Culto midiático
Enviado: 01 Jul 2006, 11:31
Culto midiático
Iara Hauptman
Ultimamente, não se considera mais estranho acompanhar a presença da Igreja Católica na internet ou na Rede Globo, sintonizar o rádio numa freqüência gospel ou se espantar com o controle que os judeus exercem em muitos grupos de comunicação multinacionais. Mas o que você diria ao ver a imagem do padre Marcelo abaixando para pegar o sabonete nos palcos dominicais?
Segundo o ensaísta Carlos Nader, isso seria apenas uma retribuição singela à cerimônia sacralizada nas páginas da revista Caras, em que Gugu Liberato foi batizado pelo padre Marcelo nas águas da Terra Santa. \"Na verdade, um mergulho do padre na \'pia batismal\' do Gugu representaria também um verdadeiro batismo ecumênico, em que o apresentador do ritual católico Marcelo Rossi teria a cabeça consagrada pelo sacerdote do culto midiático Augusto Liberato\", reforça Nader.
O que há de comum nestes fatos? O poder, certo? Mas o poder de quem? É realmente complexo diferenciar quem comanda quem. Mídia e religião se relacionam tão intimamente que há quem diga que a mídia é em si uma religião, muito mais poderosa que qualquer outra.
O assunto é tão complexo que foi escolhido para compor alguns dos temas das pesquisas que serão desenvolvidas na Faculdade Cásper Líbero entre agosto de 2002 e dezembro de 2003. Estudar a relação entre mídia e religião realmente não é uma tarefa fácil, mesmo porque talvez elas nem se relacionem. Ao contrário, se fundam.
A vivência religiosa tornou-se um estilo de vida. Há seitas para todos os gostos, assim como no mercado de consumo se diversificam a oferta e a demanda. A TV tem o poder de reunir toda uma família a sua frente com a mesma eficácia da igreja. Deus e Gianechinni são colocados no mesmo patamar idólatra. O capitalismo, de uma forma ou de outra, é o ditador dos dois segmentos.
As semelhanças realmente são inúmeras. No entanto, o culto midiático é o canal que religa o \"mundo real\" a um \"outro mundo\", onde habitam os seres desencarnados e se difundem as imagens de tudo o que é efetivamente pagão ou profético hoje em dia. A religião, no seu conceito mais puro, não dá asas à imaginação assim como a mídia o faz. Pelo contrário: revela seu objetivo de salvação do homem de forma clara, sem a pretensão de manipulá-lo cruelmente a ponto de fazê-lo pensar que sua única alternativa para encontrar algo prazeroso neste mundo é sentar na frente da TV, absorver todas as ideologias transmitidas, incorporar os personagens a ponto de consumir tudo aquilo que é difundindo por eles.
Iara Hauptman
Ultimamente, não se considera mais estranho acompanhar a presença da Igreja Católica na internet ou na Rede Globo, sintonizar o rádio numa freqüência gospel ou se espantar com o controle que os judeus exercem em muitos grupos de comunicação multinacionais. Mas o que você diria ao ver a imagem do padre Marcelo abaixando para pegar o sabonete nos palcos dominicais?
Segundo o ensaísta Carlos Nader, isso seria apenas uma retribuição singela à cerimônia sacralizada nas páginas da revista Caras, em que Gugu Liberato foi batizado pelo padre Marcelo nas águas da Terra Santa. \"Na verdade, um mergulho do padre na \'pia batismal\' do Gugu representaria também um verdadeiro batismo ecumênico, em que o apresentador do ritual católico Marcelo Rossi teria a cabeça consagrada pelo sacerdote do culto midiático Augusto Liberato\", reforça Nader.
O que há de comum nestes fatos? O poder, certo? Mas o poder de quem? É realmente complexo diferenciar quem comanda quem. Mídia e religião se relacionam tão intimamente que há quem diga que a mídia é em si uma religião, muito mais poderosa que qualquer outra.
O assunto é tão complexo que foi escolhido para compor alguns dos temas das pesquisas que serão desenvolvidas na Faculdade Cásper Líbero entre agosto de 2002 e dezembro de 2003. Estudar a relação entre mídia e religião realmente não é uma tarefa fácil, mesmo porque talvez elas nem se relacionem. Ao contrário, se fundam.
A vivência religiosa tornou-se um estilo de vida. Há seitas para todos os gostos, assim como no mercado de consumo se diversificam a oferta e a demanda. A TV tem o poder de reunir toda uma família a sua frente com a mesma eficácia da igreja. Deus e Gianechinni são colocados no mesmo patamar idólatra. O capitalismo, de uma forma ou de outra, é o ditador dos dois segmentos.
As semelhanças realmente são inúmeras. No entanto, o culto midiático é o canal que religa o \"mundo real\" a um \"outro mundo\", onde habitam os seres desencarnados e se difundem as imagens de tudo o que é efetivamente pagão ou profético hoje em dia. A religião, no seu conceito mais puro, não dá asas à imaginação assim como a mídia o faz. Pelo contrário: revela seu objetivo de salvação do homem de forma clara, sem a pretensão de manipulá-lo cruelmente a ponto de fazê-lo pensar que sua única alternativa para encontrar algo prazeroso neste mundo é sentar na frente da TV, absorver todas as ideologias transmitidas, incorporar os personagens a ponto de consumir tudo aquilo que é difundindo por eles.