Armas russas na Venezuela
Enviado: 07 Jun 2006, 14:52
Financial Times
Chávez fabricará fuzis Kalashnikov na Venezuela
Andy Webb-Vidal
em Caracas
A Venezuela deverá construir a primeira fábrica de armas Kalashnikov na América Latina, segundo um acordo com a Rússia que gerou temores em Washington quanto à iniciativa do país sul-americano rico em petróleo.
O governo de Hugo Chávez recebeu no último final de semana 30 mil fuzis de assalto Kalashnikov AK-103 novos da Rússia. Esta foi a primeira remessa de um contrato no valor de US$ 54 milhões (42 milhões de euros) para a aquisição de 100 mil unidades da arma preferida pelas guerrilhas de todo o mundo.
O acordo - que inclui a remessa de munições e uma licença para a construção da fábrica de Kalashnikovs - ocorreu no momento em que os Estados Unidos procuram impor uma proibição de vendas de armas para Caracas, depois de alegarem que Chávez tem uma "afinidade ideológica" pelos "terroristas" colombianos.
Chávez disse que Mikhail Kalashnikov, 86, o inventor da arma, visitará o local onde a fábrica será construída. Mas ele não especificou a data de início da construção.
A Venezuela alega que os Estados Unidos têm planos secretos para invadir o país, e que o programa de aquisição de armamentos visa a modernizar as defesas venezuelanas. Mas as autoridades do Pentágono, que há muito se sentem desconfortáveis com aquilo que vêem como esforços de Chávez - um presidente financiado pelo petróleo - no sentido de minar a democracia na região, estão ficando intranqüilas à medida que as promessas do presidente venezuelano de adquirir armamentos se materializam.
Em uma entrevista ao "Financial Times", o general do exército dos Estados Unidos, Frederic Rudesheim, vice-diretor de questões político-militares para o hemisfério ocidental e membro do Estado Maior das Forças Armadas norte-americanas, disse que a aquisição de armas por parte da Venezuela "desestabilizaria" a região.
"Quando se presencia uma compra dessa magnitude por parte de um governo, uma aquisição que está tão fora de sintonia com as necessidades desse governo, isto significa que estamos nos deparamos com um fato desestabilizador", disse ele.
Chávez insistiu no final de semana que o acordo não representa uma ameaça aos seus vizinhos, como a Colômbia, um aliado próximo dos Estados Unidos. "A Venezuela não ameaçará ninguém", disse ele. "No entanto, ninguém deve se iludir. Nós estaremos prontos a fazer qualquer coisa para defender a nossa soberania".
Autoridades venezuelanas dizem que os 100 mil AK-103 substituirão o arsenal de velhos fuzis belgas FAL, que serão armazenados para serem usados por uma força crescente de reservistas do exército que estão sendo treinados em técnicas de guerrilha.
José Vicente Rangel, vice-presidente, disse que o acordo envolveu certificados legítimos de usuários finais. "Nenhum cão de guerra está envolvido no negócio".
A última grande aquisição de Kalashnikovs por um governo latino-americano - 10 mil AK-47 comprados da Jordânia pelo Peru em 1999 - foi desviada pelo ex-chefe do serviço de inteligência peruano, Vladimiro Montesinos, para rebeldes colombianos. Mas os Estados Unidos temem que as armas caiam nas mãos de grupos pró-Chávez na Venezuela, assim como nas dos rebeldes colombianos ou até que sejam transferidas para locais mais distantes.
"Sabemos que os venezuelanos estão também tentando armar as suas milícias, de forma que estamos falando de mais gente sendo armada", criticou o general Rudesheim. "A necessidade de tais milícias é uma outra questão polêmica".
A Venezuela está também comprando embarcações de patrulha da Espanha, pelo menos 15 helicópteros da Rússia e possivelmente caças Sukhoi de Moscou.
Chávez anunciou que é "muito provável" que os primeiros Sukhois sejam vistos no mês que vem, durante uma exibição da força aérea no dia da independência do país.
No auge da guerra fria, o Kalashnikov modelo AK-47 também foi fabricado em diversos países do antigo bloco soviético na Europa Oriental, assim como na China e na Coréia do Norte.
Chávez fabricará fuzis Kalashnikov na Venezuela
Andy Webb-Vidal
em Caracas
A Venezuela deverá construir a primeira fábrica de armas Kalashnikov na América Latina, segundo um acordo com a Rússia que gerou temores em Washington quanto à iniciativa do país sul-americano rico em petróleo.
O governo de Hugo Chávez recebeu no último final de semana 30 mil fuzis de assalto Kalashnikov AK-103 novos da Rússia. Esta foi a primeira remessa de um contrato no valor de US$ 54 milhões (42 milhões de euros) para a aquisição de 100 mil unidades da arma preferida pelas guerrilhas de todo o mundo.
O acordo - que inclui a remessa de munições e uma licença para a construção da fábrica de Kalashnikovs - ocorreu no momento em que os Estados Unidos procuram impor uma proibição de vendas de armas para Caracas, depois de alegarem que Chávez tem uma "afinidade ideológica" pelos "terroristas" colombianos.
Chávez disse que Mikhail Kalashnikov, 86, o inventor da arma, visitará o local onde a fábrica será construída. Mas ele não especificou a data de início da construção.
A Venezuela alega que os Estados Unidos têm planos secretos para invadir o país, e que o programa de aquisição de armamentos visa a modernizar as defesas venezuelanas. Mas as autoridades do Pentágono, que há muito se sentem desconfortáveis com aquilo que vêem como esforços de Chávez - um presidente financiado pelo petróleo - no sentido de minar a democracia na região, estão ficando intranqüilas à medida que as promessas do presidente venezuelano de adquirir armamentos se materializam.
Em uma entrevista ao "Financial Times", o general do exército dos Estados Unidos, Frederic Rudesheim, vice-diretor de questões político-militares para o hemisfério ocidental e membro do Estado Maior das Forças Armadas norte-americanas, disse que a aquisição de armas por parte da Venezuela "desestabilizaria" a região.
"Quando se presencia uma compra dessa magnitude por parte de um governo, uma aquisição que está tão fora de sintonia com as necessidades desse governo, isto significa que estamos nos deparamos com um fato desestabilizador", disse ele.
Chávez insistiu no final de semana que o acordo não representa uma ameaça aos seus vizinhos, como a Colômbia, um aliado próximo dos Estados Unidos. "A Venezuela não ameaçará ninguém", disse ele. "No entanto, ninguém deve se iludir. Nós estaremos prontos a fazer qualquer coisa para defender a nossa soberania".
Autoridades venezuelanas dizem que os 100 mil AK-103 substituirão o arsenal de velhos fuzis belgas FAL, que serão armazenados para serem usados por uma força crescente de reservistas do exército que estão sendo treinados em técnicas de guerrilha.
José Vicente Rangel, vice-presidente, disse que o acordo envolveu certificados legítimos de usuários finais. "Nenhum cão de guerra está envolvido no negócio".
A última grande aquisição de Kalashnikovs por um governo latino-americano - 10 mil AK-47 comprados da Jordânia pelo Peru em 1999 - foi desviada pelo ex-chefe do serviço de inteligência peruano, Vladimiro Montesinos, para rebeldes colombianos. Mas os Estados Unidos temem que as armas caiam nas mãos de grupos pró-Chávez na Venezuela, assim como nas dos rebeldes colombianos ou até que sejam transferidas para locais mais distantes.
"Sabemos que os venezuelanos estão também tentando armar as suas milícias, de forma que estamos falando de mais gente sendo armada", criticou o general Rudesheim. "A necessidade de tais milícias é uma outra questão polêmica".
A Venezuela está também comprando embarcações de patrulha da Espanha, pelo menos 15 helicópteros da Rússia e possivelmente caças Sukhoi de Moscou.
Chávez anunciou que é "muito provável" que os primeiros Sukhois sejam vistos no mês que vem, durante uma exibição da força aérea no dia da independência do país.
No auge da guerra fria, o Kalashnikov modelo AK-47 também foi fabricado em diversos países do antigo bloco soviético na Europa Oriental, assim como na China e na Coréia do Norte.