Agora só falta um dos advogados de defesa aparecer com uma carta psicografada por algum médium aboiolado que supostamente incorporou o pai ou a mãe de Suzane, onde se "esclarece" o crime e inocenta a vadia.
20/06/2006 - 09h33
Suzane agora culpa o pai dos Cravinhos
LAURA CAPRIGLIONE da Folha de S.Paulo
"O Astrogildo Cravinhos, pai do Daniel, foi mentor do crime --estava interessado na herança"; "Cristian Cravinhos [irmão de Daniel] era um bobo, manipulado como eu. Travou na hora de matar"; "Daniel foi que bolou tudo. Ele me manipulava e me assustava com histórias de espíritos que ordenavam a morte dos meus pais."
As acusações são de Suzane von Richthofen, 22, ré confessa no assassinato dos pais Manfred e Marísia von Richthofen, em 30 de outubro de 2002. Foram transmitidas à Folha pelo advogado Mauro Otávio Nacif, 61, na saída de uma reunião com a jovem, no último sábado.
Agora, segundo ele, Suzane inclui mais um personagem ao caso, cujo novo julgamento está marcado para 17 de julho. Até então, ela nunca havia citado o pai dos Cravinhos, a quem chegou a mandar cartas com pedido de desculpas logo após sua prisão. Afirma agora que, antes de ser presa, ele chegou a sugerir que ela se emancipasse (para ficar com a herança) e que tinha certeza de que ele sabia do plano dos filhos.
Na entrevista de Nacif, a imagem que surge não é mais a de uma Suzane infantilizada, com blusa estampada de Mickey, pantufinhas e franja. A mulher que abriu a porta para o "doutor Mauro", como ela o chama, às 9h para uma reunião que durou até as 14h40, vestia uma blusa de lã vermelha, jeans e mocassins beges. Como adorno, brincos em forma de argolas grandes, em metal prateado. Tinha os cabelos loiros avermelhados bem cortados, as unhas feitas, sem esmalte.
Magra (esqueça a gorducha de biquíni que apareceu na TV), falando baixo, "mas com firmeza", diz o advogado, Suzane disse estar interessada em dar seu "desabafo de vida".
A expressão "desabafo de vida", Suzane viu em uma revista. A jovem é leitora de todos os jornais de São Paulo. "Lê especialmente as notícias que se referem a ela." Assiste TV. De novo, atenção especial aos momentos em que ela é o assunto.
Segundo Nacif, o dia a dia da jovem é comum. "Ela recebe visitas das amigas da faculdade no apartamento confortável em que está morando. Suzane [que está em prisão domiciliar] tem um quarto só para si, equipado com internet. Levanta cedo, entre 8h e 8h30. Dorme um pouco à tarde."
No sábado, segundo Nacif, Suzane recebeu a equipe de advogados com bolo de chocolate coberto com morangos e outro de limão --feito por ela. A própria Suzane anotou em uma folha de sulfite os pontos que julga centrais em sua defesa.
A garota define a relação dela com Daniel Cravinhos, réu confesso no crime, como de "obsessão, vício". Escreve em boa caligrafia e ortografia.
Hoje, a moça se refere ao ex-namorado Daniel como "Corja", como na frase: "Quem me mandou espalhar os documentos foi o "Corja'", a propósito do momento seguinte ao crime, quando, no escritório da casa, tentou forjar cenário compatível com a idéia de bandidos vasculhando gavetas.
Há poucos dias, Denivaldo Barni, que trabalhou com o pai de Suzane e é o advogado dela para as questões da herança, disse à jovem que Daniel estaria recebendo visitas íntimas na cadeia. Segundo Nacif, Suzane não demonstrou contrariedade. Disse apenas: "Coitada. Ela será a próxima vítima".
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/coti ... 2964.shtml
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20/06/2006 - 09h37
Pai dos irmãos Cravinhos não comenta as acusações feitas por Suzane
da Folha de S.Paulo
A Folha tentou ontem conversar por telefone com Astrogildo Cravinhos. Ele não quis ser entrevistado e não quis saber o teor das acusações de Suzane von Richthofen contra si.
"Não quero nem saber. Eu não vou emitir minha opinião. Eu não quero abrir a minha boca. Eu não permito que você divulgue nada do que estamos falando nem qualquer impressão sobre minha pessoa", disse ele.
No escritório de Geraldo Jabur, advogado dos Cravinhos, a secretária Aline informava que o representante não se encontrava e recusou-se a fornecer o número do celular dele.
Astrogildo sempre falou com carinho de Suzane, a quem definiu como "um doce, simpática e educada" em entrevista concedida à Folha em junho do ano passado, quando a jovem foi solta pela primeira vez.
Na época, disse que não tinha raiva dela e que a receberia em casa se ela assim desejasse. "Se ela me ligasse agora, eu iria pegá-la", afirmara.
No dia em que os filhos saíram do presídio, em novembro do ano passado, Astrogildo voltou a repetir que não tinha mágoa de Suzane e até mostrou uma foto 3x4 dela que carregava na carteira com as fotografias de Daniel e Cristian.
"Não tenho nada contra a Suzane. Absolutamente nada", disse na época. "Se ele [Daniel] quiser, até o levo para encontrar-se com ela", acrescentou.
Astrogildo contou que ele e sua mulher, Nadja Cravinhos, tentaram visitar Suzane diversas vezes no presídio, mas a garota nunca permitiu que eles entrassem no local.
Amor lindo
De acordo com o aposentado, a jovem e o filho tinham um "amor lindo, que ganhava do de Romeu e Julieta". O pai afirmou que sempre recebeu a jovem e o irmão dela, Andreas, em casa no tempo em que ela e Daniel namoravam.
Segundo Astrogildo Cravinhos, Suzane e o irmão dormiram diversas vezes no quarto de Daniel. Pelo menos até junho do ano passado, o ex-sogro mantinha em casa fotos de Suzane e Daniel juntos, suvenires trazidos pelo casal de uma viagem ao Rio Grande do Norte e até objetos pessoais da garota.
O aposentado foi um dos primeiros a acorrer à casa de Manfred e Marísia von Richthofen no dia do assassinato.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/coti ... 2965.shtml