Ratos de porão
Enviado: 03 Jun 2006, 17:04
Jornal do Commercio
Disparos contra a Igreja, Lula e as bandas “emo”
Publicado em 03.06.2006
Com 25 anos de estrada, o Ratos de Porão já passou por muitas. Do hardcore tosco de início de carreira, alçou vôo rumo à mistura com o thrash metal, chegando a uma sonoridade única, indefinível, respeitada por punks e headbangers em todo o mundo. Agora, com Homem inimigo do homem, a banda de João Gordo (vocal), Jão (guitarra), Boka (bateria) e Juninho (baixo) voltou aos idos de 1986, quando detonou os rótulos ao ser uma das pioneiras do crossover.
O disco começa com uma pancada, Pedofilia santa, onde a guitarra de Jão cospe riffs que poderiam estar em qualquer um dos discos lançados entre 1986 e 1991 (vide Descanse em paz, Cada dia mais sujo e agressivo, Brazil e Anarkophobia). Rapidez, sujeira e velocidade formam a cama ideal para o Gordo vociferar contra a igreja e o papa Bento XVI.
Expresso da escravidão vai fundo no mix de hardcore e thrash metal, com bumbos duplos propositais no refrão. “Sentimos falta disso no último disco, Onisciente coletivo”, conta Jão. Equivocado é a tal faixa em que o emocore é esculhambado. Não é tão marcante, a não ser pela parte em que Gordo desanca as bandas Good Charlotte e Simple Plan, queridinhas da mesma MTV onde o vocalista “trampa”.
Quem te viu... é um sermão no presidente Lula. Crítica ao velho estilo RDP. Mas, em comparação com outras músicas similares de outros discos (Velhus decréptus, Plano furado I e II ou Suposicollor, por exemplo), esta aqui sai perdendo do ponto de vista musical.
Duas coisas se destacam neste disco. Uma é a variação vocal de Gordo, que usa vocalizações guturais, rasgadas e berradas, quase sempre ininteligíveis, mas exatamente do jeito que as rodas de pogo gostam. A outra é a performance do guitarrista Jão. Os riffs estão mais bem delineados, o timbre mais sujo e até os solos mais bem resolvidos.
Coisa de quem tem muita estrada nas costas e sabe o que está fazendo. “Não estamos atrás de mais público. Chegamos a uma sonoridade típica do RDP”, adverte Jão. Bom para quem já conhece e gosta de Ratos de Porão. (W.G.)
Disparos contra a Igreja, Lula e as bandas “emo”
Publicado em 03.06.2006
Com 25 anos de estrada, o Ratos de Porão já passou por muitas. Do hardcore tosco de início de carreira, alçou vôo rumo à mistura com o thrash metal, chegando a uma sonoridade única, indefinível, respeitada por punks e headbangers em todo o mundo. Agora, com Homem inimigo do homem, a banda de João Gordo (vocal), Jão (guitarra), Boka (bateria) e Juninho (baixo) voltou aos idos de 1986, quando detonou os rótulos ao ser uma das pioneiras do crossover.
O disco começa com uma pancada, Pedofilia santa, onde a guitarra de Jão cospe riffs que poderiam estar em qualquer um dos discos lançados entre 1986 e 1991 (vide Descanse em paz, Cada dia mais sujo e agressivo, Brazil e Anarkophobia). Rapidez, sujeira e velocidade formam a cama ideal para o Gordo vociferar contra a igreja e o papa Bento XVI.
Expresso da escravidão vai fundo no mix de hardcore e thrash metal, com bumbos duplos propositais no refrão. “Sentimos falta disso no último disco, Onisciente coletivo”, conta Jão. Equivocado é a tal faixa em que o emocore é esculhambado. Não é tão marcante, a não ser pela parte em que Gordo desanca as bandas Good Charlotte e Simple Plan, queridinhas da mesma MTV onde o vocalista “trampa”.
Quem te viu... é um sermão no presidente Lula. Crítica ao velho estilo RDP. Mas, em comparação com outras músicas similares de outros discos (Velhus decréptus, Plano furado I e II ou Suposicollor, por exemplo), esta aqui sai perdendo do ponto de vista musical.
Duas coisas se destacam neste disco. Uma é a variação vocal de Gordo, que usa vocalizações guturais, rasgadas e berradas, quase sempre ininteligíveis, mas exatamente do jeito que as rodas de pogo gostam. A outra é a performance do guitarrista Jão. Os riffs estão mais bem delineados, o timbre mais sujo e até os solos mais bem resolvidos.
Coisa de quem tem muita estrada nas costas e sabe o que está fazendo. “Não estamos atrás de mais público. Chegamos a uma sonoridade típica do RDP”, adverte Jão. Bom para quem já conhece e gosta de Ratos de Porão. (W.G.)