Universal na TV
Enviado: 28 Jun 2006, 15:33
Quando a gente pensa que a Univer$al já explorou todos os confins da boçalidade e todos os abismos da imbecilidade no intuito de angariar prosélitos que contribuam para seus planos de expansão temporal (política-econômica-midiática-etc), ela aparece com algo pior para mostrar que estávamos completamente enganados.
Ontem à tarde eu voltei mais cedo do trabalho e como estava frio, liguei a TV a fiquei zapeando os canais.
Parei em um canal em que estava sendo exibido um programa de fim de tarde da Univer$al, chamado "Mistérios", onde um pastor, com o auxílio de um "ex-mãe-de-encostos" desvenda "mistérios" que ocorrem na vida de determinadas pessoas, auxiliado de "simulações baseadas em casos reais".
O relato a seguir mostra que se confirma que a IURD se distancia cada dia do neopentecostalismo clássico para enveredar-se mais e mais um caminho doutrinário espúrio, recheado de idéias "new-age" e flertes com os conceitos do candomblé e da umbanda, formando um bizarro mosaico de crenças "judaico-afro-e-o-escambau-a-quatro-cristãs" que serve de escora a uma "teologia da prosperidade", onde se faz acreditar que o crente que estiver sofrendo reveses em sua vida, é devido aos encostos e se este tiver fé (e entregar seu dinheiro à IURD em qualquer uma das dezenas de campanhas de libertação), estará liberto e será um homem novo, pronto para se tornar rico e feliz.
Os "casos" explorados são apresentados através de simulações, as quais contam com toda aquela produção mambembe já conhecida e enredo e personagens idem:
a) empresário de classe média que de uma hora para outra perde tudo e sente que forças ocultas fazem sua vida ir por água abaixo;
b) dona-de-casa de classe média que de uma hora para outra tem sua vida amorosa abalada, sendo traída pelo marido, que a troca por um modelo mais novo, com air-bags, aerofólio e carroceria enxuta;
c) pessoa de classe média que não consegue ir para frente e sente que todos os obstáculos possíveis conspiram para impedir sua felicidade (financeira, amorosa, etc).
Os motivos comuns:
a) inveja alheia - alguém que cobiçava alguma coisa da vítima fez um trabalho através de um "pai" ou "mãe" de encostos;
b) inveja alheia - alguém que cobiçava alguma coisa da vítima lançou-lhe uma maldição ou um mal-olhado e através desta energia negativa os encostos penetraram na vida da pessoa.
c) inveja alheia - alguém que cobiçava alguma coisa da vítima pincha-lhe uma maldição e não obstante isso ainda faz uma macumba da brava para que a vítima se estrepe.
[Nota: a falta de imaginação destes pastores é absurda]
No programa em questão, a simulação tratava da história de um casal feliz, sendo o marido um empresário de classe média alta e a esposa uma dona de casa muito feliz.
Os dois viviam bem, de modo que as empresas dele davam muito lucro e a vida dela era uma "benção só", pois tinha um marido fiel e rico.
Acontece que o tal casal feliz tinha um empregado. E este tinha uma mulherzinha que era uma peste de invejosa.
O casal feliz convidou o empregado e sua esposa peste para jantar. No decorrer da conversa os anfitriões falaram sobre viagens internacionais, férias paradisíacas, reforma da casa, automóveis importados, sendo que o empregado, muito humilde, assumiu que nunca tinha feito uma viagem internacional. A sua esposa invejosa não quis ficar por baixo, tntou contar algumas vantagens, mas vendo que o marido não lhe ajudava em suas mentiras, emburrou.
Passado algum tempo (já adivinharam?), as coisas começaram a dar tudo errado para o casal feliz.
Os empreendimentos do marido começaram a fazer água. Ambos começaram a sentir um ambiente carregado em casa. O automóvel da esposa começou a apresentar defeitos (!). Os aparelhos eletrodomésticos e eletroeletrônicos de última geração da casa do casal feliz começaram a estragar de uma hora para outra (!). Tudo em suas vidas pareciam estar na iminência de ruir.
Na casa do empregado humilde, a esposa peste, possessa, xingava-lhe por não ter pedido um aumento para o patrão rico, por não ter dinheiro para alugar um apartamento maior, por não ter um carro melhor e por ter dito no jantar que nunca estivera no exterior. "Ora, eles não precisam saber que você é pobre assim e que nunca viajou para o exterior, é só inventar para não ficar por baixo", é mais ou menos o que diz ela. Ou seja, a esposa peste era uma invejosa de marca maior e a sua inveja das "bênçãos" do casal feliz é que estava causando todos os estragos físicos, emocionais e espirituais na vida destes.
Corta a cena e o pastor passa a debater seriamente (!
) com a "ex-mãe-de-encostos" que aquele tipo de sentimento da esposa peste desperta um tipo de força demoníaca que não precisa de meio material para se manifestar. Isto é, a mandinga lançada não precisa de um trabalho feito em casa de encostos, é inveja pura e da brava, dor-de-cotovelo que estraga a TV e pifa o motor do carro, que faz os negócios andarem mal e o sentimento mútuo do casal se enfraquecer.
O pastor recomenda que aqueles que passam por casos semelhantes e desconfiam de inveja alheia, "mal-olhado", que ouvem vozes e vêem vultos em sua casa, que se dirijam a uma da filiais da IURD e que passem pela Campanha dos 318 Pastores ou alguma similar e recebam um incenso ungido, que irá desfazer o ambiente carregado negativamente depois que queimado dentro de casa e na empresa. Pede que continuem a ir à Igreja, "participar das campanhas" e assistir aos programas. E tudo com aquela entonação de voz que parece imitar o Pedir Mai$cédulas, padrão estabelecido entre os pastores da IURD.
A mãe de santo explica a atuação dos encostos e o resultado maléfico destes sobre a vida dos encostados. Fala das energias negativas e sua relação com os escostos, que são demônios a serem combatidos.
Passam um trecho de uma gravação de uma sessão de descarrego onde uma "encostada" de mãozinhas tremelicantes para trás, em transe, estrebucha e baba. O mesmo pastor a interroga e diz à platéia assustada que muitas vezes, quando se pensa ter um peso físico sobre os ombros, na verdade é um peso espiritual, são os encostos que usam as pessoas como "cavalos", como se dizem nas "casas-de-encostos".
Após isto tudo, voltam à "simulação" baseada em fatos verídicos.
O ex casal feliz, depois de tentar de tudo para a normalidade voltar ao recesso de seu lar, fica sabendo (através de alguém ou da TV, essa parte eu perdi) da IURD e passam a freqüentar a igreja e "participar da campanhas (ou seja, desembolsar o que tiverem a título de dízimo, esperando com fé no coração que deus aceite a barganha).
Em um passe de mágica, tudo volta ao normal. Aliás, melhor do que antes. Os empreendimentos do marido vão de vento-em-popa e a esposa novamente vive feliz com o mesmo.
Em resumo, após a IURD ter apresentado o "deus-vivo" ao casal - que agora é mais feliz ainda, pois tem o "deus-vivo" no coração; houve uma transformação na vida destas pessoas, as energias negativas foram isoladas (a barganha com deus no altar é um mero detalhe abafado, obviamente) e a paz voltou a reinar no lar deste casal novamente feliz...
Tosqueira, dirão. Mas funciona. O público alvo, pessoas que estão passando por momentos difíceis, não tendo nada a perder, começam a participar, na ilusão de que suas vidas serão transformadas. Os testemunhos falam de empregos, negócios que voltam a funcionar de forma lucrativa, pessoas livres de drogas, doenças, depressão, fobias, lares transformados...
Isso tudo é muito fácil de manipular... a mídia, TV, neste caso, mostra pessoas com caras felizes, parecendo que recém-saídas de uma sessão de terapia ou de um transe hipnótico, que celebram bênçãos com um olhar distante, em aparente estado de graça...
Mas algumas perguntas não calam... somente a IURD possui então o segredo da prosperidade espiritual e material ligado ao Deus de Israel? Quais as naturezas das bênçãos concedidas às pessoas em etapa anterior à sua queda e procura pela IURD para transformar suas vidas? Por que existem pessoas felizes e que não sentem inveja e não participam da IURD? O que acontece com estas pessoas? Os encostos não as atingem? Há muitas outras perguntas, que em uma análise racional desvendariam uma argumentação viciada, forçada, torpe, mas que convence pela insistência, pela repetição, pela lábia enganosa de pastores manipuladores e em razão principalmente de fatores conjugados, atinentes à realidade social, educacional, financeira e política em que o Brasil hoje se encontra.
Em razão disso tudo; cada vez mais reféns de denominações religiosas preocupadas em expandir seus domínios temporais na mídia e na política, aliciando mentes, exercendo poder e conseguindo seus intentos por meio de força econômica e laços obscuros e vendo o "Estado laico" flertar com os membros destas organizações religiosas que podem dia ou outro vir a tomá-lo ou exercer sobre ele forte pressão, por um bom tempo ainda nos indagaremos,
Pobre Brasil, até quando?
Ontem à tarde eu voltei mais cedo do trabalho e como estava frio, liguei a TV a fiquei zapeando os canais.
Parei em um canal em que estava sendo exibido um programa de fim de tarde da Univer$al, chamado "Mistérios", onde um pastor, com o auxílio de um "ex-mãe-de-encostos" desvenda "mistérios" que ocorrem na vida de determinadas pessoas, auxiliado de "simulações baseadas em casos reais".
O relato a seguir mostra que se confirma que a IURD se distancia cada dia do neopentecostalismo clássico para enveredar-se mais e mais um caminho doutrinário espúrio, recheado de idéias "new-age" e flertes com os conceitos do candomblé e da umbanda, formando um bizarro mosaico de crenças "judaico-afro-e-o-escambau-a-quatro-cristãs" que serve de escora a uma "teologia da prosperidade", onde se faz acreditar que o crente que estiver sofrendo reveses em sua vida, é devido aos encostos e se este tiver fé (e entregar seu dinheiro à IURD em qualquer uma das dezenas de campanhas de libertação), estará liberto e será um homem novo, pronto para se tornar rico e feliz.
Os "casos" explorados são apresentados através de simulações, as quais contam com toda aquela produção mambembe já conhecida e enredo e personagens idem:
a) empresário de classe média que de uma hora para outra perde tudo e sente que forças ocultas fazem sua vida ir por água abaixo;
b) dona-de-casa de classe média que de uma hora para outra tem sua vida amorosa abalada, sendo traída pelo marido, que a troca por um modelo mais novo, com air-bags, aerofólio e carroceria enxuta;
c) pessoa de classe média que não consegue ir para frente e sente que todos os obstáculos possíveis conspiram para impedir sua felicidade (financeira, amorosa, etc).
Os motivos comuns:
a) inveja alheia - alguém que cobiçava alguma coisa da vítima fez um trabalho através de um "pai" ou "mãe" de encostos;
b) inveja alheia - alguém que cobiçava alguma coisa da vítima lançou-lhe uma maldição ou um mal-olhado e através desta energia negativa os encostos penetraram na vida da pessoa.
c) inveja alheia - alguém que cobiçava alguma coisa da vítima pincha-lhe uma maldição e não obstante isso ainda faz uma macumba da brava para que a vítima se estrepe.
[Nota: a falta de imaginação destes pastores é absurda]
No programa em questão, a simulação tratava da história de um casal feliz, sendo o marido um empresário de classe média alta e a esposa uma dona de casa muito feliz.
Os dois viviam bem, de modo que as empresas dele davam muito lucro e a vida dela era uma "benção só", pois tinha um marido fiel e rico.
Acontece que o tal casal feliz tinha um empregado. E este tinha uma mulherzinha que era uma peste de invejosa.
O casal feliz convidou o empregado e sua esposa peste para jantar. No decorrer da conversa os anfitriões falaram sobre viagens internacionais, férias paradisíacas, reforma da casa, automóveis importados, sendo que o empregado, muito humilde, assumiu que nunca tinha feito uma viagem internacional. A sua esposa invejosa não quis ficar por baixo, tntou contar algumas vantagens, mas vendo que o marido não lhe ajudava em suas mentiras, emburrou.
Passado algum tempo (já adivinharam?), as coisas começaram a dar tudo errado para o casal feliz.
Os empreendimentos do marido começaram a fazer água. Ambos começaram a sentir um ambiente carregado em casa. O automóvel da esposa começou a apresentar defeitos (!). Os aparelhos eletrodomésticos e eletroeletrônicos de última geração da casa do casal feliz começaram a estragar de uma hora para outra (!). Tudo em suas vidas pareciam estar na iminência de ruir.
Na casa do empregado humilde, a esposa peste, possessa, xingava-lhe por não ter pedido um aumento para o patrão rico, por não ter dinheiro para alugar um apartamento maior, por não ter um carro melhor e por ter dito no jantar que nunca estivera no exterior. "Ora, eles não precisam saber que você é pobre assim e que nunca viajou para o exterior, é só inventar para não ficar por baixo", é mais ou menos o que diz ela. Ou seja, a esposa peste era uma invejosa de marca maior e a sua inveja das "bênçãos" do casal feliz é que estava causando todos os estragos físicos, emocionais e espirituais na vida destes.
Corta a cena e o pastor passa a debater seriamente (!

O pastor recomenda que aqueles que passam por casos semelhantes e desconfiam de inveja alheia, "mal-olhado", que ouvem vozes e vêem vultos em sua casa, que se dirijam a uma da filiais da IURD e que passem pela Campanha dos 318 Pastores ou alguma similar e recebam um incenso ungido, que irá desfazer o ambiente carregado negativamente depois que queimado dentro de casa e na empresa. Pede que continuem a ir à Igreja, "participar das campanhas" e assistir aos programas. E tudo com aquela entonação de voz que parece imitar o Pedir Mai$cédulas, padrão estabelecido entre os pastores da IURD.
A mãe de santo explica a atuação dos encostos e o resultado maléfico destes sobre a vida dos encostados. Fala das energias negativas e sua relação com os escostos, que são demônios a serem combatidos.
Passam um trecho de uma gravação de uma sessão de descarrego onde uma "encostada" de mãozinhas tremelicantes para trás, em transe, estrebucha e baba. O mesmo pastor a interroga e diz à platéia assustada que muitas vezes, quando se pensa ter um peso físico sobre os ombros, na verdade é um peso espiritual, são os encostos que usam as pessoas como "cavalos", como se dizem nas "casas-de-encostos".
Após isto tudo, voltam à "simulação" baseada em fatos verídicos.
O ex casal feliz, depois de tentar de tudo para a normalidade voltar ao recesso de seu lar, fica sabendo (através de alguém ou da TV, essa parte eu perdi) da IURD e passam a freqüentar a igreja e "participar da campanhas (ou seja, desembolsar o que tiverem a título de dízimo, esperando com fé no coração que deus aceite a barganha).
Em um passe de mágica, tudo volta ao normal. Aliás, melhor do que antes. Os empreendimentos do marido vão de vento-em-popa e a esposa novamente vive feliz com o mesmo.
Em resumo, após a IURD ter apresentado o "deus-vivo" ao casal - que agora é mais feliz ainda, pois tem o "deus-vivo" no coração; houve uma transformação na vida destas pessoas, as energias negativas foram isoladas (a barganha com deus no altar é um mero detalhe abafado, obviamente) e a paz voltou a reinar no lar deste casal novamente feliz...
Tosqueira, dirão. Mas funciona. O público alvo, pessoas que estão passando por momentos difíceis, não tendo nada a perder, começam a participar, na ilusão de que suas vidas serão transformadas. Os testemunhos falam de empregos, negócios que voltam a funcionar de forma lucrativa, pessoas livres de drogas, doenças, depressão, fobias, lares transformados...
Isso tudo é muito fácil de manipular... a mídia, TV, neste caso, mostra pessoas com caras felizes, parecendo que recém-saídas de uma sessão de terapia ou de um transe hipnótico, que celebram bênçãos com um olhar distante, em aparente estado de graça...
Mas algumas perguntas não calam... somente a IURD possui então o segredo da prosperidade espiritual e material ligado ao Deus de Israel? Quais as naturezas das bênçãos concedidas às pessoas em etapa anterior à sua queda e procura pela IURD para transformar suas vidas? Por que existem pessoas felizes e que não sentem inveja e não participam da IURD? O que acontece com estas pessoas? Os encostos não as atingem? Há muitas outras perguntas, que em uma análise racional desvendariam uma argumentação viciada, forçada, torpe, mas que convence pela insistência, pela repetição, pela lábia enganosa de pastores manipuladores e em razão principalmente de fatores conjugados, atinentes à realidade social, educacional, financeira e política em que o Brasil hoje se encontra.
Em razão disso tudo; cada vez mais reféns de denominações religiosas preocupadas em expandir seus domínios temporais na mídia e na política, aliciando mentes, exercendo poder e conseguindo seus intentos por meio de força econômica e laços obscuros e vendo o "Estado laico" flertar com os membros destas organizações religiosas que podem dia ou outro vir a tomá-lo ou exercer sobre ele forte pressão, por um bom tempo ainda nos indagaremos,
Pobre Brasil, até quando?
