o que quer que o Criador de todas as coisas — acima de quem não há outro Deus — deseja que lhes anuncie. . . .
[O Filho] é distinto Daquele que fez todas as coisas, — numericamente, quero dizer, não [distinto] na vontade.”
Há uma passagem interessante na Primeira Apologia de Justino, no capítulo 6, em que ele faz uma defesa contra a acusação da parte dos pagãos de que os cristãos são ateístas. Ele escreve:
“Tanto Ele [Deus] como o Filho (que se originou Dele e nos ensinou estas coisas, e a hoste de outros anjos bons que o seguem e são feitos semelhantes a Ele), e o Espírito profético, veneramos e adoramos.”
A respeito de Clemente, de Alexandria, lemos o seguinte em The Church of the First Three Centuries: “Poderíamos citar numerosas passagens de Clemente em que a inferioridade do Filho é distintamente afirmada. . . .
Ficamos espantados de que qualquer pessoa que leia Clemente com atenção normal possa imaginar por um único instante que ele considerasse o Filho numericamente idêntico — um — com o Pai. Sua natureza dependente e inferior, conforme se parece a nós, é reconhecida em toda a parte. Clemente acreditava que Deus e o Filho eram numericamente distintos; em outras palavras, dois seres — um supremo, o outro subordinado.”
O conceito de Tertuliano sobre Pai, Filho e espírito santo era bem diferente da Trindade da cristandade, pois ele era subordinacionista. Ele considerava o Filho subordinado ao Pai. Na obra Against Hermogenes (Contra Hermógenes), ele escreveu: “Não devemos supor que haja algum outro ser, exceto unicamente Deus, que seja não gerado e incriado. . . . Como pode algo, exceto o Pai, ser mais velho, e por isso deveras mais nobre, do que o Filho de Deus, o Verbo unigênito e primogênito? . . . Esse [Deus] que não precisou de um Criador para lhe dar existência, será muito mais elevado em categoria do que [o Filho] que teve um autor que o trouxe à existência.”
Também, na obra Against Praxeas, ele mostra que o Filho é diferente do Todo-Poderoso Deus e é subordinado a ele, ao dizer: “O Pai é a inteira substância, mas o Filho é uma derivação e parcela do todo, conforme Ele Próprio reconhece: ‘Meu Pai é maior do que eu.' . . . Assim, o Pai é distinto do Filho, sendo maior do que o Filho, visto que um é Aquele que o gera e outro Aquele que é gerado; também, um é Aquele que envia, e outro Aquele que é enviado; e, além disso, Aquele que cria é um, e Aquele por meio de quem a coisa é feita é outro.”
O mesmo se dá também com respeito a outros escritores do segundo e terceiro séculos, tais como Irineu, Hipólito, Orígenes, Cipriano e Novaciano. Embora alguns tenham igualado o Pai e o Filho em certos respeitos, em outros eles consideravam o Filho subordinado a Deus, o Pai. E nenhum deles sequer especulou que o espírito santo fosse igual ao Pai e ao Filho. Por exemplo, Orígenes (c. 185 a 254 EC) declara que o Filho de Deus é “o Primogênito de toda a criação” e que as Escrituras “conhecem a Ele como a mais antiga das obras de criação”.
O trinitarianismo não é uma doutrina Bíblica. Esta teoria não é mencionada e nem tampouco ensinada na Bíblia.
As palavras “trindade” e “triúno” jamais foram usadas pelos escritores Bíblicos. A doutrina da trindade era desconhecida pelos Israelitas do Velho Testamento e pelos Cristãos do Novo Testamento.
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Abraços,
Re: Re.: Matei a charada da Trindade
Enviado: 06 Jun 2006, 06:47
por carlo
Eu já tinha lido este texto no seu site, o Ingerssoll era realmente um pesadelo para os crentes.