Genocídio Cientifico e Cultural no Iraque
Enviado: 19 Jun 2006, 17:24
Genocídio Cientifico e Cultural no Iraque
Cultura > Literatura - 25/05/2006 | José Steinsleger
http://www.jornada.unam.mx/2006/05/24/028a2pol.php
Versão Portuguesa de Yiossuf Adamgy para Al Furqán e Fórum myCIW.org
Na quantidade de textos e documentos que circulam no ciber espaço, chegou às minhas mãos um documento da Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP), que começa assim:
“A mossad (agência de espionagem de Israel) com a participação dos ocupantes americanos no Iraque, conseguiu até ao momento assassinar 350 cientistas nucleares iraquianos e mais de 200 professores universitários dos diferentes campos científicos, segundo informação do Departamento de Estado dos Estados Unidos.”
A atroz densidade da denúncia e a impossibilidade de confirmar a fonte levou-me a guardar o documento, tomando com aspas as afirmações de um grupo politico com interesse directo nos assuntos que comenta. Mas em Fevereiro passado, uma informação semelhante, de fonte mais credível, assegura:
“O Pentágono gastou 3 milhões de dólares para criar os “esquadrões da morte” que poderiam estar por trás dos assassinatos de docentes…”
Numa lista actualizada até 14 de Março passado, o Comité de Solidariedade com o Iraque, do Tribunal de Bruxelas, precisa as circunstâncias em que foram torturados e assassinados 141 professores de várias instituições e centros de ensino superior: Universidade de Bagdad, al-Mustansiriya, Tecnológica e al Bahrein, todas da capital iraquiana: Hilla (Babilónia), Mosul (Ninive), Diwaniya (Quadisiya), Instituto Técnico, e de Basora (Basora), Saladino (Tikrit), Baquba (Diyala), Ramada (Al-Anbar), Kufa (Nayaf), Mosul (Mosul), entre outras instituições académicas.
Quanto à situação em que, intelectualmente, seja o país mais avançado do Islão, o redactor desta informação, Dick Adriansens, diz:
“O pessoal universitário está desesperado”. A lista inclui nomes, apelidos, e direcções de reitores, decanos, biólogos, sociólogos, médicos, historiadores, filólogos, físicos, engenheiros, pediatras, linguistas, geógrafos, economistas, educadores e cientistas nucleares que, lamentavelmente, já não poderão colaborar com o novo “governo democrático do Iraque”.
Por seu lado, o Sindicato dos Jornalistas do Iraque, ofereceu uma relação actualizada no passado dia 4 de Maio, de 109 filiados assassinados em diferentes situações.
Ambas estas informações empatam com o apresentado pelo columbiano Fernando Baez, o qual em Maio de 2003 visitou o Iraque com uma comissão da UNESCO.
Baez é biblioclastiólogo (de biblioclastia), nome que os gregos davam à destruição de livros. Só a Biblioteca Nacional de Bagdad (três pisos uniformes de 10 mil 240 m2 construidos em 1977) perdeu com os bombardeamentos mais de um milhão de volumes, dezenas de milhões de documentos impressos, a quase totalidade dos arquivos micro filmados e do Arquivo Nacional do Iraque.
O perito interroga-se:
Por que é que as tropas de ocupação fizeram vista grossa com os saqueadores das grandes bibliotecas do país?
Quem organizou os grupos de civis com apoio externo, que no meio do caos, do fumo e das chamas entraram nos recintos climatizados que guardavam os manuscritos mais importantes, pergaminhos, peças e tábuas de argila 2 mil anos mais antigas que o reino de David?
O director anterior da Biblioteca de Bagdad lamentou-se com nostalgia: “Não me lembro de semelhante barbaridade desde os tempos dos mongóis” (1258, invasão de Bagdad, quando as tropas de Hulagu, descendente de Gengis Kan, destruíram todos os seus livros, deitando-os ao rio Tigre).
O líder xiita Al Sajid Abdul-Muncin al-Mussawi ordenou aos seus fiéis resgatar dos bárbaros quase 300 mil livros que se transportaram em camiões até à mesquita de Haq, “…onde se amontoaram em fileiras intermináveis que chegam nalguns casos ao tecto”.
«Concluída a pilhagem selvagem - acrescenta Baéz – não havia literalmente nada para fazer. O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Donal Rumsfeld, à maneira de desculpa perante estes feitos comentou: “as pessoas livres são livres de cometerem actos e isso não se pode impedir”».
Entre aqueles que cometem “actos” livremente há não só militares e saqueadores. Os criminosos de guerra também contam com o apoio implícito de intelectuais “livres” como Salman Rushdie, Oriana Fallaci, Martin Amis, Bernard-Henry Levy, Michel Houellebecq, Giobanni Sartori e outros que, com o único fim de vender mais livros, ignoram a consciência que a primeira destruição de livros do século XXI ocorreu na nação onde teve lugar a invenção do livro, em 3.200 antes de Cristo.
Cultura > Literatura - 25/05/2006 | José Steinsleger
http://www.jornada.unam.mx/2006/05/24/028a2pol.php
Versão Portuguesa de Yiossuf Adamgy para Al Furqán e Fórum myCIW.org
Na quantidade de textos e documentos que circulam no ciber espaço, chegou às minhas mãos um documento da Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP), que começa assim:
“A mossad (agência de espionagem de Israel) com a participação dos ocupantes americanos no Iraque, conseguiu até ao momento assassinar 350 cientistas nucleares iraquianos e mais de 200 professores universitários dos diferentes campos científicos, segundo informação do Departamento de Estado dos Estados Unidos.”
A atroz densidade da denúncia e a impossibilidade de confirmar a fonte levou-me a guardar o documento, tomando com aspas as afirmações de um grupo politico com interesse directo nos assuntos que comenta. Mas em Fevereiro passado, uma informação semelhante, de fonte mais credível, assegura:
“O Pentágono gastou 3 milhões de dólares para criar os “esquadrões da morte” que poderiam estar por trás dos assassinatos de docentes…”
Numa lista actualizada até 14 de Março passado, o Comité de Solidariedade com o Iraque, do Tribunal de Bruxelas, precisa as circunstâncias em que foram torturados e assassinados 141 professores de várias instituições e centros de ensino superior: Universidade de Bagdad, al-Mustansiriya, Tecnológica e al Bahrein, todas da capital iraquiana: Hilla (Babilónia), Mosul (Ninive), Diwaniya (Quadisiya), Instituto Técnico, e de Basora (Basora), Saladino (Tikrit), Baquba (Diyala), Ramada (Al-Anbar), Kufa (Nayaf), Mosul (Mosul), entre outras instituições académicas.
Quanto à situação em que, intelectualmente, seja o país mais avançado do Islão, o redactor desta informação, Dick Adriansens, diz:
“O pessoal universitário está desesperado”. A lista inclui nomes, apelidos, e direcções de reitores, decanos, biólogos, sociólogos, médicos, historiadores, filólogos, físicos, engenheiros, pediatras, linguistas, geógrafos, economistas, educadores e cientistas nucleares que, lamentavelmente, já não poderão colaborar com o novo “governo democrático do Iraque”.
Por seu lado, o Sindicato dos Jornalistas do Iraque, ofereceu uma relação actualizada no passado dia 4 de Maio, de 109 filiados assassinados em diferentes situações.
Ambas estas informações empatam com o apresentado pelo columbiano Fernando Baez, o qual em Maio de 2003 visitou o Iraque com uma comissão da UNESCO.
Baez é biblioclastiólogo (de biblioclastia), nome que os gregos davam à destruição de livros. Só a Biblioteca Nacional de Bagdad (três pisos uniformes de 10 mil 240 m2 construidos em 1977) perdeu com os bombardeamentos mais de um milhão de volumes, dezenas de milhões de documentos impressos, a quase totalidade dos arquivos micro filmados e do Arquivo Nacional do Iraque.
O perito interroga-se:
Por que é que as tropas de ocupação fizeram vista grossa com os saqueadores das grandes bibliotecas do país?
Quem organizou os grupos de civis com apoio externo, que no meio do caos, do fumo e das chamas entraram nos recintos climatizados que guardavam os manuscritos mais importantes, pergaminhos, peças e tábuas de argila 2 mil anos mais antigas que o reino de David?
O director anterior da Biblioteca de Bagdad lamentou-se com nostalgia: “Não me lembro de semelhante barbaridade desde os tempos dos mongóis” (1258, invasão de Bagdad, quando as tropas de Hulagu, descendente de Gengis Kan, destruíram todos os seus livros, deitando-os ao rio Tigre).
O líder xiita Al Sajid Abdul-Muncin al-Mussawi ordenou aos seus fiéis resgatar dos bárbaros quase 300 mil livros que se transportaram em camiões até à mesquita de Haq, “…onde se amontoaram em fileiras intermináveis que chegam nalguns casos ao tecto”.
«Concluída a pilhagem selvagem - acrescenta Baéz – não havia literalmente nada para fazer. O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Donal Rumsfeld, à maneira de desculpa perante estes feitos comentou: “as pessoas livres são livres de cometerem actos e isso não se pode impedir”».
Entre aqueles que cometem “actos” livremente há não só militares e saqueadores. Os criminosos de guerra também contam com o apoio implícito de intelectuais “livres” como Salman Rushdie, Oriana Fallaci, Martin Amis, Bernard-Henry Levy, Michel Houellebecq, Giobanni Sartori e outros que, com o único fim de vender mais livros, ignoram a consciência que a primeira destruição de livros do século XXI ocorreu na nação onde teve lugar a invenção do livro, em 3.200 antes de Cristo.