ALERTA - A Bíblia como método de ensino
Enviado: 18 Nov 2005, 06:19
A Bíblia como método de ensino
Educação por princípios bíblicos, proposta adotada por cerca de 150 colégios brasileiros, é um dos temas que servem de eixo à 5ª Conferência Profética, que reúne cerca de 4 mil evangélicos na Capital
ITAMAR MELO
http://zh.clicrbs.com.br
Igrejas evangélicas estão se unindo para difundir no país um modelo de educação em que disciplinas como português, matemática ou geografia são lecionadas a partir de princípios bíblicos. A proposta, já adotada por cerca de 150 escolas brasileiras, inclui ensinar aos alunos o criacionismo - doutrina segundo a qual o universo e a vida surgiram de um ato de Deus.
- Não estamos preocupados com as barreiras. Quando Deus está no negócio, não há barreira que não caia. Em uma geração acreditamos que o método vai estar presente em todas as escolas - afirma Ronaldo Moreira, pastor da Igreja Batista da Lagoinha, de Belo Horizonte (MG), onde surgiu um dos primeiros estabelecimentos de ensino calcados na Bíblia.
A chamada educação cristã por princípios bíblicos é um dos temas que servem de eixo à 5ª Conferência Profética, que desde quarta-feira reúne em Porto Alegre 4 mil evangélicos. Nas conferências, os pastores e líderes religiosos definiram como suas igrejas podem estar mais presentes na sociedade.
Conferência segue até amanhã na Fiergs
No caso da educação cristã, o primeiro passo será treinar professores para trabalhar pelo método, o que deve ser intensificado a partir de 2006. Existe a intenção de criar no país um Centro de Treinamento do Educador Cristão para atender a toda a América Latina.
- Todo o conhecimento que os professores recebem hoje na universidade é centrado no humanismo. Nos cursos de formação, o que a gente faz é transformar o pensamento do humanismo para o cristianismo - afirma Denise Quadros, que representou na conferência a Associação de Escolas Cristãs de Educação por Princípios (Aecep) e que dirige uma escola de Porto Alegre que segue o método.
A proposta dos evangélicos consiste em relacionar os conteúdos tratados em sala de aula aos textos bíblicos. No caso da disciplina de Literatura, a Bíblia seria tratada como um texto literário. Em história, como um livro de História.
Denise diz que isso não impede que os alunos tenham acesso a conteúdos básicos.
- Eles não deixam de aprender o conteúdo de cunho secular, mas a gente o relaciona o tempo inteiro com o que está na Bíblia. Defendemos esse tipo de educação porque tudo o que existe é a partir de Deus. Ele é a origem de todas as matérias - diz.
Os defensores do modelo não têm receio de se meter em um vespeiro. Defendem o ensino do criacionismo como verdade, prática condenada pelos cientistas.
As explicações da ciência para a origem do universo e da vida - como o Big Bang e o evolucionismo - também são abordados, mas com o intuito principal de não prejudicar o aluno quando chegar a um Ensino Médio normal ou ao vestibular.
Além da educação cristã, a conferência que ocorre na sede da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) até o sábado tem outros quatro pilares: a rede brasileira de oração, o estudo sobre transformação (ligado a intervenções práticas em áreas como segurança e saúde), a ação social (voltada ao auxílio de pessoas em situação de pobreza) e a cidadania.
( itamar.melo@zerohora.com.br )
Como funciona
As disciplinas
Em todas as matérias, os conteúdos ensinados são relacionados com os textos bíblicos. Em uma aula de matemática, o professor pode usar as medidas da Arca de Noé para desenvolver os conceitos geométricos. Nas aulas de geografia, parte-se da tese de que Deus criou toda a geografia e, a partir desse princípio, vão se estudar temas como os diferentes tipos de solo ou de vegetação.
A perspectiva histórica
Segundo os defensores do método, a Bíblia narra de forma fiel os fatos históricos.
Criacionismo
O criacionismo - teoria segundo a qual Deus criou o mundo e os homens conforme relatado na Bíblia - é ensinado como verdade histórica. O Big Bang e o evolucionismo, as explicações que contam com o respaldo da ciência, também são apresentados, para que o aluno não seja prejudicado no Ensino Médio normal ou ao vestibular.
Religião
Até a 4ª série, as crianças têm meia hora de aula sobre a Bíblia. Nas demais séries, existe a disciplina de ensino religioso.
Experiência ocorre em seis escolas gaúchas
Na Escola Cristã da Brasa, de Porto Alegre, cada aluno tem sua Bíblia em sala de aula, e os turnos de ensino são iniciados e encerrados com orações.
O estabelecimento do bairro Azenha, ligado à Igreja Batista da Brasa, apresenta-se com orgulho como a única escola da Capital a trabalhar "todo o currículo a partir dos princípios bíblicos". No Estado, chegam a seis os colégios que fazem parte da Associação de Escolas Cristãs de Educação por Princípios (Aecep).
O colégio de Porto Alegre nasceu há nove anos e conta com 196 alunos, da pré-escola à 8ª série do Ensino Fundamental. Nos quatro anos iniciais, as turmas têm meia hora diária de aula de Bíblia. É o momento preferido do estudante de 1ª série Tiago Pacheco, de sete anos:
- O que mais gosto são as histórias da Bíblia que a professora conta. As minhas preferidas são as dos discípulos de Jesus. Aprendo aqui a respeitar os colegas, os professores e Deus - diz o menino.
Professores fizeram curso de capacitação no método
O músico gospel Asaph Borba, adepto da Comunidade Evangélica de Porto Alegre, matriculou os dois filhos no estabelecimento: a portadora de necessidades especiais Aurora, 14 anos, e André, de nove anos. Ele diz ter optado pelo modelo por uma questão de fé.
- Essa é a melhor educação que uma criança pode ter. Ela não aprende apenas conteúdos. Aprende também princípios da palavra de Deus. É ensinada como antigamente. Trata-se de uma escola que não releva falhas de caráter da criança - afirma.
Para se adaptar ao método, os 25 professores foram submetidos a um curso de capacitação quando de sua chegada à escola. Hoje, 30% dos alunos são não-evangélicos.
- Os pais nos buscam porque querem uma perspectiva de valor na vida dos filhos - diz a diretora, Denise Quadros.
Educação por princípios bíblicos, proposta adotada por cerca de 150 colégios brasileiros, é um dos temas que servem de eixo à 5ª Conferência Profética, que reúne cerca de 4 mil evangélicos na Capital
ITAMAR MELO
http://zh.clicrbs.com.br
Igrejas evangélicas estão se unindo para difundir no país um modelo de educação em que disciplinas como português, matemática ou geografia são lecionadas a partir de princípios bíblicos. A proposta, já adotada por cerca de 150 escolas brasileiras, inclui ensinar aos alunos o criacionismo - doutrina segundo a qual o universo e a vida surgiram de um ato de Deus.
- Não estamos preocupados com as barreiras. Quando Deus está no negócio, não há barreira que não caia. Em uma geração acreditamos que o método vai estar presente em todas as escolas - afirma Ronaldo Moreira, pastor da Igreja Batista da Lagoinha, de Belo Horizonte (MG), onde surgiu um dos primeiros estabelecimentos de ensino calcados na Bíblia.
A chamada educação cristã por princípios bíblicos é um dos temas que servem de eixo à 5ª Conferência Profética, que desde quarta-feira reúne em Porto Alegre 4 mil evangélicos. Nas conferências, os pastores e líderes religiosos definiram como suas igrejas podem estar mais presentes na sociedade.
Conferência segue até amanhã na Fiergs
No caso da educação cristã, o primeiro passo será treinar professores para trabalhar pelo método, o que deve ser intensificado a partir de 2006. Existe a intenção de criar no país um Centro de Treinamento do Educador Cristão para atender a toda a América Latina.
- Todo o conhecimento que os professores recebem hoje na universidade é centrado no humanismo. Nos cursos de formação, o que a gente faz é transformar o pensamento do humanismo para o cristianismo - afirma Denise Quadros, que representou na conferência a Associação de Escolas Cristãs de Educação por Princípios (Aecep) e que dirige uma escola de Porto Alegre que segue o método.
A proposta dos evangélicos consiste em relacionar os conteúdos tratados em sala de aula aos textos bíblicos. No caso da disciplina de Literatura, a Bíblia seria tratada como um texto literário. Em história, como um livro de História.
Denise diz que isso não impede que os alunos tenham acesso a conteúdos básicos.
- Eles não deixam de aprender o conteúdo de cunho secular, mas a gente o relaciona o tempo inteiro com o que está na Bíblia. Defendemos esse tipo de educação porque tudo o que existe é a partir de Deus. Ele é a origem de todas as matérias - diz.
Os defensores do modelo não têm receio de se meter em um vespeiro. Defendem o ensino do criacionismo como verdade, prática condenada pelos cientistas.
As explicações da ciência para a origem do universo e da vida - como o Big Bang e o evolucionismo - também são abordados, mas com o intuito principal de não prejudicar o aluno quando chegar a um Ensino Médio normal ou ao vestibular.
Além da educação cristã, a conferência que ocorre na sede da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) até o sábado tem outros quatro pilares: a rede brasileira de oração, o estudo sobre transformação (ligado a intervenções práticas em áreas como segurança e saúde), a ação social (voltada ao auxílio de pessoas em situação de pobreza) e a cidadania.
( itamar.melo@zerohora.com.br )
Como funciona
As disciplinas
Em todas as matérias, os conteúdos ensinados são relacionados com os textos bíblicos. Em uma aula de matemática, o professor pode usar as medidas da Arca de Noé para desenvolver os conceitos geométricos. Nas aulas de geografia, parte-se da tese de que Deus criou toda a geografia e, a partir desse princípio, vão se estudar temas como os diferentes tipos de solo ou de vegetação.
A perspectiva histórica
Segundo os defensores do método, a Bíblia narra de forma fiel os fatos históricos.
Criacionismo
O criacionismo - teoria segundo a qual Deus criou o mundo e os homens conforme relatado na Bíblia - é ensinado como verdade histórica. O Big Bang e o evolucionismo, as explicações que contam com o respaldo da ciência, também são apresentados, para que o aluno não seja prejudicado no Ensino Médio normal ou ao vestibular.
Religião
Até a 4ª série, as crianças têm meia hora de aula sobre a Bíblia. Nas demais séries, existe a disciplina de ensino religioso.
Experiência ocorre em seis escolas gaúchas
Na Escola Cristã da Brasa, de Porto Alegre, cada aluno tem sua Bíblia em sala de aula, e os turnos de ensino são iniciados e encerrados com orações.
O estabelecimento do bairro Azenha, ligado à Igreja Batista da Brasa, apresenta-se com orgulho como a única escola da Capital a trabalhar "todo o currículo a partir dos princípios bíblicos". No Estado, chegam a seis os colégios que fazem parte da Associação de Escolas Cristãs de Educação por Princípios (Aecep).
O colégio de Porto Alegre nasceu há nove anos e conta com 196 alunos, da pré-escola à 8ª série do Ensino Fundamental. Nos quatro anos iniciais, as turmas têm meia hora diária de aula de Bíblia. É o momento preferido do estudante de 1ª série Tiago Pacheco, de sete anos:
- O que mais gosto são as histórias da Bíblia que a professora conta. As minhas preferidas são as dos discípulos de Jesus. Aprendo aqui a respeitar os colegas, os professores e Deus - diz o menino.
Professores fizeram curso de capacitação no método
O músico gospel Asaph Borba, adepto da Comunidade Evangélica de Porto Alegre, matriculou os dois filhos no estabelecimento: a portadora de necessidades especiais Aurora, 14 anos, e André, de nove anos. Ele diz ter optado pelo modelo por uma questão de fé.
- Essa é a melhor educação que uma criança pode ter. Ela não aprende apenas conteúdos. Aprende também princípios da palavra de Deus. É ensinada como antigamente. Trata-se de uma escola que não releva falhas de caráter da criança - afirma.
Para se adaptar ao método, os 25 professores foram submetidos a um curso de capacitação quando de sua chegada à escola. Hoje, 30% dos alunos são não-evangélicos.
- Os pais nos buscam porque querem uma perspectiva de valor na vida dos filhos - diz a diretora, Denise Quadros.