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Autoconfiança Define Maior Propensão Para Guerras

Enviado: 23 Jun 2006, 18:43
por Lúcifer
Autoconfiança Define Maior Propensão Para Guerras

Pesquisa Com 200 Pessoam Em Um Jogo Conclui Que O Narcisismo E Otimismo Em Homens Tendem A Se Relacionar Com Comportamento Bélico, Mas Também A Fracassar Mais.

PARIS - A ciência descobriu evidências objetivas para sustentar a suspeita de que homens superconfiantes e narcisistas são mais propensos a iniciar guerras, mas também a perdê-las. Cientistas norte-americanos recrutaram 200 homens e mulheres para participar de uma experiência incomum, afim de verificar a inclinação ao otimismo pode levar um líder a iniciar uma guerra.

Foi pedido a cada voluntário que participasse de um jogo de computador com um adversário. Cada um desempenhou o papel de chefe de Estado de um país fictício em conflito com um vizinho por um vasto campo de diamantes em uma disputada fronteira. Cada jogador recebeu US$20 para participar do jogo, além de um prêmio adicional de US$10 por vitórias, para que fosse acumulçando a maior riqueza possível e derrotasse o oponente.

Antes do jogo, foi solicitado a cada participante que se autoclassificasse, prevendo em que posição ele ou ela ficaria com relação aos outros 199 competidores. Durante o jogo, recebiam um tesouro virtual de US$100 milhões que podiam gastar para implementar seu exército, investir na infra-estrutura industrial ou manter dinheiro em caixa.

À medida que o jogo se desenvolvia, o jogador recebia atualizações sobre as ações e ofertas de seu / sua oponente. Os jogadores podiam negociar acordos nos quais pudessem ter acesso aos disputados diamantes, mas eles também tinhas a opção de iniciar uma guerra a qualquer momento e sem qualquer provocação.

A vitória na guerra seria determinada por quanto o jogador gastou com seu exército, mas havia um elemento de mudança também: o equivalente no computador de uma jogada ao azar. Mais de mil decisões foram tomadas pelos jogadores em seis rodadas. 70% delas envolveram negociação (algo que podia ser feito tanto durante a paz quanto durante a guerra), 20% nada fizeram; 6% se envolveram em conflitos e 4% fizeram ameaças. As guerras ocorreram em quase a metade dos jogos.

Os homens mostraram-se mais de cinco vezes mais propensos que as mulheres a lançar ataques sem qualquer provocação. E eles também demonstraram grande autoconfiança. Em média, um "senhor da guerra" se classificou como o 60º colocado entre 200 jogadores, enquanto aqueles que tentaram evitar a guerra foram mais humildes, classificando-se em 75º colocação, em média.

Ao contrário da crença popular, no entanto, a testosterona não desempenhou qualquer papel na decisão dos jogadores por paz ou por guerra. Os jogadores se submeteram a testes de saliva antes do jogo e estes não demostraram diferenças significativas nos níveis de hormônios masculinos de "senhores da guerra" e conciliadores.

Descobriu-se, além disso, uma clara característica psicológica entre os belicistas. Depois do jogo, eles recebiam avaliação de personalidade, descobrindo-se altos níveis de narcisismo entre os homens, mas não entre as mulheres.

Os cientistas, chefiados por Dominic Johnson, da Universidade de Princeton, em Nova Jersey, publicaram o estudo na ultima edição do jornal Proceedings of de Royal Society B, da academia de ciências britânica. A teoria é a de que os humanos têm uma propensão ao otimismo porque se trata de um mecanismo de sobrevivência. Ao encorajar a esperança, chamada de "ilusão positiva", nossos ancestrais distantes conseguiam superar as adversidades, fortalecer sua determinação e iludir os oponentes.

Mas a questão é quando as "ilusões positivas" se tornam autoconfiança e o impacto que ela pode ter na sociedade moderna na figura de um presidente ou primeiro-ministro que acredite que a guerra, apesar de seus riscos, pode ser ganha fácil e rapidamente. Ironicamente, a equipe de Johnson descobriu que quanto melhor o jogador se autoclassificou, menor foi o seu desempenho. "Aqueles que esperavam se sair melhor, tenderam para opior.", destacou o estudo. "Isto sugere que as ilusões positivas não só foram mal direcionadas, mas que, na verdade, podem ter comprometido o desempenho.", concluíram.

JORNAL ESTADO DE MINAS - Belo Horizonte, 22/06/06.