O Cristianismo perdeu seu lugar na Europa.
Enviado: 05 Jul 2006, 07:31
Interessante. O mundo tá fudido. Eu acrecentaria ao texto que a América pode estar a seguir o caminho oposto com a direita religiosa fundamentalista/ criacionista ter cada vez mais força.
Ó destino Cruel.
Só o fim do estado social e a adopçao do sistema segurador Americano pode nos Salvar. Ou isso, ou Jesus.
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4922
Ó destino Cruel.

Só o fim do estado social e a adopçao do sistema segurador Americano pode nos Salvar. Ou isso, ou Jesus.
A Europa de Berlinski
por Jeffrey Nyquist em 30 de maio de 2006
Resumo: O fato central da atual batalha ideológica é que o Cristianismo perdeu seu lugar na Europa.
© 2006 MidiaSemMascara.org
Semana passada, recebi inúmeros e-mails contendo fatos e estatísticas a respeito do inegável esgotamento das maiores reservas de petróleo do mundo. Sou forçado a admitir que a luz no fim do proverbial túnel é, na verdade, a luz de um trem vindo em sentido contrário. E esse trem tem vários vagões de carga (e um pequeno vagão de passageiros). Um desses vagões de carga é a Europa, que Claire Berlinski descreve como sendo um "perigo". De fato, seu mais recente livro chama-se Menace in Europe: Why the Continent's Crisis is America's, too (Perigo na Europa: Por que a Crise do Continente é da América também ).
A Europa sempre foi um continente etnicamente fraturado e devastado pela guerra (isto é, até que a América lá estabelecesse sua presença militar). E agora, após sessenta anos de paz, a posição da América na Europa deteriorou-se. De acordo com Berlinski, a morte do Cristianismo retirou do continente sua estrutura transcendental, deixando-o à mercê do antiamericanismo. Nesse contexto, os otimistas econômicos assumem que a Europa não se renderá ao barbarismo. E, mesmo assim, o culto ao apaziguamento voltou-se aos radicais islâmicos, que proclamam para quem quiser ouvi-los que a Europa é seu prêmio e que os judeus seus inimigos (Hitler dizia as mesmas coisas). "Sim, sim", Berlinski confessa, "eu realmente invoquei os nazistas aqui". Ela assim o fez porque os radicais islâmicos são semelhantes aos nazistas, com a diferença de que eles têm um leque de recrutas bem maior à sua disposição.
Nisto e em muitas outras coisas Berlinski não é otimista. "Não prego o fim imediato das instituições democráticas européias", admitiu. "[Mas] a economia de direitos sociais vai entrar em colapso. Sua demografia mudará. A União Européia poderá dissolver-se. Terroristas islâmicos poderão tomar uma cidade européia". O que ela prevê é o colapso do socialismo e do liberalismo. Em meio aos atuais acontecimentos, Berlinski notou que "é possível e mesmo razoável imaginar um resultado repugnante".
O otimismo econômico parece ser elegante e sexy depois de uma taça ou duas de vinho francês. Mas estamos em 2006 e o resultado repugnante mostra sua cara por todo canto. O crescimento exponencial da população mundial, e a inépcia da economia global em lidar com as massas, significam que Thomas Malthus ainda é relevante. A condição humana na terra não é perfectível. "Li várias especulações a respeito da perfectibilidade humana e social, com grande interesse", escreveu Malthus. "Senti-me reconfortado e encantado com o quadro maravilhoso que pintam. Desejo ardentemente essas melhorias. Mas enxergo grandes, e, no meu entendimento, insuperáveis dificuldades no caminho".
Não importam, aqui, os erros que Malthus tenha cometido em seus cálculos. Seu ponto de partida, apesar disso, era sensato. A população possui um limite superior, em algum ponto, e a inventividade científica também é limitada. Consequentemente, a economia mundial não pode crescer para sempre. Podemos até mesmo nos maravilharmos com as inovações da civilização tecnológica, mas será que temos de levar a sério a idéia de que tal civilização manter-se-á equilibrada e crescente para sempre? A escalada do século IX ao século XXI tem sido uma grande espiral ascendente, mas ninguém deveria achar que a história é um registro de contínuos progressos. Do século II ao IX, a civilização declinou-se para o barbarismo. E se alguém duvida que esse declínio possa acontecer de novo, então que considere o advento das armas nucleares, biológicas e químicas.
Os bárbaros já estão aos portões. Na verdade, eles já passaram dos portões. Não é só um atentado terrorista que temos de conter. O niilismo europeu é um problema interno de todo o Ocidente. Dado o fato de que armas de destruição em massa estão por aí, um evento catastrófico é uma questão de tempo (embora Berlinski saiba mais do que diz). Admitamos um paradoxo metafórico: o mundo está perdendo sua mente coletiva. Com o tempo, sofreremos por causa disso. Além do mais, creio numa iminente catástrofe econômica ligada a uma catástrofe militar. (Isto é, crise econômica e uso maciço de armas de destruição em massa derivam da mesma fonte demente).
No caso da Europa, a crise é impressionantemente óbvia. Perambulando por Perugia, na Itália, Berlinski fez as seguintes observações: "Não há pais empurrando carrinhos de bebê na frente do palácio, não há avós ajudando netinhos hesitantes a descer as escadas da catedral. Vejo milhares de italianos andando, comprando, batendo papo, sentados nos degraus de San Lorenzo vendo as pessoas passarem – mas não vejo uma única criança".
A taxa de natalidade da Europa desabou. "A não ser que essa tendência reverta-se por conta própria", notou Berlinski, "em breve os países europeus serão incapazes de pagar suas caras pensões e programas de saúde". Linhas depois, ela escreve: "A imigração é a única esperança da Europa". Isso porque a Europa não desistirá de seu modelo de Estado assistencialista. E, portanto, a Europa precisa importar mais e mais muçulmanos para satisfazer sua demanda por mão-de-obra barata. Segundo Berlinski, a Europa precisará aumentar sua taxa de imigração de cinco a dez vezes apenas para sustentar-se. "Mas a imigração em número suficiente para retificar o declínio populacional certamente terá enormes custos em termos de estabilidade social", explicou. A Europa não conseguirá assimilar tantos não-europeus. Os sentimentos raciais na Europa já podem ser sentidos. O homem é um animal tribal e os europeus não são tão esclarecidos quanto imaginam.
Com o tempo, o influxo de muçulmanos na Europa desencadeará reações adversas. O racismo em massa poderá vir à tona, reanimado a qualquer momento (pois seres humanos podem se tornar asquerosos a qualquer momento). Na vida da mente, mesmo pensamentos criminosos recorrem – e ideologias criminosas. Por exemplo, está provado que a morte do comunismo foi um exagero. Basta observarmos os últimos acontecimentos na América Latina, África e Nepal. Quando a próxima Grande Depressão tomar conta do mundo, a causa comunista ressurgirá. A batalha ideológica é constante e permanente. Nenhuma ideologia jamais obtém sua vitória final. A verdade em si ascende e cai junto com o verdadeiro.
O fato central da atual batalha ideológica, diz Berlinski, é que o Cristianismo perdeu seu lugar na Europa. "O ceticismo em questões morais é decisivo", escreveu Nietzsche, que antecipou o desaparecimento do Cristianismo na Europa. "O fim da interpretação moral do mundo, que não possui nenhuma ratificação [numa crença em Deus]... leva ao niilismo". Nietzsche chamava isso de "o advento do niilismo europeu". Berlinski sugere que esse niilismo acaba levando a um culto antiamericano e anti-semita. "Não sou uma apologista da Igreja, uma inimiga do secularismo ou uma defensora fervorosa da revivescência religiosa", explicou. "Na verdade, sou uma judia secular que está aliviada em nunca ter tido de enfrentar a Inquisição". Mas a verdade é verdadeira, acrescentou ela. Sem valores transcendentais, nada restará "além do prazer e das relações pessoais, que não são suficientes para aplacar a desesperança". Quando as pessoas não podem amar a Deus ou o país, elas precisam arrumar algo ou alguém para odiar. E odiar a América vem bem a calhar (quando odiar os judeus não for o suficiente). "O antiamericanismo europeu é um sistema de adoração e fé, e não uma crença racional; por isso ele é impermeável ao confronto com fatos, lógica, evidências, boa-vontade, campanhas de relações públicas ou tentativas da secretária de Estado em ser uma ouvinte melhor e mais sensível", escreveu Berlinski. Não é que a América seja "irreprochável". Ocorre que o antiamericanismo europeu é tão irracional que representa um perigo maior do que tudo o que a América esteja fazendo. Berlinski avisa que os americanos "não precisam tentar corrigir a antipatia européia para com os Estados Unidos por meio de profundas introspecções e intensos esforços" porque tais tentativas "não vão funcionar". Além disso, a administração Bush não foi responsável por voltar a Europa contra a América. Tal idéia, diz ela, "é uma ingênua ilusão".
Berlinski não deseja ser uma profeta do apocalipse; pelo contrário, ela quer distância do fatalismo. Não são os europeus ou a Europa que estão condenados. O que está condenado é o caminho que os afasta do nacionalismo e da religião e os leva ao internacionalismo e ao ateísmo. Esta parece ser a conclusão de Berlinski. O niilismo europeu é um movimento que afasta a Europa de Deus, do país e da família. É uma negação da natureza do homem enquanto ser espiritual, social e sexual. Em última análise, esse niilismo produz uma crise tremenda, conforme Nietzsche previu. A lei de causa e efeito (e a eterna recorrência da guerra) sugere que o homem europeu retornará ao seu velho padrão de existência, na medida em que a crise avança em direção à catástrofe. Os muçulmanos que acham que a Europa não conseguirá recuperar seu lado bélico precisam pensar de novo.
Berlinski ainda tem a virtude de perceber a ameaça que a Rússia representa para a Europa, mesmo que europeus e americanos prefiram ignorá-la.
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