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rapha...
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Mensagem por rapha... »

Preciso de ajuda em:

Origem da vida;
Evolucionismo;
Matemática.

Preciso de bons artigos em língua português-brasileira sobre os primeiros dois tópicos acima citados, e uma ajudinha em Matemática.

A ajudinha em Matemática é sobre a questão de quando uma probabilidade se torna impossível. Meu professor de Biologia disse que (não me lembro bem, estou chutando a lembrança vaga, e sou fraquíssimo em Matemática) é '1.10 elevado a 51' (algo assim). O Kramer (vulgo Hugo) disse que o usuário-capitão "Leonardo" postou num tópico do usuário "o pensador" que isso é inverídico.

Agradeço desde já as pessoas de boa vontade que me ajudarem.
Editado pela última vez por rapha... em 16 Jun 2006, 22:40, em um total de 1 vez.

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Aurelio Moraes
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Re.: Preciso de ajuda em:

Mensagem por Aurelio Moraes »

Procure em uma biblioteca. Vai achar bons livros. Deixe de ser preguiçoso.

Perseus
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Re.: Preciso de ajuda em:

Mensagem por Perseus »

Uai.. probabilidade impossível é nada mais nada menos do que zero.

Por exemplo: a probabilidade de um argentino ser um animal civilizado é zero.

Enquanto que, a probabilidade de para nós situados aqui perto do trópico de cancer (ou capricórnio sei la eu) o dia de amanha ser domingo ou sabado (sei la eu também) é 1.
"Uau! O Brasil é grande"

Reação de Bush, quando Lula mostrou um mapa do Brasil. Essa frase foi finalista em 2006 do site StupidityAwards.com, na categoria "Afirmação mais estúpida de Bush".

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spink
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Mensagem por spink »

rapha... escreveu:dois tópicos acima citadas


Onde está o rapha...? :emoticon16:
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

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clara campos
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Mensagem por clara campos »

http://www.cynara.com.br/evolucao.htm - evolução e origem da vida
http://curlygirl.naturlink.pt/evolucao.htm - evolução
http://www.prof2000.pt/users/secjeste/A ... 000090.HTM - diferentes prespectivas evolucionistas
http://correio.fc.ul.pt/~mcachao/aulas/ ... _04-05.pdf - +evolução
http://members.tripod.com/~netopedia/biolog/origem.htm - origem da vida
http://www.if.ufrj.br/teaching/cosmol/quimica.html - origem da vida

se precisares de mais material, inclusivé sobre evolução biológica, avisa que mando-te alguns documentos em anexo, mas duvido que precises de algo tão detalhado.
Editado pela última vez por clara campos em 16 Jun 2006, 19:01, em um total de 1 vez.
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)

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Viper
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Re: Preciso de ajuda em:

Mensagem por Viper »

rapha... escreveu:Preciso de ajuda em:

Origem da vida;
Evolucionismo;
Matemática.

Preciso de bons artigos em língua português-brasileira sobre os primeiros dois tópicos acima citadas, e uma ajudinha em Matemática.

A ajudinha em Matemática é sobre a questão de quando uma probabilidade se torna impossível. Meu professor de Biologia disse que (não me lembro bem, estou chutando a lembrança vaga, e sou fraquíssimo em Matemática) é '1.10 elevado a 51' (algo assim). O Kramer (vulgo Hugo) disse que o usuário-capitão "Leonardo" postou num tópico do usuário "o pensador" que isso é inverídico.

Agradeço desde já as pessoas de boa vontade que me ajudarem.


Rapha..., esse seu professor de Biologia é uma mula. Um evento só é caracterizado como impossível se a probabilidade dele ocorrer for nula, como colocou o Perseus. Aliás, isso é algo tremendamente óbvio. Quanto à p = 10^(-51) (e não 1.10^51, uma vez que p é definida no intervalo [0,1]), isso não caracteriza um evento impossível, mas sim algo extremamente improvável. Essa seria a probabilidade do Frank Zappa algum dia conseguir tocar algo do Herman Li ou do Michael Romeo, por exemplo... :emoticon16:

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Mensagem por user f.k.a. Cabeção »


O Viper tem razão. A probabilidade de um evento impossível é zero, que é exatamente a probabilidade do Zappa tocar algo desses caras que ele falou, já que ele está morto há quase 13 anos.

Agora a probabilidade desses caras, se perguntados, falarem que se inspiraram ou que gostariam de ter metade da capacidade de Zappa se aproxima de 1 proporcionalmente a capacidade de ambos no instrumento.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem

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rapha...
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Re.: Preciso de ajuda em:

Mensagem por rapha... »

Obrigado a todos que responderam!

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rapha...
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Mensagem por rapha... »

clara campos escreveu:http://www.cynara.com.br/evolucao.htm - evolução e origem da vida
http://curlygirl.naturlink.pt/evolucao.htm - evolução
http://www.prof2000.pt/users/secjeste/A ... 000090.HTM - diferentes prespectivas evolucionistas
http://correio.fc.ul.pt/~mcachao/aulas/ ... _04-05.pdf - +evolução
http://members.tripod.com/~netopedia/biolog/origem.htm - origem da vida
http://www.if.ufrj.br/teaching/cosmol/quimica.html - origem da vida

se precisares de mais material, inclusivé sobre evolução biológica, avisa que mando-te alguns documentos em anexo, mas duvido que precises de algo tão detalhado.


Como vou debater com um professor (criacionista), talvez seria preciso de um material mais avançado, mesmo sem saber se tenho capacidade de compreendê-los e sintetizá-los (acho que não tenho).

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rapha...
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Re: Preciso de ajuda em:

Mensagem por rapha... »

Viper escreveu:Rapha..., esse seu professor de Biologia é uma mula. Um evento só é caracterizado como impossível se a probabilidade dele ocorrer for nula, como colocou o Perseus. Aliás, isso é algo tremendamente óbvio. Quanto à p = 10^(-51) (e não 1.10^51, uma vez que p é definida no intervalo [0,1]), isso não caracteriza um evento impossível, mas sim algo extremamente improvável.


Quando meu professor deu esse número de probabilidade, ele estava se referindo à teoria de Oparin sobre a origem da vida, dizendo que alguns cientistas haviam chegado a esse número e essa conclusão, de que a teoria poderia ser descartada (nessa mesma hora, onde o professor usou de certo tom irônico, a bancada criacionista, ou seja, todos os alunos da sala, deram risada, coisa que achei totalmente falta de respeito).

Estudo o 3º ano do Ensino Médio junto com os alunos do Semi-Extensivo.

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Re.: Preciso de ajuda em:

Mensagem por Aurelio Moraes »

Quando meu professor deu esse número de probabilidade,


Veja se isso te ajuda:


Isso possui 5 erros absurdos e vou mostrar:

1) polipeptídeos não se formam por acaso

2) aminoácidos não se unem uns aos outros por acaso, precisam de catalisadores

3) a chance de uma proteína se formar espontaneamente pode ser irrelevante porque tem modelos onde começamos com a informação genética e não proteínas

4) o cálculo parte do princípio que só existe 1 proteína funcional com tamanho arbitrário

5) o cálculo parte do princípio que só houve uma tentativa de se formar a proteína


O Dawkins e tantos outros já refutaram essa história da proteína...
1.2.3 Statistical impossibility of proteins?Statistical impossibility of proteins?

What about the argument concerning the statistical improbability of obtaining a specific 141 amino acid sequence by looking for the correct sequence among randomly generated sequences? Certainly this mechanism could not explain the origin of protein sequences, but the creationist suggestion that this mechanism is part of evolutionary theory is false; it is a "straw-man" -- a false creationist caricature of evolution -- used repeatedly by creationists to mislead naive audiences into thinking that evolution is illogical. It is false because it demands a specific sequence in a SINGLE selection step from a pool of random sequences, whereas the real evolutionary model for the origin of protein sequences involves MULTIPLE ROUNDS OF RANDOM MUTATION followed by MULTIPLE selection steps as outlined above.

Leia o resto aqui:

http://www.talkorigins.org/faqs/fitness/
Editado pela última vez por Aurelio Moraes em 17 Jun 2006, 08:38, em um total de 2 vezes.

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Re.: Preciso de ajuda em:

Mensagem por Hugo »

Epa, o rapha... quer em português, e tem que ser português do Brasil...

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rapha...
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Re: Re.: Preciso de ajuda em:

Mensagem por rapha... »

Kramer escreveu:Epa, o rapha... quer em português, e tem que ser português do Brasil...


Sou pouco susce(p)tível a variações linguísticas.

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clara campos
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Mensagem por clara campos »

rapha... escreveu:
clara campos escreveu:http://www.cynara.com.br/evolucao.htm - evolução e origem da vida
http://curlygirl.naturlink.pt/evolucao.htm - evolução
http://www.prof2000.pt/users/secjeste/A ... 000090.HTM - diferentes prespectivas evolucionistas
http://correio.fc.ul.pt/~mcachao/aulas/ ... _04-05.pdf - +evolução
http://members.tripod.com/~netopedia/biolog/origem.htm - origem da vida
http://www.if.ufrj.br/teaching/cosmol/quimica.html - origem da vida

se precisares de mais material, inclusivé sobre evolução biológica, avisa que mando-te alguns documentos em anexo, mas duvido que precises de algo tão detalhado.


Como vou debater com um professor (criacionista), talvez seria preciso de um material mais avançado, mesmo sem saber se tenho capacidade de compreendê-los e sintetizá-los (acho que não tenho).

O teu professor de biologia é criacionista?????
inacreditável...
rapha, muitos desses tópicos estão em português de portugal (o primeiro não), mas parece-me que os vais entender perfeitamente.
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)

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Hugo
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Re.: Preciso de ajuda em:

Mensagem por Hugo »

Aula de biologia no colégio do rapha...

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Re.: Preciso de ajuda em:

Mensagem por rapha... »

Gozado, parece tua aula de baixo.

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Re.: Preciso de ajuda em:

Mensagem por Hugo »

Pior que é mesmo! :emoticon11:

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Mensagem por Aurelio Moraes »

rapha, mostra isso pra ele e pronto:
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Mensagem por Fernando Silva »


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Re.: Preciso de ajuda em:

Mensagem por Hugo »

Abiogênese e evolução são coisas diferentes...

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Re.: Preciso de ajuda em:

Mensagem por Fernando Silva »

Este é um site com muitos artigos em português:
http://evoluindo.biociencia.org/humanevol.htm

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Fernando Silva
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Re.: Preciso de ajuda em:

Mensagem por Fernando Silva »

Resposta do forista Huxley ao Emmmcri em 02/08/05:

É claro que você deu a entender isso que eu falei, para ter dito que
"não é possível factualizar macroevolução", factualizar uma coisa
que JÁ FOI OBSERVADA por exemplo no caso da salamandra do gênero
Ensatina ou no pássaro do gênero Phylloscopus.Quanto ao termo
marcroevolução, a questão não é provar isso ou aquilo, a questão é
que eu e muita gente SABEMOS que a origem da palavra do termo
macroevolução se deve a ortogeneticistas que ainda não conheciam a
genética molecular entre as décadas de 30 e 50, e já chegaram a
pensar que os mecanismos que provocam mudanças nas frequências
alélicas dentro das espécies, era diferente dos que provocavam as
mudanças interespecíficas.Hoje com a genética molecular , todos
sabem que essa visão está incorreta e que as mudanças que causa
um(micro) , causa o outro também(macro), coisa bem observada nos
dois exemplos de formação de novas espécie que citei.Agora, se
existem criacionistas querendo usar esse termo de outra forma, isso
é problema deles, porque esse é um termo técnico que foi criado
pelos próprios biólogos evolucionistas.Enfim, evolução é apenas
mudança no pool genético ao decorrer do tempo e não é preciso
especificar se essas mudanças ocorrem acima ou abaixo do nível de
espécie para podermos considerá-la evolução.

emmmcri escreveu:ESTES SAO EXEMPLO DE MICROEVOLUCAO.
MACROEVOLUCAO EH INOBSERVAVEL!!
OS ZILHOES DE ANOS NAO PERMITEM SE OBSERVAR.
EH CLARO QUE SEI QUE EH IMPOSSIVEL NON PELO TEMPO MAS POIS NAO
ACONTECEU/ACONTECE.
O REGISTRO FOSSIL EH INTERPRETADO SOB OTICA EVOLUCIONISTA.
NA VERDADE MACROECOLICAO NAO EH OBSERVADO SEQUER INDIRETAMENTE!!


Estes são exemplos sim de MACROEVOLUÇÃO, e não de microevolução
pelos motivos que já dei.Sobre esse assunto,eu disse: "Isso é
assim".Você respondeu:"Não é".Palavras soltas,faltou
argumentar.Outra coisa que você fala que o registro fóssil, a
interpretação é evolucionista, mas a única maneira de salvar o
criacionismo do caso da ocorrência de espécies progressivamente mais
complexas a medida que a história geológica avança, é dizer que Deus
planejou minuciosamente colocar os fósseis nesta ordem para nos
fazer acreditar que a evolução pareceu verdade.Mas aí seria a mesma
coisa que dizer que Deus é um embuste, que quer nos fazer não
acreditar em coisas que ele mesmo deu evidências concretas.Pior, vou
mostrar o caso da transição dos répteis e mamíferos, onde Deus nos
quis fazer acreditar que a evolução é a verdade.Mamíferos e répteis
diferem na estrutura esquelética.

Répteis: Mandíbulas com 4 ossos.O primeiro é chamado de
dentário.Boca cheia de dentes indiferenciados.Ausência de palato
secundário(estrutura óssea separando as passagens da garganta e das
narinas, o que faz com que os réteis fiquem).

Mamíferos:Osso dentário é o único na mandíbula inferior, os outros
são parte do ouvido médio.Boca com mútliplas cúspides.Presença de
palato secundário.

Evolução desses caracteres mostradas em fósseis
intermediários.Espécies de Répteis-mamíferos mostrando aumento do
osso dentário e primórdios de um palato.Dentes mostrando diminuição
do número de incisivos(precursor da da diferenciação dos dentes).


Para complicar a situação dos criacionistas .Esses fósseis
intermediários não aparecem antes do surgimento dos répteis e sim
apenas alguns milhões de anos depois destes.Bastaria uma
alteraçãozinha na ordem cronológica para refutar a evolução.O máximo
que poderíamos dizer é que Deus até planejou o período do
aparecimento desses intermediários. E não é só isso, vejam como é
verdade o aparecimento de espécies progressivamente mais complexas a
medida que a história geológica avança:

3,5 bilhões de anos atrás: seres unicelulares procariotos surgem no
registro fóssil.
3,4 bilhões de anos atrás:bactérias com Fotossistema 1
2,4 bilhões de anos atrás: bactérias com Fotossistema 2
1,5 bilhões de anos atrás:seres unicelulares eucariotos.
900 milhões de anos atrás: seres parecidos com fungos
600 milhões de anos atrás:os primeiros animais.
400 milhões de anos atrás:plantas
380 milhões de anos atrás:primeiro vertebrado terrestre.
315 milhões de anos atrás:répteis
250 milhões de anos atrás: mamíferos.

É incrível que alguém tenha posto esses fósseis nessa ordem
cronológica , apenas para nos fazer pensar que a Evolução apenas
pareceu ser verdade.É como se Deus após assalto a padaria fizesse
uma pedra levitar , quebrar a vitrine desta, e depois colocar um pão
na mão do mendigo que estava durmindo ao lado do estabelecimento,
apenas para nos fazer pensar que o roubo apenas pareceu verdade.Mas
então porque todas essas evidências tão fortes foram "fabricadas"
propositalmente?Deixando o antievolucionismo de lado, o que sobra? O
que dizer sobre tudo isso que mostrei?Até agora , eu só encontro
respostas evasivas quando pergunto sobre estas evidências tão fortes.

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Fernando Silva
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Re.: Preciso de ajuda em:

Mensagem por Fernando Silva »

Sim, os humanos têm rabo

* Gabriel Castro

Não, caro leitor, eu não estou ficando louco, nós humanos temos sim um rabo. Não é um rabo ágil e vistoso e como o de nossos primos peludos que habitam as copas das árvores, aliás, nem os chimpanzés, nossos parentes mais próximos têm um rabo desses. Nosso rabo é mixuruquinha. É um pedacinho de osso no fim de nossa coluna vertebral a que chamamos de cóccix, tudo o que restou da cauda que nossos ancestrais perderam gradualmente ao longo da evolução.
O cóccix é um órgão vestigial, um órgão que perdeu a sua função em nossa espécie, mas permanece. Outro órgão vestigial, esse bem mais famoso, é o apêndice, que, se em certos animais desempenha um papel importante na digestão, nos seres humanos só serve para doer. Acho que o Deus bonzinho dos cristãos não seria capaz de fazer uma maldade dessas conosco, criar uma parte de nosso corpo que só atrapalha. Mas a Teoria da Evolução explica isso muito bem, aliás, não só o apêndice e o cóccix, como também o próprio homem e cada célula de sua intrincada organização.
Todas as espécies se modificam com o tempo, gradualmente, diversificando-se cada vez mais e dando origem a novas espécies. Não foi de uma hora para outra que se chegou a essa conclusão, mas através de diversas observações de diversos animais e de como eles vivem. Não é óbvio que, na natureza, os animais mais bem adaptados ao seu ambiente têm mais chances de sobreviver? E não é verdade que eles vão passar as boas características que os auxiliaram para seus descendentes? E se a cada geração as melhores características são selecionadas, após várias e várias gerações teremos seres vivos muito bem adaptados ao seu meio. Não há apenas um meio de sobreviver num mesmo ambiente, espécies diferentes respondem a esse desafio de formas diferentes, por isso elas se diversificam ao longo da evolução.
Mas na ciência não basta fazer sentido, precisa-se de provas concretas. Além dos órgãos vestigiais existem muitas outras que reforçam a Teoria da Evolução. Primeiro, temos a anatomia, que mostra que seres aparentados têm características comuns independente do meio em que vivem (homologia, vários exemplos podem ser encontrados entre humanos e baleias, ambos têm mamas, só para citar o mais óbvio) e que mostra como seres não aparentados têm características comuns se vivem do mesmo modo (analogia, um exemplo é o de golfinhos e tubarões, muito parecidos, apesar de um ser peixe e o outro mamífero). Além da anatomia, pode-se citar como evidência importante a existência de fósseis que mostram a história evolutiva de cada espécie “quadro a quadro”; ou então as evidências genéticas - utilizando o DNA é possível ter certeza de que o homem está mais próximo do chimpanzé do que da urtiga, e até mesmo a quanto tempo os ancestrais comuns de certos animais viveram.
A Teoria da Evolução é muito bem suportada, muito bem comprovada, e muito bem aplicada no nosso cotidiano (seleção de raças de animais, explicação da resistência de certos agentes patológicos aos remédios, etc.). A explicação alternativa, por outro lado, não tem nenhuma prova que a sustente. Os criacionistas partem do pressuposto de que a Bíblia está certa e ponto final. Não estariam mais errados se dissessem que o Corão ou o Ramayana é que traz a verdade absoluta.
Ora, se a Bíblia e a Evolução se chocam, sinto muito em dizer isso, mas pior para a Bíblia! Há quatro séculos atrás a Igreja também não usou a Bíblia para dizer que a Terra era o centro do universo (e condenar Galileu à prisão domiciliar)? Então das duas uma: ou a Bíblia é falível ou é infalível e não sabemos interpretá-la.
Acredito na primeira opção, mas se a segunda for verdadeira, a Bíblia é infalível, mas não sabemos interpretá-la, então ela não pode ser tomada como base para nada. Como saber se os criacionistas não estão fazendo uma confusão ao dizer que ela não admite a evolução? Se a Bíblia está além de nossa capacidade de compreendê-la, então é um livro inútil, não podemos tomar uma conclusão segura baseando-nos nela. A ciência por outro lado nos dá evidências colhidas na própria natureza, nos fenômenos que ela explica. E acreditem, se Deus existe, o livro onde ele escreveu a verdade é o livro natureza. É esse o livro que devemos ler.

* Estudante em Vitória da Conquista e membro da Sociedade da Terra Redonda (STR)



Evolução

Antes de tudo é bom esclarecer uma confusão. Diz-se com muita freqüência que o homem é descendente de macacos. Tal afirmação é tão falsa quanto se dizer que somos filhos de nossos irmãos. O certo é dizer homens e macacos descendem de um ancestral comum que não era nem homem e nem macaco. Da mesma forma, todas as formas de vida do planeta estão relacionadas, compartilhamos ancestrais comuns (diferentes!) com lobos, lagartas, berinjelas e até com as bactérias. E isso, embora bizarro à primeira vista, é fato.

Outra coisa é que hoje não se explica a evolução das espécies através da mesma teoria que Darwin propôs 150 anos atrás, não é novidade dizer que a Biologia é uma ciência que “evolui” bem rápido. Na era da Genética Molecular, os desafios que os evolucionistas enfrentam são bem mais complexos; não obstante é daí que vêm as provas mais contundentes em favor deles.

É amplamente conhecido o fato de que humanos e chimpanzés compartilham cerca de 99,5% de seu material genético em comum, a semelhança entre homens e gorilas ou bonobos também é bem grande. Se ignorarmos o DNA e olharmos as proteínas que nossos corpos fabricam obteremos resultados bem parecidos e as semelhanças escassearão gradualmente para cada salto que dermos nos galhos da árvore genealógica da vida. Somos menos parecidos com cães do que com macacos, somos menos parecidos com camaleões do que com cães e somos menos parecidos com abóboras do que com camaleões.

Mas acho que isso tudo já é de conhecimento de nossos amigos criacionistas, portanto vou dar um exemplo mais contundente. Na última vez que escrevi para este jornal eu disse que os homens tinham rabo; sem medo de me tornar o recordista de afirmações esdrúxulas, eu vou afirmar agora que as galinhas têm dentes.

Se você já tiver parado de rir, leitor, deve estar me cobrando uma explicação. Pois bem, a galinha tem dentes, mas eles estão muito bem escondidos... em seu DNA. As galinhas, bem como todas as aves, provavelmente descendem dos dinossauros, os grandes répteis que dominaram a Terra por mais de 160 milhões de anos. Os fósseis de intermediários entre as aves e os répteis são muito abundantes (na verdade os que ligam os humanos a outros primatas também são, a árvore filogenética humana está mais bagunçada pelo excesso do que pela falta de ancestrais em potencial).

Revisando o ensino médio, o DNA é algo como um manual de instruções para se construir um ser vivo, todas as informações que fazem um pepino diferente da Gisele Bündchen estão lá. Mas o DNA não foi escrito por um criador inteligente; na verdade, se ele tivesse sido escrito por algum ser, esse ser deveria ser bem distraído. Explica-se: quando novas informações são acrescentadas por um processo mutação, nem sempre as antigas são apagadas. Dessa forma, as aves ainda guardam em seu genoma algumas informações para construir partes de seus ancestrais. Dessa forma os genes para criar dentes em galinha, patas em cobra ou rabos em homens ainda estão presentes nos seus respectivos genomas, mas se encontram inativos ou defeituosos.

O mais espantoso é que duas equipes de cientistas, uma da Universidade de Nantes e outra da de Berkeley, já usaram a engenharia genética para ativar os genes de que falei. E ambas tiveram sucesso em fazer nascer galinhas dentuças.

A Genética não é a única carta na manga dos evolucionistas, a capacidade da Paleontologia de mostrar flashes da evolução também é respeitável. Através dos fósseis é possível constatar, por exemplo, que a imensa complexidade do nosso cérebro não surgiu de uma hora para outra, mas se desenvolveu no decorrer de alguns milhões de anos conforme o volume da caixa craniana dos antigos hominídios aumentava.

Tendo apresentado alguns fatos em favor da evolução, agora gostaria de desmanchar mais alguns mal-entendidos sobre a ciência, o mais importante é o velho e gasto argumento que diz que a evolução viola as leis da termodinâmica.

A primeira lei da termodinâmica é a seguinte foi definida por Rudolph Clausius e diz simplesmente que “A energia do universo é constante”; isto é, nada se cria e nada se destrói, tudo se transforma. Eu não precisaria nem dizer que quem viola essa lei é, na verdade, o criacionismo.

A segunda lei diz que a energia sempre passa das formas mais úteis para as menos úteis, ou seja, parte da energia que se usa sempre se deteriora e não poderá mais ser reutilizada. Uma conseqüência dessa lei é que a desordem num sistema fechado sempre tende a aumentar. Ora - dizem os criacinistas, mas se a desordem sempre aumenta, a ordem não pode surgir da desordem! Bom, se esse argumento estivesse correto, nossas geladeiras não funcionariam, pois o que ela faz quando congela a água é justamente aumentar a ordem das moléculas do líqüido até ele se tornar sólido. Como isso é possível? Acontece que nem a geladeira e nem o nosso planeta são sistemas fechados, eles recebem energia de uma fonte externa. No caso da geladeira é energia elétrica, no caso da vida a energia é a solar. A utilização dessa energia pelos seres vivos permite que eles se organizem de formas cada vez mais complexas e o aumento local de ordem é compensado por um aumento global da desordem nas fontes de energia desses sistemas. A Física é respeitada.

Vulgarmente diz-se que a biogênese é a teoria que diz que todo ser vivo vem de outro ser vivo. Aparentemente a Biologia se desencontra com ela quando entra na questão do primeiro ser vivo, que teria que surgir do meio inorgânico. Mas a verdade é que a teoria da biogênese não é tão inflexível, o que ela diz é que organismos complexos têm que se reproduzir para criar descendentes, eles não surgem da matéria bruta. Mas os primeiros seres vivos eram extremamente simples, basicamente moléculas capazes de criar cópias de si mesmas, o que não deixa de ser reprodução. O que impede que tais “replicadores” continuem surgindo hoje em dia? Primeiro é que as condições ambientais de hoje são diferentes das de 3,8 bilhões de anos atrás, quando, provavelmente, surgiu a vida. Outra coisa é que mesmo que continuassem surgindo, seriam uma refeição fácil para as formas de vida que hoje habitam cada centímetro quadrado da Terra.

A bela teoria que começou com Darwin 150 anos atrás só tem paralelo na história com os estudos de Copérnico e Galileu, que tiraram a Terra do centro do universo e a devolveram para o lugar em que Deus a colocou (se existir um Deus). A revolução provocada pelo naturalista inglês é também um resgate de um fragmento da história do universo, o livro mais perfeito que já foi escrito, exista ou não um autor.


* Gabriel Castro, estudante ateu agnóstico.


O ser humano não vem do macaco: o ser humano é um macaco

*Juan Cisneros


Há quase um século e meio, e poucos anos após a publicação do clássico "Sobre a origem das espécies" por Charles Darwin, travou-se um interessante debate entre um eminente naturalista defensor do evolucionismo e um conhecida personalidade defensora do criacionismo. O dia era 30 de junho de 1860; o local, a British Association, em Oxford, Inglaterra; e os oponentes, o naturalista Thomas Henry Huxley e o bispo Wilberforce. Umas setecentas pessoas estavam presentes, entre elas alguns jornalistas, o que possibilitou que o relato do acontecimento pudesse chegar ate nós. No meio do debate, uma das perguntas do bispo Wilberforce ficou particularmente famosa, não pela pergunta propriamente dita, mas pela resposta que recebeu:

-Prezado doutor Huxley, você descende de macacos por parte de avô ou avó?

-De modo algum me envergonharia de ter tido um macaco por ancestral, mas ficaria envergonhado se soubesse descender de alguém que, não satisfeito com seu equivocado sucesso em sua atividade, se lançasse a questões científicas, com as quais não tivesse nenhuma familiaridade.

Esta resposta foi sucedida por uma cuidadosa explanação por parte do naturalista sobre como a evolução funciona. O debate se transformou então, numa aula de Biologia. As diferentes versões do acontecido durante o debate divergem em alguns detalhes, mas todas concordam em que o bispo Wilberforce fez um papel vergonhoso.

Esta é uma das possíveis conseqüências da ousadia de criticar publicamente algo sem conhece-lo com propriedade. Não pretendo afirmar que o leigo não possa falar de questões técnicas e científicas. Opinar sobre qualquer assunto é um direito de todos nós. Mas temos que ter em consideração que ao falar de um assunto com o qual não estamos familiarizados corremos o risco de cometer grandes erros, risco que será maior na medida em que estejamos menos familiarizados com o assunto em questão. Se não medirmos estes riscos, o resultado pode ser desastroso, como foi tristemente vivido pelo bispo Wilberforce.

Contudo, parece que alguns de nós ainda não temos aprendido dessa lição. Um exemplo disto foi o recente artigo "Você não vem do macaco, você é criação de Deus". Num tom arrogante, o autor do texto pretende ditar aquilo que a ciência deve pensar e a que conclusões ela deve chegar. Pior, o faz sem sequer compreender questões básicas de Biologia. O autor fala repetidamente que o ser humano não é um animal, quando bastava ter consultado qualquer livro de Ciências de quinta ou sexta série, para ver que não apenas o ser humano é um animal, como também é um vertebrado, um mamífero e um primata.

Somos animais, por estar compostos de várias células, por ser capazes de nos locomover, e por não ser capazes de fabricar o nosso próprio alimento, o qual tomamos das plantas ou de outros animais. Somos vertebrados, por possuir coluna vertebral (e como dói!) assim como todo um esqueleto ósseo. Somos mamíferos, por possuir órgãos para a alimentação das nossas crias -as mamas, que em algumas representantes de nossa espécie tornam-se órgãos bastante atrativos-, por possuir pelos, por não botar ovos (apenas duas espécies de mamíferos no mundo fazem isso), por sermos de sangue quente e por outras características. Finalmente, somos primatas, por possuir dedos compridos e polegares opositores (se não fosse assim a industria dos video-games nunca teria se desenvolvido!), por possuir membros longos adaptados à locomoção nas árvores, e por termos uma visão binocular bastante desenvolvida porém um olfato pobre, entre outras características.

Continua o autor do texto afirmando que o "elo perdido" entre "o homem" e "os animais" não tem sido encontrado. Em qualquer livro de paleontologia ou antropologia geral ele poderia ter verificado que não apenas tem se encontrado na África um "elo perdido"; mas muitos deles e que constantemente são descobertos novos fósseis de hominídeos através dos quais é possível reconstruir uma boa parte da nossa árvore evolutiva. Pior, ele continua a sua exposição afirmando que não há exemplos de transmutações de espécies quaisquer nas camadas das rochas atuais, mostrando nunca ter chegado perto de um livro de fósseis, o que teria sido bastante recomendável se a intenção era falar precisamente de fósseis.

O autor destaca também o "grande tamanho" do cérebro humano, como sendo uma característica exclusiva da nossa espécie. Na verdade, nós não somos os animais com o maior cérebro, os elefantes e as baleias possuem cérebros várias vezes maiores que o nosso. Até o difamado jumento possui um cérebro maior! O que faz de nós mais inteligentes que muitos animais (mas talvez não que todos) é a proporção entre o tamanho do nosso cérebro e o tamanho do nosso corpo, a qual evoluiu rapidamente nos últimos 4 milhões de anos, como pode ser constatado nos fósseis.

Mas em uma coisa o autor do artigo em questão acertou: O ser humano não vem do macaco. O ser humano é um macaco. A semelhança genética entre a nossa espécie e o chimpanzé é de mais de 99%. Isto significa que há mais diferenças entre um gato e um cachorro que entre nós e os outros primatas da atualidade.

Em fim, estes são apenas alguns exemplos de erros crassos no artigo que estou comentando, por muito não são todos os presentes. Mostrar todos os erros básicos de Biologia geral precisaria um espaço muito maior que este artigo, e foge da minha intenção. Os professores de Ciências ou de Biologia poderiam aproveitar o artigo em questão para pedir aos seus alunos compararem com os livros de texto e procurarem os demais erros presentes.

Talvez o maior erro tenha sido tentar se basear na Bíblia para criticar a Biologia. Tanto a Bíblia, livro sagrado do Judaismo e do Cristianismo; como o Alcorão, livro sagrado do Islamismo; os Vedas, livros sagrados do Hinduismo; o Popol-Vuh, livro sagrado dos maias; e muitos outros, são exatamente isso, livros sagrados, não livros científicos. Se queremos aprender sobre ciência, devemos consultar fontes científicas.

Em plena época de intolerância, de extremismos e de guerras religiosas, deveríamos ser mais cautelosos antes de sair proclamando verdades reveladas. Ao fazer isto estaríamos mostrando realmente um pouco da humanidade da qual parecemos estar tão orgulhosos.


*Biólogo pela UFMS, paleontólogo pela UFRGS


UMA MARAVILHOSA EVOLUÇÃO

Vivemos, atualmente, um período de crescimento exponencial da pesquisa e aplicação do método científico, o que dobra a quantidade de conhecimento disponível a cada três anos.
Essa situação traz, como conseqüência, uma melhor qualidade e o aumento da expectativa de vida, que dobrou desde o início do século XX. Você pode imaginar que, há 50 anos, não tínhamos televisão, computadores, CD´s, remédios para tratar adequadamente a tuberculose? Tudo isso é produto da ciência. Por outro lado, essa explosão do conhecimento trouxe consigo uma desorientação das pessoas frente ao mundo. Hoje é necessário aprender todos os dias, para não ficarmos para trás.
A ciência modifica nossa vida e nos traz novas posturas, questiona antigos e bem estabelecidos valores e propõe outros novos, alterando nossa percepção do mundo e nos remetendo para novas reflexões, já que o processo é contínuo e não tem um fim.
Quando a ciência passa a estudar e explicar questões assumidas como dogmas, estabelece-se um embate entre ela e a filosofia e a teologia. Foi isso que ocorreu, por exemplo, quando se propôs que a Terra era redonda e não achatada. Foi isso o que ocorreu quando Galileu provou que a Terra não era o centro do universo. Foi isso que ocorreu quando Charles Darwin enunciou a Teoria da Evolução.
A evolução, em si, não é uma teoria. É um fato! Podemos observá-la e medi-la. A Teoria da Evolução explica como ela ocorre. Para se entender melhor essa questão, imagine uma Teoria dos Raios. Os raios existem. Podemos vê-los e sentir seus efeitos. A Teoria dos Raios explica como os raios aparecem.
Logo após a publicação do livro “A origem das espécies”, em 1859, a Teoria da Evolução começa a receber todo o tipo de críticas dos criacionistas, que se apoiam no texto bíblico e em citações errôneas de diversos enunciados científicos, estabelecendo-se falsas correlações e confundindo o público que não conhece ciência a fundo.
Uma das táticas muito utilizadas pelos criacionistas está a criação de espantalhos, visando ridicularizar a teoria. Um desses espantalhos é: “ A teoria da evolução afirma que o homem veio do macaco” .
Para tranqüilizar o amigo Luiz André, posso assegurar que não viemos do macaco (embora, como todos os humanos, o Luiz André tenha um rabo vestigial)! Nós temos, sim, um ancestral comum com eles. Não somos nem filhos nem irmãos dos macacos. Somos seus primos!
Que provas temos disso?
Primeiramente, nossa proximidade física com os macacos. O estudo dessa proximidade, em biologia, se chama filogenética. Pode-se demonstrar que temos mais órgãos, sistemas e comportamento mais próximo dos macacos do que dos camundongos, por exemplo.
Uma prova definitiva deste parentesco, entretanto, foi fornecida pelos recentes estudos do genoma.
Os gens (estruturas que permitem passar características de um indivíduo a outro) são constituídos por DNA (ácido desoxirribonucléico), o qual é formado por uma série de outras moléculas chamadas bases. A comparação da posição e do tipo dessas bases permite avaliar o quanto um indivíduo é aparentado com outro. Por isso, o teste do DNA é uma prova irrefutável em casos de questionamento de paternidade. Quanto mais semelhante é o DNA, mais próximo é o parentesco.
As comparações realizadas até o momento mostram que o genoma humano é 99% semelhante ao dos chipanzés. Mostra, também que os ratos tem um genoma 30% diferente do homem. Curiosamente, o homem tem 10% de seu genoma semelhante ao da bactéria que causa botulismo. Estes fatos transportam o que já se observava pelo aspecto físico para o interior de nossas células.
Descobriu-se, também, um interessante acidente chamado Erro Plagiado. Se dois alunos acertam 100% das questões de uma prova, o professor não pode acusá-los de ter copiado as respostas um do outro. Por outro lado, se ambos tiram a mesma nota e apresentam os mesmos erros, isto é uma prova de “cola”.
A maior parte dos mamíferos tem a capacidade de fabricar a vitamina C que necessitam. Apenas os primatas não possuem essa capacidade, o que os obriga a ingerir vitamina C para não contrair uma doença fatal chamada escorbuto. Essa incapacidade foi provocada por uma mutação, que substituiu apenas duas das bases do DNA. Entre os seres que possuem essa limitação estão os gorilas, orangotangos, chipanzés e o homem. Esta é uma prova praticamente irrefutável de que temos um estreito parentesco com os macacos e outros primatas.
Os criacionistas têm pouca percepção de como o processo de evolução ocorre. É por isso que eles esperam ver o macaco do zoológico da cidade se transformando em homem e sair para trabalhar de manhã...
O processo se dá por um mecanismo denominado Seleção Natural, onde os seres mais bem adaptados conseguem transmitir seus gens de uma forma mais eficaz, assegurando a permanência de determinadas características e a eliminação de outras. A velocidade desse processo é determinada pela quantidade de gerações de um animal. São necessários milhares ou milhões de gerações para que as mudanças possam ser percebidas. Para o homem, com uma período de geração médio de 25 anos as mudanças dificilmente podem ser perceptíveis. Para outros seres, como, por exemplo, a bactéria que provoca o cólera (cujo período médio de uma geração é de 13 minutos) essas mudanças podem ser percebidas e medidas. É por essa razão que existem bactérias resistentes a certos antibióticos. A seleção natural faz com que somente as bactérias resistentes sobrevivam. Essas passam a se reproduzir, dando origem a uma espécie diferente de bactéria.
O que provoca o surgimento dessas diferenças entre seres são as mutações (modificação nos gens, produzidas por fatores externos). A grande maioria das mutações é incompatível com a vida. Algumas poucas mutações, por outro lado, introduzem vantagens para o indivíduo sobreviver em seu habitat. São essas que se transmitem.
Não devemos confundir teorias. Lamarck afirmava que o uso ou o desuso de uma característica provocava uma mudança dos gens, o que se verificou ser falso. A teoria de Lamarck foi superada pela teoria de Darwin.
Negar a teoria da evolução é, hoje, negar uma teoria fortemente embasada em fatos.
Podemos ter duas atitudes em relação a ela. Podemos continuar negando a evolução, aferrando-nos ao texto bíblico ou podemos tentar entender a profunda beleza que ela nos coloca.
Se com a teoria da evolução deixamos de ser um ente especial, em torno do qual a vida órbita, ela nos coloca diretamente dentro do maravilhoso processo da natureza. Ela nos indica, sim, nossa pequenez. Não somos mais do que animais. Não somos melhores que os chipanzés ou que as bactérias que matamos todos os dias ao escovar os dentes. Somos apenas diferentes. Mas, ao colocar-nos definitivamente dentro da Natureza, a teoria da evolução nos mostra o nosso lugar e nos torna por ela responsáveis.

Luiz Fernando Fabris é farmacêutico-bioquímico pela FCF da Universidade de São Paulo e membro da STR




"A postura ereta dos seres humanos é um dos casos em pauta. Foi adaptada a partir de um projeto corporal que fazia os mamíferos andarem de quatro. Não há dúvida de que esse enxerto ajudou nossos primeiros ancestrais hominídios; supõe-se que ficar de pé sobre as patas traseiras tenha promovido o uso de instrumentos e aumentado a inteligência. Desde então, nossa coluna vertebral sofreu algumas adaptações em função dessa mudança esquisita: as vértebras inferiores ficaram maiores para suportar a maior pressão vertical, e nossa coluna curvou-se um pouco para nos impedir de cair para a frente. No entanto, esses consertos não evitaram uma série de problemas decorrentes de nossa postura bípede."

"Muitas das enfermidades debilitantes e até fatais do envelhecimento decorrem em parte de nossa locomoção bípede e da postura ereta - ironicamente, as mesmas características que possibilitaram o florescimento da espécie humana. Cada passo que damos coloca uma pressão extraordinária em nossos pés, tornozelos, joelhos e costas - as estruturas que sustentam o peso de todo o corpo acima delas. No decorrer de um único dia, os discos da parte inferior das costas são submetidos a pressões equivalentes a várias toneladas por centímetro quadrado. Ao longo da vida, toda essa pressão cobra o seu tributo, assim como o uso repetitivo de nossas articulações e o esforço constante que a gravidade impõe a nossos tecidos.
Embora a gravidade tenda a nos derrubar no fim, temos de fato algumas características que combatem sua força onipresente. Por exemplo: uma rede intrincada de tendões nos ajuda a conectar os órgãos à coluna vertebral, impedindo-os de cair e de imprensar uns aos outros."

visite o site da Scientific American http://www2.uol.com.br/sciam/
E entre na matéria "E se fossemos feitos para durar".
ela está disponível integralmente on-line

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rapha...
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Re.: Preciso de ajuda em:

Mensagem por rapha... »

Parecem ser bons artigos, Fernando, muito obrigado. Vou lê-los.

Teria algo sobre origem da vida, também?

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Fernando Silva
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Re.: Preciso de ajuda em:

Mensagem por Fernando Silva »

COMO A VIDA COMEÇOU?

de Frank Zindler

(Fonte: http://www.str.com.br/Scientia/vida.htm )

Este site está funcionando

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Origem da Vida

http://curlygirl.no.sapo.pt/origem.htm

Este site parece não estar funcionando, portanto segue o texto (sem tabelas e figuras)

À Descoberta da Vida

A Vida na Terra terá surgido á cerca de 3400 M.a., como o parecem
demonstrar os fósseis de procariontes encontrados na África do Sul. As
células eucarióticas terão surgido há cerca de 2000 a 1400 M.a., seguidas
dos organismos multicelulares há cerca de 700 M.a. Neste espaço de tempo
os fósseis são abundantes, indicando um processo evolutivo rápido.
Todas as evidências parecem apontar para que os seres eucariontes terão
tido origem em seres procariontes. A principal teoria actual considera
que alguns dos organitos característicos das células eucarióticas tiveram
origem em procariontes que se adaptaram à vida intracelular por
endossimbiose.
Introdução
Até ao século XIX considerava-se que todos os seres vivos existentes se
apresentavam como sempre tinham sido. Toda a Vida era obra de uma entidade
toda poderosa, facto que servia para mascarar o facto de não existirem
conhecimentos suficientes para se criar uma explicação racional.
Abiogénese
Esta explicação, o Criacionismo, no entanto, já no tempo da Grécia antiga
não era satisfatória. De modo a contornar a necessidade de intervenção
divina na criação das espécies, surgem várias teorias alternativas,
baseadas na observação de fenómenos naturais, tanto quanto os
conhecimentos da época o permitiam.
Criacionismo
Aristóteles elaborou uma dessas teorias, cuja aceitação se manteve durante
séculos, com a ajuda da Igreja Católica, que a adoptou. Esta teoria
considerava que a Vida era o resultado da acção de um princípio activo
sobre a matéria inanimada, a qual se tornava, então, animada. Deste modo,
não haveria intervenção sobrenatural no surgimento dos organismos vivos,
apenas um fenómeno natural, a geração espontânea.
Estas ideias perduraram até á era moderna, pois Van Helmont (1577 – 1644)
ainda considerava que os “cheiros dos pântanos geravam rãs e que a roupa
suja gerava ratos, adultos e completamente formados”.
Também era considerado acertado pelos naturalistas que os intestinos
produzissem espontaneamente vermes e que a carne putrefacta gerasse
moscas.
Todas estas teorias consideravam possível o surgimento de Vida a partir de
matéria inanimada, fosse qual fosse o agente catalisador dessa
transformação, daí o estarem englobadas na designação geral de Abiogénese.
Geração Espontânea
No século XVII Francisco Redi, naturalista e poeta, pôs em causa as ideias
de Aristóteles, negando a existência do princípio activo e defendendo que
todos os organismos vivos surgiam a partir de inseminação por ovos e nunca
por geração espontânea.
Biogénese
Para demonstrar a veracidade da sua teoria, Redi realizou uma experiência
que se tornou célebre pelo facto de ser a primeira, registada, a utilizar
um controlo. Colocou carne em 8 frascos. Selou 4 deles e deixou os
restantes 4 abertos, em contacto com o ar.
Em poucos dias verificou que os frascos abertos estavam cheios de moscas e
de outros vermes, enquanto que os frascos selados se encontravam livres de
contaminação.
Esta experiência parecia negar, inequivocamente a abiogénese de organismos
macroscópicos, tendo sido aceite pelos naturalistas da época.
No entanto, a descoberta do microscópio veio levantar a questão novamente.
A teoria da abiogénese foi parcialmente reabilitada pois parecia a única
capaz de explicar o desenvolvimento de microrganismos visíveis apenas ao
microscópio.
Experiências de Redi
Esta situação manteve-se até ao final do século XVIII, quando o assunto
foi novamente debatido por dois famosos cientistas da época, Needham e
Spallanzani.
Needham utilizou várias infusões, que colocou em frascos. Esses frascos
foram aquecidos e deixados ao ar durante alguns dias. Observou que as
infusões rapidamente eram invadidas por uma multitude de microrganismos.
Interpretou estes resultados pela geração espontânea de microrganismos,
por acção do princípio activo de Aristóteles.
Spallanzani usou nas suas experiências 16 frascos. Ferveu durante uma hora
diversas infusões e colocou-as em frascos. Dos 16 frascos, 4 foram
selados, 4 fortemente rolhados, 4 tapados com algodão e 4 deixados abertos
ao ar. Verificou que a proliferação de microrganismos era proporcional ao
contacto com o ar. Interpretou estes resultados com o facto de o ar conter
ovos desses organismos, logo toda a Vida proviria de outra, preexistente.
No entanto, Needham não aceitou estes resultados, alegando que a excessiva
fervura teria destruído o principio activo presente nas infusões.
Experiências de Needham e Spallanzani
A polémica manteve-se até 1862, quando o francês Louis Pasteur, pôs
definitivamente termo à ideia de geração espontânea com uma série de
experiências conservadas para a posteridade pelos museus franceses.
Pasteur colocou diversas infusões em balões de vidro, em contacto com o
ar. Alongou os pescoços dos balões á chama, de modo a que fizessem várias
curvas. Ferveu os líquidos até que o vapor saísse livremente das
extremidades estreitas dos balões. Verificou que, após o arrefecimento dos
líquidos, estes permaneciam inalterados , tanto em odor como em sabor. No
entanto, não se apresentavam contaminados por microrganismos.
Para eliminar o argumento de Needham, quebrou alguns pescoços de balões,
verificando que imediatamente os líquidos ficavam infestados de
organismos. Concluiu, assim, que todos os microrganismos se formavam a
partir de um qualquer tipo de partícula sólida, transportada pelo ar. Nos
balões intactos, a entrada lenta do ar pelos pescoços estreitos e
encurvados provocava a deposição dessas partículas, impedindo a
contaminação das infusões.
Ficou definitivamente provado que, nas condições actuais, a Vida surge
sempre de outra Vida, preexistente.
Mas, como surgiu a Vida pela primeira vez ?
Experiências de Pasteur
No final do século XIX vários cientistas alemães, nomeadamente Liebig,
Richter e Helmholtz, tentaram explicar o aparecimento da Vida na Terra com
a hipótese de que esta tivesse sido trazida doutro ponto do Universo sob a
forma de esporos resistentes, nos meteoritos – teoria Cosmozóica.
A presença de matéria orgânica em meteoritos encontrados na Terra tem sido
usada como argumento a favor desta teoria, o que não invalida a
possibilidade de contaminação terrestre, após a queda do meteorito.
Actualmente já foi comprovada a existência de moléculas orgânicas no
espaço, como o formaldeído, álcool etílico e alguns aminoácidos. No
entanto, estas moléculas parecem formar-se espontaneamente, sem
intervenção biológica.
O físico sueco Arrhenius propôs uma teoria semelhante, segundo a qual a
Vida se teria originado em esporos impelidos por energia luminosa, vindos
numa “onda” do espaço exterior. Chamou a esta teoria Panspermia (sementes
por todo o lado).
Actualmente estas ideias caíram em descrédito pois é difícil aceitar que
qualquer esporo resista á radiação do espaço, ao aquecimento da entrada na
atmosfera, etc.
Apesar disso, na década de 80 deste século, Crick (um dos descobridores da
estrutura do DNA) e Orgel sugeriram uma teoria de Panspermia dirigida, em
que o agente inicial da Vida na Terra passaria a ser colónias de
microrganismos, transportadas numa nave espacial não tripulada, lançada
por uma qualquer civilização muito avançada. A Vida na Terra teria surgido
a partir da multiplicação desses organismos no oceano primitivo.
Apesar de toda a boa vontade envolvida, nenhuma destas teorias avança
verdadeiramente no esclarecimento do problema pois apenas desloca a
questão para outro local, não respondendo à questão fundamental:
Como surgiu a Vida ?
Teoria Cosmozóica ou Panspermia
No entanto, um ponto de viragem fundamental ocorreu com o as teorias de
Pasteur e de Darwin, permitindo abordar o problema sob uma perspectiva
diferente.
Dados obtidos a partir de diversos campos da ciência permitiram ao russo
Oparin formular uma teoria revolucionária, que tentava explicar a origem
da Vida na Terra, sem recorrer a fenómenos sobrenaturais ou
extraterrestres:
Teoria de Oparin
o Sol e os planetas do Sistema Solar formaram-se simultaneamente, a
partir da mesma nuvem de gás e poeiras cósmicas, á cerca de 4700 M.A.;
a análise espectral de estrelas permitiu a conclusão de que as leis
químicas são universais. As estrelas têm vários estádios de
desenvolvimento, encontrando-se o Sol numa fase intermédia da sua
“vida”. Estes factos permitem deduzir que os constituintes dos outros
planetas e do Sol, dada a sua origem comum, devem ser os mesmos que a
Terra primitiva conteve. A atmosfera primitiva da Terra deve ter contido
H2 , CH4 e NH3, como Júpiter ou Saturno, cuja gravidade impediu a
dissipação desses gases para o espaço.
Dados Astronómicos
a Terra apresenta diversas superfícies de descontinuidade, separando
zonas bem definidas provavelmente devidas a, na formação do planeta, os
elementos mais pesados (Fe, Ni) se terem acumulado no centro, os
intermédios (Al, Si) na crusta e os mais leves (H, N, C) na camada
gasosa externa;
os vulcões lançam gases para a atmosfera;
as rochas sedimentares com mais de 2300 M.a. em África e na América do
Norte são menos oxidadas que as mais recentes, revelando uma atmosfera
pobre em oxigénio molecular. Este facto observa-se pela presença de
grande quantidade pechblenda, um mineral de urânio facilmente oxidável.
Por outro lado, o óxido de ferro apenas surge em depósitos com menos de
2000 M.a., altura em que se considera que a quantidade de oxigénio na
atmosfera rondaria 1% da actual.
Dados Geofísicos
o mundo biológico reflecte uma unidade de origem e constituição;
os elementos fundamentais dos seres vivos são C, H, O, N, P e S,
vulgarmente abreviado para CHNOPS;
os compostos orgânicos básicos são os aminoácidos, bases púricas e
pirimídicas, oses e ácidos gordos;
as provas da evolução são irrefutáveis, demonstrando que as condições e
os organismos nem sempre foram o que são actualmente;
muitos compostos orgânicos já foram sintetizados em laboratório, como a
insulina e a ureia;
pode-se criar em laboratório agregados de moléculas sob a forma de
coacervados;

Estromatólitos em zonas quentes do mar australiano
existem fósseis de organismos com 3000 M.A., os estromatólitos,
estruturas resultantes da deposição de CaCO3 , retido e segregado por
comunidades de cianobactérias, presentes em água doce e salgada;
os raios U.V. podem promover reacções entre compostos e degradar
moléculas orgânicas;
a Vida na Terra, como a conhecemos, só é possível devido à filtragem dos
U.V. pela camada de ozono (O3) da atmosfera superior. Dados Biológicos
Quando a comunidade científica aceitou, finalmente, a ideia da lenta
evolução das espécies, estava o terreno propício para o surgimento da
primeira explicação racional para a origem da Vida. Esta surgiu em 1924
pela mão do geneticista russo Alexander Oparin.
Oparin considerou que as condições para a origem da Vida surgiram como uma
etapa natural, incluída no constante movimento da matéria.
Tendo por base dados fornecidos por várias ciências, como anteriormente
referido, Oparin desenvolveu a sua teoria baseada no princípio: as
condições existentes na Terra primitiva eram diferentes das de hoje.
Particularmente, a atmosfera seria redutora, ou seja, sem oxigénio mas
rica em hidrogénio. Este facto teria como consequência directa a falta de
ozono nas camadas superiores da atmosfera e o bombardeamento constante da
superfície da Terra com raios U.V.
Nessa atmosfera, o H2, seu principal constituinte, tenderia a reduzir as
outras moléculas. Seria, também, uma atmosfera sem azoto e sem dióxido de
carbono.
A sua constituição segundo Oparin, resultante da reacção dos gases
provenientes da actividade vulcânica, seria: hidrogénio (H2), metano
(CH4), amoníaco (NH3) e vapor de água.
Estudos posteriores indicam que a atmosfera primitiva conteria ainda
dióxido de carbono (CO2), azoto (N2), monóxido de carbono (CO) e sulfureto
de hidrogénio (H2S).
A temperatura à superfície seria superior ao ponto de fusão do gelo mas
inferior ao seu ponto de ebulição (0 - 100ºC). Parte da água terá sido
decomposta, a quente, em hidrogénio, que se escapou para o espaço, e
oxigénio, que se incorporou nas rochas. O restante vapor de água ter-se-á
condensado, originando os oceanos, enquanto as chuvas intensas, correndo
sobre os continentes, lhes extraíam o cálcio. Este ter-se-á acumulado em
espessas camadas de sedimentos, que foram reincorporadas pelo manto. Este
facto libertou a atmosfera de dióxido de carbono, evitando o
desenvolvimento do efeito de estufa que existe em Vénus.

Sopa primitiva, formada por compostos orgânicos simples em solução
nos oceanos
Esta mistura de gases, sujeita á acção de U.V., do calor da crusta em fase
de arrefecimento, da radioactividade natural dos compostos recém formados
e da actividade vulcânica, teria dado origem a compostos orgânicos
simples em solução - sopa primitiva.
Esta explicação permitia ultrapassar a dificuldade da formação das
primeiras biomoléculas (aminoácidos, oses, bases azotadas e ácidos gordos)
pois estas teriam tido uma origem em moléculas inorgânicas.
A existência de certas rochas contendo minerais assimétricos, como as
argilas, teriam facilitado a estruturação desses monómeros em polímeros,
funcionando como catalisadores inorgânicos.
Segundo Oparin, os conjuntos moleculares ter-se-iam agregado numa
estrutura rodeada por uma espécie de “membrana” de cadeias simples
hidrocarbonadas, que a isolava do meio – coacervado.

Proteinóides obtidos em laboratório, semelhantes em estrutura aos
coacervados
Os coacervados derivam de um processo natural nas soluções de polímeros
fortemente hidratados. Há uma separação espontânea de uma solução aquosa,
inicialmente homogénea, em duas fases, uma rica em polímeros e outra quase
exclusivamente água. Esta situação deve-se à atracção entre moléculas
polares e repulsão entre moléculas polares e apolares.
O coacervado é uma gotícula coloidal (formada por partículas muito
pequenas mas maiores que as moléculas com polaridade) rica em polímeros em
suspensão num meio aquoso. A membrana do coacervado é formada por
moléculas de água dispostas em redor dos polímeros. O coacervado pode
interagir com o meio, incorporando moléculas na sua estrutura, crescer e
dividir-se. À medida que novas moléculas se iam agregando, se a nova
combinação molecular não fosse estável, o coacervado destruía-se. Se fosse
estável o coacervado aumentava de tamanho, até que se dividia em dois.
No interior do coacervado, algumas moléculas catalisavam novas
combinações, enquanto outras, autoreplicáveis, começavam a controlar as
reacções metabólicas. Deste modo, este conjunto de moléculas funcionaria
como uma pré-célula, constituindo uma primeira manifestação de Vida.
Estudos recentes apontam para a importância dos ácidos nucleicos no
processo inicial do desenvolvimento da Vida.
O RNA terá sido a primeira molécula a surgir, já que este ácido nucleico
forma curtas cadeias espontaneamente em ambientes semelhantes aos
propostos nesta teoria. Além disso, o RNA liga-se temporariamente a locais
específicos de outras moléculas, catalisando reacções na célula viva na
ausência de enzimas, funcionando simultaneamente como DNA e proteína
durante a evolução celular.
Obter-se-iam assim, os pilares moleculares da Vida, os ácidos nucleicos e
as proteínas: sem ácidos nucleicos não há proteínas, ou seja, não há
estrutura e controlo das reacções (enzimas) e sem proteínas (estruturais
como as histonas e enzimáticas) não há replicação de DNA. Esta pré-célula,
provavelmente semelhante a uma bactéria, seria heterotrófica,
alimentando-se do “caldo orgânico” abiótico do meio.
Nos milhões de anos seguintes, a selecção natural terá conduzido esta
evolução química, favorecendo conjuntos moleculares bem adaptados e
eliminando outros, devido à rarefacção dos nutrientes nos oceanos.
Assim, para sobreviverem, estas células poderão ter evoluído para uma
situação de autotrofia, necessitando de grande quantidade de electrões,
como por exemplo o hidrogénio, dióxido de carbono ou moléculas sulfurosas.
Não parece coincidência que a grande maioria de bactérias autotróficas
actuais pertencerem ao grupo das bactérias sulfurosas.
Modelo evolutivo de Oparin
Com o surgimento das cianobactérias fotossintéticas a acumulação de
oxigénio molecular criou a necessidade do surgimento de estruturas
protectoras contra esse gás altamente agressivo.
O oxigénio molecular é um verdadeiro veneno para os organismos que não
disponham de mecanismos enzimáticos protectores (catalase ou peroxidase,
por exemplo) capazes de reduzir os subprodutos altamente nocivos do
metabolismo oxidativo (peróxido e superóxido de hidrogénio).
Os dados geofísicos indicam que o oxigénio molecular surgiu gradualmente
na atmosfera há cerca de 2000 M.a.
O oxigénio teve um papel fundamental no desenvolvimento e complexificação
das estruturas biológicas, como se pode constatar pelos exemplos
seguintes:
capacidade de divisão celular depende da formação do complexo
actina-miosina, impossível sem oxigénio;
síntese de esteróis, ácidos gordos e colagénio é impossível sem
oxigénio;
metabolismo aeróbio fornece mais de 15 vezes mais energia que o
anaeróbio;
camada de ozono permitiu a vida em terra.
Acumulação de Oxigénio molecular na atmosfera
Esta teoria explicativa do aparecimento do primeiro ser vivo necessitava,
no entanto, de provas factuais que a apoiasse.
Para isso, diversos cientistas simularam em laboratório as condições que o
seu autor considerava terem existido na Terra primitiva, entre eles
Stanley Miller, cuja experiência se tornou célebre.

Esquema da experiência de Miller
Esta experiência foi concebida para testar a possibilidade da formação de
monómeros abioticamente, nas condições da teoria de Oparin.
Em 1953, Miller introduziu num balão uma mistura de metano, amoníaco,
hidrogénio e água.
Essa mistura era constantemente bombardeada por descargas eléctricas de
60000 V e mantida a circular no aparelho pelo vapor de água criado pela
ebulição da água.
Este procedimento foi mantido durante uma semana, após a qual se recolhem
amostras que são analisadas por cromatografia.
As análises mostraram que o líquido amarelado que se tinha formado
continha vários tipos de aminoácidos (alanina, ácido aspártico e
glutamato) e ácidos orgânicos simples (fórmico, acético, propiónico,
láctico e succínico) usuais nos seres vivos.
Juan Oro, outro investigador, demonstrou que era possível obter
abioticamente as bases púricas e pirimídicas que compõem os ácidos
nucleicos, aquecendo ácido cianídrico e amoníaco, por sua vez obtidos
abioticamente de hidrogénio, monóxido de carbono e azoto molecular.
Saliente-se que uma das bases, a adenina, não só faz parte dos ácidos
nucleicos mas também é fundamental para a formação de coenzimas como o
NAD+ e o NADP+ e do ATP.
Sidney Fox testou a etapa seguinte, a formação abiótica de polímeros a
partir dos monómeros.
Dado que a concentração de monómeros nos oceanos primitivos deveria ser
baixa e que as reacções de polimerização são reacções de desidratação,
estas não seriam fáceis de obter em condições naturais.
Assim, foi proposto que as polimerizações teriam ocorrido apenas em
condições especiais, que aumentavam artificialmente a concentração de
monómeros e catalisavam as reacções.
É sabido que as argilas são rochas formadas por camadas aluminossilicatos
hidratados com grande quantidade de cargas positivas e negativas. Por este
motivo estas rochas captam moléculas carregadas com grande facilidade pelo
processo de adsorsão. Este poderia ser um meio de facilitar a
polimerização, tal como a congelação, evaporação, calor, etc.
Fox testou esta possibilidade aquecendo a 200ºC misturas de aminoácidos
obtidos abioticamente sobre pedaços de rocha. Obteve cadeias
polipeptídicas, que designou proteinóides, e que podiam ser usadas como
alimento por bactérias e podiam apresentar capacidade catalítica (uma
pré-enzima).
Com estes proteinóides, Fox obteve ainda o passo seguinte da teoria de
Oparin, a formação de coacervados, estruturas que Fox designou
microsferas, por aquecimento á ebulição seguido de arrefecimento.
As microsferas aparentavam ter propriedades osmóticas através da sua
membrana de moléculas de água, comportando-se como uma pré-célula.
Experiências de outros cientistas
Biliões de anos atrás4,53,52,51,50,5
Fontes energéticasbombardeamento por U.V. elevado, calor da Terra
elevado, relâmpagos intensosbombardeamento por U.V. elevado, calor
da Terra menor, relâmpagos médiosbombardeamento por U.V. elevado,
calor da Terra baixo, relâmpagos fracosbombardeamento por U.V.
fraco, calor da Terra baixo, relâmpagos fracosbombardeamento por
U.V. fraco, calor da Terra baixo, relâmpagos fracos

Gases na atmosferahidrogénio, metano, amoníaco, água, dióxido de
carbonohidrogénio, metano, amoníaco, água, dióxido de
carbonohidrogénio, amoníaco, águahidrogénio, amoníaco, água, ozono,
oxigénio, dióxido de carbonoágua, oxigénio, ozono, azoto, dióxido de
carbono
Moléculas no oceanomoléculas orgânicas simples sintetizadas
abioticamente, metano e hidrocarbonetos, amónia, ácidos e
álcooismoléculas orgânicas complexas sintetizadas abioticamente,
nucleótidos, aminoácidos, açúcares moléculas orgânicas complexas
usadas pelos protobiontes, início da síntese biótica de proteínas,
gorduras e açúcares em célulasmoléculas orgânicas complexas obtidas
apenas por síntese bióticamoléculas orgânicas complexas obtidas
apenas por síntese biótica
Tipo de formas de Vidaera de evolução química,
protobiontesprocariontesprocariontessurgimento dos
eucariontesorganismos multicelulares
Quadro-resumo da evolução das condições da Terra primitiva
o hidrogénio é muito leve e escapa-se à gravidade da Terra com muita
facilidade (quanto mais elevada a temperatura da atmosfera superior,
mais facilmente se escapa) logo talvez não tenha predominado na
atmosfera primitiva;
o oxigénio poderia existir em maior quantidade pois as enormes
quantidades de vapor de água produzidas podiam ser decompostas em
hidrogénio e oxigénio pelos U.V., tendo-se o hidrogénio escapado e o
oxigénio acumulado na atmosfera. Se este processo fosse em grande
escala, a atmosfera ter-se-ia tornado rica em oxigénio;
a atmosfera interage permanentemente com as rochas logo a análise
destas poderia dar uma ideia aproximada da constituição daquela. Algumas
rochas sedimentares foram formadas em condições redutoras, factor tido
como argumento a favor da teoria de Oparin. No entanto, actualmente
ainda é possível a formação dessas rochas, apesar da atmosfera rica em
oxigénio, nomeadamente em pântanos. Essas rochas formam-se em condições
de decomposição anaeróbia de matéria orgânica no lodo.
Por este motivo considera-se que, se tomadas no seu conjunto, as rochas
de um dado período evidenciam que a atmosfera primitiva seria muito
semelhante à de hoje. A dificuldade deste argumento é o facto de apenas
existirem rochas com 3200 M.a., logo a atmosfera dessa época não ser
redutora não invalida os pressupostos de Oparin pois considera-se que os
primeiros organismos fotossintéticos teriam surgido á cerca de 3600 M.a.
Outro aspecto a considerar é que, mesmo com atmosfera oxidante, tal como
na actualidade, era possível a presença de locais com condições
redutoras (sob rochas ou no fundo de lagos ou oceanos) com elevadas
concentrações moleculares, permitindo a evolução química proposta por
Oparin;
como terão surgido as moléculas reguladoras e autoreplicáveis ?
Não foi possível esclarecer devidamente se foi a proteína ou o ácido
nucleico a primeira molécula a surgir na evolução química, ou se ambos
surgiram simultaneamente. As proteínas e os ácidos nucleicos são as
moléculas básicas de todos os organismos vivos. As proteínas têm uma
função estrutural e enzimática e os ácidos nucleicos contêm a informação
hereditária e os “programas” que controlam, pelas enzimas, todas as
reacções dos seres vivos. Sem ácidos nucleicos não existe um plano de
formação das proteínas, e sem enzimas não se realiza a cópia dos ácidos
nucleicos.
Actualmente considera-se que o RNA terá sido a primeira molécula a
surgir, seguido de uma forma simplificada de síntese proteica. Os
fosfatos e a ribose seriam moléculas comuns e a adenina pode ter sido
formada espontaneamente, tal como demonstrado por diversas experiências.
Obter-se-ia, assim, uma molécula capaz de replicação devido á facilidade
de emparelhamento de bases. No entanto, apesar de o RNA ser uma molécula
mais reactiva que o DNA, tal não seria suficiente para catalisar
reacções mais complexas, daí a necessidade do surgimento de uma outra
molécula para realizar essas funções, as proteínas enzimáticas. As
enzimas primitivas devem ter sido pequenos péptidos não específicos. Fox
demonstrou nas suas experiências que alguns proteinoides tinham
actividade catalítica mas verdadeiras enzimas apenas podem surgir após
haver maneira de se conseguir reproduzir a sua sequência polipeptídica.
Sabe-se que em condições pré-bióticas alguns polinucleótidos podem
servir de matriz para a síntese de não enzimática de polinucleótidos
complementares.
Apesar destes factos, facilmente se deduz que a grande maioria destas
sequências não teria qualquer significado.
Críticas à Hipótese de Oparin
Ora aqui está uma pergunta com intrigantes respostas, segundo as mais
recentes investigações (1998).
Temos sempre referido que a chamada árvore da Vida tem na sua base os
seres procariontes (bactérias e arqueobactérias), organismos simples com
uma única cópia de cromossomas circulares, tendo os restantes grupos
(eucariontes) surgido quando conjuntos dessas bactérias se agruparam para
formar células complexas, ditas eucarióticas.
Actualmente considera-se que o inverso tenha sido muito mais provável!! Os
primeiros organismos não teriam sido do tipo bactéria, não vivendo em
fontes termais ou aberturas vulcânicas no fundo do mar. Deverão, pelo
contrário, ter sido muito mais semelhantes a protozoários, com genomas
fragmentados (em vários pequenos cromossomas lineares) e poliplóides (com
várias cópias do mesmo gene para impedir que "erros" na transcrição
impedissem a sua sobrevivência). Teriam, também, preferido os locais mais
frios.
Tal como Patrick Forterre, entre outros cientistas, tem referido, as
bactérias terão aparecido mais tarde, não sendo primitivas mas altamente
especializadas. Esta alteração tão radical no tipo celular teria sido o
resultado da adaptação a locais quentes, onde as temperaturas até 170ºC
tendem a causar mutações nos processos hereditários.
Assim "simplificadas", as bactérias tornaram-se altamente competitivas em
nichos onde a rapidez de reprodução é uma vantagem (parasitismo e
necrofagia, por exemplo).
Os restantes organismos, pelos habitats ocupados, nunca sofreram uma
tamanha pressão selectiva para se tornarem simples e rápidos, pelo que
retiveram o maior número de genes possível, em vez da simplicidade de
utilização. Estará a árvore da Vida de cabeça para baixo?
Editado pela última vez por Fernando Silva em 17 Jun 2006, 11:31, em um total de 1 vez.

Trancado