“Israel encontra-se fundado sobre uma mentira"
Enviado: 10 Jul 2006, 08:08
Ilan Pope, Historiador Israelita, afirma: “Israel encontra-se fundado sobre uma mentira"
- Nasci em Haifa. Sou filho de pais Judeus, emigrantes da Alemanha. Em criança, era amigo de outras crianças, estas Palestinianas, algo raro hoje em dia, devido a este odioso Apartheid. Aos 18 anos, cumpri o serviço militar e participei como soldado Israelita na terrível guerra de 1973, nos Montes Golan.
- Foi um bom soldado?
- Obedeci às ordens que me foram dadas. A minha verdadeira crise teve origem quando fui estudar Direito em Oxford, em 1980. Foi aí que me dei conta da mentira que me haviam contado.
- O que foi que descobriu?-
Que o meu pai me havia enganado e que todos nós havíamos sido enganados no Colégio e na Universidade. Tanto o meu pai, como os meus professores, disseram-nos, uma e outra vez, que, aquando da fundação do Estado de Israel, em 1948, os Palestinianos preferiram partir, o que é mentira. Os arquivos que consultei e os documentos que eu mesmo li são prova evidente da expulsão Palestiniana por parte dos Israelitas, os quais recorreram ao terror, às ameaças e à violência.
- Isso é claro para o resto do Mundo...
- Mas, para nós, não o é. Actualmente, em Israel, continuasse a insistir na versão de que os Palestinianos partiram porque assim o entenderam… embora os Israelitas lhes tenham pedido para ficar!
- Isso não parece muito credível.
- É a verdade oficial quando, na realidade, os Palestinianos foram vítimas de uma limpeza étnica por parte da nova Israel. Na investigação que levei a cabo em Oxford, descobri que o plano de expulsão empreendido pelos Israelitas foi sistemático. Ascendia a mais de mil, os povos Palestinianos, e a mais de um milhão, os habitantes Palestinianos nas cidades, e é verdade que apenas expulsámos 850.000, mas apenas porque a guerra terminou, e aceitaram o estatuto final.
- Os terroristas Judeus que incendiaram e assassinaram Palestinianos foram Irgun e Stern.
- Não foram eles os únicos. Todo o Movimento Sionista encontrava-se organizado para expulsar os Paestinianos. E cada pormenor do que digo encontra-se documentado. Foram muitos os massacres sucedidos.
- Por exemplo, o de Deir Yassin.
- Esse é apenas o mais conhecido. Creio que, como Israelita pensante, houve um único Deir Yassin, e que foi obra de Irgun. Contudo, depois, vim a descobrir que se verificaram muitos mais massacres, e que nem todos foram cometidos por Irgun.
- Não era esse o plano Sionista inicial?
- Teodor Herzl, fundador do Sionismo, disse, aquando da chegada do primeiro Sionista a Israel, em 1882, que não podiam permitir a permanência da população local no novo Estado.
- Também a força parece estar nas mãos de Israel.
- Isso da força e do poder é muito relativo.
Que pode o Exército Israelita fazer para terminar com aquilo que considera ser “o problema Palestiniano”? Atirar bombas atómicas sobre Belém? Exterminá-los a todos? Não existe solução militar para a questão da segurança em Israel, isto porque a segurança não depende de muros, fronteiras ou redes. A segurança é um sentimento pessoal: existe em ca- da um de nós e nasce da justiça. E sem segurança não existem negócios, nem prosperidade e nem futuro.
- Menos segurança têm os Palestinianos.
- Os terríveis terroristas Palestinianos! O que têm? Nada mais têm a não ser as suas próprias vidas para oferecer. Mas, apenas com isso, acabaram com o sentimento de segurança em Israel e com a esperança de qualquer futuro para a sua região. O muro de Sharon trata-se do último absurdo económico de um regime sem saída. Além dos problemas morais que levanta, não existe dinheiro para construí-lo.
- O Apartheid Sul-Africano terminou, não por ser uma atrocidade étnica, mas sim por ser economicamente ineficaz.
- É precisamente isso o que sucederá com o Apartheid Israelita. É uma ruína. Para o mantermos necessitamos de um Estado policial militar que serve apenas para manter-nos numa guerra perpétua. Este Estado não nos serve para a busca da prosperidade.
- E não poderia haver em Israel um final mais ou menos feliz como o da África do Sul?
- Edito no estrangeiro porque, em Israel, receiam os meus livros. Há perto de um ano quase que fui expulso da Universidade e já nem conto as ameaças de morte. Os meus colegas dizem-me que me aprovam em privado, mas retorqui que o seu apoio silencioso de nada me serve. Calaram-se. Apenas haverá paz e convivência quando todos soubermos olhar a verdade cara a cara.
- E quanto ao processo de paz?
- Em 1948, o Estado Judeu estabeleceu-se sobre 80% do território Palestiniano, tendo expulsado os seus habitantes. Em 1967, Israel ocupava já os 100 %. Agora, quando Sharon diz que sejamos generosos, refere-se a esses mesmos 20 %...os quais pretende dividir em dois!
- De momento, nem sequer esses lhes dá.
- Dão aos Palestinianos 10 % daquela que era a sua terra e ainda querem que estes agradeçam! Somos um caso particular de colonialistas que vieram para ficar.
- Não receia que as suas opiniões o convertam numa espécie de exilado dentro do seu próprio país?
- Apenas quero que os Israelitas consigam pôr-se no lugar do outro por um segundo. Se o não fizerem, não haverá país e nem futuro para os meus filhos: caminhamos directo ao suicídio!
- O que propõe?
- A única solução inteligente: a reconciliação, uma paz justa e um Estado que respeite toda e qualquer identidade religiosa, e não apenas uma. A partir daí, podemos alcançar a prosperidade.
Internacional – 14/05/2006, Lluis Amiguet – Fonte: Kaosenlared (in Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán, nº. 151, de Maio/Junho.2006)
- Nasci em Haifa. Sou filho de pais Judeus, emigrantes da Alemanha. Em criança, era amigo de outras crianças, estas Palestinianas, algo raro hoje em dia, devido a este odioso Apartheid. Aos 18 anos, cumpri o serviço militar e participei como soldado Israelita na terrível guerra de 1973, nos Montes Golan.
- Foi um bom soldado?
- Obedeci às ordens que me foram dadas. A minha verdadeira crise teve origem quando fui estudar Direito em Oxford, em 1980. Foi aí que me dei conta da mentira que me haviam contado.
- O que foi que descobriu?-
Que o meu pai me havia enganado e que todos nós havíamos sido enganados no Colégio e na Universidade. Tanto o meu pai, como os meus professores, disseram-nos, uma e outra vez, que, aquando da fundação do Estado de Israel, em 1948, os Palestinianos preferiram partir, o que é mentira. Os arquivos que consultei e os documentos que eu mesmo li são prova evidente da expulsão Palestiniana por parte dos Israelitas, os quais recorreram ao terror, às ameaças e à violência.
- Isso é claro para o resto do Mundo...
- Mas, para nós, não o é. Actualmente, em Israel, continuasse a insistir na versão de que os Palestinianos partiram porque assim o entenderam… embora os Israelitas lhes tenham pedido para ficar!
- Isso não parece muito credível.
- É a verdade oficial quando, na realidade, os Palestinianos foram vítimas de uma limpeza étnica por parte da nova Israel. Na investigação que levei a cabo em Oxford, descobri que o plano de expulsão empreendido pelos Israelitas foi sistemático. Ascendia a mais de mil, os povos Palestinianos, e a mais de um milhão, os habitantes Palestinianos nas cidades, e é verdade que apenas expulsámos 850.000, mas apenas porque a guerra terminou, e aceitaram o estatuto final.
- Os terroristas Judeus que incendiaram e assassinaram Palestinianos foram Irgun e Stern.
- Não foram eles os únicos. Todo o Movimento Sionista encontrava-se organizado para expulsar os Paestinianos. E cada pormenor do que digo encontra-se documentado. Foram muitos os massacres sucedidos.
- Por exemplo, o de Deir Yassin.
- Esse é apenas o mais conhecido. Creio que, como Israelita pensante, houve um único Deir Yassin, e que foi obra de Irgun. Contudo, depois, vim a descobrir que se verificaram muitos mais massacres, e que nem todos foram cometidos por Irgun.
- Não era esse o plano Sionista inicial?
- Teodor Herzl, fundador do Sionismo, disse, aquando da chegada do primeiro Sionista a Israel, em 1882, que não podiam permitir a permanência da população local no novo Estado.
- Também a força parece estar nas mãos de Israel.
- Isso da força e do poder é muito relativo.
Que pode o Exército Israelita fazer para terminar com aquilo que considera ser “o problema Palestiniano”? Atirar bombas atómicas sobre Belém? Exterminá-los a todos? Não existe solução militar para a questão da segurança em Israel, isto porque a segurança não depende de muros, fronteiras ou redes. A segurança é um sentimento pessoal: existe em ca- da um de nós e nasce da justiça. E sem segurança não existem negócios, nem prosperidade e nem futuro.
- Menos segurança têm os Palestinianos.
- Os terríveis terroristas Palestinianos! O que têm? Nada mais têm a não ser as suas próprias vidas para oferecer. Mas, apenas com isso, acabaram com o sentimento de segurança em Israel e com a esperança de qualquer futuro para a sua região. O muro de Sharon trata-se do último absurdo económico de um regime sem saída. Além dos problemas morais que levanta, não existe dinheiro para construí-lo.
- O Apartheid Sul-Africano terminou, não por ser uma atrocidade étnica, mas sim por ser economicamente ineficaz.
- É precisamente isso o que sucederá com o Apartheid Israelita. É uma ruína. Para o mantermos necessitamos de um Estado policial militar que serve apenas para manter-nos numa guerra perpétua. Este Estado não nos serve para a busca da prosperidade.
- E não poderia haver em Israel um final mais ou menos feliz como o da África do Sul?
- Edito no estrangeiro porque, em Israel, receiam os meus livros. Há perto de um ano quase que fui expulso da Universidade e já nem conto as ameaças de morte. Os meus colegas dizem-me que me aprovam em privado, mas retorqui que o seu apoio silencioso de nada me serve. Calaram-se. Apenas haverá paz e convivência quando todos soubermos olhar a verdade cara a cara.
- E quanto ao processo de paz?
- Em 1948, o Estado Judeu estabeleceu-se sobre 80% do território Palestiniano, tendo expulsado os seus habitantes. Em 1967, Israel ocupava já os 100 %. Agora, quando Sharon diz que sejamos generosos, refere-se a esses mesmos 20 %...os quais pretende dividir em dois!
- De momento, nem sequer esses lhes dá.
- Dão aos Palestinianos 10 % daquela que era a sua terra e ainda querem que estes agradeçam! Somos um caso particular de colonialistas que vieram para ficar.
- Não receia que as suas opiniões o convertam numa espécie de exilado dentro do seu próprio país?
- Apenas quero que os Israelitas consigam pôr-se no lugar do outro por um segundo. Se o não fizerem, não haverá país e nem futuro para os meus filhos: caminhamos directo ao suicídio!
- O que propõe?
- A única solução inteligente: a reconciliação, uma paz justa e um Estado que respeite toda e qualquer identidade religiosa, e não apenas uma. A partir daí, podemos alcançar a prosperidade.
Internacional – 14/05/2006, Lluis Amiguet – Fonte: Kaosenlared (in Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán, nº. 151, de Maio/Junho.2006)