11/07/2006
'Eu apenas rezo a Deus para continuar OK'
John Donnelly
em Livingstone, Zâmbia
No altar da igreja católica de Nossa Senhora dos Anjos, um noivo estava nervoso enquanto a noiva caminhava em sua direção em um vestido branco, com o rosto parcialmente escondido atrás de um véu branco.

Casamento entre dois jovens abstêmios e sem Aids: Loureen LiFunga e Hilary Hakayebe
Hilary Hakayebe, o noivo, estendeu suas mãos grandes para Loureen LiFunga e ela as tomou timidamente, com seus olhos voltados para o chão em um sinal tradicional de respeito. Este foi um grande momento não apenas para o casal, ambos com 28 anos, mas para a igreja. Há quase três anos seus padres não realizavam o que chamam de "casamento de branco", uma cerimônia não relacionada à cor da roupa da noiva, mas à decisão do casal de se abster do sexo antes do casamento.
O padre Patrick Lynch lhes desejou muitos filhos e os orientou a se respeitarem e se amarem. "Se dois elefantes brigam, é a terra que sofre", ele disse. "Se um marido e esposa brigam, são os filhos que sofrem."
Após seus votos, os recém-casados saíram da igreja se esquivando da chuva de arroz lançada sobre eles. Horas depois, mais de 500 pessoas se juntaram a eles em uma alegre recepção ao ar livre no maior clube particular de Livingstone.
Mas a alegria do dia foi ofuscada por uma presença não reconhecida; era uma celebração de vida e possibilidade em uma terra onde o significado de ambas as palavras foi radicalmente reduzido.
Na Zâmbia, a epidemia de Aids diminuiu, em uma geração, a expectativa de vida de 51 anos para 32 anos e oito meses -ou cerca de 40% da média normal do Ocidente, e talvez a mais baixa do mundo.
Por toda a África, do Senegal no noroeste aos países do sul do continente, a situação é praticamente a mesma -os cidadãos africanos jovens e de meia-idade são forçados a adaptar seu modo de vida e improvisar um senso de futuro, em uma era devastada por uma doença, a Aids, cujo número de mortes em todo mundo já rivaliza com a da Peste Negra na Europa, no século 14, e quase certamente a superará.
A Zâmbia é apenas o mais desesperado dos 10 países na África sub-Saara onde a expectativa de vida caiu abaixo dos 40 anos de idade, segundo uma estimativa de um estudo da ONU. É um local onde, segundo uma estimativa assombrosa, um menino de 15 anos tem 60% de morrer de uma doença relacionada à Aids.
E é um local onde a doença toca praticamente todos de alguma forma; para Hilary e Loureen, foi a força que devastou suas famílias, mas também, juntamente com o amor, o que uniu o casal.
Dez dias passados nos últimos três meses com jovens na comunidade mostraram quão difícil é para eles confiar no futuro, ou mesmo imaginar um, em tal tempo e local. Mas também foi uma chance para encontros com aqueles que estão encontrando seu caminho, extraindo força de atos simples de responsabilidade -se manter seguro, fazer o teste- e aprender a falar honestamente, e abertamente, sobre a ameaça que os envolve.
Por duas décadas na África, grupos têm tentado mudar o comportamento das pessoas para salvar aqueles que correm risco, com sucesso limitado. Uma cultura enraizada de promiscuidade tem sido uma adversária; o silêncio e a negação têm sido outros.
Em Livingstone, a incidência de HIV entre adultos de 15 a 49 anos tem crescido constantemente ao longo de muitos anos e agora 30% deles, cerca de 15 mil habitantes, provavelmente estão infectados. Ainda assim, de alguma forma, a conversa sobre este fato óbvio da vida apenas agora está começando.
Algumas mulheres jovens falam orgulhosamente de serem virgens; alguns casais falam de sua determinação de serem fiéis um ao outro. Poucas semanas depois do casamento de Hilary e Loureen, a igreja realizou dois outros casamentos semelhantes.
"Talvez", disse Lynch, "eles viram o primeiro e isto os encorajou".
Mas homens e mulheres jovens também falam de muitos que tinham intenções semelhantes, mas desistiram.
Livingstone, uma cidade de 80 mil cercada por um aglomerado de aldeias
menores, fica a meros 10 quilômetros das majestosas Cataratas de Vitória. A cidade foi batizada em homenagem ao explorador britânico do século 19, David Livingstone, que se encantou com uma das maravilhas do mundo. Mas a riqueza e oportunidades para turismo não chegam à maioria das pessoas aqui.
Atualmente, o centro da cidade consiste de cinco longas quadras de lojas. Jovens sem nada para fazer se recostam nas fachadas das lojas, vestindo todo tipo de chapéus e bonés, ajeitados com estilo em suas cabeças. Alguns vendem cartões para celulares. Alguns mascateiam jornais e revistas velhas depositados sobre cobertores. Nos dias de semana, a vida segue em ritmo lento; as lojas fecham às 13 horas para que os proprietários possam dar seus cochilos vespertinos.
Mas nas noites de fim de semana, o centro de Livingstone se agita, a cerveja corre livremente e as ruas ficam cheias de jovens, empresários e uns poucos turistas. Três clubes noturnos permanecem abertos após a meia-noite, incluindo um que fecha próximo do nascer do sol. Meninos com até 10 anos jogam bilhar e bebem cerveja entre as tacadas. As prostitutas alugam quartos em vários albergues nas travessas.
A oeste do centro se encontram os dois cemitérios da cidade, conhecidos
simplesmente como Cemitério Velho e Cemitério Novo. Os cortejos de carros andando lentamente chegam quase que diariamente, às vezes vários no mesmo dia. Apenas metade das lápides é marcada, já que muitas famílias não dispõem de recursos para pagar pela gravação; a idade média dos mortos nas 200 lápides mais recentes era de 38 anos e nove meses.
No extremo norte da cidade fica Nossa Senhora dos Anjos, uma das seis
paróquias católicas na área de Livingstone, e uma que está se tornando tão popular que as pessoas na missa das 10 horas da manhã não cabem em seu interior. Nossa Senhora conta com mil fiéis, incluindo alguns dos habitantes mais ricos de Livingstone.
Em uma recente manhã de domingo, o padre Thomas Zulu, 39 anos, um homem
careca e de óculos que gosta de vestir jeans e camiseta, foi escalado para uma das tarefas rotineiras mais desagradáveis de seu cargo -ministrar um funeral. O morto era Ignatius Kanyama Daka, 31 anos.
No serviço, Zulu mencionou a idade do homem -três vezes, na esperança de que a mera repetição fizesse as pessoas pensarem sobre o motivo de alguém morrer tão jovem.
Ele também pediu aos presentes para pensarem no futuro das três crianças que estavam sob os cuidados de Daka. Zulu disse que as famílias estendidas deviam agora cuidar delas, o que significa que ninguém deveria tomar suas posses.
"Há uma cultura se desenvolvendo na Zâmbia de roubar dos mortos", disse
Zulu, elevando o tom de sua voz. "Eu espero que isto não aconteça aqui. Se vocês amavam Ignatius, se vocês amam as crianças, nada será tirado da casa dele."
Enquanto os presentes se enfileiravam na igreja à luz do dia e passavam
diante do caixão que exibia o rosto do falecido e um pequeno buquê branco preso ao seu terno azul, Martha Daka, 10 anos, olhou para seu pai e soltou um grito agudo: "Papai, papai! Eu quero meu papai!"
Duas horas depois, após o enterro de Daka, Zulu, atravessando a cidade em uma picape, refletiu sobre o que ele e nem ninguém na cerimônia disse em voz alta.
"Apesar de ser óbvio que a pessoa morreu de Aids, eu não falei nada sobre Aids", ele disse, acelerando pela rua, furioso consigo mesmo. "Apesar das pessoas na Zâmbia serem francas na discussão da Aids, quando se trata dos mortos, elas não querem que ela seja mencionada. Talvez seja hora de começarmos a falar a respeito nos funerais."
Jovem, solteiro e preocupado
No dia seguinte, após a missa de domingo, Jacob Mulenga, um eletricista
desempregado de 24 anos com pele morena singular, cabelo bem curto e cílios longos, caminhava pela principal rua pavimentada de Livingstone com seu melhor amigo, Edgar Sintema, um professor de matemática também com 24 anos.
Eles fizeram uma pausa e se sentaram para descansar à sombra de um ficus gigante no quintal da casa da avó de Jacob. Isto faz parte do ritual deles de domingo, um momento para colocar a conversa em dia. Eles conseguem conversar entre eles sobre quase tudo, ainda mais com outra pessoa.
Ambos são solteiros e ambos gostam da idéia de freqüentar os clubes noturnos nos fins de semana. Mas eles costumam se manter distante deles -porque sabem que muita coisa pode sair errado assim que começarem a beber, e porque às vezes o cenário os deprime.
"Nós conhecíamos uma certa moça -ela já faleceu- e ela vivia de sexo", disse Edgar. "Eu perguntei o motivo para ela. Ela disse: 'Olha, se parar de fazer isto, como vou comer? É assim que ganho meu dinheiro. Então, a menos que você me sustente, eu não vou parar'."
Edgar levantou suas mãos. "O que eu podia fazer?" ele disse.
Jacob lembrou ao amigo que as prostitutas não eram o único risco. Ele
lembrou de algo que aconteceu com ele e o mudou, um ano antes.
"Certa noite eu saí com minha namorada, ficamos bêbados e dormi com ela", ele disse. "Eu não usei nenhuma proteção. Eu estava tão bêbado que não percebi naquele momento quão perigoso era. Eu percebi depois quão facilmente as pessoas morrem aqui. É assim que morrem. Durante uma noite como aquela."
A experiência aborreceu tanto Jacob quanto sua namorada. Mas ele falou pouco a respeito. Mas ela lhe pediu que fosse com ela fazer um teste para HIV. Finalmente, seis meses depois, ele concordou.
O teste de ambos deu negativo.
Jacob estremeceu levemente enquanto recordava do medo que sentiu naquele dia. Ele disse calmamente: "Aquilo nos aproximou mais".
"Eu espero que você se case", Edgar lhe disse.
"Sou jovem demais", ele respondeu. "Primeiro eu preciso voltar para a
escola, receber um diploma e arrumar um emprego."
"Eu não sei", disse Edgar. "Talvez você devesse se casar."
Infectado ou não, um segredo
Nossa Senhora dos Anjos às vezes também parece Nossa Senhora do Perpétuo Movimento. No ano passado, seus padres realizaram 14 casamentos tradicionais, 45 batismos, crismaram 14 jovens e realizaram a primeira comunhão de 86 jovens e cinco adultos. Ninguém contou os funerais.
Em toda missa de domingo, a igreja reza por aqueles que são portadores do HIV, apesar de nenhum ser citado nominalmente. Ninguém na congregação já reconheceu publicamente estar infectado pelo vírus, mas a condição de soropositivo de várias pessoas é um segredo coletivo. Após uma missa, uma freira sussurrou para o visitante o nome de uma mulher que era soropositiva assim que ela entrou. "Há muitos mais", disse a freira.
Durante a semana, grupos de jovens iam para a igreja após a escola. Alguns cantavam no coral. Cerca de 30 meninos e meninas se reuniram no pátio certa tarde para praticar teatro. Inicialmente, os meninos estavam bem mais interessados em chutar uma bola murcha de futebol.
Eric Mwali, 14 anos, no final reuniu os garotos para um momento de oração. Ele é magro, tem estatura média e apenas um olho bom; ele perdeu a visão do olho esquerdo na primeira série, quando alguém arremessou uma vara nele.
Após as orações, Eric assistiu seu amigo ensaiar um breve drama sobre um marido que traía sua esposa; a esposa retaliava lançando um feitiço mortal sobre ele. Outros meninos ensaiavam uma peça sobre uma epidemia de cólera.
Então Eric se levantou. Ele recitou as primeiras linhas de um poema que
escreveu:
De onde você veio, Aids?
Você matou minha mãe
E meu pai
E matou meu irmão
e minha irmã
Me deixando para trás.
A caminho de casa, Eric disse que o poema não era sobre sua própria família. "É sobre muitas pessoas daqui", ele disse.
Muito mais do que ele sabia.
Eric é o principal coroinha da igreja. No fim de semana, ele serviu no
funeral de Daka e no casamento de Hilary e Loureen. "Eu me recordo do meu primeiro funeral -eu tinha só 10 anos", ele disse. "Eu tinha medo da possibilidade do morto se levantar, então me mantive longe. Mas agora está tudo bem. Eu participei de mais de 10 no ano passado e, neste ano, em apenas dois meses, eu já participei de cinco."
Na pequena casa de três cômodos de sua família, sua mãe, Jane Mwali, estava comendo "nshima", um mingau espesso feito de milho. Na sala de estar lotada, o sobrinho de 13 meses de Eric era o centro das atenções, caminhando de joelho a joelho, se lançando na direção das pernas de cada pessoa.
Jane pediu desculpas aos seus convidados americanos pelos cômodos apertados. Ela disse que a família -ela, seus quatro filhos e um neto- se mudou de uma casa maior, nas proximidades, para a menor depois que seu marido morreu, há cinco anos. Ela alugou a casa para poder comprar comida. Ao ser perguntada sobre a causa da morte do seu marido, ela disse que foi Aids.
Do outro lado da sala, Eric levantou a cabeça, ouvindo pela primeira vez sobre a causa da morte de seu pai.
Ao ser perguntada se tinha se submetido a teste para HIV, ela disse que sim, assim como seu filho mais novo, Paul, de 10 anos. Ambos eram soropositivos.
Eric baixou seus olhos.
Sentindo o desconforto dele, sua mãe mudou o assunto para seu trabalho
voluntário. "Eu sou membro da organização Nazaré de mulheres", ela disse. "Eu ajudo pessoas na prisão. As pessoas realmente estão enfrentando dificuldades lá. Não é um bom lugar."
Eric se levantou e saiu. Ele passou a pé diante da antiga casa da família e seguiu para uma rua de areia, que leva à igreja.
"Eu não estou feliz", ele finalmente disse. "Eu não sabia."
Ele não sabia sobre seu pai, sua mãe e seu irmão.
E, ele percebeu naquele momento, também não sabia sobre si mesmo.
Aguardando até o casamento
Ao leste do centro de Livingstone, a cerca de 20 minutos de caminhada da casa de Eric, moram os recém-casados. Quatro dias depois do casamento, Hilary e Loureen estavam se acostumando à sua nova vida juntos. Ela se mudou para a casa dele de três cômodos, uma das dezenas destinadas a professores; seus irmãos mais novos também moram com eles. Ela estava começando a redecorar a casa.
O tapete vermelho do marido foi descartado, por exemplo. "Ela não gostava da combinação dele com o sofá marrom", ele disse.
"Horrível", ela disse.
Os dois se conheceram há um ano. Ela era aluna dele em uma classe noturna. Ele começou a acompanhá-la até sua casa à noite. As conversas aumentaram. Logo eles estavam conversando sobre família e sobre eles mesmos. Ele propôs e ela disse sim, mas a tradição pedia que a família de Hilary pedisse permissão à família dela.
Os pais dele morreram de Aids; três dos cinco irmãos dele nasceram com o HIV e também morreram por causa do vírus. Loureen, ele soube durante as caminhadas noturnas, também tinha três irmãos que morreram de Aids. No lugar de seus pais, um tio e tia de Hilary procuraram os pais dela em setembro passado. Eles aceitaram e a família Hakayebe pagou um dote de 2,2 milhões de kwachas, cerca de US$ 680.
Durante o namoro, ambos decidiram não dormir juntos. Loureen, que passou um ano em um convento antes de decidir que tal vida não era para ela, disse que queria permanecer virgem até o casamento. Hilary obteve negativo em seu teste para HIV.
"Foi a forma certa de agir", ele disse sobre a decisão deles de não fazer sexo antes do casamento. "Atualmente, os homens dormem com mulheres demais, as engravidam e as abandonam depois disso. A moral desceu ao nível dos cães. Muita gente bebe, muita gente vai aos clubes noturnos."
Mas ele também já foi freqüentador dos clubes. "Eu apenas gosto de beber com meus amigos", ele disse. "Eu acho que me sentirei um pouco confinado agora."
"Que pena", disse sua esposa, sorrindo.
Os dois saíram para fora. Um alto mamoeiro cresceu diante da porta da frente deles. Meloeiros serpenteavam por um jardim cheio de pés de milho. Hilary refletiu sobre a cerimônia de casamento deles. Ele estava particularmente orgulhoso por seu irmão, Chola, 18 anos, ter lido a Carta de São Paulo aos Efésios, Capítulo 5. Ela dizia: "Vós, maridos, amai vossas mulheres".
Chola, ele disse, quase morreu no ano passado; seu peso caiu para 35 quilos, ele ficou confinado à cama e Hilary o levou ao hospital. Lá, Chola se recusou a fazer o teste para HIV, negando que estava infectado pelo vírus; Hilary persuadiu uma enfermeira a colher o sangue de Chola, que foi enviado secretamente para exame. O resultado deu positivo.
Uma enfermeira deu a notícia a Chola; ele aceitou e se inscreveu em uma
terapia anti-retroviral.
"Eu tinha 18 quando minha mãe morreu, 21 quando meu pai morreu", disse
Hilary. "Meu sustento e o dos meus irmãos ficou aos meus cuidados. Toda a experiência me fez querer estar presente para eles, e não fazer nada que arriscasse não estar presente. Quando Chola adoeceu, eu tive que fazer algo."
No dia seguinte, Chola estava sozinho em casa. Ele estava contente com o fato de seu irmão ter se casado, mas ele temia que Hila ainda ficaria
tentado a cair na noite e freqüentar os bares.
Chola tem grandes planos para si mesmo -ele concluiu o colégio neste ano e agora deseja ir para Lusaka, a capital, para estudar administração de hotéis.
"Eu apenas rezo a Deus para continuar OK", ele disse. "Às vezes fico com raiva, eu confesso. Fico com raiva de mim mesmo."
Ele falava sobre ser soropositivo. Seu irmão mais velho tem certeza de que a mãe deles transmitiu o vírus para Chola durante o parto, assim como para os três irmãos falecidos. Mas Chola, que disse ser virgem, não sabe no que acreditar.
"Às vezes acho que a culpa é minha", ele disse.
Após o teste, permanecer fiel
A noite seguinte era sexta-feira e o centro de Livingstone começou
lentamente a se encher de gente. Em um bar, Mercy Chibozhi, se reclinou na direção de seu namorado, Jacob Mulenga. Eles e as pessoas ao redor estavam bebendo a cerveja Mozi produzida localmente. Ela olhou ao redor do bar e viu alguém que parecia ter idade na faixa dos 40 ou 50 anos.
"Velho", ela disse.
"Atualmente, se você chega aos 40, é como antes chegar aos 60", disse Jacob, balançando a cabeça.
Mercy, 22 anos, disse que os homens eram os culpados.
"Desde que você se cuide, eu vou chegar aos 50 ou 60", ela disse ao
namorado. "Mas se você começar a se comportar mal, então eu vou sofrer."
"Ei, e quanto a você?" ele respondeu. "Isto também vale para você."
Mercy rolou os olhos e bebeu outro gole de cerveja. "O importante é
permanecermos fiéis", ela disse.
Eram apenas 21h30 e o bar estava cheio. Do outro lado da mesa, Faith Musaba Benya, 23 anos, os observava atentamente.
"Eu tenho inveja de vocês", ela disse para eles.
"Por quê?" perguntou Jacob.
"Vocês sabem a condição um do outro", ela disse. Faith disse estar tentando convencer seu namorado a fazerem o teste.
Jacob se reclinou sobre a mesa e lhe deu um conselho. "Você não pode fazer o teste sozinha", ele disse. "Você estará se enganando caso vá sozinha. Vocês precisam ir juntos para que possam ver um o resultado do outro."
Minutos depois, o namorado de Faith chegou. Ele parecia exausto. Ele tinha feito uma viagem de seis horas de ônibus de Lusaka, a capital. Eles conversaram por 20 minutos e então partiram. Jacob e Mercy também estavam prontos para partir. Eram 22h30, a noite estava apenas começando em Livingstone e o casal queria algum tempo sozinho.