Beleza vegetariana

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Beleza vegetariana

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Beleza vegetariana

Por motivos de saúde? Por respeito aos animais? Porque pega bem?
Por que a vida sem carne atrai cada vez mais pessoas?

Ernesto Bernardes, Tânia Nogueira e Rafael Pereira


http://revistaepoca.globo.com/Revista/E ... 21,00.html
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Ela é gaúcha, da terra do churrasco. Seu 1,73 metro de altura sugere um crescimento amparado por uma sólida base de proteínas. Mas a atriz Fernanda Lima, de 27 anos, diz que não mastiga um bife há mais de dois anos. "Fico mais leve para praticar ioga, e minha digestão é melhor", afirma Fernanda, sócia do restaurante vegetariano Maní. "Não acho errado o homem se alimentar de carne. Não quero catequizar ninguém. Mas me preocupo com minha saúde."

Quando Fernanda sai para jantar fora, pede sempre risoto ou salada. Há 20 anos, quem fizesse isso estaria condenado a ser a piada oficial da mesa ("Quantos vegetarianos são necessários para trocar uma lâmpada? Dois: um para rosqueá-la, outro para ver se ela não tem nenhum ingrediente de origem animal"). Hoje, porém, é comum que os amigos se ofereçam para dividir o prato. No Brasil, 28% das pessoas "têm procurado comer menos carne", segundo uma pesquisa sobre hábitos alimentares feita pelo grupo Ipsos. É o segundo maior índice mundial, próximo ao canadense e maior que o britânico. Fica atrás apenas do registrado nos Estados Unidos, onde os hambúrgueres são uma das maiores fontes de doenças cardiovasculares e sentimento de culpa.

No mundo todo, a quantidade de vegetarianos famosos só faz crescer. Entre os estrangeiros, estão estrelas do cinema como Natalie Portman e Brad Pitt, músicos como Paul McCartney, Bob Dylan, Michael Jackson ou Moby e empresários como Steve Jobs. Por aqui, além de Fernanda Lima, a onda vegetariana já arrebanhou a animadora Xuxa, o modelo Paulo Zulu e o ex-piloto de Fórmula 1 Pedro Paulo Diniz (leia o quadro sobre os vegetarianos famosos). Com defensores como esses, o vegetarianismo virou definitivamente um elemento da cultura pop - sim, comida também é cultura.

Para um em cada quatro adolescentes americanos, ser vegetariano é uma atitude "positiva". Por lá, 2,5% da população se considera vegetariana. Não há pesquisas confiáveis no Brasil. Mas o crescimento também é visível. O site da Sociedade Vegetariana Brasileira tem 3 mil acessos por dia. O Congresso Vegetariano Brasileiro e Latino-Americano, marcado para agosto, aguarda 10 mil participantes.

No Orkut, site de relacionamentos mais freqüentado no Brasil, fazem sucesso comunidades como Eu Queria Ser Vegetariano (1.800 membros) ou Sou quase Vegetariano (406). A palavra de ordem nelas é comer menos carne ou, se possível, não comer carne alguma. Elas tratam os carnívoros como fumantes tentando abandonar o cigarro. Em São Paulo, as baladas dos straight edge - freqüentadas por punks contra drogas, álcool e violência - são conhecidas como Verduradas. Nessas baladas, as guitarras gemem enquanto os convidados consomem chicória, couve-flor e suco de clorofila.



A cultura contemporânea está repleta de referências vegetarianas. Até as animações infantis estão cheias de vegetarianos. Em Madagascar, um leão supera seus instintos para não almoçar seu amigo - uma zebra. O Espanta-Tubarões e Procurando Nemo mostram tubarões vegetarianos. Lisa Simpson, a irmã inteligente de Bart Simpson, do desenho animado Os Simpsons, se recusa a comer animais mortos. Phoebe, a loira do seriado Friends, também. Nos Estados Unidos, crianças e adolescentes aderem ao ä vegetarianismo em ritmo duas vezes mais rápido que os adultos. "Quem mais nos procura são os jovens", diz Marly Winckler, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira.


"Antes de sair com os amigos, janto em casa. É muito difícil seguir minha dieta num restaurante"
Kyra Gracie, carioca, ex-campeã mundial de jiu-jítsu, adepta da Dieta Gracie, criada por sua família há três gerações

"A nova geração possui um sentimento difuso de que comer carne é ruim e de que ser vegetariano é, de alguma forma, ser superior", afirma a antropóloga Gisela Black Taschner, especialista em tendências de consumo da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. O mercado já percebeu isso. A venda de produtos saudáveis cresce 15% ao ano. É o suficiente para atrair até indústrias de derivados de carne, como a Sadia e a Perdigão. "Vegetarianos radicais são um grupo muito pequeno. Mas há um crescimento acentuado do que chamo hábito vegetariano: evitar o excesso de carne, principalmente vermelha", afirma Fernanda Oruê, gerente de marketing da Sadia. Para esse público, os grandes frigoríficos fazem hambúrgueres, quibes, lasanhas e nuggets de soja. Empresas menores produzem leite condensado de soja, creme de leite de soja - útil para estrogonofes à base de carne de soja -, ovos de Páscoa com leite de soja e até mortadela de soja. No rótulo de todos os produtos vêm estampados slogans como "escolha saudável".

Guru das modas gastronômicas, o crítico Jeffrey Steingarten, da revista Vogue americana, proclamou que a mais saborosa e eficiente dieta para emagrecer é o cardápio vegetariano do norte da Índia. O francês Alain Passard, chef com cotação máxima no guia francês Michelin, montou um restaurante quase vegetariano - em que peixes e aves só aparecem se o freguês pedir muito. Redutos do carnivorismo, como o restaurante dos Chicago Bears, criaram cardápios vegetarianos. E Charlie Trotter, o mais conceituado chef americano, chegou a criar um cardápio de comida vegetariana crua, para adeptos da corrente que veta o aquecimento de alimentos acima de 42 graus. A dieta de Atkins, que fez sucesso na virada do século pregando o alto consumo de proteínas e gorduras, perdeu 80% de seus adeptos.

Durante séculos vista como o item mais saudável, suculento e valorizado da dieta, a carne parece ter passado do ponto. Por dois motivos. O primeiro - justificativa mais usada por quem se torna vegetariano - é a preocupação com a saúde. Os defensores do vegetarianismo afirmam que não comer carne reduz a mortalidade e a incidência de centenas de doenças (leia o quadro à página 91). O segundo é a preocupação ética cada vez mais freqüente com a matança de animais. Cada uma dessas duas justificativas merece uma análise detida. Comecemos com a primeira: a saúde.



O estatístico Paul Appleby, da Universidade de Oxford, analisou todos os trabalhos disponíveis que comparavam a mortalidade de vegetarianos à dos onívoros. Verificou que os dois maiores estudos já feitos não mostraram diferença significativa entre os dois grupos. Um terceiro estudo, feito com os adventistas americanos, vegetarianos em sua maioria, produziu uma conclusão mais animadora. Vegetariano, Appleby sugeriu que a pequena vantagem vegetariana também poderia ser atribuída a fatores não-dietéticos, como não fumar, praticar mais atividade física ou pertencer a classes sociais mais elevadas. Mesmo assim, de acordo com ele, descontados os fatores externos, a dieta vegetariana "parece conferir um ganho de um e meio a dois anos de vida".
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Re.: Beleza vegetariana

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Os críticos de Appleby dizem que esse ganho em tempo de vida também poderia ser atribuído à religiosidade, comum entre vegetarianos. Em outras pesquisas, a religião já mostrou ter efeito positivo sobre a saúde. Citam como exemplo os mórmons, que comem carne e também têm índices de mortalidade por doença inferiores aos do restante da população. Mas não está excluída a hipótese de que parar de comer carne aumente o tempo de vida. "Muitas pessoas defendem essa teoria de forma quase religiosa", diz o oncologista Drauzio Varella. "Mas ainda não há evidência científica para apoiar essa crença."



Um número também repetido com freqüência afirma que vegetarianos têm 40% menos risco de sofrer de câncer. Mas, segundo alguns especialistas, esse dado precisa ser visto com uma pitada de cautela. "Vegetarianos podem seguir vários tipos de dieta. Onívoros também. E há uma centena de tipos de câncer", diz o cirurgião oncologista Benedito Mauro Rossi, do Instituto do Câncer de São Paulo. "Sabe-se, porém, que consumir 160 gramas de carne por dia aumenta o risco de câncer de intestino em cerca de 30%." Os 160 gramas correspondem a um bife alto ou a dois hambúrgueres. Carnes processadas - como os embutidos - parecem oferecer risco ainda maior, por causa das substâncias usadas no preparo.



Mas fugir dos riscos da carne pode implicar outros perigos. Em teoria, consumir muitos e variados vegetais garante todos os nutrientes necessários. Na prática, nem todos seguem a dieta com capricho. Um dos riscos é a anemia, causada pela falta do ferro presente na carne. Estudos com grupos vegetarianos mostram que esse problema ainda é comum. Dois truques centenários podem ajudar a driblá-lo. Um é cozinhar em panelas de ferro. O outro é beber água em recipientes como os copos usados pelos indianos, com exterior de cobre e interior de ferro. O mineral liberado ajuda a fornecer parte do que faltar na dieta. Para quem come somente vegetais, outro risco comum é a falta de proteínas ou de vitamina B12. Isso pode prejudicar crianças em crescimento, adolescentes e idosos. Mas também é um problema contornável. "Quem come três cereais e uma leguminosa por refeição garante toda a proteína necessária", afirma a nutricionista Késia Quintaes. Por fim, pode faltar cálcio, principalmente para vegetarianos que não consomem laticínios. Nesse caso, é possível recorrer a suplementos.

Se o vegetarianismo radical ainda é um tema controverso e sujeito a riscos, ninguém duvida de que comer menos picanha é um conselho sensato. Nem que seja apenas para perder peso. Para emagrecer, a dieta vegetariana tem os ä mesmos benefícios das outras, afirma a nutricionista Susan Berkow, da Universidade George Mason, na Virgínia. "Emagrecer geralmente resulta em redução da pressão arterial e em menor risco cardíaco", diz ela. Em dezembro, ela publicou um artigo revisando 87 estudos sobre o efeito de dietas vegetarianas. Concluiu que elas têm duas vantagens. Primeiro, os pacientes costumam segui-las por mais tempo. Depois, obtêm uma perda de peso maior que a média das outras dietas. Como resultado, os vegetarianos pesam entre 3% e 20% menos que os comedores de carne.

Muitos adotam a filosofia "semivegetariana". Tentam comer o mínimo de carne possível. "Para eles, carne é apenas um ingrediente. Que não tem nenhum atrativo especial e não é fundamental", diz Reinier Evens, diretor do site Trendwatching. com, especializado em identificar tendências. Uma pesquisa americana mostrou que 60% dos que se diziam vegetarianos tinham comido, nas 24 horas anteriores, algum naco de bife, frango ou peixe. "Estou há seis anos sem carne", diz o cantor Evandro Mesquita, líder da Blitz, de 54 anos. Mas ele admite comer peixe eventualmente, e nem sempre resiste às tentações da carne. "Na última recaída, Tony Bellotto, dos Titãs, não sabia que eu era vegê e me ofereceu um churrasco. Meti o dente", diz ele. Esse grupo também pode ter problemas de digestão. A modelo paulista Daniela Vidotti, de 27 anos, diz que, também num churrasco, beliscou uma lingüiça. "Gostei do sabor, mas não me fez bem. Vomitei a noite inteira", afirma.


"Outro dia, durante um churrasco, belisquei uma lingüiça. Gostei do sabor, mas não me fez bem. Vomitei a noite inteira"
Daniela Vidotti,
paulista, modelo

Algumas dietas de orientação vegetariana são difíceis de administrar. Kyra Gracie, de 20 anos, única mulher a lutar profissionalmente no clã carioca de artes marciais Gracie (ela foi campeã mundial de jiu-jítsu aos 18 anos), segue uma complicada receita familiar criada há três gerações. Além de proibir carne vermelha, ela divide os alimentos em grupos, que podem ou não ser combinados. A dieta é tão complexa que, quando vai sair com amigos, Kyra come antes em casa. Na casa da psicóloga paulista Esther Lançarini Sheid da Costa, de 53 anos, a dificuldade é de outra natureza. Só ela come carne (pouca). O marido é ovolactovegetariano (não come carne, mas come ovos e leite), o filho não come carne vermelha e a filha não come carne de nenhuma espécie.

Há também correntes como o crudivorismo, que defende o consumo de vegetais crus. Os crudivoristas afirmam que, no cozimento, os vegetais perdem boa parte de seus nutrientes. "Não obrigo as pessoas a seguir meus conselhos, mas recomendo que pelo menos 70% dos alimentos que ingerem sejam crus", diz o terapeuta Fernando Travi, o primeiro brasileiro a se tornar um raw-coach, uma espécie de técnico que orienta as pessoas sobre como se alimentar."Eu só ingiro comida crua", diz.

A segunda justificativa normalmente empregada para o vegetarianismo se baseia em argumentos éticos e ambientais. "Escravizar e matar animais é uma variante do racismo. É submeter o mais fraco somente porque pertence a outra espécie", diz o filósofo Peter Singer, da Universidade Princeton, expoente da defesa dos direitos dos animais (leia entrevista à página 93). "Não podemos reclamar que o mundo é horrível se o horror começa em nosso prato", diz a presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira, Marly Winckler.

O gado criado no Brasil freqüentemente é manejado com brutalidade. O abate, em tese, deveria ser feito com um golpe de martelo hidráulico na cabeça, seguido de um corte na garganta, para que o sangue jorrasse para fora do corpo. Mas, como a fiscalização é precária, em muitos abatedouros clandestinos as reses são mesmo abatidas a pauladas. As galinhas de granja não têm destino melhor. São criadas em ambiente permanentemente iluminado para que não parem de comer e sigam botando ovos - até seis por dia, em lugar do único ovo que produziriam em condições naturais. Os pintinhos machos, que não servem para botar, são jogados vivos numa espécie de moedor gigante. A indignação contra esse tipo de tratamento, denunciada em filmes, como o documentário A Carne É Fraca, chega até mesmo aos não-vegetarianos. "Na Europa, uma tendência forte é a dos consumidores que exigem que sua carne provenha de criação orgânica e tenha sido abatida sem crueldade", diz Reinier Evens, do site Trendwatching.com.



Mas as conseqüências ambientais do consumo de carne vão muito além da matança de animais de corte. A criação de gado, somente na Amazônia, nos anos 90, foi responsável pela devastação de uma área duas vezes maior que Portugal. Pode parecer piada, mas os gases emitidos pela digestão das vacas respondem por 70% das emissões brasileiras de gás metano - substância causadora do efeito estufa. Por causa desse efeito, na Austrália cobra-se imposto ambiental sobre cada cabeça de gado. O demógrafo Joel Cohen afirma que, se toda a população da Terra quisesse adotar um padrão de consumo igual ao dos americanos, com a ingestão de 120 quilos de carne por ano, precisaríamos de outros quatro planetas.
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Re.: Beleza vegetariana

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O escritor Michael Pollan analisou a complexidade de manter uma alimentação ética em seu livro O Dilema do Onívoro, publicado no início do ano. Nele, Pollan seguiu do começo ao fim todas as cadeias alimentares possíveis, para avaliar os efeitos ambientais gerados por cada tipo de dieta - da agroindústria americana à caça e coleta dos indígenas. Pollan afirma que comer de tudo - animais e vegetais - foi um dos fatores que levaram a humanidade a evoluir. "Mas quem come de tudo corre o risco de morrer envenenado", diz ele. Por isso, para escolher entre os tipos de alimento, afirma Pollan, os hominídeos desenvolveram o poder de observação e a memória. O homem desenvolveu sua cultura alimentar a partir dos estratagemas para superar as defesas dos animais ou vegetais que comia. Isso incluiu caçar e cozinhar com fogo. Mas Pollan afirma que esse mesmo comportamento levou a espécie humana a desenvolver também um senso de ética. Afinal, um ser que pode comer qualquer coisa (inclusive outros humanos) precisa de regras, rituais. Não somos apenas aquilo que comemos, mas também a forma como comemos.



É esse senso de ética que nos leva a avaliar as conseqüências de nossas dietas. De acordo com Pollan, não apenas a ä produção de carne, mas também a agricultura é hoje profundamente prejudicial ao ambiente. Para plantar é preciso derrubar florestas e matar animais, destruindo seus hábitats ou triturando-os inadvertidamente sob colheitadeiras e tratores. Por isso, comer apenas vegetais também tem conseqüências ambientais. Surpreendendo os ambientalistas, Pollan afirma que uma forma de produção que geraria menos dano ambiental e menos matança de animais, preservando a biodiversidade, seriam as fazendas orgânicas nas quais se incluísse, paradoxalmente, a criação de gado com rotação de pasto. Isso reduziria os efeitos destrutivos da agricultura ou da pecuária extensiva sobre os animais silvestres. E alguns produtos animais, como estrume ou tripas de galinha, poderiam ser usados para reduzir o impacto ambiental das plantações.

Segundo Steven Davis, biólogo da Universidade do Oregon, uma fórmula do gênero seria melhor para o ambiente que a exclusivamente vegetariana. E causaria a morte de 300 milhões de animais a menos por ano, levando em conta tanto animais de corte quanto os silvestres. Pollan conclui que, para o ambiente, a melhor opção seria o homem viver em um regime de caça-coleta, como os índios ianomâmis. Os índios só intervêm na natureza para tirar o alimento necessário a sua sobrevivência. Mas mesmo assim persiste a pergunta: o homem tem o direito de matar animais? Eis uma questão que ganha crescente força no mundo contemporâneo. Diz a atriz Mary Tyler Moore, vegetariana militante: "Pode demorar um pouco, mas uma hora vamos olhar para trás e nos perguntar como era possível que, em pleno século XXI, ainda estivéssemos nos alimentando de animais".
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Re.: Beleza vegetariana

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O certo e o duvidoso nas afirmações mais
comuns sobre vegetarianismo

Vegetarianos vivem mais
Não necessariamente. Os estudos mais amplos sugerem que os vegetarianos vivem tanto quanto os não-vegetarianos que cuidam da dieta e têm renda equivalente

Vegetarianos têm menos câncer
Em termos. Não se encontrou relação conclusiva entre dieta e a maioria dos tipos de câncer. Consumir muita carne, porém, pode aumentar o risco de tumores de intestino

Vegetarianos são mais saudáveis
Sim. Em média, eles são mais magros e têm menos colesterol. Por isso, costumam também ter menos problemas de pressão sanguínea que a média da população

Ser vegetariano emagrece
Sim, de modo geral. Os que consomem queijo e ovo, porém, correm risco semelhante ao dos carnívoros. E vegetarianos radicais têm de tomar cuidado com as batatas fritas

Vegetarianos são anêmicos
Não. A quantidade de proteína necessária é relativamente pequena. Entre os que comem ovos e leite, especialmente, o risco é extremamente baixo

Vegetarianos têm deficiência de proteínas
Não, se cuidarem da alimentação corretamente. O risco é maior entre adolescentes - por displicência ou desinformação - e mulheres grávidas

O vegetarianismo favorece o meio ambiente
Sim. A criação de gado provoca derrubada de florestas e agrava o efeito estufa. O consumo de água e grãos pelos rebanhos dos países ricos é imenso

Somos naturalmente vegetarianos
Não. O homem é mais próximo dos macacos onívoros, como o chimpanzé, que dos vegetarianos, como o gorila. Seu sistema digestivo é preparado para comer de tudo
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Re.: Beleza vegetariana

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Entrevista com o filósofo Peter Singer


Ele é a favor do aborto e condena que se mate animais para comer. O filósofo Peter Singer, professor de bioética na Universidade de Princeton, vegetariano há 35 anos, um dos mais polêmicos pensadores da área. Mas diz que sua filosofia é muito simples: “Evitar o sofrimento ao máximo, para seres humanos e animais”.

Época: Não comer carne sempre foi uma questão ética para o senhor?
Peter Singer: Eu me tornei vegetariano faz 35 anos. Naquela época, esse tema era totalmente ignorado pelos filósofos. Toda a questão moral em torno do tratamento de animais não existia para a filosofia. Mas, para mim, essa já era uma questão ética .

Época: Qual é exatamente a sua posição?
Peter Singer: Não acho que seja justificável submeter animais a sofrimento só porque gostamos do sabor da carne ou porque estamos acostumados. Mas, infelizmente, é isso que a gente faz quando compra um animal para comer. Gostaria de esclarecer que isso só se aplica a pessoas que têm o suficiente para uma dieta saudável composta só de vegetais. Nunca disse que populações em condições de pobreza, que precisam comer o que puderem para se nutrir, deveriam ser vegetarianas. Quem tem outras opções, no entanto, se continuar a consumir carne, especialmente carne produzida segundo os métodos modernos de criação de gado, será responsável por submeter os animais a um grande sofrimento.

Época: O homem não é onívoro por natureza?
Peter Singer: Não sei o que isso dizer. Se quer dizer que não podemos fazer outra coisa, com certeza, isso não é verdade. Há muitos milhões de pessoas que não comem animais. Se quer dizer que essa é a forma como sempre fizemos, é verdade. Mas é irrelevante para determinarmos o que fazer agora.

Época: Na natureza animais comem outros animais.
Peter Singer: Isso não é um argumento. Na natureza, o homem domina a mulher, um homem escraviza o outro. Ninguém argumenta que essas coisas sejam certas.

Época: O que seria um argumento moral válido?
Peter Singer: Um argumento moral tem de ter algumas premissas, deve ser algo que nos guia.

Época: Quem determina as premissas que devemos seguir?
Peter Singer: Ninguém determina. Cada um de nós determina para si próprio. Devemos fazer isso pensando claramente sobre o que fazemos, nos perguntando, por exemplo, se gostaríamos que fizessem conosco o que fazemos com o outro.

Época: Seu pensamento ético se encaixa em alguma escola filosófica ou tradição moral?
Peter Singer: Minha visão moral vem da filosofia utilitária desenvolvida por filósofos ingleses como Jeremy Bentham and John Stuart Mill no do século 19. Mas não acho que, essencialmente, meus argumentos pelo vegetarianismo sejam utilitários. São uma extensão de pensamentos que a maioria das pessoas tem, como a rejeição ao racismo. Uma extensão disso é o que eu chamo de especiesmos, preconceito contra aqueles que não são membros da nossa espécie.

Época: Esse preconceito se volta só contra algumas espécies? Por que comemos bois e porcos e não comemos gatos e cachorros?
Peter Singer: Algumas pessoas comem gatos e cachorros. Isso é cultural. No ocidente, nós não comemos gatos e cachorros, mas, ainda assim, somos preconceituosos em relação a eles. Muitas vezes eles são muito maltratados.

Época: Um dos argumentos que o senhor coloca para não comermos animais é que eles são auto-conscientes. Todo animal é consciente de si mesmo?
Peter Singer: Não. Os animais são conscientes no sentido de que são capazes de sentir dor, pelo menos a maioria (ostras não devem sentir nada). Mas não acredito que todos sejam conscientes de si mesmos. É difícil saber. Eu nunca disse que galinhas, por exemplo, têm consciência de sua existência. Mas elas sentem dor.

Época: O senhor comeria ostras?
Peter Singer: Acho que tudo bem comer uma ostra. Não creio que ostras sintam dor.

Época: Algumas pessoas dizem que plantas têm sentimentos.
Peter Singer: Não há nenhuma evidência de que isso seja realmente verdade.

Época: E se a ciência provar que é verdade?
Peter Singer: Se a ciência provar que é verdade, precisaremos arrumar formas de reduzir esse sofrimento. Claro que teremos de comer alguma coisa. Mas é sempre bom lembrar que quando comemos animais somos responsáveis por destruir cinco ou dez vezes mais plantas do que se as comêssemos diretamente. Portanto, as plantas serem capazes de sofrer ainda não seria uma razão para comer animais.

Época: É mais ético caçar do que criar animais?
Peter Singer: De alguma forma, sim, porque os animais têm uma vida normal. E, se o caçador tiver boa pontaria, eles morrem instantaneamente e não sofrem. É muito melhor do que ir a um supermercado e comprar um pedaço de carne que vem de uma fazenda de produção industrial, onde os animais provavelmente sofreram por toda a sua vida.

Época: Suas opiniões a favor do aborto e da eutanásia parecem incoerentes com a defesa dos animais. Há um fio que permeia suas idéias?
Peter Singer: O fio que permeia tudo é o desejo de prevenir qualquer sofrimento evitável.

Época: Como o senhor justifica seu apoio à legalização do aborto? O senhor não crê que o feto sofra?
Peter Singer: Acho que não devemos obrigar uma mulher a continuar uma gravidez que ela não deseja já que não há um ser consciente envolvido. No período da gravidez em que a maioria dos abortos acontecem, o feto não sente nada. Sou um pouco preocupado a respeito de abortos que aconteçam muito tarde na gravidez, depois de 24 meses de gravidez, porque o feto talvez seja capaz de sofrer.

Época: O senhor acha que um feto mais novo que isso sente menos que um peixe?
Peter Singer: Sim, um peixe sente dor e um feto dessa idade, não. Dá para saber isso baseado no desenvolvimento do sistema nervoso.

Época: O senhor é religioso?
Peter Singer: Não.

Época: A idéia de não fazer ao outro o que você não quer que façam a você é uma idéia cristã, não?
Peter Singer: Os cristãos não são os únicos que têm ética. A tradição chinesa, por exemplo, não é uma tradição religiosa e têm muitos questionamentos éticos. O mesmo vale para a tradição budista. Acho que temos a capacidade de nos solidarizar com os outros independente da nossa religiosidade.

Época: Qual a sua posição em relação aos alimentos transgênicos?
Peter Singer: Não sou contra por princípio. Tudo depende do que estamos falando: modificar plantas ou animais. Temos de tratar os dois casos separadamente. Em relação a modificar plantas, o maior problema é o risco de se causar algum dano ambiental. Se conseguirmos prevenir isso, então, não tenho problemas em relação a vegetais transgênicos. Causar ou não um problema ecológico é uma questão ética. Mas não acho que haja algo intrinsecamente errado em mudar os genes. Com os animais, novamente, a questão é impingir sofrimento ou não. Nós não sabemos exatamente o que estamos fazendo e algumas das primeiras pesquisas causaram anormalidades que provocavam sofrimentos.

Época: O senhor conhece as experiências da bioarte? Ouviu falar de Alba, a coelhinha fosforescente do brasileiro Eduardo Kac?
Peter Singer: A princípio, não há nada demais em se fazer um coelho que, no escuro, fica verde e brilha. A questão é que não se sabe se essa mudança genética pode causar algum tipo de distúrbio que traga sofrimento para o animal. Só gostaria de saber se houve cuidados com a saúde do animal, se nenhum outro coelho sofreu antes para se chegar a esse resultado.

Época: Alguns artistas criam tecidos vivos a partir de células humanas e depois os matam em público.
Peter Singer: Não vejo muito sentido, mas não tenho nenhum problema ético em relação a isso porque não há sofrimento envolvido. Algumas pessoas me perguntam se eu aprovaria que se comesse carne caso essa carne fosse um tecido criado em laboratório. Eu não veria nenhum problema. Se alguém pegasse apenas algumas células e produzisse carne, se isso fosse economicamente viável, eu ficaria feliz em comê-la. Seria muito melhor do que comer carne de animais que sofrem.

Época: O senhor é a favor da clonagem?
Peter Singer: Não vejo nada de errado em clonar embriões para produzir células-tronco, por exemplo. Claro que haveria mais problemas se permitíssemos que clones humanos crescessem. Poderíamos ter imprevistos com anormalidades, problemas psicológicos. Quanto aos animais clonados, alguns sofrem, outros não. Mas não acho que a questão seja muito relevante. O número de animais que sofre com essas experiências é muito pequeno em comparação ao que acontece todos os dias nas fazendas de gado. Fazemos escândalo demais em torno da clonagem e nenhum pio em torno de fatos que provocam muito mais sofrimento.

Época: A questão dos animais serem usados como cobaias de laboratório também o preocupa?
Peter Singer: Eu não seria necessariamente contra se usar animais para pesquisa de remédios e tratamentos, caso essa fosse a única alternativa para salvar muitas vidas humanas. Mas eu teria de ter certeza de que essa é a única alternativa. E, muito freqüentemente, não é. Às vezes, é simplesmente a forma com que os cientistas se acostumaram a trabalhar. Eles não buscam alternativas.

Época: Então, se realmente necessário, temos o direito de fazer outro ser sofrer?
Peter Singer: Algumas vezes, temos de pesar um sofrimento contra outro sofrimento. Estudos que, embora causem sofrimento para um número pequeno de animais, previnam o sofrimento de milhões de seres humanos são justificáveis.

Época: O senhor não está sendo preconceituoso? Faria isso com seres humanos?
Peter Singer: Talvez fizesse... se fosse a única coisa a fazer.

Época: Manter dez ou vinte pessoas sofrendo em um laboratório, além de ilegal, não é considerado ético, nem que seja para salvar milhões de vidas.
Peter Singer: Talvez eu não compartilhe desse pensamento. Se essa realmente fosse a única forma de salvar 10 milhões de pessoas, talvez eu fizesse isso. Esse, no entanto, é um bom exemplo de como, na realidade, há outras formas de se fazer as coisas. Se alguém diz que precisa fazer isso, logo outro aparece e diz “Vamos fazer a experiência com pessoas que já estão morrendo de alguma doença ou algo assim”. Seria melhor fazer experiências em humanos com morte cerebral, por exemplo, do que em animais saudáveis.

Época: O senhor comeria carne humana se fosse necessário para salvar sua vida como aconteceu com os estudantes argentinos de medicina que caíram nos Andes na década de 70?
Peter Singer: Comeria. Se eles já estão mortos, não faz diferença. Se fosse a única comida que eu tivesse, comeria. Claro que provavelmente teria alguma repugnância instintiva. Mas teria de superar isso.
Editado pela última vez por Res Cogitans em 13 Jun 2006, 14:30, em um total de 1 vez.
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Re.: Beleza vegetariana

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A favor dos animais

POR CRISTIANE SENNA

Foto: Divulgação

ATUANTE Marly Winckler traduziu a Bíblia dos animais, o livro Libertação Animal, de Peter Singer

Marly Winckler, socióloga e tradutora, é vegetariana desde 1982. Ativista pela causa, escreveu dois livros: Fundamentos do Vegetarianismo e Vegetarianismo: Elementos para uma Conversa Sobre. Tradutora de Libertação Animal, de Peter Singer, criou o Sítio Vegetariano e preside a Sociedade Vegetariana Brasileira. Em entrevista a ÉPOCA Online, Marly nos contou um pouco mais sobre o vegetarianismo.

ÉPOCA Online: Todos os vegetarianos são ativistas pelos animais?
Marly Winckler: Nem todos, mas uma boa parcela. O aspecto que mais atrai pessoas para o vegetarianismo é justamente a compaixão pelos animais. E isso mobiliza em nós a vontade de fazer alguma coisa para mudar essa situação tão penosa.

ÉPOCA Online: Qual é o impacto da dieta centrada na carne sobre as pessoas, os animais e o planeta?
Marly: A dieta centrada na carne provoca um efeito avassalador sobre a saúde das pessoas. Não há mais dúvidas a esse respeito. Várias organizações internacionais de renome têm parecer favorável ao vegetarianismo, inclusive afirmando que os profissionais da área da nutrição têm o dever de incentivar aqueles que expressam intenção de se tornarem vegetarianos.

A dieta vegetariana desde logo nos desassocia da crueldade com que são criados e abatidos milhares de seres indefesos que sentem dor e terror. O meio ambiente também se beneficia com a adoção da dieta vegetariana. Criar gado é uma forma muito ineficiente de utilização dos recursos, além de ser a principal responsável pela derrubada das florestas, como ocorre hoje com a Amazônia.

ÉPOCA Online: Qual é o papel do vegetariano na sociedade moderna?
Marly: O vegetariano está construindo esse mundo melhor que todos queremos. A dieta centrada na carne é realmente triste, pois além de destruir o planeta, está associada às principais doenças que levam ao óbito nas sociedades ocidentais, causa enorme sofrimento aos animais e é antiética, pois não pode ser estendida para todos. Quem vai ficar de fora?

ÉPOCA Online: Vegetarianos se consideram pessoas superiores e iluminadas por não comerem carne, e, por isso, serem éticos?
Marly: Absolutamente. Somos pessoas como todas as outras, um grupo heterogêneo e bem humano. Mas queremos crer que no quesito alimentação temos uma importante mensagem a dar. E já que falamos em iluminados, entre os vegetarianos temos alguns exemplos, como Buda, Jesus, Mahavira, Radakrishna, Ramana Maharshi, entre tantos outros.
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.

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Res Cogitans
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Re.: Beleza vegetariana

Mensagem por Res Cogitans »

Vegetarianismo a favor do meio ambiente

POR CRISTIANE SENNA


Algumas pessoas se tornam vegetariana pela libertação animal e outras em busca da boa saúde, mas há um motivo muito importante que deve ser considerado por todos: a ação impactante que a pecuária tem sobre o meio ambiente. Em entrevista a ÉPOCA Online, o biólogo e ativista Sérgio Greif explicou um pouco mais sobre o assunto.

Impacto ambiental de uma dieta centrada na carne
A pecuária representa uma das atividades humanas mais impactantes para o meio ambiente, consumindo grandes quantidades de água, grãos, combustíveis fósseis, pesticidas e drogas. Esta atividade é também a principal causa por trás da destruição das florestas tropicais e outras áreas naturais, além de grande responsável por outros impactos ambientais, como a extinção de espécies, erosão do solo, escassez e contaminação de águas, desertificação, poluição orgânica e efeito estufa.


CONTAMINAÇÃO A pecuária consome grandes quantidades de recursos, gerando resíduos e gases que contaminam o solo, a água e o ar
Destruição da flora e fauna natural
A maior parte do gado brasileiro é criada pelo sistema extensivo, onde os animais permanecem soltos no campo, ocupando vastas áreas. Neste sistema, considerado pouco produtivo, cada cabeça de gado necessita de um hectare (10.000 m²) de terra para engordar. O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo (mais de 200 milhões de cabeças), que necessita de uma área de pastagem de, no mínimo, 2 milhões de km² para ser sustentado. Esta área equivale a um quarto do território nacional. Estas pastagens eram anteriormente áreas naturais como cerrados, florestas tropicais, entre outros.

Quando ambientes naturais são destruídos para a formação de pastos ocorre a perda de biodiversidade na área: a maior parte dos animais e plantas nativos desaparecem do local, sendo substituídos por forrageiras invasoras e gado. A remoção da cobertura vegetal original transforma completamente o ambiente, tornando-o impróprio para sustentar a maior parte das espécies que antes ali viviam. Ainda, as raras espécies que se adaptam às novas condições tendem a ser eliminadas pelos fazendeiros, uma vez que entram em competição com o gado ou passam a predá-lo devido a ausência de suas presas naturais. Há também várias doenças, como a raiva, o antraz, a toxoplasmose e a febre maculosa, que são transmitidas do gado para os animais silvestres e vice-versa, o que freqüentemente resulta na eliminação dos animais silvestres.

A remoção da cobertura vegetal original para formar pastos não apenas compromete a biodiversidade, como também interrompe o equilíbrio e a reciclagem natural de nutrientes, como o que estamos observando no caso da Floresta Amazônica. Locais no planeta onde a atividade de pastoreio é mais antiga são testemunhas de que o homem de fato transforma florestas em desertos. O super-pastoreamento destrói toda a possibilidade de rebrotamento e crescimento vegetal. Além disso, quando o gado pisoteia massivamente o solo, este é compactado. Isto torna a absorção da água dificultada, além de possibilitar o arraste de material superficial pelo vento e pela água, resultando em processos erosivos.

Poluição do meio ambiente
A pecuária também é uma das mais importantes fontes de poluição do meio ambiente. Ela consome grandes quantidades de recursos, gerando resíduos e gases que contaminam o solo, a água e o ar. A produção de excrementos animais ultrapassa em muito a produção de excrementos das grandes cidades. Este excremento na maior parte das vezes não pode ser empregado na agricultura e não é direcionado para nenhuma estação de tratamento de esgotos, sendo inadequadamente disposto no ambiente. No meio ambiente, estes excrementos colocam em risco a saúde pública, estando associados à disseminação de coliformes fecais, proliferação de insetos e problemas de saúde como alergias, hepatite, canceres e outras doenças. Em alguns municípios catarinenses a suinocultura é responsável por mais de 65% da emissão de poluentes. A contaminação das águas superficiais por coliformes fecais em algumas regiões do Sul do Brasil chega a 85% das fontes naturais de abastecimento.


FAUNA Quando ambientes naturais são destruídos para a formação de pastos, a maior parte dos animais desaparecem do local
Mesmo em países desenvolvidos, onde a abundância de recursos permite um manejo mais adequando e melhor infra-estrutura, a insustentabilidade da pecuária torna impossível o controle efetivo da poluição. Por exemplo, países europeus como a Holanda, Inglaterra, Dinamarca, Alemanha, Bélgica e França apresentam problemas ambientais ocasionados pela pecuária muito mais graves do que os nossos. Os Estados Unidos já possuem áreas com níveis de contaminação alarmantes.

A pecuária e a água
A pecuária implica também um uso ineficiente da água. Cerca de 70% da água doce captada pelo homem dos rios, lagos e depósitos subterrâneos é destinada para uso agrícola, sendo que os 30% restantes são utilizados para as demais atividades, como consumo doméstico, atividade industrial, geração de energia, recreação e abastecimento. No Brasil, são necessários em média 2 mil litros de água para produzir cada quilo de soja. Por outro lado, para produzir cada quilo de carne bovina são necessários cerca de 43 mil litros de água. Nesse cálculo entram não só a água que os animais bebem, cerca de 50 litros/dia, mas também a água utilizada na produção de seu alimento.

O pecuarista não paga pela água que utiliza nem para os dejetos que o abatedouro gera. No preço da carne não estão contabilizados nestes custos, nem os prejuízos ao meio ambiente causados pela criação de animais. Todos estes custos são subsidiados pelo governo. Isto significa que o contribuinte arca com todos, para lucro exclusivo do setor pecuário.

Vegetarianismo contra a fome no mundo
Se compararmos nossa atual produção agrícola com a população humana hoje existente, veremos que não há motivos para a fome no mundo. Não há déficit na produção, pelo contrário, são produzidas cerca de 1,5 quadrilhões de calorias a mais do que seria necessário para sustentar nossa população. A fome só existe porque cerca de 25% dos grãos cultivados no mundo são utilizados na alimentação do gado. Mesmo o fato de que este gado será posteriormente utilizado para alimentar seres humanos não é justificativa, visto que a produção de carne representa um uso ineficiente dos grãos. Os grãos são utilizados de forma mais eficiente quando consumidos diretamente por seres humanos

Vegetarianismo preservando florestas e áreas naturais
Caso o vegetarianismo fosse uma situação generalizada dentro de nossa espécie, seriam necessárias menos áreas de cultivo para sustentar nossa população. Muitas áreas naturais jamais precisariam ser tocadas e desta forma haveria uma maior preservação ambiental. Não haveria a situação de desperdício de recursos hídricos, pois seriam adotadas para cultivo apenas áreas próprias para agricultura, sem quase nenhuma necessidade de irrigação. A captação de água ocorreria basicamente para atender às cidades e às industrias, portanto haveria menor incidência de secas.
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.

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rapha...
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Mensagem por rapha... »

Res Cogitans escreveu:Ela é gaúcha, da terra do churrasco. Seu 1,73 metro de altura sugere um crescimento amparado por uma sólida base de proteínas. Mas a atriz Fernanda Lima, de 27 anos, diz que não mastiga um bife há mais de dois anos.


Este início me parece um pouco equivocado. Certamente o crescimento dela se deu há muito tempo atrás, numa época onde ela ainda comia proteína animal.

Res Cogitans escreveu:"Não acho errado o homem se alimentar de carne. Não quero catequizar ninguém. Mas me preocupo com minha saúde."


Interessante assertiva.

Hoje, um pouco longe da ideologia vegan inicial de quatro anos atrás, creio que numa alimentação com base em animais eu não conseguiria manter o ótimo nível de saúde em que me encontro, nem com muito controle, nem nutrindo-me somente dos derivados. E esse é o principal motivo.

Res Cogitans escreveu:No mundo todo, a quantidade de vegetarianos famosos só faz crescer. Entre os estrangeiros, estão estrelas do cinema como Natalie Portman (...).


Bom saber que temos algo em comum.

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Aurelio Moraes
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Re.: Beleza vegetariana

Mensagem por Aurelio Moraes »

Vegetarianos são uns frescos e chatos.

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Res Cogitans
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Re: Re.: Beleza vegetariana

Mensagem por Res Cogitans »

Aurelio Moraes escreveu:Vegetarianos são uns frescos e chatos.


Não sei o que é pior quando você posta imagens ou quando posta palavras.
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.

*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.

Washington
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Mensagem por Washington »

Os borgs estão avançando...
"Quando LULLA fala, o mundo se abre, se ilumina e se esclarece."
Marilena Chauí, filósofa da USP.

O triste é saber que tal figura recebe do contribuinte para dizer tais asneiras.


Chamo de pervertido um animal, uma espécie, um indivíduo, quando esse ou essa perde seus instintos, quando escolhe, prefere o que lhe é prejudicial.
F. Nietzche

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heilel ben-shachar
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Re.: Beleza vegetariana

Mensagem por heilel ben-shachar »

Eu também sou adepto dessa "onda", pois na minha dieta não tem como faltar carboidratos, e além disso tenho tendência a obesidade, porque o meu pai é, mas desde muito cedo eu pratico esportes, e há alguns anos atrás, quando deixei a carne de lado, eu senti uma grande diferença, sinto-me muito mais disposto e também a minha forma física melhorou e muito.

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Aurelio Moraes
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Re: Re.: Beleza vegetariana

Mensagem por Aurelio Moraes »

Res Cogitans escreveu:
Aurelio Moraes escreveu:Vegetarianos são uns frescos e chatos.


Não sei o que é pior quando você posta imagens ou quando posta palavras.


Azar o seu.

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heilel ben-shachar
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Re: Re.: Beleza vegetariana

Mensagem por heilel ben-shachar »

Aurelio Moraes escreveu:Vegetarianos são uns frescos e chatos.


Diga isso quando estiver definhando numa cama, com câncer, por consumir carne cheia de hormonios e drogas sintéticas.

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user f.k.a. Cabeção
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Mensagem por user f.k.a. Cabeção »


Acho que vou passar a comer menos carne.

Todo dia eu estou comendo no restaurante do CETEM da UFRJ, e lá eu só coloco carne. É picanha bovina e suína, filet mignon com bacon, costela, coração de frango, linguiça de frango e de porco, alcatra, maminha da alcatra, tudo isso rachado entre o contribuinte (porque aquele preço só pode ser subsidiado) e eu.

As vezes eu coloco também um pouquinho de farofa, para absorver o sangue que fica pingando do prato.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem

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heilel ben-shachar
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Re.: Beleza vegetariana

Mensagem por heilel ben-shachar »

Rest In Peace, user f.k.a Cabeção.

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Flavio Costa
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Mensagem por Flavio Costa »

rapha... escreveu:
Res Cogitans escreveu:No mundo todo, a quantidade de vegetarianos famosos só faz crescer. Entre os estrangeiros, estão estrelas do cinema como Natalie Portman (...).


Bom saber que temos algo em comum.

Uma boa premissa para um xaveco. Boa sorte, rapha...!
The world's mine oyster, which I with sword will open.
- William Shakespeare
Grande parte das pessoas pensam que elas estão pensando quando estão meramente reorganizando seus preconceitos.
- William James
Agora já aprendemos, estamos mais calejados...
os companheiros petistas certamente não vão fazer as burrices que fizeram neste primeiro mandato.
- Luis Inácio, 20/10/2006

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King In Crimson
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Re: Re.: Beleza vegetariana

Mensagem por King In Crimson »

heilel ben-shachar escreveu:Eu também sou adepto dessa "onda", pois na minha dieta não tem como faltar carboidratos, e além disso tenho tendência a obesidade, porque o meu pai é, mas desde muito cedo eu pratico esportes, e há alguns anos atrás, quando deixei a carne de lado, eu senti uma grande diferença, sinto-me muito mais disposto e também a minha forma física melhorou e muito.
Placebo?

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heilel ben-shachar
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Re.: Beleza vegetariana

Mensagem por heilel ben-shachar »

Não, balança e natação.

Washington
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Re.: Beleza vegetariana

Mensagem por Washington »

Testemunho de crente da iurd.


:emoticon22: :emoticon22: :emoticon22:
"Quando LULLA fala, o mundo se abre, se ilumina e se esclarece."
Marilena Chauí, filósofa da USP.

O triste é saber que tal figura recebe do contribuinte para dizer tais asneiras.


Chamo de pervertido um animal, uma espécie, um indivíduo, quando esse ou essa perde seus instintos, quando escolhe, prefere o que lhe é prejudicial.
F. Nietzche

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heilel ben-shachar
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Re.: Beleza vegetariana

Mensagem por heilel ben-shachar »

e espelho também.

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rapha...
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Mensagem por rapha... »

Flavio Costa escreveu:
rapha... escreveu:
Res Cogitans escreveu:No mundo todo, a quantidade de vegetarianos famosos só faz crescer. Entre os estrangeiros, estão estrelas do cinema como Natalie Portman (...).


Bom saber que temos algo em comum.

Uma boa premissa para um xaveco. Boa sorte, rapha...!


Acho ela maravilhosa.

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Azathoth
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Re: Re.: Beleza vegetariana

Mensagem por Azathoth »

heilel ben-shachar escreveu:Diga isso quando estiver definhando numa cama, com câncer, por consumir carne cheia de hormonios e drogas sintéticas.


Ad Baculum

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Hugo
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Re.: Beleza vegetariana

Mensagem por Hugo »

rapha... escreveu:
Flavio Costa escreveu:
rapha... escreveu:
Res Cogitans escreveu:No mundo todo, a quantidade de vegetarianos famosos só faz crescer. Entre os estrangeiros, estão estrelas do cinema como Natalie Portman (...).


Bom saber que temos algo em comum.

Uma boa premissa para um xaveco. Boa sorte, rapha...!


Acho ela maravilhosa.


Segundo o Rodrigo, ela é "baranguinha"! :emoticon22:

Trancado