PAISES DE "MENTIRINHA"!
Enviado: 16 Jul 2006, 08:36
Se desejarem ver as fotos dos paies, entrem no link abaixo:
http://www.clicrbs.com.br/jornais/zeroh ... odovisual=
Principado de Sealand
A ironia do destino fez Sealand resistir bravamente por 39 anos, mas quase sucumbir antes de você tomar conhecimento de sua existência.
A micronação de maior sucesso no mundo existe desde que o major Paddy Roy Bates e sua família ocuparam uma plataforma a 10 quilômetros da costa da Grã-Bretanha, em 1967. Feita para servir de forte durante a II Guerra Mundial, ganhou uma bandeira e o nome de Principado de Sealand, aproveitando o fato de ter sido erguida em águas internacionais.
O argumento convenceu a corte que inocentou o filho de Bates, Michael, por atirar em um navio britânico que se aproximava da plataforma, em 1968. Nos anos seguintes, Sealand criou uma Constituição, um hino, instituiu o dólar de Sealand e passou a emitir passaportes.
Em 1978, o pretenso país viveu seu momento mais conturbado. E também o de maior glória. Holandeses e alemães atracaram no local, invadiram a plataforma e fizeram Michael refém. Bates, o príncipe, estava na Grã-Bretanha, de onde comandou o contra-ataque. Com dezenas de companheiros, retomou Sealand e tornou os holandeses e alemães "prisioneiros de guerra".
A maioria foi libertada dias depois, mas um alemão com passaporte sealandês foi acusado de traição e mantido em cativeiro. O governo da Alemanha pediu providências à Grã-Bretanha, que preferiu não se envolver no assunto. Um diplomata alemão, então, foi enviado à plataforma para negociar a libertação do refém. O príncipe o soltou, mas festejou a visita e a não-intromissão britânica como o reconhecimento de que Sealand era, sim, um país. E que país!
A micronação atravessou as décadas assim, meio que esquecida, sem nunca contar com mais de cinco habitantes ao mesmo tempo. Até que no fim do mês passado um incêndio se espalhou rapidamente pelo país e acuou o vigia (único habitante naquele momento). Ele foi salvo por equipes de resgate britânicas, que não evitaram a destruição de parte da plataforma. Justo agora que se consolidava, Sealand tem um futuro incerto.
Reino Gay e Lésbico do Mar de Coral
Desde a fundação, o país vive em guerra. Começou pela Austrália, de quem tentou se separar em 14 de junho de 2004, reivindicando a Ilha de Cato, no Mar de Coral, como capital do pequeno reino de muitos súditos. Nesta data, Dale Parker Anderson desembarcou de seu hidroavião no local desabitado, caminhou até seu ponto mais elevado - localizado a não mais que seis metros de altura - e fincou a bandeira do arco-íris, proclamando-se imperador do Reino Gay e Lésbico do Mar de Coral. O objetivo era criar um território livre da homofobia.
O governo da Austrália não deu bola, mas Dale I manteve o estado de guerra. Chamado oficialmente de Soberano, segundo a Constituição do novo país, adotou o euro como moeda oficial, a monarquia constitucional como forma de governo e "os ativistas gays espalhados pelo mundo" como soldados de seu exército. Mas a paz não veio.
A segunda guerra eclodiu no ano seguinte. Foi declarada por Enrique Pérez, líder do grupo dissidente Tribo Gay Unificada. Fartos das supostas mentiras de Dale I, os seguidores de Pérez passaram a questionar a legitimidade do Soberano. Argumentavam que o imperador jamais estivera na Ilha de Cato, que não fincara bandeira alguma, que forjara tudo para ganhar fama pessoal. E poder.
Hoje, dois anos depois, os dois países reivindicam o mesmo território. Que continua desabitado.
Império Aericano
O bom-humor e o mistério são as bases de fundação dessa micronação, formada não por um, mas por vários territórios espalhados pela Terra. E também por Marte e Plutão.
As porções terrestres estão localizadas em pontos desconhecidos (eis o mistério) da América do Norte e da Oceania, além do território móvel compreendido no raio de um metro ao redor do imperador, que o acompanha aonde ele vá (eis o bom humor). Os aericanos também reivindicam a posse de todo o planeta Verden, "caso ele venha a ser descoberto, um dia".
Desde sua fundação, em 1987, a Aérica (seu nome informal) é governada pelo imperador Eric Lis, um canadense de 24 anos. Aos cinco, ele decidiu criar um país que se chamasse América, mas sem o M. O fato de ser um império, porém, não significa que Eric tenha poderes ditatoriais. Ele explica:
- Somos um império apenas no nome, soa legal. Melhor do que "federação", por exemplo. Sou o equivalente a um presidente, eleito democraticamente pelos aericanos.
Minerva
A tentativa começou mais ou menos séria, em 1971. Após dias navegando pelo Pacífico Sul, barcaças carregadas de areia aportaram nas proximidades dos arrecifes de Minerva, dando início ao empreendimento sonhado pelo milionário americano Michael Oliver. A areia formou uma ilha artificial, proclamada República de Minerva em janeiro de 1972. Oliver nomeou Morris Daves presidente.
Preocupados, os países verdadeiros da região se reuniram no mês seguinte para discutir o tema. Na ocasião, Tonga (sim, existe) reivindicou a ilha, sob o argumento de que era freqüentada por seus pescadores. Uma expedição tonganesa foi enviada para tomar posse da terra e retirar a bandeira de Minerva. Oliver sentiu-se ultrajado e demitiu o presidente, acusado de inércia.
Mas a história não acaba aí. De tempos em tempos, alguém reivindica o território. Foi assim nos anos 80, nos anos 90 e, mais recentemente, em 2003, quando Minerva foi reivindicada como um principado, governado do Exterior pelo príncipe Calvin. Não há relação, contudo, entre a tentativa frustrada de mais de três décadas atrás e a de hoje, como diz Calvin:
- É importante lembrarmos o período em que estivemos sob a república, apesar dos fracassos do regime. Não podemos negar a nossa própria história. Os fundadores da república podem não gostar de nós, podem discordar de nós, mas não podem negar sua fraqueza, nem ignorar nossa determinação.
Igualmente determinado está Fiji, ali perto, que também passou a reivindicar Minerva.
Kugelmugel
Uma casa em formato esférico, cercada por arame farpado, proclamou independência da Áustria em 1984. Localizada em Viena, ela abriga o artista Edwin Lipburger e, de vez em quando, outros dos 388 cidadãos da nação imaginária. O país tem apenas um endereço: Praça Antifascista, nº 2 (onde fica o nº 1, isso é um mistério). É ali que Lipburger mora, trabalha, emite selos e se recusa a pagar impostos ao governo austríaco. Chegou a ser sentenciado à prisão por isso, mas foi perdoado pelo presidente, agora que virou atração turística na capital.
http://www.clicrbs.com.br/jornais/zeroh ... odovisual=
Principado de Sealand
A ironia do destino fez Sealand resistir bravamente por 39 anos, mas quase sucumbir antes de você tomar conhecimento de sua existência.
A micronação de maior sucesso no mundo existe desde que o major Paddy Roy Bates e sua família ocuparam uma plataforma a 10 quilômetros da costa da Grã-Bretanha, em 1967. Feita para servir de forte durante a II Guerra Mundial, ganhou uma bandeira e o nome de Principado de Sealand, aproveitando o fato de ter sido erguida em águas internacionais.
O argumento convenceu a corte que inocentou o filho de Bates, Michael, por atirar em um navio britânico que se aproximava da plataforma, em 1968. Nos anos seguintes, Sealand criou uma Constituição, um hino, instituiu o dólar de Sealand e passou a emitir passaportes.
Em 1978, o pretenso país viveu seu momento mais conturbado. E também o de maior glória. Holandeses e alemães atracaram no local, invadiram a plataforma e fizeram Michael refém. Bates, o príncipe, estava na Grã-Bretanha, de onde comandou o contra-ataque. Com dezenas de companheiros, retomou Sealand e tornou os holandeses e alemães "prisioneiros de guerra".
A maioria foi libertada dias depois, mas um alemão com passaporte sealandês foi acusado de traição e mantido em cativeiro. O governo da Alemanha pediu providências à Grã-Bretanha, que preferiu não se envolver no assunto. Um diplomata alemão, então, foi enviado à plataforma para negociar a libertação do refém. O príncipe o soltou, mas festejou a visita e a não-intromissão britânica como o reconhecimento de que Sealand era, sim, um país. E que país!
A micronação atravessou as décadas assim, meio que esquecida, sem nunca contar com mais de cinco habitantes ao mesmo tempo. Até que no fim do mês passado um incêndio se espalhou rapidamente pelo país e acuou o vigia (único habitante naquele momento). Ele foi salvo por equipes de resgate britânicas, que não evitaram a destruição de parte da plataforma. Justo agora que se consolidava, Sealand tem um futuro incerto.
Reino Gay e Lésbico do Mar de Coral
Desde a fundação, o país vive em guerra. Começou pela Austrália, de quem tentou se separar em 14 de junho de 2004, reivindicando a Ilha de Cato, no Mar de Coral, como capital do pequeno reino de muitos súditos. Nesta data, Dale Parker Anderson desembarcou de seu hidroavião no local desabitado, caminhou até seu ponto mais elevado - localizado a não mais que seis metros de altura - e fincou a bandeira do arco-íris, proclamando-se imperador do Reino Gay e Lésbico do Mar de Coral. O objetivo era criar um território livre da homofobia.
O governo da Austrália não deu bola, mas Dale I manteve o estado de guerra. Chamado oficialmente de Soberano, segundo a Constituição do novo país, adotou o euro como moeda oficial, a monarquia constitucional como forma de governo e "os ativistas gays espalhados pelo mundo" como soldados de seu exército. Mas a paz não veio.
A segunda guerra eclodiu no ano seguinte. Foi declarada por Enrique Pérez, líder do grupo dissidente Tribo Gay Unificada. Fartos das supostas mentiras de Dale I, os seguidores de Pérez passaram a questionar a legitimidade do Soberano. Argumentavam que o imperador jamais estivera na Ilha de Cato, que não fincara bandeira alguma, que forjara tudo para ganhar fama pessoal. E poder.
Hoje, dois anos depois, os dois países reivindicam o mesmo território. Que continua desabitado.
Império Aericano
O bom-humor e o mistério são as bases de fundação dessa micronação, formada não por um, mas por vários territórios espalhados pela Terra. E também por Marte e Plutão.
As porções terrestres estão localizadas em pontos desconhecidos (eis o mistério) da América do Norte e da Oceania, além do território móvel compreendido no raio de um metro ao redor do imperador, que o acompanha aonde ele vá (eis o bom humor). Os aericanos também reivindicam a posse de todo o planeta Verden, "caso ele venha a ser descoberto, um dia".
Desde sua fundação, em 1987, a Aérica (seu nome informal) é governada pelo imperador Eric Lis, um canadense de 24 anos. Aos cinco, ele decidiu criar um país que se chamasse América, mas sem o M. O fato de ser um império, porém, não significa que Eric tenha poderes ditatoriais. Ele explica:
- Somos um império apenas no nome, soa legal. Melhor do que "federação", por exemplo. Sou o equivalente a um presidente, eleito democraticamente pelos aericanos.
Minerva
A tentativa começou mais ou menos séria, em 1971. Após dias navegando pelo Pacífico Sul, barcaças carregadas de areia aportaram nas proximidades dos arrecifes de Minerva, dando início ao empreendimento sonhado pelo milionário americano Michael Oliver. A areia formou uma ilha artificial, proclamada República de Minerva em janeiro de 1972. Oliver nomeou Morris Daves presidente.
Preocupados, os países verdadeiros da região se reuniram no mês seguinte para discutir o tema. Na ocasião, Tonga (sim, existe) reivindicou a ilha, sob o argumento de que era freqüentada por seus pescadores. Uma expedição tonganesa foi enviada para tomar posse da terra e retirar a bandeira de Minerva. Oliver sentiu-se ultrajado e demitiu o presidente, acusado de inércia.
Mas a história não acaba aí. De tempos em tempos, alguém reivindica o território. Foi assim nos anos 80, nos anos 90 e, mais recentemente, em 2003, quando Minerva foi reivindicada como um principado, governado do Exterior pelo príncipe Calvin. Não há relação, contudo, entre a tentativa frustrada de mais de três décadas atrás e a de hoje, como diz Calvin:
- É importante lembrarmos o período em que estivemos sob a república, apesar dos fracassos do regime. Não podemos negar a nossa própria história. Os fundadores da república podem não gostar de nós, podem discordar de nós, mas não podem negar sua fraqueza, nem ignorar nossa determinação.
Igualmente determinado está Fiji, ali perto, que também passou a reivindicar Minerva.
Kugelmugel
Uma casa em formato esférico, cercada por arame farpado, proclamou independência da Áustria em 1984. Localizada em Viena, ela abriga o artista Edwin Lipburger e, de vez em quando, outros dos 388 cidadãos da nação imaginária. O país tem apenas um endereço: Praça Antifascista, nº 2 (onde fica o nº 1, isso é um mistério). É ali que Lipburger mora, trabalha, emite selos e se recusa a pagar impostos ao governo austríaco. Chegou a ser sentenciado à prisão por isso, mas foi perdoado pelo presidente, agora que virou atração turística na capital.