Materialistas x Crentes
Enviado: 14 Nov 2005, 21:15
O conflito surgido entre ciência e religião no fundo não passa de um mal-entendido entre as duas. O materialismo científico introduziu apenas uma nova hipótese, e isso constitui um pecado intelectual. Ele deu um nome novo ao princípio supremo da realidade, pensando, com isso, haver criado algo inédito e destruído algo antigo. Designar o princípio do ser como Deus, matéria, energia, ou o quer que seja, nada cria de novo. Troca-se apenas de símbolo. O materialista é um metafísico malgré lui(malgrado seu). O crente, por outro lado, procura manter-se em estado espiritual primitivo por motivos meramente sentimentais. Não se mostra disposto a abandonar a relação infantil primitiva com as imagens criadas pelo espírito. Prefere continuar gozando da confiança e da segurança que lhe oferece um mundo em que pais poderosos, responsáveis e bondosos exercem a vigilância. A fé implica, potencialmente, um sacrificium intellectus (desde que o intelecto exista para ser sacrificado), mas nunca um sacrifício dos sentimentos. Assim, os crentes permanecem em estado infantil, em vez de se tornarem crianças, e não encontram a sua vida, porque não a perdem. Acresce ainda que a fé entra em choque com a ciência, recebendo desse modo a sua recompensa, pois se nega a tomar parte na aventura espiritual de nossa época.
Qualquer pensador honesto é obrigado a reconhecer a insegurança de todas as posturas metafísicas, em especial a insegurança de qualquer conhecimento através da fé. É também obrigado a reconhecer a natureza insustentável de quaisquer afirmações e admitir que não existe uma possibilidade de provar que a inteligência humana é capaz de arrancar-se a si mesma do tremedal, puxando-se pelos próprios cabelos. Por isso é muito duvidoso saber se o espírito humano tem condições de provar a existência de algo transcendental.
O materialismo é uma reação metafísica contra a intuição súbita de que o conhecimento é uma faculdade espiritual ou uma projeção, quando seus limites ultrapassam os da esfera humana. Essa reação era "metafísica" na medida em que o homem de formação filosófica mediana não podia encarar a hipóstase que daí resultaria necessariamente. Não percebia que a matéria não passava de outro nome utilizado para designar o princípio supremo da existência. Inversamente, a atitude de fé mostra-nos como as pessoas resistem em acolher a crítica filosófica. Mostra-nos também como é grande o temor de terem de abandonar a segurança da infância para se lançarem a um mundo estranho e desconhecido, mundo regido por forças para as quais o homem é indiferente. Fundamentalmente, nada se alera nos dois casos: o homem e o ambiente que o cerca permanecem idênticos. O homem precisa apenas tomar consciência de que está contido na sua própria psique e que nem mesmo em estado de demência poderá ultrapassar estes limites. Também deve reconhecer que a forma de manifestação de seu mundo ou de seus deuses depende, em grande parte, de sua própria constituição espiritual.
Qualquer pensador honesto é obrigado a reconhecer a insegurança de todas as posturas metafísicas, em especial a insegurança de qualquer conhecimento através da fé. É também obrigado a reconhecer a natureza insustentável de quaisquer afirmações e admitir que não existe uma possibilidade de provar que a inteligência humana é capaz de arrancar-se a si mesma do tremedal, puxando-se pelos próprios cabelos. Por isso é muito duvidoso saber se o espírito humano tem condições de provar a existência de algo transcendental.
O materialismo é uma reação metafísica contra a intuição súbita de que o conhecimento é uma faculdade espiritual ou uma projeção, quando seus limites ultrapassam os da esfera humana. Essa reação era "metafísica" na medida em que o homem de formação filosófica mediana não podia encarar a hipóstase que daí resultaria necessariamente. Não percebia que a matéria não passava de outro nome utilizado para designar o princípio supremo da existência. Inversamente, a atitude de fé mostra-nos como as pessoas resistem em acolher a crítica filosófica. Mostra-nos também como é grande o temor de terem de abandonar a segurança da infância para se lançarem a um mundo estranho e desconhecido, mundo regido por forças para as quais o homem é indiferente. Fundamentalmente, nada se alera nos dois casos: o homem e o ambiente que o cerca permanecem idênticos. O homem precisa apenas tomar consciência de que está contido na sua própria psique e que nem mesmo em estado de demência poderá ultrapassar estes limites. Também deve reconhecer que a forma de manifestação de seu mundo ou de seus deuses depende, em grande parte, de sua própria constituição espiritual.