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Turismo: Rotas mal-assombradas de São Paulo

Enviado: 17 Jul 2006, 19:33
por Spitfire
Conheça as "rotas mal-assombradas" de São Paulo

Quem estava acostumado em ter apenas roteiros clássicos como o Museu do Ipiranga, o Parque do Ibirapuera ou o Memorial da América Latina ganhou uma opção diferente de passeio na cidade de São Paulo. Inspiradas pela "cultura do medo" e pela "curiosidade macabra" da população, as agências de turismo optaram por traçar roteiros que mostram o lado obscuro de São Paulo.

"Fomos movidos pela necessidade do paulistano em ir além da própria cidade", disse o professor universitário Carlos Roberto Silvério, 45 anos, 29 deles dedicados ao turismo. Silvério é dono da agência Graffit, organizadora do roteiro.

O passeio organizado pela agência de Silvério, intitulado Circuito do outro mundo: "São Paulo além dos túmulos", compreende locais históricos, como o Edifício Joelma (famoso pelo incêndio nos meados da década de 70), outros clássicos, como o Cemitério da Consolação (um dos mais antigos do país), e o Castelinho da Rua Apa (local pouco conhecido, mas cheio de histórias macabras).

O professor conta que a idéia de se organizar circuitos temáticos no estado de São Paulo surgiu em 1999, com o roteiro Panoramas da Imigração. Porém, para conseguir viabilizar o projeto, foi necessário muito esforço.

"Fizemos uma pesquisa profunda em bibliotecas e acervos para ter informações suficientes para viabilizar o projeto. Além disso, as entrevistas com os moradores dos arredores destes pontos macabros também serviu muito", afirmou Silvério.

Entre os pontos visitados no Circuito do outro mundo, dois deles estão localizados no Bairro da Liberdade, e se confundem com a história do local. Tanto a Capela dos Aflitos, quanto a Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados têm como principal história a morte de um dos "mitos" do bairro: o soldado Francisco José das Chagas, o "Chaguinha", que foi enterrado no cemitério situado onde fica hoje em dia os dois locais.

O túmulo de Chaguinha, que foi morto por enforcamento após duas tentativas frustradas, se encontra na região da Capela dos Aflitos. Na Capela, existe uma porta que, por sinal, é o símbolo da crendice popular: os fiéis depositam cartas nas frestas e em um cesto que fica preso a ela.

Além disso, depois de colocar o pedido no cesto, os fiéis batem três vezes na porta, para avisar que fizeram o pedido. Muitos deles alegam que tiveram a graça alcançada, o que reforça a aura de "mito" que o soldado ainda possui no bairro.

Quem foi ao passeio tem história para contar. É o caso da secretária Adriana Ravanelli, 32 anos, que ficou angustiada ao visitar o Edifício Joelma. "Visitar o Joelma me deu uma certa angústia, muito mais pela história do que pelos fantasmas ou almas penadas que estão no local", relatou Adriana.

Já a assistente administrativa Ana Caroline Correia, 24 anos, acredita que roteiros como esse vem para suprir uma lacuna no turismo em São Paulo. "Até existe (este tipo de passeio), mas é difícil as pessoas irem atrás disso, além da divulgação, que é fraca. Fui uma vez e iria novamente, pois iniciativas como essa precisam ser incentivadas".

* Palácio da Justiça (Praça da Sé) - A história que se conta do Palácio da Justiça é que pairam por lá as almas que foram injustiçadas nos julgamentos. "As almas, inconformadas, rodeiam pela sede do Palácio, principalmente pela sala do Tribunal do Júri e pelos pisos inferiores", disse Carlos Roberto Silvério, organizador do roteiro.

* Faculdade de Direito da USP - Segundo Silvério, o corpo de Júlio Frank, professor de origem protestante, renomado e muito querido pelos alunos, foi enterrado na própria faculdade, no início do século 19.

"Como Frank era protestante, não podia ser enterrado no cemitério, pois naquela época os católicos não permitiam. Os alunos, em sinal de protesto, o enterraram na faculdade", afirmou o guia e professor universitário de Turismo.

"Os alunos até hoje fazem saraus, cultos, festas em homenagem, ao professor que virou um mito na faculdade", completou.

* Obelisco - Por ser um ambiente que guarda restos mortais de várias personalidades históricas, o Obelisco também é considerado um local mal assombrado, relatou Silvério.

* Cemitério do Redentor - Cemitério que chama a atenção pela arquitetura do local. "Lá também foram sepultadas personalidades importantes, como o ex-presidente do banco Bradesco, Amador Aguiar, e os pais de Suzane von Richtofen, Marísia e Manfred", informou Silvério.

* Vale do Anhangabaú - A história que se conta é que o Vale sempre foi místico, desde a época que São Paulo era habitada pelos índios. Silvério conta que os índios consideravam o local "de mal agouro". Por esse motivo, o rio que corria no local foi batizado de Anhangabaú, que significa "Malefícios do demônio".

"Os índios acreditavam que quem tomasse as águas do Rio Anhangabaú ficava doente, pois eram águas do demônio, águas sujas", disse Silvério.

* Cemitério da Consolação - Silvério conta que existem muitas histórias a respeito deste cemitério, que é marcado por abrigar túmulos de algumas famílias tradicionais de São Paulo, além de personalidades que fizeram história na capital.

Segundo o guia, existe uma crendice popular que afirma que o túmulo da Marquesa de Santos, que fica logo na entrada do portão principal, protege as mulheres da cidade.

Outra curiosidade está ligada ao escritor Monteiro Lobato, que ficou famoso pelos livros sobre o Sítio do PicaPau Amarelo, e foi enterrado no Cemitério da Consolação. "Uma comitiva de Taubaté (local onde Lobato nasceu), caracterizada com os personagens do Sítio, todos os anos comemora a data de sua morte (4 de julho de 1948)".

* Câmara Municipal - Silvério afirmou que ouviu relatos de que o local é mal assombrado. Segundo o professor, o senhor Aristides, zelador do local, reclama sempre com veemência que costuma levar beliscões dos fantasmas quando trabalha no turno da noite. "Ele também jura de pé junto que já viu uma pessoa se desmaterializar no elevador", disse o guia.

* Teatro Municipal - A história contada é de que os grandes artistas que fizeram sucesso no palco do teatro e já morreram ainda habitam os camarins do local.

* Cemitério do Araçá - O local é citado durante o passeio por abrigar o túmulo da família Matarazzo, uma das mais tradicionais da cidade de São Paulo. Além disso, o Cemitério do Araçá possui obras de arte interessantes.

* Edifício Joelma - O ponto mais impactante para os turistas na opinião de Silvério. "Por ser mais verídico e mais contemporâneo", justificou o organizador do passeio.

O incêndio do Edifício Joelma, ocorrido na metade da década de 70, ficou marcado como uma das maiores tragédias ocorridas na capital paulista. "Relatos nos fazem crer que as almas penadas das 188 pessoas que morreram lá ainda perambulam no local", disse Silvério.

* Capela dos Aflitos - A capela possui esse nome em homenagem à Nossa Senhora dos Aflitos. Mas a história que move o local se confunde com a história do soldado Francisco José das Chagas, o "Chaguinha".

Chaguinha foi condenado ao enforcamento pelo governo. Na hora da execução, no Largo da Forca, a corda rompeu duas vezes, a que o público que estava no local atribuiu como "milagre", e gritou "Liberdade". Alheio ao pedido popular, o governo executou o soldado na terceira vez. Alguns dizem que o nome de Liberdade surgiu após esse acontecimento, e dá nome ao bairro até hoje.

Chaguinha foi enterrado em um cemitério onde hoje abriga a Capela dos Aflitos. Por esse motivo, as pessoas fazem pedidos e pagam promessas no local. Alguns dos fiéis afirmam que tiveram seus pedidos atendidos, o que reforça a aura de "santo" que Chaguinha ganhou no Bairro da Liberdade.

* Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados - Na igreja, que também fica no Bairro da Liberdade, as pessoas pagam promessa por "enforcamento de dívida". Ou seja, quem possui prestações atrasadas, ou está gastando mais do que ganha, costuma pedir ajuda nesta igreja.

"Ao contrário da Capela, que atende aos pedidos dos "aflitos por alma", a Santa Cruz dos enforcados é procurada pelos que possuem algum tipo de dívida financeira", disse Silvério.

* Castelinho da Rua Apa - Situado na avenida São João, embaixo do Minhocão, o local é temido pelos moradores das redondezas. "Tudo isso devido a um crime, não desvendado, ocorrido em 1937", contou o guia de turismo .

Os irmãos Álvaro e Armando Reis e a mãe Maria Cândida Guimarães Reis morreram no dia 12 de maio. A empregada da casa ouviu disparos, e depois viu os três corpos estirados no chão.

A versão mais aceita é de que Álvaro matou o irmão e a mãe, para depois se suicidar. Quase 60 anos depois, os vizinhos ainda escutam correntes se arrastando, e barulho na casa. O local, que se encontra em estado crítico, é utilizado pela ONG Mães do Brasil, que tenta arrecadar fundos para a melhora do seu estado de conservação.

Serviço:


Circuito do outro mundo: "São Paulo além dos túmulos"
Datas: abril, agosto, outubro e novembro (ou qualquer outra data, desde que seja montado um grupo fechado).
Horário: das 14h às 18h
Preço: R$ 30 (preço referente ao mês de julho, sujeito a alteração)
Contato: Graffit Turismo. Tel: (11) 5549-9569


Macabro. :emoticon34:

Re.: Turismo: Rotas mal-assombradas de São Paulo

Enviado: 17 Jul 2006, 19:36
por Aurelio Moraes
Posta a fonte!

Re.: Turismo: Rotas mal-assombradas de São Paulo

Enviado: 17 Jul 2006, 19:37
por rapha...
São Paulo já é naturalmente assustadora.

Re: Re.: Turismo: Rotas mal-assombradas de São Paulo

Enviado: 17 Jul 2006, 19:42
por Spitfire

Re.: Turismo: Rotas mal-assombradas de São Paulo

Enviado: 17 Jul 2006, 19:44
por Acauan
O Castelinho da São João era sinistro pacas mesmo.

Re.: Turismo: Rotas mal-assombradas de São Paulo

Enviado: 17 Jul 2006, 21:10
por Nospheratu
Recife é tida como a capital mais assombrada do país, o pessoal daqui até criou um site sobre isso.
As madrugadas no centro da cidade são altamente macabras.