A Física e o mundo moderno!
Enviado: 19 Nov 2005, 19:30
Para chamar a atenção do público em geral, mais especialmente dos jovens, para a sua importância no mundo contemporâneo, 2005 foi eleito pela Organização das Nações Unidas o Ano Mundial da Física. O principal objetivo é discutir em todos os países o fato de seu impacto abranger as aplicações práticas fundamentais que decorreram de seus avanços teóricos e experimentais, suas contribuições para a construção da nossa visão do mundo e suas inter-relações com as outras áreas do conhecimento.
Para falar das mudanças pelas quais a física passou e o impacto que ela traz ao mundo moderno, a Folha Espírita conversou com o licenciado e bacharel em física Moacir Costa de Araújo Lima, 58, professor da PUC-RS e autor de vários livros. Vejam os principais pontos abordados.
F.E:- O que preconiza a nova física?
Moacir: As mudanças são essenciais. Por isso, matéria e energia, a partir da célebre equação de Einstein. Passaram a ser transmutáveis uma na outra. O dualismo quebrou a dicotomia clássica do “ou é matéria ou é energia”. Chegou-se a conclusão de que o salto de um elétron de um nível para outro não se dá pelo espaço vulgar, uma vez que ele não pode ocupar posições intermediárias entre um nível e outro. Ocorre por um espaço que os físicos chamam de “espaço de transcendência”. O universo é descrito como uma gigantesca rede de informações e seu fluxo é que organiza a matéria. Mesmo na matéria inanimada, Prigogine observou que uma molécula age como se soubesse o que a outra irá fazer. Fala-se em um grau de consciência das partículas.
F.E.- Até onde os cientistas avançaram?
Moacir: Em 2004, via cabo de fibra ótica ligando dois laboratórios, com o cabo passando sob o Danúbio, cientistas conseguiram um teletransporte sui generis. As propriedades de uma partícula, e não a partícula em sua materialidade, foram transportadas de uma partícula a outra, como se uma partícula manifestasse suas propriedades – poderíamos dizer, como se uma partícula se manifestasse através da outra – uma espécie de fenômeno mediúnico entre partículas. O que é muito importante na filosofia da física, as partículas se comportam de modo diferente quando são observadas. E a mente do observador, sua intenção, é que faz com que o elétron se manifeste como onda ou partícula. O observador não é um mero espectador do fenômeno. Influi nele, a ponto de John Wheeler propor que deva ser chamado de “participante” e não de observador.
F.E.- Esse campos organizacionais, capazes de produzir fenômenos inteligentes, não serão inteligentes?
Moacir: Para Kardec e a boa lógica sim, porque, no dizer do Codificador, o efeito inteligente pressupõe uma causa inteligente. Além do mais, o Segundo Princípio da Termodinâmica, Lei de Clausius, torna incompatível o acaso com o surgimento da vida inteligente, a partir de uma gigantesca explosão, ou mesmo, para ficarmos na nossa querida terrinha, a partir de condições absolutamente inóspitas. Ora, se a energia organiza a matéria, podemos entender perfeitamente a participação do espírito na organização de nosso corpo físico e na ativação de mais e mais funções do cérebro, este gabinete da alma, no dizer de Chico Xavier, a medida que se processa a evolução.
F.E.- a física já comprova a existência do espírito? Se não, está perto disso?
Moacir: O que se pode dizer é que o universo descrito pela física contemporânea (paradigma quântico-relativístico) apresenta uma grande abertura para as concepções do espírito. Isso é, ainda, em muitas situações uma questão de interpretação e de filosofia da física e não podemos esquecer que no nível da filosofia da ciência, as coisas não são decidíveis. Apenas apresentam maior ou menor grau de plausibilidade. Assim, temos opiniões respeitáveis a esse respeito, passando por Kapra, Goswami, Chopra e Einstein, entre outros tantos, tendo este último declarado ser absurda uma concepção do universo sem um poder pensante e operante diferente dele.
F.E. Há um choque entre o realismo materialista e a física quântica?
Moacir? Os quatro postulados básicos do realismo materialista não se coadunam com as novas descobertas da ciência. Um a um foram derrogados pela física quântica, por estarem em oposição as suas novas descobertas. Com eles, caiu também seu pressuposto de que a matéria responde pela formação do universo e por todas as propriedades de seus entes. No livro “A era do Espírito” analisamos detalhadamente a eliminação de cada princípio do realismo materialista pelas concepções quântico-relativísticas e estabelecemos a ponte entre a ciência e religiosidade, ou entre a ciência e a fé.
F.E. No evento dos 100 anos do jornal O Clarim você tratou da nova visão do universo e sua compatibilidade com as bases da fé raciocinada, a partir do método revolucionário de Kardec. Como é Isso?
Moacir: Kardec utilizou um método científico para o estudo da espiritualidade. As comunicações por ele recebidas, muitas vezes anteciparam conceitos importantes da ciência. Mas, por outro lado, no que tange as conquistas e evolução da ciência, Kardec admitiu a possibilidade de reformulação de princípios cujo erro, eventualmente, a ciência viesse a demonstrar. Isso deu as bases do espiritismo um caráter absolutamente científico e progressista, pois são próprias da ciência as mudanças conceituais visando adaptar seus cânones a novos modelos e novas descobertas. Aí reside a diferença essencial entre o espiritismo que, por ser científico, admite reformular-se, e as crenças dogmáticas, que, acreditando-se proprietárias da verdade absoluta, nada examinam fora das suas cartilhas, e com o dogma decretam a auto-estagnação. Constituem um sistema fechado, que, dentro das modernas conceituações da física, pode ser considerado tecnicamente morto.
F.E.- As idéias do espiritismo ficam em consonância com a evolução dos conhecimentos científicos?
Moacir: Sim, quando dizem que o espírito utiliza o cérebro como veículo de expressão. Antigamente chegou-se a pensar que o cérebro era o centro e causa de tudo, e a mente o efeito do cérebro em funcionamento. Hoje se diz que “todo o sistema capaz de emitir e receber informações e se retroalimentar e, ainda, de auto-regular-se, possui mente, ainda que não possua cérebro (Gregory Bateson)”.
F.E.- Fale-nos um pouco sobre seus livros “A Nova física e o Espírito”e “a Nova era do Espírito”.
Moacir: A Nova Física e o Espírito e A Era do Espírito praticamente se complementam. Tratam exatamente dessa ponte entre espiritualidade e ciência, surgida a partir dos novos paradigmas da física e de um conceito de fé raciocinada. De um lado, a física foi, por assim dizer, se desmaterializando, enquanto a fé cega, criadora de atitudes fanáticas e obscurantistas, cedendo lugar a fé raciocinada conceituada por Kardec. Uma fé que pressupõe estudo e investigação e que deve ser capaz de encarar face a face o progresso da ciência em qualquer tempo.
F.E. – O que você discute?
Moacir: Toda a abertura da ciência para a espiritualidade é discutida, basicamente, de Newton aos físicos contemporâneos. Faz-se uma análise do revolucionário método utilizado por Kardec para uma investigação de caráter científico dos fenômenos da espiritualidade. Kardec rompeu com a dicotomia existente, segundo a qual sobre assuntos de fé não se raciocina, que tornava impossível uma sistematização e mesmo um estudo, na correta acepção do termo, da realidade do espírito. Ainda mostramos os problemas de percepção e sintonia, a influência da mente sobre a matéria e o conhecimento de nossas possibilidades e de nossa natureza, que, bem compreendido, nos transforma nos arquitetos de nosso próprio destino. Há, ainda, a preocupação de mostrar que fenômenos espirituais não são ocorrências raras, misteriosas ou fantasmagóricas. Pelo contrário, integram o nosso dia-a-dia, mesmo porque fazem parte de nossa natureza mais definitiva.
Para falar das mudanças pelas quais a física passou e o impacto que ela traz ao mundo moderno, a Folha Espírita conversou com o licenciado e bacharel em física Moacir Costa de Araújo Lima, 58, professor da PUC-RS e autor de vários livros. Vejam os principais pontos abordados.
F.E:- O que preconiza a nova física?
Moacir: As mudanças são essenciais. Por isso, matéria e energia, a partir da célebre equação de Einstein. Passaram a ser transmutáveis uma na outra. O dualismo quebrou a dicotomia clássica do “ou é matéria ou é energia”. Chegou-se a conclusão de que o salto de um elétron de um nível para outro não se dá pelo espaço vulgar, uma vez que ele não pode ocupar posições intermediárias entre um nível e outro. Ocorre por um espaço que os físicos chamam de “espaço de transcendência”. O universo é descrito como uma gigantesca rede de informações e seu fluxo é que organiza a matéria. Mesmo na matéria inanimada, Prigogine observou que uma molécula age como se soubesse o que a outra irá fazer. Fala-se em um grau de consciência das partículas.
F.E.- Até onde os cientistas avançaram?
Moacir: Em 2004, via cabo de fibra ótica ligando dois laboratórios, com o cabo passando sob o Danúbio, cientistas conseguiram um teletransporte sui generis. As propriedades de uma partícula, e não a partícula em sua materialidade, foram transportadas de uma partícula a outra, como se uma partícula manifestasse suas propriedades – poderíamos dizer, como se uma partícula se manifestasse através da outra – uma espécie de fenômeno mediúnico entre partículas. O que é muito importante na filosofia da física, as partículas se comportam de modo diferente quando são observadas. E a mente do observador, sua intenção, é que faz com que o elétron se manifeste como onda ou partícula. O observador não é um mero espectador do fenômeno. Influi nele, a ponto de John Wheeler propor que deva ser chamado de “participante” e não de observador.
F.E.- Esse campos organizacionais, capazes de produzir fenômenos inteligentes, não serão inteligentes?
Moacir: Para Kardec e a boa lógica sim, porque, no dizer do Codificador, o efeito inteligente pressupõe uma causa inteligente. Além do mais, o Segundo Princípio da Termodinâmica, Lei de Clausius, torna incompatível o acaso com o surgimento da vida inteligente, a partir de uma gigantesca explosão, ou mesmo, para ficarmos na nossa querida terrinha, a partir de condições absolutamente inóspitas. Ora, se a energia organiza a matéria, podemos entender perfeitamente a participação do espírito na organização de nosso corpo físico e na ativação de mais e mais funções do cérebro, este gabinete da alma, no dizer de Chico Xavier, a medida que se processa a evolução.
F.E.- a física já comprova a existência do espírito? Se não, está perto disso?
Moacir: O que se pode dizer é que o universo descrito pela física contemporânea (paradigma quântico-relativístico) apresenta uma grande abertura para as concepções do espírito. Isso é, ainda, em muitas situações uma questão de interpretação e de filosofia da física e não podemos esquecer que no nível da filosofia da ciência, as coisas não são decidíveis. Apenas apresentam maior ou menor grau de plausibilidade. Assim, temos opiniões respeitáveis a esse respeito, passando por Kapra, Goswami, Chopra e Einstein, entre outros tantos, tendo este último declarado ser absurda uma concepção do universo sem um poder pensante e operante diferente dele.
F.E. Há um choque entre o realismo materialista e a física quântica?
Moacir? Os quatro postulados básicos do realismo materialista não se coadunam com as novas descobertas da ciência. Um a um foram derrogados pela física quântica, por estarem em oposição as suas novas descobertas. Com eles, caiu também seu pressuposto de que a matéria responde pela formação do universo e por todas as propriedades de seus entes. No livro “A era do Espírito” analisamos detalhadamente a eliminação de cada princípio do realismo materialista pelas concepções quântico-relativísticas e estabelecemos a ponte entre a ciência e religiosidade, ou entre a ciência e a fé.
F.E. No evento dos 100 anos do jornal O Clarim você tratou da nova visão do universo e sua compatibilidade com as bases da fé raciocinada, a partir do método revolucionário de Kardec. Como é Isso?
Moacir: Kardec utilizou um método científico para o estudo da espiritualidade. As comunicações por ele recebidas, muitas vezes anteciparam conceitos importantes da ciência. Mas, por outro lado, no que tange as conquistas e evolução da ciência, Kardec admitiu a possibilidade de reformulação de princípios cujo erro, eventualmente, a ciência viesse a demonstrar. Isso deu as bases do espiritismo um caráter absolutamente científico e progressista, pois são próprias da ciência as mudanças conceituais visando adaptar seus cânones a novos modelos e novas descobertas. Aí reside a diferença essencial entre o espiritismo que, por ser científico, admite reformular-se, e as crenças dogmáticas, que, acreditando-se proprietárias da verdade absoluta, nada examinam fora das suas cartilhas, e com o dogma decretam a auto-estagnação. Constituem um sistema fechado, que, dentro das modernas conceituações da física, pode ser considerado tecnicamente morto.
F.E.- As idéias do espiritismo ficam em consonância com a evolução dos conhecimentos científicos?
Moacir: Sim, quando dizem que o espírito utiliza o cérebro como veículo de expressão. Antigamente chegou-se a pensar que o cérebro era o centro e causa de tudo, e a mente o efeito do cérebro em funcionamento. Hoje se diz que “todo o sistema capaz de emitir e receber informações e se retroalimentar e, ainda, de auto-regular-se, possui mente, ainda que não possua cérebro (Gregory Bateson)”.
F.E.- Fale-nos um pouco sobre seus livros “A Nova física e o Espírito”e “a Nova era do Espírito”.
Moacir: A Nova Física e o Espírito e A Era do Espírito praticamente se complementam. Tratam exatamente dessa ponte entre espiritualidade e ciência, surgida a partir dos novos paradigmas da física e de um conceito de fé raciocinada. De um lado, a física foi, por assim dizer, se desmaterializando, enquanto a fé cega, criadora de atitudes fanáticas e obscurantistas, cedendo lugar a fé raciocinada conceituada por Kardec. Uma fé que pressupõe estudo e investigação e que deve ser capaz de encarar face a face o progresso da ciência em qualquer tempo.
F.E. – O que você discute?
Moacir: Toda a abertura da ciência para a espiritualidade é discutida, basicamente, de Newton aos físicos contemporâneos. Faz-se uma análise do revolucionário método utilizado por Kardec para uma investigação de caráter científico dos fenômenos da espiritualidade. Kardec rompeu com a dicotomia existente, segundo a qual sobre assuntos de fé não se raciocina, que tornava impossível uma sistematização e mesmo um estudo, na correta acepção do termo, da realidade do espírito. Ainda mostramos os problemas de percepção e sintonia, a influência da mente sobre a matéria e o conhecimento de nossas possibilidades e de nossa natureza, que, bem compreendido, nos transforma nos arquitetos de nosso próprio destino. Há, ainda, a preocupação de mostrar que fenômenos espirituais não são ocorrências raras, misteriosas ou fantasmagóricas. Pelo contrário, integram o nosso dia-a-dia, mesmo porque fazem parte de nossa natureza mais definitiva.
