Linha Cética:O Retorno
Enviado: 08 Jun 2006, 20:46
Comentando o Blog do Aurélio
http://www.pesquisapsi.com/linhacetica/ ... cao-existe
Muitas pessoas nos escrevem perguntando se reencarnação existe, ou se a parapsicologia "prova" que reencarnação existe.
Há milhares de relatos,
...pessoas que dizem, alegam lembrar-se de vivências passadas. Apressadamente, alguns preferem interpretar tais alegações como prova da reencarnação, algo que nem mesmo os que têm inclinação por esta interpretação o fazem, preferindo utilizar a expressão "casos sugestivos de reencarnação".
É papel da ciência e, especificamente da Pesquisa Psi, avaliar quaisquer alegações paranormais, dentre elas as de lembranças de vidas passadas. Avaliar alegações de lembranças de vidas passadas, NÃO SIGNIFICA ASSUMIR a existência de vidas passadas. Da mesma forma como estudar qualquer outra alegação paranormal NÃO SIGNIFICA ASSUMIR a existência, de modo apriorístico, de qualquer processo paranormal.
É prematuro e, portanto, equivocado, afirmar-se que tais relatos sejam reais lembranças de vidas passadas. Minha tese básica é que, para se falar em lembranças dessa natureza, seria necessário já ter excluído alternativas mais prosaicas, como a influência do meio cultural (e, por conseguinte, do grupo mais próximo) e, ter excluído a outra alternativa que têm sido levantada por outros pesquisadores, a da percepção extra-sensorial. Relativamente à hípótese de influência do meio cultural: as pesquisas revelam prevalência de casos em regiões culturalmente "adeptas" à crença da reencarnação, o que torna essa hipótese extremamente forte. Por seu turno, a hipótese de percepção extra-sensorial ainda NÃO PODE SER EXCLUÍDA já que, nem sua existência e, portanto, nem seus possíveis limites foram estabelecidos.
Ou seja, nesse momento histórico-científico, não se pode excluir que as informações relatadas por alguém que sejam provenientes de seu ambiente cultural ou (quando as informações são confirmadas) pela possível manifestação da percepção extra-sensorial. Esta última possibilidade é aventada dada a existência de evidências empíricas da percepção extra-sensorial, ainda que sejam consideradas como prova da existência desse processo.
Sobre a hipotese de influência do meio cultural, Matlock, em seu livro "Estudos de Caso de Memórias de Vidas Passadas", assim aborda a questão:
A característica mais fortemente associada com crenças é a ocorrência de casos de mudança de sexo (Seção 3.4.4). Os casos de mudança de sexo não são encontrados (ou são achados com raridade extrema) em culturas em que é acreditado ser impossível mudar de sexo entre vidas. No entanto, algumas outras crenças não são refletidas nos casos. Isto é verdadeiro com relação à crença na possibilidade de reencarcar como animais não humanos (Seção 2.5.2) e em reencarnar em mais de uma pessoa ao mesmo tempo (Seciona 2.6). É também verdadeiro em relação ao carma, se pensado estritamente num sentido punitivo ou vingativo (ver Stevenson, 1987a, pp. 258-259). A hipótese de reencarnação pode diretamente levantar dúvidas à hipótese psicocultural por que, se casos de memórias de vidas passadas são derivados puramente das crenças, tais crenças importantes não são refletidas mais freqüentemente nos casos.
Além do mais, algumas características ocorrem universalmente, aparentemente bem à parte das crenças. Memórias visuais, verbais, comportamentais, e físicas são característica dos casos onde quer que eles sejam achados. Em casos com alegações verbais, os indivíduos em toda parte primeiro mencionam lembranças de uma vida prévia numa idade muito precoce (entre as idades de dois e cinco), e em toda parte tais alegações são ditas cessarem na maioria dos casos depois de alguns anos (entre as idades de cinco e oito). Em quase toda cultura os machos superam as fêmeas como indivíduos (Seção 3.3), e pessoas prévias morreram de mortes violentas com uma freqüência bem acima da incidência de morte violenta na cultura (Seção 3.4.7). Parece que em várias culturas, quanto mais jovem o indivíduo, mais provável é das memórias surgirem sem estímulo (Seção 3.5.3).
A hipótese psicocultural também não explica bem a ocorrência de casos com características semelhantes em lugares onde a reencarnação é um conceito estrangeiro, tais como a Europa e os Estados Unidos. Certamente subculturas que acreditam na reencarnação podem ser achadas no Ocidente, mas as crenças são prováveis de serem relacionadas a memórias adultas, por regressões hipnóticas de idade, ou leituras de vidas passadas de sensitivos — não a crianças jovens que, além de alegar memórias de vidas prévias, comporta-se de forma incomum e sustentam marcas de nascimentos estranhas ou outros sinais físicos.
Quanto à hipótese de Percepção Extra-Sensorial, como ela não é falseável, já que qualquer caso poderia teoricamente ser explicado por retrocognição, sem jamais ser demonstrada estar errada a hipótese, não é uma hipótese científica, logo não sendo necessária ser levada em consideração. Ainda assim, mesmo se considerássemos tal hipótese embora não científica, mas ao menos possível, Matlock afirma que "uma explicação simples de ESP não pode explicar prontamente por que alguns indivíduos têm dificuldade para reconhecer pessoas e lugares que mudaram substancialmente desde a morte da pessoa prévia. Apenas ESP também teria dificuldade para produzir memórias comportamentais e físicas".
Não é válido, portanto, dizer que "para se falar em lembranças dessa natureza, seria necessário já ter excluído alternativas mais prosaicas, como a influência do meio cultural (e, por conseguinte, do grupo mais próximo) e, ter excluído a outra alternativa que têm sido levantada por outros pesquisadores, a da percepção extra-sensorial". Além de haver dúvidas quanto ao valor científico da hipótese psi, já há evidências suficientes que mostram que a influência do meio cultural não é suficiente para explicar tais casos.
Não pretendo aqui "excluir" por completo as explicações alternativas à reencarnação. Lembro que na Física, co-existem múltiplas teorias da origem do Universo [p.ex:Big Bang, Universo inflacionário], todas respeitáveis, algumas com mais ou menos evidências que as outras, mas nenhuma é descartada ou "deixada de molho" até que a outra seja excluída por completo: TODAS são trabalhadas pelos cientistas.
Um abraço,
Vitor
http://www.pesquisapsi.com/linhacetica/ ... cao-existe
Muitas pessoas nos escrevem perguntando se reencarnação existe, ou se a parapsicologia "prova" que reencarnação existe.
Há milhares de relatos,
...pessoas que dizem, alegam lembrar-se de vivências passadas. Apressadamente, alguns preferem interpretar tais alegações como prova da reencarnação, algo que nem mesmo os que têm inclinação por esta interpretação o fazem, preferindo utilizar a expressão "casos sugestivos de reencarnação".
É papel da ciência e, especificamente da Pesquisa Psi, avaliar quaisquer alegações paranormais, dentre elas as de lembranças de vidas passadas. Avaliar alegações de lembranças de vidas passadas, NÃO SIGNIFICA ASSUMIR a existência de vidas passadas. Da mesma forma como estudar qualquer outra alegação paranormal NÃO SIGNIFICA ASSUMIR a existência, de modo apriorístico, de qualquer processo paranormal.
É prematuro e, portanto, equivocado, afirmar-se que tais relatos sejam reais lembranças de vidas passadas. Minha tese básica é que, para se falar em lembranças dessa natureza, seria necessário já ter excluído alternativas mais prosaicas, como a influência do meio cultural (e, por conseguinte, do grupo mais próximo) e, ter excluído a outra alternativa que têm sido levantada por outros pesquisadores, a da percepção extra-sensorial. Relativamente à hípótese de influência do meio cultural: as pesquisas revelam prevalência de casos em regiões culturalmente "adeptas" à crença da reencarnação, o que torna essa hipótese extremamente forte. Por seu turno, a hipótese de percepção extra-sensorial ainda NÃO PODE SER EXCLUÍDA já que, nem sua existência e, portanto, nem seus possíveis limites foram estabelecidos.
Ou seja, nesse momento histórico-científico, não se pode excluir que as informações relatadas por alguém que sejam provenientes de seu ambiente cultural ou (quando as informações são confirmadas) pela possível manifestação da percepção extra-sensorial. Esta última possibilidade é aventada dada a existência de evidências empíricas da percepção extra-sensorial, ainda que sejam consideradas como prova da existência desse processo.
Sobre a hipotese de influência do meio cultural, Matlock, em seu livro "Estudos de Caso de Memórias de Vidas Passadas", assim aborda a questão:
A característica mais fortemente associada com crenças é a ocorrência de casos de mudança de sexo (Seção 3.4.4). Os casos de mudança de sexo não são encontrados (ou são achados com raridade extrema) em culturas em que é acreditado ser impossível mudar de sexo entre vidas. No entanto, algumas outras crenças não são refletidas nos casos. Isto é verdadeiro com relação à crença na possibilidade de reencarcar como animais não humanos (Seção 2.5.2) e em reencarnar em mais de uma pessoa ao mesmo tempo (Seciona 2.6). É também verdadeiro em relação ao carma, se pensado estritamente num sentido punitivo ou vingativo (ver Stevenson, 1987a, pp. 258-259). A hipótese de reencarnação pode diretamente levantar dúvidas à hipótese psicocultural por que, se casos de memórias de vidas passadas são derivados puramente das crenças, tais crenças importantes não são refletidas mais freqüentemente nos casos.
Além do mais, algumas características ocorrem universalmente, aparentemente bem à parte das crenças. Memórias visuais, verbais, comportamentais, e físicas são característica dos casos onde quer que eles sejam achados. Em casos com alegações verbais, os indivíduos em toda parte primeiro mencionam lembranças de uma vida prévia numa idade muito precoce (entre as idades de dois e cinco), e em toda parte tais alegações são ditas cessarem na maioria dos casos depois de alguns anos (entre as idades de cinco e oito). Em quase toda cultura os machos superam as fêmeas como indivíduos (Seção 3.3), e pessoas prévias morreram de mortes violentas com uma freqüência bem acima da incidência de morte violenta na cultura (Seção 3.4.7). Parece que em várias culturas, quanto mais jovem o indivíduo, mais provável é das memórias surgirem sem estímulo (Seção 3.5.3).
A hipótese psicocultural também não explica bem a ocorrência de casos com características semelhantes em lugares onde a reencarnação é um conceito estrangeiro, tais como a Europa e os Estados Unidos. Certamente subculturas que acreditam na reencarnação podem ser achadas no Ocidente, mas as crenças são prováveis de serem relacionadas a memórias adultas, por regressões hipnóticas de idade, ou leituras de vidas passadas de sensitivos — não a crianças jovens que, além de alegar memórias de vidas prévias, comporta-se de forma incomum e sustentam marcas de nascimentos estranhas ou outros sinais físicos.
Quanto à hipótese de Percepção Extra-Sensorial, como ela não é falseável, já que qualquer caso poderia teoricamente ser explicado por retrocognição, sem jamais ser demonstrada estar errada a hipótese, não é uma hipótese científica, logo não sendo necessária ser levada em consideração. Ainda assim, mesmo se considerássemos tal hipótese embora não científica, mas ao menos possível, Matlock afirma que "uma explicação simples de ESP não pode explicar prontamente por que alguns indivíduos têm dificuldade para reconhecer pessoas e lugares que mudaram substancialmente desde a morte da pessoa prévia. Apenas ESP também teria dificuldade para produzir memórias comportamentais e físicas".
Não é válido, portanto, dizer que "para se falar em lembranças dessa natureza, seria necessário já ter excluído alternativas mais prosaicas, como a influência do meio cultural (e, por conseguinte, do grupo mais próximo) e, ter excluído a outra alternativa que têm sido levantada por outros pesquisadores, a da percepção extra-sensorial". Além de haver dúvidas quanto ao valor científico da hipótese psi, já há evidências suficientes que mostram que a influência do meio cultural não é suficiente para explicar tais casos.
Não pretendo aqui "excluir" por completo as explicações alternativas à reencarnação. Lembro que na Física, co-existem múltiplas teorias da origem do Universo [p.ex:Big Bang, Universo inflacionário], todas respeitáveis, algumas com mais ou menos evidências que as outras, mas nenhuma é descartada ou "deixada de molho" até que a outra seja excluída por completo: TODAS são trabalhadas pelos cientistas.
Um abraço,
Vitor