Já que o Aurélio resolveu criar esse tópico pensando falar a verdade sobre Chico Xavier, vou aproveitar para mais uma vez postar o texto já há tempos coloquei aqui E ATÉ HOJE NINGUÉM, NEM MESMO AURÉLIO, OU O ENCOSTO, OU QUALQUER OUTRO CÉTICO ME REFUTOU. Já que tem umas caras novas por aqui, alguém então vai tentar fazer isso?
E aí? Tem alguém aqui com coragem para me encarar?
A Verdade sobre Chico Xavier e a Resposta Espírita – Parte 1
Quevedo - A melhor agência de propaganda do Espiritismo.
Eu, Marcos Arduin, nascido e criado em família espírita, mais interessado no Espiritismo a partir dos 17 anos e descobridor dos aspectos científicos do Espiritismo aos 35 digo que o Padre Oscar Gonzales Quevedo SJ, conhecido adversário do Espiritismo, é a melhor agência de propaganda do Espiritismo no Brasil.
Não, não é engano. Nosso bom padre Oscar Quevedo é a melhor coisa que aconteceu ao Espiritismo nos últimos 40 anos. Para quem duvida, vai aí um exemplo. Conversando com um jornaleiro espírita, abordei o assunto sobre Quevedo, que na época era caçador de enigmas na Globo. Ele me comentou que havia achado estranho um conhecido dele, espírita, elogiar muito o Quevedo. Mas o que se deu foi o seguinte, esse espírita era livreiro e recebera uma doação de numerosos livros espíritas usados. Ele os colocou à venda a preços baixos, 3, 5, 8 reais, mas não conseguia vendê-los. Pouca gente se interessava por aquelas obras. Foi aí então que o Quevedo apareceu em sua cidade e deu um daqueles seus cursos de Parapsicologia e, naturalmente, falou “cobras e lagartos” do Espiritismo. Resultado: venderam-se todos os livros espíritas usados e o livreiro ainda teve que fazer encomendas para atender aos interessados. Entenderam o motivo da estima dele pelo Quevedo?
Em termos de apologética católica, talvez até pudéssemos separá-la em duas épocas: antes de Quevedo e depois de Quevedo.
Peço desculpas pela brincadeira a seguir. Quando falei nesses termos a uma moça católica com quem debatia, ela se declarou angustiada e ficou toda “encalorada” por dentro de tanta amargura. Mas aí vai: antes do Quevedo, os apologistas católicos recorriam a um “casal de santos” para combater o Espiritismo.
Se o público-alvo era medroso, impressionável e muito crédulo, então os defensores católicos invocavam “São Satanás”. Berravam eles:
_ Não se metam com o Espiritismo! É coisa do Diabo!
Mas se o público era mais culto e menos impressionável, então recorriam a “Santa Fraude”. E desfiavam todo um rosário de fraudes reais ou fictícias, de forma a mostrar ao público que o Espiritismo não passa de balela e safadeza do início ao fim.
Nessa última linha, quase tarde demais (1961), foi traduzido do espanhol para o português o livro Metapsíquica e Espiritismo, de Fernando Palmés, onde muito coerentemente ele apresenta o Espiritismo praticamente como fraude e só fraude. Nada de demônios ou manifestação de inconsciente (no máximo algo de sub-consciência).
Mas aí, no início dos anos 60 veio o Padre Oscar Quevedo e assim foi fundada a “Parapsicologia Católica no Brasil”. Embora ainda persistissem as acusações de fraude e safadeza, e o Quevedo não abre mão delas, pelo menos agora houve uma admissão de que há fenômenos reais. Claro que os espíritos não são a causa deles, mas pelo menos os fenômenos existem.
Por mais que se diga cientista, Quevedo continua padre e mais padre do que qualquer outra coisa. Daí então sua campanha contra o Espiritismo.
Ele pode até dizer verdades, mas muito do que diz exige reparos e, se os espíritas se calam, então a mentira triunfa.
Quevedo fez sérias acusações contra Chico Xavier e eu fiz uma refutação a elas. Jefferson Benetton teve a gentileza de colocá-las em seu site (
http://www.geocities.com/jeffersonhpbr/). Contudo, edições foram necessárias e vários trechos foram suprimidos e assim aproveito a gentileza dos adminstradores deste site para colocar o texto revisado, com mais alguns acréscimos e retificações.
Esse texto do Padre Quevedo, intitulado “A Verdade Sobre Chico Xavier” aparece completo ou em partes em diversos sites. Em 2/12/2005 podia ser encontrado em:
http://www.usinadeletras.com.br/exibelo ... Religiosos
http://www.catolicanet.com.br/gf/conteu ... agina=2039
Luiz Roberto Turatti é um grande divulgador do Quevedo, mas ao que parece, pelos debates (ou pelo menos eu tentei fazer com que fossem debates) que tive com ele, notei que não é lá muito capaz de pensar, limitando-se apenas em copiar e colar os textos do Quevedo. Turatti costuma postar trechos de texto do Quevedo em vários sites. Faço votos para que seja ele o sucessor do Quevedo no CLAP, o tal Centro Latino_americano de Parapsicologia. No texto abaixo estou reproduzindo a fala do Quevedo, suprimi apenas a introdução, onde ele coloca algumas perguntas e ataques de internautas espíritas. Em vermelho estão as falas do Quevedo, e em branco os meus comentários.
A VERDADE SOBRE CHICO XAVIER
EXALTAÇÃO
Francisco Cândido Xavier (1910-2002), mais conhecido como "Chico Xavier", começou a exercer sistematicamente como "médium" espiritista psicógrafo à idade de 17 anos no Centro Espírita de Pedro Leopoldo, sua cidade natal.
# Durante as últimas sete décadas foi sem dúvidas e cada vez mais uma figura muitíssimo famosa. E a mais considerada pelos milhões de espiritistas do Brasil. E muito estimada inclusive por milhões de outras pessoas não-espiritistas.
# Principal motivo e base de toda a exaltação propagandística: além de inumeráveis bilhetes e breves mensagens, 419 livros psicografados. Nenhum autor brasileiro tem tamanha produção. Entre 8 a 11 livros por ano. A Federação Espírita Brasileira (FEB) e outras entidades espiritistas sistematicamente publicam esses livros traduzidos em oito idiomas, inclusive japonês, árabe... e esperanto, distribuindo-os por mais de 40 países. No Brasil, 25 milhões de exemplares vendidos.
# Acrescenta-se, para a admiração popular, que "Chico" cedeu todos os direitos autorais a diversas entidades espiritistas de atendimento aos pobres.
# A organização de propaganda espiritista apresentou pessoalmente Chico Xavier, com seus livros, por diversas cidades de Estados Unidos, Inglaterra, França, Itália e Portugal. Uma das mais destacadas conseqüências práticas dessas viagens foi a fundação do "Christian Spirit Center", em Ellon College, Carolina do Norte.
# Em numerosos jornais e revistas foram publicados e repetidos sem cessar grandes elogios à psicografia de Chico Xavier: "Os poetas de que ele é intérprete, apresentam as mesmas características de inspiração e de expressão que os identificavam neste planeta". "Anos após a sua morte, é dado encontrar-lhe novamente as idéias e o estilo". "não atraiçoou poeta algum, pois todos se apresentam realmente como eram em vida". "Ninguém que haja lido assiduamente os escritores em questão, deixará de os reconhecer integralmente nas poesias ou livros psicografados". Apregoam que inclusive o grande crítico literário Agripino Greco reconheceu nas psicografias de Chico o inconfundível estilo de Umberto de Campos... "Se o homem produziu tudo aquilo por conta própria, então ele pode ocupar quantas cadeiras quiser na Academia". Etc.
A propaganda espalha pelo Brasil inteiro (e sem tanto êxito em muitas outras partes do mundo), a pergunta: "Como é possível que um ignorante e iletrado seja capaz de escrever tudo isso e em diferentes estilos?"
R E S P O S T A G E R A L
A REALIDADE É MUITO DIFERENTE
# Direitos autorais
Não foram empregados só em atendimento aos pobres, senão também e preferentemente para divulgação dessas psicografias e para propaganda do Espiritismo. Concretamente já aludimos ao "Christian Spirit Center", que pessoalmente Chico ajudou a fundar. Precisamente junto ao centro onde atendia Chico havia uma livraria de Espiritismo. Etc.
Qual é o problema? Bem, estou vendo um: “também e preferentemente para divulgação...” Seria interessante que o Quevedo apresentasse os números contábeis disso. Provando então que Chico supostamente dava uma “merreca” para caridade e a parte do leão ia para a divulgação e fundação de “Christian Spirit Center” e outros centros por aí. Se alguém afirma que só foram usados em caridade os direitos autorais do Chico, então pode estar cometendo um erro. Isso, entretanto, não isenta Quevedo de apresentar provas. De qualquer forma, houve algum uso ilegal ou indevido de dinheiro? Se alguma entidade ou grupo espírita afirmou que Chico Xavier só doou os seus direitos para obras de caridade, então provavelmente desconhece o assunto. Inclusive ele doou direitos autorais à Federação Espírita Brasileira.
# Academia?
Há falsários perfeitíssimos que enganaram aos melhores museus e especialistas. Mas descoberta a falsificação, nenhum falsário foi elevado à cadeira de nenhuma academia: imitação não é originalidade. O pastiche não é a genialidade.
Bem, por FALSÁRIO eu entenderia que Chico seria um se escrevesse pastiches daqueles literatos e dissesse “ter achado textos inéditos deles”. Aí sim seria, sem dúvida nenhuma, um falsário. Mas Chico disse ter recebido esses textos dos espíritos de autores falecidos... Bem, os “fanáticos” espíritas podem acreditar nisso, mas o senhor e a maioria dos céticos só podem acreditar que houve pastiche. Bem, não me consta que PASTICHE SEJA FALSIFICAÇÃO. Desde que foi devidamente confessado pelo próprio Chico ter redigido aqueles textos com suas próprias mãos _ e ninguém põe isso em dúvida _ então a preferência de Chico em atribuir a autoria ao espírito de certo literato falecido em vez de a si próprio, foi só uma questão de foro pessoal. Juridicamente, até onde sei, tal declaração não tem valor algum. Os direitos autorais e a autoria do texto ficam por conta de quem os escreveu. Nas nossas leis não há reconhecimento de crédito a autores falecidos. Isso já ficou estabelecido desde o processo envolvendo Humberto de Campos.
Quanto à Academia, segundo ouvi há uns bons tempos, numa reportagem do Fantástico, Chico supostamente teria sido convidado para fazer parte da Academia Brasileira de Letras, mas recusou o convite porque não se considerava autor dos livros que escrevia. Há ainda quem diga isso, mas NÃO ENCONTREI NADA QUE CONFIRMASSE. É preciso que o senhor Quevedo deixe bem claro que o tal convite ou candidatura de Chico Xavier para fazer parte dos imortais da Academia Brasileira de Letras nunca existiu e tudo não passaria de propaganda espírita. Melhor ainda seria apresentar como prova disso algum desmentido OFICIAL da Academia, conforme comunicado tal e qual da Academia Brasileira de Letras, publicado no jornal X, revista Y, Noticiário Z, etc.
Entrei no site da Academia Brasileira de Letras, mas nada vi a respeito. Procurei na “Busca” pelo nome de Chico Xavier e nada há sobre ele ter sido convidado ou coisa assim. Não vi na página algum lugar para entrar em contato com a Academia, de forma que não pude mandar uma pergunta se houve mesmo algum convite oficial, ou não (mais provável é que não). Assim não pude saber o que há de verdade nessa história do Fantástico.
O que sei é que esse suposto “convite” teria partido de Monteiro Lobato (e nem foi um convite e sim uma sugestão entusiástica), por ocasião do lance judicial envolvendo os direitos autorais de Humberto de Campos. Não passou de um editorial escrito em O Estado de S.Paulo, onde no jornal se afirmou que se as poesias não eram de fato da autoria de Humberto de Campos, Chico Xavier merecia, no mínimo, uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Não há dúvidas de que o jornal não tinha autoridade alguma lá entre os literatos... (mais abaixo voltarei a esse assunto)
# Iletrado?
"Fez o curso primário e estudou mais um ano com uma professora particular, que testemunha: "Distinguia-se por sua inteligência, sua memória prodigiosa e sua aplicação ao estudo. Só queria ler, não participava dos brinquedos nem das rodas dos outros meninos, e quando deles queria participar era tão sem jeito e sem graça, que preferia desistir" ("O Diário" de Belo Horizonte, 1954, serie de artigos).
Caro Quevedo, sei que deve ser uma pessoa muito ocupada, mas em casos assim, não deveria ser tão econômico em seus escritos. Que professora foi essa? Quando se deu o episódio? Há mais testemunhas que comprovam o isso? Sinto muito, mas não é muito fácil para mim, e talvez para muitas outras pessoas interessadas no assunto, achar o Diário de Belo Horizonte e a série de artigos, ainda mais sem referência a datas precisas, páginas, etc.
E outro pesquisador no "Diário de Minas" (10-858): "Que Chico Xavier não é um iletrado, como espalharam seus admiradores, não é novidade. Já há cerca de quinze anos acentuei como fez estudos secundários, e ainda muito jovem publicava sonetos seus, com sua assinatura, como um que transcrevi naquele artigo, sonetos melhores do que muitos psicografados que ele atribui à Bilac, por exemplo".
Mesma coisa! Que pesquisador foi esse? Onde Chico Xavier teria publicado os seus sonetos tão bons assim? Quando? Sim, pois nas biografias que vi dele, tudo começa com livros espíritas e nada indicam de poemas anteriores a isso. E qual é a definição de iletrado? Bem, no DIC Michaelis, está: 1 - que ou o que não é letrado; 2 – Analfabeto. E a definição de letrado é: 1) Que é versado em letras ou literatura, literato; 2) Que, ou o que tem estudo acadêmico; doutor. 3 Sábio, erudito. 4 Jurisconsulto. Como se vê, Chico não se enquadra a definição de analfabeto, pois sem dúvida era alfabetizado, mas certamente não era versado em letras, nem literato, nem tinha estudos acadêmicos, nem era doutor e o próprio Quevedo cuida de mostrar que Chico não era sábio, nem erudito. E para terminar, não era jurisconsulto também. Conseqüentemente, Chico ERA ILETRADO.
Em todo caso Chico tinha, de nascença, uma grande queda à literatura, pelo gosto irreprimível de leitura, pela riqueza da sua imaginação e pela facilidade para escrever, tanto que já no quarto ano primário recebe menção honrosa num concurso sobre o Centenário da Independência do Brasil. (Repórter Ramón García y García na revista "Fatos e Fotos", 1972, pág. 25).
Queda por literatura não é o bastante para fazer de alguém um literato. A tão forte ênfase que dão a essa “grande queda por literatura” chega a ser suspeita. Será que não é o reverso da moeda? Da mesma forma que há aqueles que enfatizam a falta de cultura de Chico, não estariam os que enfatizam sua suposta grande cultura querendo provar um certo ponto de vista?
Aqui cabe uma intervenção minha. Já li mais de 50 obras cristãs anti-espíritas e notei algo interessante em vários dos apologistas cristãos: eles não querem desperdiçar argumento algum contra o Espiritismo. É provável que o leitor note mais abaixo que Chico ora é apresentado como um louco, um ignorante, um nada e logo em seguida é apresentado como muito culto, ávido leitor, devorador de livros, que leu e reteve o estilo de vários autores... Para não jogar fora quaisquer argumentos contra o Espiritismo, os apologistas cristãos usam todos e nem se mancam de que tais argumentos podem se contradizer e se anularem uns aos outros.
Vou falar disso mais adiante, mas quero chamar a atenção do leitor para as referências dadas pelo Quevedo neste curto trecho: notaram como são incompletas e obrigariam a um pesquisador interessado ter de procurar as publicações feitas durante um ANO INTEIRO, pelo menos, se quiser saber o que diz um texto original?
# Chico disse depois que fora psicografado por um literato do além!
A quem pretende enganar, que não seja já fanático? Se tivesse sido psicografia de algum literato do além, teria ganho o primeiro prêmio, não só menção honrosa: Os juizes perceberam clarissimamente o estilo de um menino do primário e isso é que quiseram homenagear.
Afinal, onde estão os detalhes do episódio? Onde foi o concurso? Quem ganhou o primeiro prêmio? Que texto foi mesmo o que Chico escreveu? Quem eram os juízes? Certo, tudo bem, pode-se procurar a tal revista Fatos e Fotos , mas ainda assim não vejo motivo para os episódios virem narrados assim com essa vacuidade quanto a dados. E porque teria ganho o primeiro prêmio? Afinal os literatos nativos sempre foram tão bons assim que arrancavam prêmios com qualquer versinho que escreviam?
Cada qual naquilo para que tem tendência e para o que treina. Chico tinha tendência literária, Gaspareto para a pintura, Rosemary Brown para música, Frank Cox para pianista, etc., etc. Por que os "espíritos" não escrevem música com Chico nem literatura com Cox...?
Então para contentar o senhor Quevedo: a médium Pearl Leonore Curran só tinha inclinações para a arte musical, sem jamais ter treinado ou manifestado qualquer pendor literário. Mesmo assim foi envolvida por um espírito que apresentou-se sob o nome de Patience Worth e através dela psicografou romances. Patience Worth era desconhecido, alegando ter vivido em Dorsetshire e emigrado para a América, onde morreu vítima de ataque de índios. Esses eventos se passaram no século XVII. O romance Telka, com mais de 70.000 palavras, 90% puramente anglo-saxônicas, foi escrito em inglês médio, sem qualquer vocábulo surgido após 1600. Creio escrever um romance assim talvez exija razoável empenho até para um literato britânico, mas dá para se imaginar o grau de dificuldade que encontraria uma médium sem pendores literários. Mas se conheço o Sr Quevedo, imagino que virá com aquelas palavras mágicas típicas dos apologistas cristãos: descobriu-se que, soube-se que, apurou-se que... sem detalhes sobre quem descobriu, como descobriu, etc e tal.
# O mesmo estilo de quando vivos?
Na realidade o que aquele grande crítico literário, Agripino Grieco, escreveu é muito diferente: "Os livros póstumos, ou pretensamente póstumos, nada acrescentam à glória de Umberto de Campos, sendo mesmo bastante inferiores aos escritos em vida. Interessante: De todos os livros que conheço como sendo psicografados, escritos por intermédio de um médium, nenhum se equipara aos produzidos pelo escritor em vida" ("Diário da Noite", S.P. 28-VI-1944).
Outro crítico literário, João Dornas Filho, a respeito, por exemplo, de Olavo Bilac: "Esse homem que em vida nunca assinou um verso imperfeito, depois de morto teria ditado ao Sr. Xavier sonetos interinos abaixo de medíocres, cheios de versos mal medidos, mal rimados e, sobre tudo, numa língua que Bilac absolutamente não escrevia!" ("Folha da Manhã", S.P., 19-IV-1945).
Na Folha Online (
http://www1.folha.uol.com.br/folha/coti ... u53838.shl) o texto atribuído a este último autor está redigido desta forma: "Olavo Bilac, um homem que no estágio de imperfeição nunca assinou um verso imperfeito, depois de morto ditou a Chico Xavier sonetos inteirinhos abaixo dos medíocres." Se este for o correto, gostaria de saber o que J. Dornas Filho quis dizer com estágio de imperfeição. Estaria ele se referindo à condição de encarnado? Se sim, suponho que pensasse que a condição de desencarnado seria um estágio perfeição, mas o que o levou a pensar isso? Pelo menos pode-se ver uma coisa: o Dornas Filho podia entender muito bem de literatura nacional, mas de Espiritismo era bem ignorante.
O Seareiro nº 42 (ano 5), de junho de 2004, traz uma biografia resumida de Chico Xavier e na pág. 8 há a seguinte nota sobre Agripino Grieco:
Outro crítico implacável, por vezes até irônico e sarcástico, quis conhecer de perto o médium. Dizia que só opinaria se seus olhos presenciassem aquilo que chamavam de anormal. Esse crítico severo e temido pelos escritores era o famoso Agripino Grieco. Católico, admirador da igreja e crente de todos os santos.
Cabe aqui mais uma intervenção minha. Por vezes citei ao Turatti o arrazoado ou afirmação de algum autor espírita. A resposta de Turatti era quase sempre essa:
_ Fulano? Um espírita! Ah! Vamos estudar SÉRIO, gente?
E a forma que ele tinha de me dizer que uma pessoa, por ser espírita, não era confiável ou digna de crédito. Bem, se o seu Agripino Grieco era tão católico e crente de todos os santos, será que eu poderia usar o sistema turatiano e lançar dúvida sobre a clareza de raciocínio dele por ter sido católico?
Chico estava em visita a casa de seu amigo e professor Cícero Pereira, em Belo Horizonte. Sabedor dessa visita, o senhor Bady Curi vai até a casa do professor e diz ao Chico que Agripino Grieco, gostaria de conhecê-lo e ver de perto o fenômeno psicográfico. Diz Chico, que isso não era imposto e, portanto, as pessoas acreditariam ou não, porém, diante da insistência do senhor Bady, o professor Cícero aconselhou Chico a aceitar e ir ao encontro de Grieco. Esse encontro deu-se no Centro da capital mineira, o salão estava lotado.
A apresentação feita entre ambos, não ocasionou nenhuma surpresa a Grieco que definiu a pessoa de Chico como um .mestiço magro, meão de altura, cabelos crespos e uma pequena mancha branca num dos seus olhos. (Trecho do livro Chico Xavier . Uma vida de Amor).
Começada a tarefa da psicografia, Grieco viu que o lápis era levado por uma rapidez incrível sobre o papel, coisa impossível para qualquer pessoa, por mais hábil fosse com a escrita. A repercussão desse episódio foi intensa nos meios literários e na vida do médium. Mas após esse fato, Chico e Grieco não mais se encontraram, porém, deixou um enigma muito grande na mente de Grieco, que ficou sem explicação para ele, pois o fato foi que ele identificou o modo e as idéias colocadas na crônica escrita por Humberto de Campos, e o soneto assinado por Augusto dos Anjos. Disse Grieco, por fim, que lhe faltava estudos especializados para poder entender o que vira!
O crítico literário Osório Borba, a pedido do "Diário de Minas" (10-VIII-58) resume assim sua perícia crítica, apoiado também no II Congresso Brasileiro de Escritores (1947): "Levo anos e anos pesquisando. Catei números defeitos de várias espécies, essenciais ou de forma. A conclusão de minha perícia é totalmente negativa. Aqueles escritos `mediúnicos, por quem quer que conheça alguma coisa de poesia ou literatura, não podem ser tidos como de autoria dos grandes poetas e escritores a quem são atribuídos. Autores de linguagem impecável em vida, aparecem `assinando coisas imperfeitíssimas como linguagem e técnica poética. Os poetas `desencarnados´ se repetem e se parodiam, a todo momento, nos trabalhos que lhes atribuem 'mediunicamente´. Por exemplo Antero de Quental plagiando (!) em idéia e até em detalhes, literalmente um soneto de Augusto dos Santos. Tudo isso está exaustivamente documentado, através de um sem número de citações e confrontos".
"As pessoas que se impressionam pela `semelhança´ dos escritos `mediúnicos´ de Chico Xavier com os deixados pelos seus indigitados autores, ou são inteiramente leigas sem maior discernimento em matéria de literatura, ou deixaram-se levar ligeiramente por uma primeira impressão. Se examinarem corretamente a literatura psicográfica verão que tal semelhança é de pastiche, mais precisamente, de caricatura. O pensamento das psicografias (de Chico Xavier) é absolutamente indigno do pensamento dos autores a quem são imputados, e a forma em geral e a técnica poética, ainda piores. E há inúmeros casos de parodia e repetição de temas, frases inteiras, versos, além dos plágios".
"Por exemplo, Bilac aparece com sonetos verdadeiramente reles, e incorretos, pensamento primário, péssima linguagem, péssima técnica poética, que qualquer `Caixa de Malho´ recusaria. De Augusto dos Anjos, os poemas `mediúnicos´ repetem assuntos, pensamentos, versos e frases. Etc."
Ah! Que pena! Esse autor pesquisou durante TANTOS anos, tem uma perícia totalmente negativa, mostra que os poetas desencarnados se repetem e parodiam, que os textos e poemas são absolutamente reles, mal medidos, mal rimados... Que prato cheio para o Quevedo. Custava o padre ter ido atrás dos trabalhos deste valoroso Osório Borba e obtido bem mais do que o curto artigo no Diário de Minas? E já que se dedicou tanto, por que será que o próprio Osório Borba não escreveu um livro sobre o assunto? Acho que material pelo menos ele tinha... Caso Borba tenha achado que não valia a pena, então o Quevedo poderia ter reunido os seus escritos e pedido à Edições Loyola ou Paulinas ou outra editora católica qualquer que os publicasse e contribuir ainda mais para a desmoralização do Chico e defender a literatura nacional contra o lixo espírita. Mas no fim, caso de fato Borba tenha mesmo trabalhado tanto, tudo isso morreu com ele. Uma pena.
Como diz o crítico literário Leo Gilson Ribeiro, "Uma coisa é clara: Quando o 'espírito' sobe, sua qualidade desce. É inconcebível que grandes criadores de nossa língua, depois da morte fiquem por aí gargarejando o tatibitate espírita" (Revista "Realidade", Novembro, 1971, pág. 62).
Quevedo cita várias vezes esse artigo da Revista Realidade de Nov. de 1971. O artigo é: O cérebro anormal de Chico Xavier e o autor da reportagem é José Hamilton Ribeiro. Como vêem o título já é tendencioso: por que cérebro anormal? Felizmente obtive este artigo e logo vocês verão coisas interessantes sobre o método quevediano de apresentar suas argumentações, referências e citações. Só para começar, a citação de Leo Gilson Ribeiro acima, que pode até ser verdadeira, mas não figura no artigo da Realidade nov. 1971...
O jornalista João de Scantimburgo, objetava a Chico Xavier: "Eu insisto que a escrita automática é o produto do inconsciente do senhor, não de mediunidade. Na França foi publicada uma coleção de livros com o título genérico `A maneira de...` em que algumas pessoas fazem a imitação de vários autores. Se o senhor ler, não distinguirá ainda que tenha profundo conhecimento do estilo do autor imitado. E trata-se de uma imitação consciente. O senhor imita autores dirigido pelo inconsciente (?). Em nada supera as faculdades naturais" ("Diário de São Paulo", 8-Agosto-1971, 3º caderno, pág. 7).
Não sei se estou vendo demais ou de menos. Essas declarações acima parecem estar sendo colocadas como um desmentido à manifestação dos tais literatos e à mediunidade de Chico. Mas não seriam também um atestado da falta de cultura do médium, da falta de conhecimentos literários e a prova definitiva de que não é um falsário perfeitíssimo, que jamais seria convidado para fazer da Academia Brasileira de Letras? Afinal, quem está certo? Os que dizem que Chico tinha grande queda literária, que lhe permitia inclusive escrever versos melhores que os do Bilac psicografado ou os que dizem que só escreveu pastiches medíocres e imbecis? Tem mais um detalhe: pelo menos o Osório Borba declarou ter pesquisado por anos, mas pelas declarações dos outros críticos literários, infere-se que eles também haviam investigado o caso. Mas vejam só que interessante: suas colocações aparecem apenas em jornais ou revistas e quando abordados a respeito desse assunto.
Nenhum deles parece ter escrito qualquer livro ou feito publicação mais detalhada em revista própria de discussão literária, ou algum outro tratado, onde poderiam explorar exaustivamente o assunto e assim pondo abaixo essa mediunidade literária “fajuta” do Chico. Pelo menos, se existe algum trabalho assim, nem o Quevedo sabe, nem nenhum dos mais de 50 apologistas cristãos que li se lembrou de mencionar. Isso para mim é muito estranho pois é freqüente ouvir e ler em textos sobre Chico que essa parte literária dele teve certa repercussão. Será que nenhum desses literatos levou essa tarefa de desmoralizar o Chico muito a sério, mesmo aqueles tão católicos?
A propósito, o site
http://clotildes.tripod.com/chico_xavier.html -diz que o autor da frase "Se Chico Xavier produziu tudo aquilo por conta própria, então ele merece ocupar quantas cadeiras quiser na Academia Brasileira de Letras" foi Monteiro Lobato, e não o Agripino Grieco. Infelizmente o Monteiro Lobato era suspeito, pois também era espírita. Mas o Agripino (o tal tão católico) disse isso: "Se é mistificação, parece-me muito bem conduzida. Tendo lido as paródias de Albert Sorel, Paul Reboux e Charles Muller, julgo ser difícil (isso digo com a maior lealdade) levar tão longe a técnica do pastiche. Não sei como elucidar o caso. Fenômeno nervoso? Intervenção extra-humana? Faltam-me estudos especializados para concluir." Quem negar Chico como médium, está elogiando-o como pastichador.” Como se vê, os nossos grandes acadêmicos que se pronunciaram sobre o Chico também não concordam entre si...
Mais interessante ainda é reproduzir este aqui, o Raymundo de Magalhães Júnior, acadêmico falecido: "Se Chico Xavier é um embusteiro, é um embusteiro de talento. Sua facilidade de imitar seria um dom especialíssimo, porque ele não imita apenas Antero de Quental, Olavo Bilac e Humberto de Campos, mas Alphonsus de Guimaraes, Artur Azevedo, Antônio Nobre etc." "Quem ler durante 60 dias, noite e dia, dia e noite, apenas Euclides da Cunha, escreverá no estilo de Euclides sem notável esforço, sem fazer uma ginástica mental muito dura."
Faço agora uma pergunta: quem iria ser tão idiota a ponto de passar dias e noites lendo e relendo dúzias de literatos brasileiros para escrever pastiches no estilo deles, compor livros, mandar publicá-los e... doar os direitos autorais? Não seria essa a prova provada de que Chico nunca foi muito inteligente?
Ora, quando se trata de conteúdo... Insiste o jornalista citado: "Além de jornalismo, eu também tenho a carreira de Filosofia. E não foram psicografados conteúdos profundos e complexos como a obra (à maneira de) Platão, a de Aristóteles, a de Santo Agostinho, a de Santo Tomás de Aquino, a de Descartes, a de Kant, e a de outros filósofos e pensadores.
Não será porque o senhor, Chico Xavier, não tem esses conhecimentos?"
Em todas as psicografias de Chico Xavier o fundo é sempre o mesmo por mais diferentes que tenham sido os "espíritos" aos que se atribuem: Uma `religiosidade` moralista, piegas, melíflua, repetitiva, absolutamente infantil... Quase três adjetivos por linha. Os mais usados: cariciosas, dulcíssima, inexcedível, amados.
Deveria bastar ler qualquer livro psicografado por Chico Xavier para compreender que tudo está muito longe de ser o que seus propagandistas proclamam. Tomemos a melhor publicação, a mais elogiada: "O Nosso Lar". Tudo está plagiado de absurdos e contradições.
Uma análise detalhada de muitos textos bem conhecidos do Chico, ilustrando tudo o que está sendo dito acima seria de bom argumento, mas só declarações sem detalhes, sem exemplos precisos, sem comparações preto no branco fica como uma tese jogada no ar... SCC: Se colar, colou. Fica uma insinuação de que o médium não escreve nada que já não esteja em seus conhecimentos. Há um lance em que uma família de judeus perdera um de seus filhos num acidente e Chico, sem que pedissem, entregou-lhes uma mensagem dele. Além de dados íntimos, do conhecimento apenas da família, apareceu algo estranho: uma estrela de Davi, com nomes hebraicos nas pontas. Ninguém entendeu o porque daquela estrela estar ali. Meses mais tarde, quando folheava os cadernos do irmão falecido, foi encontrada outra estrela numa das páginas, idêntica à que Chico fez. Ele então foi á escola onde o irmão estudara e perguntou à professora daquela disciplina o que significava a estrela. Ela explicou que tais desenhos eram comuns nos cadernos dos alunos. A estrela representava a carteira onde ele se sentava e os nomes em hebraico em os dos colegas que se sentavam à sua volta. Ninguém na família sabia disso, como o Chico poderia saber.
E para não ficar só no Chico, cito Aksakof, que no seu livro “Animismo e Espiritismo” nos dá exemplo de conhecimentos acima do nível cultural do médium. Vejamos um trecho:
Eis ainda outro fato que parece triunfar de todas as objeções: ele foi comunicado ao Light (1884, página 499) pelo General-major A .W. Drayson e publicado sob este título: The Solution of Scientific Problems by Spirits (Solução de Problemas Científicos pelos Espíritos). Eis aqui a tradução:
"Tendo recebido do Sr. George Stock uma carta em que me perguntava se eu podia citar, ao menos um exemplo, em que um Espírito, ou um que o pretendesse ser, tivesse resolvido, durante uma sessão , um desses problemas científicos que preocupam os sábios do século passado, tenho a honra de comunicar-lhe o fato seguinte, do qual fui testemunha ocular.
Em 1781, William Herschel descobriu o planeta Urano e seus satélites. Observou que esses satélites, ao contrário de todos os outros satélites do sistema solar, percorrem suas órbitas de oriente para ocidente. J. F. Herschel diz em seus "Esboços Astronômicos": "As órbitas desses satélites apresentam particularidades completamente inesperadas e excepcionais, contrária às leis gerais que regem os corpos do sistema solar. Os planos de suas órbitas são quase perpendiculares à eclíptica, fazendo um ângulo de 70º 58, e eles os percorrem com movimento retrógrado, isto é, sua revolução em roda do centro do planeta efetua-se de este para oeste, ao invés de seguir o sentindo inverso."
"Quando Laplace emitiu a teoria de que o Sol e todos os planetas se formaram à custa de uma matéria nebulosa, esses satélites eram um enigma para ele.
O Almirante Smyth menciona em seu "Ciclo Celeste" que o movimento desses satélites, com surpresa de todos os astrônomos , é retrógrado, ao contrário do movimento de todos os outros corpos observados até então.
Na "Gallery of Nature", diz-se do mesmo modo que os satélites de Urano descrevem sua órbita de este a oeste, anomalia estranha que faz exceção no sistema solar.
Todas as obras sobre a Astronomia, publicadas anteriores de 1860, contém o mesmo raciocínio a respeito dos satélites de Urano.
Por meu lado, não encontrei explicação alguma a essa particularidade; para mim, era um mistério do mesmo modo para os escritores que citei.
Em 1858, eu tinha como hóspede, em minha casa, uma senhora que era médium, e organizamos sessões quotidianas. Certa noite ela me disse que via a meu lado uma pessoa que pretendia ser astrônomo durante sua vida terrestre. Perguntei a essa personagem se estava mais adiantada presentemente do que durante sua vida terrestre. "Muito mais" – respondeu ela.
"Tive a lembrança de apresentar a esse pretendido Espírito uma pergunta a fim de experimentar seus conhecimentos: - Podes dizer-me, perguntei-lhe, porque os satélites de Urano fazem sua revolução de este para oeste e não de oeste para este?
Recebi imediatamente a resposta seguinte: - Os satélites de Urano não percorrem sua órbita de oriente para ocidente; eles giram em roda de seu planeta, de ocidente para oriente, no mesmo sentido em que a Lua gira em roda da Terra. O erro provém de que o pólo sul de Urano estava voltado para a Terra no momento da descoberta desse planeta; do mesmo modo que o Sol, visto do hemisfério austral, parece fazer o seu percurso quotidiano da direita para a esquerda e não da esquerda para a direita, os satélites de Urano moviam-se da esquerda para a direita, o que não quer dizer que eles percorrem sua órbita de oriente para ocidente.
Em resposta a outra pergunta que apresentei, meu interlocutor acrescentou: - Enquanto o pólo sul de Urano estava voltado para a Terra, para um observador terrestre parecia que os satélites se deslocavam da esquerda para a direita, e conclui-se daí, por erro, que eles se dirigiam do oriente para o Ocidente; esse estado de coisas durou cerca de 42 anos. Quando o pólo norte de Urano está voltado para a Terra, seus satélites percorrem o trajeto da direita para a esquerda, e sempre do ocidente para o oriente.
Em seguida perguntei como tinha sucedido não se ter reconhecido o erro 42 anos depois da descoberta do planeta Urano por W. Herschel?
Responderam-me: - É porque , em regra, os homens não fazem mais do que repetir o que disseram as autoridades que os precederam; deslumbrados pelos resultados obtidos por seus predecessores, não se dão ao trabalho de refletir.
Guiado por essa informação comecei a resolver o problema geometricamente, e apercebi-me de que a explicação respectiva era exatíssima, e a solução muito simples. Por conseguinte, escrevi sobre essa questão um tratado que foi publicado nas Memórias do Ensino Real de Artilharia, em 1859.
Em 1862, dei essa mesma explicação do pretendido enigma em uma pequena obra sobre a Astronomia: "Common Sights in the Heavens" (olhar pelos Céus); mas a influência da "opinião autorizada" é tão funesta, que só em nossos dias os escritores que se ocupam de Astronomia começam a reconhecer que o mistério dos satélites de urano deve ser atribuído à posição do eixo desse planeta.
Na primavera do ano de 1859, tive ainda por uma vez oportunidade de, por intervenção da mesma médium, conversar com a personalidade que se apresentava como o mesmo espírito; perguntei-lhe se podia esclarecer-me acerca de um outro fato astronômico ainda desconhecido. Naquele tempo eu possuía um telescópio com uma objetiva de 4 polegadas e de uma distância focal de 5 pés. Fui informado de que o planeta Marte tinha dois satélites que ninguém tinha visto ainda e que eu poderia descobrir em condições favoráveis. Aproveitei-me da primeira ocasião que se apresentou para fazer observações nesse sentido, mas não descobri coisa alguma. Participei essa comunicação a três ou quatro amigos com os quais eu fazia experiências espiríticas, e ficou decidido que guardaríamos segredo acerca do que se tinha passado, pois que não possuíamos prova alguma em apoio às alegações de meu interlocutor, e corríamos o risco de expor-nos à risada geral.
Durante minha estada nas Índias, falei nessas revelações ao Sr. Sinnett, não posso dizer com exatidão em que época. Dezoito anos mais tarde, em 1877, esses satélites foram descobertos por um astrônomo, em Washington" (Animismo e Espiritismo, vol. II, 1890)
Dados sobre a pessoa, A. W. Drayson:
http://adsabs.harvard.edu/cgi-bin/nph-b ... 62QB46.D76
Pela gentileza de um cético, participante do fórum religião é veneno (
https://antigo.religiaoeveneno.com.br/) sob o pseudônimo de Cyrix foi-nos enviado outro texto que indica que tal fato e sua interpretação correta já havia sido feita antes de 1850 (
http://pages.britishlibrary.net/phrenol ... ations.rtf) por Robert Chambers, no livro Explanations: A Sequel to “Vestiges of the Natural History of Creation” 1st ed., London, 1845. Quer dizer, a suspeita de qual seria a causa do movimento retrógado já havia sido conhecida, mas o que interessa é que a médium não era astrônoma e se os astrônomos em sua maioria ainda desconheciam o fato, como é o caso do astrônomo envolvido no evento com a médium. Portanto é improvável que ela, por pura sorte, conhecesse... Que explicação o jornalista João de Scantimburgo dará a isto?
Bem, no caso daquela estrela de Davi, o Quevedo dá uma explicação: inconscientemente, alguém da família teria visto a estrela, mas não prestara atenção a ela. Quando estavam junto com o Chico, o inconsciente deste captou a imagem da estrela e a reproduziu. Vejam como é a Parapsicologia Católica: como se pôde saber que alguém da família tinha visto a estrela, mas esqueceu que viu? Não se sabe e Quevedo não provou isso, apenas sugere, de acordo com suas amadas teorias, de que alguém viu e só isso basta para explicar como Chico soube. Conversando com outro católico, fã do Quevedo, este me disse que o inconsciente é INCONSCIENTE, IMPREVISÍVEL e INCONTROLÁVEL (e eu acrescento: também é IMPALPÁVEL E INVERIFICÁVEL). Chico desmente isso totalmente, pois só alguém que pudesse controlar esse inconsciente poderia entrar em outras mentes das pessoas certas, abordar o inconsciente delas, buscar as informações desejadas, selecionar as que mais interessam e no final convertê-las num fenômeno “mediúnico”, ou seja, dramatizar tudo isso na forma de uma mensagem inteligível e _aqui se comete o único erro_ assinar pelo falecido. Quando argumentei com esse católico de que então os nossos delegados de polícia deveriam ser treinados por parapsicólogos, pois já pensou? Entra um suspeito para ser interrogado e um paranormal entra na mente dele e busca provas de seu envolvimento com o crime. Que coisa maravilhosa! O paranormal conseguiria saber em que bancos estão as contas bancárias, quais as senhas, quem são os outros envolvidos, etc e tal. Maravilhoso, não? Pois o católico não achou, disse que isto que eu estava propondo era Nazismo e que jamais um juiz no Brasil admitiria tamanha invasão de privacidade... Uma pena.
Aproveitando o gancho, quando falei disso com Wellington Zangari, um parapsicólogo nacional SÉRIO, ele me disse que isso seria inviável pois a “força Psi” só tem uma margem de acerto 2% maior do que a margem da probabilidade. Quer dizer, se por acaso se acerta 20% das cartas do baralho Zener, com a tal Psi, a margem de acerto seria de 22%. Bem, eu não sei é a margem de acerto ao acaso quando um médium dá os dados sobre um certo falecido de uma certa família que NÃO TERIA DADO QUALQUER INFORMAÇÃO AO MÉDIUM, mas digamos que seja 2%. Bem, com só 2% a mais caso a mediunidade seja autêntica (admitindo-se que seja causada pela força Psi), então só 4% do que o médium dissesse se aproveitaria e os outros 96% seriam só coisas erradas... Alguém aqui sabe me dizer qual a margem de acerto do Chico? Bem, no caso daquela família de judeus parece ter sido 100%... Por conta disso, acho que não deve ter sido obra de força Psi, nem de inconsciente quevediano.
Como conclusão deste aspecto, a acertada qualificação divulgada por Dom Benedito Ulhoa, arcebispo de Uberaba, que conhecia muito bem o caso: "Chico Xavier não passa de um hábil pasticheiro".
Não esperaria conclusão diferente de um Dom Eclesiástico. Mas essa conclusão não contradiz a dos literatos acima que diziam estar os textos de Chico abaixo de medíocres? Como vêem, aqui neste texto quevediano absolutamente nada por aqui reflete análises técnicas bem feitas, desapaixonadas e sérias. O que define se Chico é um hábil pasticheiro ou um péssimo pasticheiro é o argumento e o local onde este se encaixa. Ou então a fé de quem emite o argumento.
É MESMO PSICOGRAFIA?
# Em duas oportunidades, havendo eu instruído a um repórter da TV Gazeta e ao Pe. Herbert Günter, da TV "Pro Vobis" da Alemanha, comprovamos que Chico Xavier sabia o que acabava de "psicografar"...
Não entendi a ilação: onde foi dito ou demonstrado que ele NÃO SABIA O QUE PSICOGRAFAVA? Nunca soube que Chico fosse um médium mecânico, ou seja, aquele que pratica psicografia ou psicofonia sem saber nada do que diz ou escreve. Sabe informar melhor? Além disso, como é que ficou comprovado o seu ponto de vista nos programas indicados acima? Como o Sr Quevedo adora falar como se todo mundo já soubesse do que ele fala...
# A técnica científica poderia refutar aos líderes do Espiritismo, mas Chico Xavier bem instruído por esses mesmos líderes, não permitia que se tirasse o eletroencefalograma e outras análises clínicas quando diz que está psicografando, em público. Saberíamos se está escrevendo inconscientemente, psicografia, ou se está fingindo por escrever conscientemente.
Que pena que o Sr Quevedo não traga demonstrações disso. Que alguém escrevendo conscientemente possa deixar os sinais aparecendo no eletroencefalograma, eu até entendo, mas qual é a diferença para alguém que está escrevendo inconscientemente? E como uma psicografia autêntica seria vista no eletroencefalograma? Que experimentos feitos comprovam essa tese? O Sr Quevedo por acaso dispõe de médiuns autênticos, que psicografaram legitimante para ele (apesar de os espíritos não se comunicarem segundo ele crê)? Não vi no site do CLAP nenhum experimento assim, mostrando as diferenças entre os eletroencefalogramas de um escritor comum e o de um médium psicografando legitimamente. Como Quevedo então chegou àquelas conclusões?
RECONHECIDO PELO PRÓPRIO CHICO
Aliás o próprio Chico Xavier, apesar de pretender disfarçá-lo, na realidade repetidas vezes estava reconhecendo seu longo treino, por exemplo quando confessou que "por quatro anos em trabalho muito cansativo e com muito esforço", "até 1931 recebeu centenas de mensagens'', "mas Chico as destruiu, já que 'não passavam, segundo ele, de exercícios de psicografia'" Em entrevista à repórter Teresa Goulart na revista "Manchete", 5 de Junho de 1982).
Longo treino... Que ao que parece em nada o ajudou, pois ficou sendo só um hábil pasticheiro ou péssimo pasticheiro, conforme a opinião (ou fé) do pesquisador que estiver falando a respeito dele...
O TESTEMUNHO DO SOBRINHO
Amauri Xavier Pena, filho da irmã mais velha de Chico Xavier, Dona. Maria Xavier, foi escolhido pelo tio para seu sucessor. Vinha treinando desde os treze anos. Aos 17 anos cedeu às insistências do tio. Treinado com grande constância na "psicografia", mostrou maior facilidade do que o famoso tio para imitar os autores que lia. E assim publicou mais de cinqüenta livros "psicografados" imitando mais de cinqüenta autores, "cada qual no seu próprio e inconfundível estilo. Recebeu também uma epopéia de Camões em estilo quinhentista", Cruz e Sousa, Gonçalves Dias, Castro Alves, Augusto dos Anjos, Olavo Bilac, Luís Guimarães Jr., Casemiro Cunha, Inácio Bitencourt, Cícero Pereira, Hermes Fontes, Fabiano de Cristo (?!), Anália Franco..., e até Bocage e Rabindranath Tagore. O boletim espiritista "Síntese", de Belo Horizonte, fazia a divulgação.
Escolhido pelo Chico para ser seu sucessor? Primeiro: publicação, autoria, registro no cartório, etc, ou seja, UM DOCUMENTO DE PROVA que demonstre que Chico Xavier indicou que Amauri Pena seria o seu sucessor. Falta esse dado importantíssimo. E também não tem o menor sentido, pois se Chico estava em plena atividade, como pensar em já ser sucedido? Mas esta indicação tem que ser de CARÁTER OFICIAL, não uma simples declaração de momento entusiástico num balcão de bar ou numa entrevista tumultuada. Onde foi que Chico disse tudo aquilo citado pelo Quevedo? Ou será que foi só o sobrinho que disse?
Segundo: Nomes, editoras, cidades, anos de publicação e, principalmente, onde podem ser encontrados os 50 livros publicados pelo Sr Amauri Pena. Costumo visitar sebos e NUNCA VI UM LIVRO desse autor; também nada encontrei na Internet a respeito de publicações dele.
Ah! Antes que eu me esqueça, discuti e insisti com o L. R. Turatti sobre esses livros, onde encontrá-los, quando e onde os publicou, etc e tal. Em desespero, por saber que tais livros provavelmente nunca existiram, Turatti apelou para a teoria conspiratória: os espíritas, revoltados com a traição de Amauri, teriam recolhido e destruído esses livros. E destruíram tão bem que nem mesmo os títulos hoje são conhecidos! Como Quevedo ficou sabendo deles? Esses livros não existem em lugar algum, nem mesmo no CLAP!
Terceiro: Atestados dos eminentes literários (de preferência os mesmos que “malharam” o Chico) que confirmam que os escritos de Amauri Pena refletem o estilo inconfundível dos autores por ele imitados e provas cabais dessas afirmações, caso existam. Como está acima, o parecer dá a impressão de ter saído desse tal boletim espírita. Quer dizer: quando se fala em estilo inconfundível para o Chico, é tolice e fanatismo, mas se o PARECER ESPÍRITA sobre estilo inconfundível for para o Amauri, aí então ele é válido?
"Um grande médium" era proclamado, mesmo depois da auto-retratação em Julho de 1958 no "Diário de Minas". E lá mesmo, perante os jornalistas, imitou diversos estilos de autores famosos. "Tudo o que tenho `psicografado´ até hoje, apesar das diferenças de estilo, foi criado pela minha própria habilidade, usando apenas conhecimentos literários", declarou.
Até aí, nenhuma grande novidade: qualquer um com talento literário pode perfeitamente imitar estilos. E quem continuou proclamando Amauri um grande médium? Nome, publicação, data... Como o Sr Quevedo gosta de economizar onde não deve...
E proclamou que seu tio Chico Xavier "não passa de um grande farsante". E à revista "Manchete": "Revoltava-me contra as afirmações dos espiritistas (que diziam que era médium). Levado à presença do meu tio, ele me assegurou, depois de ler o que eu escrevera, que um dia eu seria seu sucessor. Passei a viver pressionado pelos adeptos da 'terceira revelação'...
Revista Manchete qual número, ano, mês... Quando é mesmo que esse cavalheiro se lembrou de dizer aos adeptos da terceira revelação que nunca foi médium e que não acreditava em nada daquilo?
como absurdamente chamam ao Espiritismo, com ele pretendendo suplantar, após as revelações do Pai e do Filho, a Terceira Revelação pelo Divino Espírito Santo o dia de Pentecostes.
Diante de tal declaração, estou começando a achar que o tal Amauri apenas se meteu de leve com o Chico, mas manteve sua fé católica e no final acabou saindo com aquela denúncia, vou supor que em defesa da fé católica, mas caso tenha recebido algum por isso... (conversando com o irmão caçula de Chico, ele me disse que de fato o seu sobrinho havia feito aquela denúncia contra Chico em troca de pagamento...).
"A situação torturava-me, e várias vezes, procurando fugir àquele inferno interior, entreguei-me a perigosas aventuras, diversas vezes saí de casa, fugindo à convivência de espíritas. Cansado, enfim, cedi dando os primeiros passos no caminho da farsa constante. Tinha então 17 anos".
Ou seja, era um trapaceiro e canalha e resolveu jogar tudo para o alto quando viu que desse cofre não saía dinheiro para o seu bolso... Deve ter sido isso. Faltou Quevedo dizer que o Amauri foi pressionado pelo tio a doar os direitos dos seus 50 livros, escritos só de sua mente e sem espíritos envolvidos... Pena que nunca soube de nenhum desses livros.
"Perseguido pelo remorso e atormentado pelo desespero, cometi vários desatinos (...) Vi-me então diante da alternativa: mergulhar de vez na mentira e arruinar-me para sempre diante de mim mesmo, ou levantar-me corajosamente para penitenciar-me diante do mundo, libertando-me definitivamente. Foi o que decidi fazer procurando um jornal mineiro e revelando toda a farsa" (...)
"Meu tio é também um revoltado, não conseguindo mais recuar diante da farsa que há longos anos vem representando".
"Eu, depois de ter-me submetido a esse papel mistificador, durante anos (...), resolvi, por uma questão de consciência, contar toda a verdade" (Ver também "Estado de Minas", 20-Janeiro-1971; revista "Realidade", Novembro 1971, pág. 65; etc.).
De acordo com Marcel Souto Maior, Amauri tinha 25 anos quando fez a denúncia, portanto ele ficou nesse papel de farsante por 8 anos, considerando que aos 17 teria se associado (se é que se associou) com o tio. E nesses 8 anos ele escreveu os 50 livros? De 1931 a 1958 (27 anos) Chico teria escrito 61 livros psicografados, mas Amauri, bem mais jovem que o Chico e em apenas 8 anos já teria publicado 50! Que prodígio!
Sabem o que eu acho engraçado? Que pilantras são apresentados como heróis quando traem a causa. A mulher do tal médium que se dizia incorporar o Fritz ultimamente, denunciou-o como farsante, mas só depois que foi trocada por outra... Como a estorieta do Amauri é sempre apresentada dessa forma nebulosa, sem dados comprobatórios, sem datas precisas, nada, então fica difícil avaliar qualquer coisa.