darkabriel escreveu:Bem, especulativo seria tudo e mais alguma coisa. Ao olharmos para uma adaptação podemos imaginar uma história adaptativa qualquer (credivel e possivel) que explique como a função surgiu. O problema é que a história não é verificável porque a coisa já se passou há muito tempo. Por exemplo, as asas surgiram porquê? De início, nas primeiras fases, teriamos protoasas que não serviam para voar. Então serviam para quê? Uns poderiam dizer que serviam para regular a temperatura e outros poderiam dizer que eram atributos sexuais (quanto maior melhor). Mas a função original poderia ser outra. Só mais tarde essa função foi cooptada para o voo. Porque serão os Europeus Brancos? Será porque na Europa há menos sol e por isso o risco de cancro é menor? Mas ser negro na Europa não seria mais vantajoso, uma vez que a Europa é mais fria e ser negro permitiria captar mais luz (e a produção de vitamina D seria melhor)?
Bem, os porques exatos podem realmente nunca serem descobertos, apesar de haverem essas hipóteses. Em alguns casos é possível fazer previsões que confirmam ou refutam também, mas não sei quanto a esse caso especificamente.
De qualquer forma, ainda parece ser bastante lógico que variações que levaram mais ou menos diretamente até a formação das asas, representaram por algum motivo um diferencial reprodutivo que acabou culminando em asas. Não imagino como fugir disso, não sei de qualquer explicação alternativa sustentável. Acho que todas seriam mais ou menos evolução ortogênica (e deixando coincidentemente os rastros esperados dos improvisos (de natureza "anti-teleológica") da seleção natural), ou no mínimo saltacionismo.
(nota: acho que a ausência de melanina na Europa, onde tem menos sol, na verdade dá vantagem na síntese de vitamina D)
darkabriel escreveu: Eu acho meio inútil essa segmentação toda. Duvido que "neodarwinistas" desconsiderem esses outros modificações genéticas maiores do que as variações mais comuns das populações como algo importante, e outros meios de adquirir variação, creditando então à convergência adaptativa o fato de alguns organismos terem metade dos genomas "aparentemente" compostos de retroelementos.
Bem, a teoria do jogos do moderno darwinismo se baseia totalmente no modelo do gene egoista. Todo o discurso é orientado para genes que são selecionados e tudo o mais é na pratica ignorado.
Até aí não vejo nada de errado. No fim das contas, tudo são genes que são selecionados, não interessa especificamente de onde eles vieram, se são variação modal, excepcional, se foram transmitidos vertical ou horizontalmente.
Não sei no que levar a fonte específica da variação em consideração mudaria muito a visão. As poucas coisas que vejo:HGT deve ser muito melhor do que convergência para explicar a presença desses genes.... e só..... como ficariam essas questões adaptativas, levando em consideração isso que o neodarwinismo "descarta"?
Em que "endosimbiose/fusão de genomas; tranlocações; rearranjos cromossómicos; autorganização metabólica e por ventura de nível superior a isso, etc." fornecem uma explicação melhor para as asas, por exemplo? Ou o porque as proto-asas surgiram?
Mantem-se o mesmo problema, e não consegue se descartar a seleção. Não vejo como algo possa evoluir apesar da seleção. Porque a própria evolução de uma característica
é o seu diferencial reprodutivo superior em comparação a uma característica alternativa.
A única coisa mais ou menos alternativa (não totalmente) que consigo imaginar é quase insana, uma tendência de mutação/variação, que afete toda a população, gerando uma espécie de "convergência" inevitável, não importando se essa característica é adaptativamente melhor que a predecessora. Ela não pode ser, claro, totalmente "anti-adaptativa", no mínimo. (Ou talvez possa se oferecer isso como explicação para as extinções das espécies. Talvez até para extinções em massa, já que as coisas do mainstream são especulações). Acho que é mais ou menos isso que o pessoal que defende evolução epigenética deve defender. Mas não sei de evidências disso, muito menos das outras coisas que eles também querem enfiar junto.
A coisa mais parecida e mecanicamente sustentável com isso seria catraca de Muller, eu acho, mas dificilmente explicaria a adaptação. Bem como qualquer outra alternativa desses caras chegados em epigenética que não proponha algum tipo de lamarckismo. Teria que ser tudo pura sorte.
Conheço um punhado. Embora alguns não gostem de se rotular assim.
O Brian Godwin se define como antidarwinista. A Lyinn Margulis conta no livro "A terceira cultura" que um dia acordou e disse para si mesma: Não sou Neodarwinista. Muitos não se assumem. Olha, se calhar têm receio de serem julgados.
Pode ser.
Mas eu acho que em muitos casos fazem bem, por não falarem besteira. Devem evitar o rótulo e produzir as suas alternativas e colocá-las na mesa, e aí então todos vêem como ela agüenta a realidade.
Margulis, por exemplo. Desanimei um pouco de ler coisas dela, me parece que ela exagera a visão de endossimbiose como altenativa à seleção. Não lembro se foi das palavras dela ou alguém mais, mas falaram algo como que o darwinismo explica a evolução pela competição, enquanto que a endossimbiose pela cooperação.
Isso é quase infantilidade, porque o que ocorre é que a cooperação favorece na competição, deve representar maior adaptação e diferencial reprodutivo.
Ou, apenas então descartando praticamente totalmente o darwinismo, seria algo mais ou menos "inevitável", algumas espécies vêm a ter essas relações endossimbióticas, de qualquer jeito, só por estarem no mesmo habitat, e nunca sobram em algum lugar os organismos "originais", que na verdade seriam melhor adaptados sem a simbiose.
Acho que pode acontecer, mas não acho que seja a regra geral da evolução. Muito menos da adaptação.
OT: ainda bem que esse novo forum usa o "quote". Odeio "cotarmsg" e "legend".