Página 1 de 2

Besteiras crentes no calçadão da minha cidade

Enviado: 25 Jul 2006, 14:52
por Tranca
Alguém já deve ter lido posts meus falando que na cidade onde moro existem pregadores crentes que se instalam nas manhãs e tardes no calçadão, local de grande movimento, para tecer longos e barulhentos discursos proselitistas, que no afã de trazer mais almas para Jesus e mais $$$ para o caixa de suas denominações, não poupam ataques a outras religiões e crenças.

Um do mais notáveis é sem dúvida um grandão, que tem uma voz muito grave e potente e que caso você esteja a uns quatro andares do pavimento da via pública, ainda parece que ele está do seu lado falando muito alto. Ah, e ele anda com uma corneta, com a qual anuncia o início das suas pregações.

E ele berra. Anuncia o fim do mundo. E o povo passa incomodado com o barulho. E ele continua berrando. Avisa que quem não se lavar no sangue de Jesus, convertendo-se, expiará pelo resto da eternidade no lago de fogo e enxofre. E o povo não suporta o barulho. E ele berra mais.

E não sei porquê diabos ninguém faz nada! Como trabalham as pessoas nos arredores, ouvindo aqueles guinchos e rosnados o dia inteiro?

Para se ter uma idéia, existem mais uns quatro ou cinco pregadores do evangelho que se revezam diariamente nos pontos onde há grande aglomeração pública, neste longo calçadão. Já têm até estagiário. Um piá que deve ter saído de um centro de recuperação de menores direto para os braços de Jesuis, tendo sido ungido com o dom de citar capítulos e versículos da bíblia, de trás-para-frente, de ponta-cabeça e em javanês arcaico.

Aliás, todos estes pregadores devem ser íntimos do filho de deus e devem ter parte na sociedade com ele, tamanha a gana com que pregam. Aos brados. Altos brados. Brados retumbantes.

Lojas, bancos, escritórios. E transeuntes. Todos têm que trabalhar e fazer suas coisas ouvindo à revelia de sua vontade um discurso proselitista de quinta categoria e em escala elevada de decibéis.

Acabei de passar por lá. Faz uma meia hora. E era o grandão da voz potente que estava cumprindo seu turno. Ele, como sempre, anunciava a eminência do fim-do-mundo, das tribulações, das pestes e da conseqüente vinda gloriosa de Jesus para vencer a besta, julgar a espécie humana e escolher os seus, que seriam arrebatados ao paraíso ou algo similar e não sei se necessariamente nesta ordem.

Só que não era apenas isto que compunha o discurso do grandão, hoje. Em sua mente programada para não aceitar crenças, visões de mundo e religiões que não a sua própria, ele grunhia contra outros credos, em evidente desconhecimento da norma constitucional que preceitua que neste país todos são livres para possuírem a crença ou religião que bem entenderem, desde que respeitadas as demais normas de igual ou maior valor.

Determinado momento, ele afirmou algo como: "Você aí, que está enfurnado na TV, nas revistas pornográficas, lendo Contigo, Ti-ti-ti, que não se liberta deste mundo; você que não conheceu Jesus como seu único salvador, é por isso que você é enganado pelo padre, é enganado pelo Allan Kardec, procura cartomantes... Você precisa ser libertado..."

Logo me lembrei, se no momento estivesse lá passando um padre ou se um fosse noticiado, poderia dar queixa deste sujeito por difamação:

Código Penal escreveu:Difamação

        Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:

        Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.


Não quero dizer com isso que ache que padres não enganam ninguém. A princípio, não tencionam. Podem bem ser que em sua fé, em sua crença, eles que estejam enganados. Mas não é a sua intenção guiar seu rebanho para um caminho diverso daquele que se propuseram. Mas os crentes acham que eles têm parte com o demo. Que Roma é a grande meretriz, a Babilônia apocalíptica. E pau nos espíritas de lambugem, estes que falam com os mortos ("demônios, isto sim!", diriam).

Porém, os próprios evangélicos discordam destes métodos empregados por alguns dos seus. Sentem-se envergonhados e se apressam em dizer que são somente as denominações mais radicais e mais fundamentalistas (geralmente compostas por pessoas de baixo nível de escolaridade) que se dignam a promover tais pregações públicas recheadas de incitação de ódio ao diferente e afirmações ignóbeis.

E onde estão as autoridades públicas para fazer valer a Lei e proteger os ouvidos e mentes dos trabalhadores que têm que agüentar tais shows de horrores dia-a-dia?

Ah, igrejas rendem votos, melhor deixá-las em paz. E o resto que se dane no inferno em terra que esse tipo de gente promove.

Antes o Hades que o Paraíso cheio de crentes deste tipo. Ou o esquecimento. O silêncio eterno... sem crentes gritando. Berrando. Que bênção!

Prefiro mil vezes os testemunhas de Jeová batendo na porta de casa. Prefiro mil vezes receber e-mails de correntes de oração dos católicos carismáricos. Destes evangelistas barulhentos de rua, deus me livre, credo-em-cruz, tá amarrado!

***

Nessa guerra por mais adeptos, as reigiões causam muitos efeitos colaterais. Um deles é sem dúvida o nivelamento por baixo das ações proselitistas empreendidas. Existem missões, e os religiosos deveriam saber, que soldados rasos não deveriam executar no lugar de oficiais de alto escalão.

Re.: Besteiras crentes no calçadão da minha cidade

Enviado: 25 Jul 2006, 15:01
por Aurelio Moraes
Crentes vagabundos.

Re.: Besteiras crentes no calçadão da minha cidade

Enviado: 25 Jul 2006, 15:08
por Hugo
Vejo isso ocorrer quase toda dia em Nova Iguaçu...

Enviado: 25 Jul 2006, 17:39
por Rennan
Isso não poderia ser caracterizado como uma espécie de poluição sonora e estar sujeito à multas, assim como estabelecimentos comerciais que ficam incomodando os vizinhos com som muito alto???
Deveria haver uma lei permitindo que essas pessoas preguem somente entre 02:00 às 05:00 da manhã.

:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

Enviado: 26 Jul 2006, 06:38
por Botanico
Rennan escreveu:Isso não poderia ser caracterizado como uma espécie de poluição sonora e estar sujeito à multas, assim como estabelecimentos comerciais que ficam incomodando os vizinhos com som muito alto???
Deveria haver uma lei permitindo que essas pessoas preguem somente entre 02:00 às 05:00 da manhã.

:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:


Salvo engano, quando alguma lei municipal tenta enquadrar igrejas evangélicas ou pregadores de rua por crime de poluição sonora, as bancadas evangélicas imediatamente cuidam de melar a coisa, alegando ser perseguição religiosa...
O Deus dos evangélicos tem problema de audição...

Re.: Besteiras crentes no calçadão da minha cidade

Enviado: 26 Jul 2006, 08:54
por Malamen
Puta que os pariu... são mesmo uns dementes. :emoticon2:

Re.: Besteiras crentes no calçadão da minha cidade

Enviado: 26 Jul 2006, 09:14
por Tranca
Os crentes acham um absurdo quando querem vedar suas ações proselitistas e outras fazendo valer a Lei. Reclamam de perseguição religiosa. Usam de artimanhas políticas juntos às suas denominações para fazer pressão e mais o escambau.

E nunca vi um político ter colhões para dizer na cara deles que estão se escondendo debaixo da religião para fazer valer suas pretensões ilegais e ignaras. Devem ser todos gente da mesma laia, na maioria.

Eles acham que estão acima da Lei. Acham que a Lei de deus é a única à qual estão submissos.

É incrível a incapacidade desse tipo de gente mais fundamentalista de entender que a Lei é para todos. Uma explicação é a baixa escolaridade vigente neste meio. Mas isso não é escusa suficiente.

O pior é que essa gente ajuda a eleger gente do mesmo calibre para nossas mesas do executivo e legislativo.


Re: Besteiras crentes no calçadão da minha cidade

Enviado: 26 Jul 2006, 09:23
por Acauan
Tranca-Ruas escreveu:Porém, os próprios evangélicos discordam destes métodos empregados por alguns dos seus. Sentem-se envergonhados e se apressam em dizer que são somente as denominações mais radicais e mais fundamentalistas (geralmente compostas por pessoas de baixo nível de escolaridade) que se dignam a promover tais pregações públicas recheadas de incitação de ódio ao diferente e afirmações ignóbeis.


Este é um ponto interessante.
Crentes um pouco mais, digamos, refinados, torcem o nariz para este tipo de proselitismo grosseiro e chegam mesmo a criticá-lo, até onde a crítica não produza escândalo junto aos seus correlegionários.

Só que, na maioria das vezes, a diferença que os separa é de forma, não de conteúdo, expressando o proselitista grosseiro e difamador exatamente as mesmas idéias nas quais acreditam os "evangelizadores" melhor treinados nas artes da sutileza, que nem sempre combinam com o ofício da sinceridade.

Re: Re.: Besteiras crentes no calçadão da minha cidade

Enviado: 26 Jul 2006, 09:37
por Acauan
Tranca-Ruas escreveu:Os crentes acham um absurdo quando querem vedar suas ações proselitistas e outras fazendo valer a Lei. Reclamam de perseguição religiosa. Usam de artimanhas políticas juntos às suas denominações para fazer pressão e mais o escambau.

E nunca vi um político ter colhões para dizer na cara deles que estão se escondendo debaixo da religião para fazer valer suas pretensões ilegais e ignaras. Devem ser todos gente da mesma laia, na maioria.

Eles acham que estão acima da Lei. Acham que a Lei de deus é a única à qual estão submissos.

É incrível a incapacidade desse tipo de gente mais fundamentalista de entender que a Lei é para todos. Uma explicação é a baixa escolaridade vigente neste meio. Mas isso não é escusa suficiente.

O pior é que essa gente ajuda a eleger gente do mesmo calibre para nossas mesas do executivo e legislativo.


Um momento que certos crentes se mostram particularmente cínicos e hipócritas é quando reagem virulentamente às reclamações contra o barulho produzido por suas pregações e cultos.

É o cúmulo da cara-de-pau para quem vive falando em "amor ao próximo" evidenciar tal falta de respeito pelos outros e ainda arrogar santidade ferida quando cobrados disto.

Já ouvi crentes protestando contra os vizinhos que pedem silêncio alegando que se no lugar de uma igreja fosse um pagode fazendo barulho (ou coisa parecida) ninguém reclamaria, como se esta desculpa esfarrapada fizesse algum sentido ou como se o comportamento anti-social de alguns os autorizasse a também o sê-lo.

Testemunhei certa vez um "ponto de oração" evangélico que, solicitado pelos vizinhos a desligar as caixas de som - apontadas para fora da pequena casa onde se dava a balbúrdia e que, justamente por ser pequena, dispensava tal auxílio sonoro eletrônico.
A resposta deles foi aumentar o volume, aumentar os gritos palmas e batidas de pés e estender a "oração" para além da meia-noite, horas depois do horário normal de encerramento.

Entre os gritos podia-se ouvir o pastor (ou coisa parecida) proclamar "se o grito é para louvar Jesus, vamos gritar sim"... e outras pérolas do gênero.

Se eles são santos, eu sou o general Custer.

Re: Re.: Besteiras crentes no calçadão da minha cidade

Enviado: 26 Jul 2006, 09:48
por Hugo
Acauan escreveu:Testemunhei certa vez um "ponto de oração" evangélico que, solicitado pelos vizinhos a desligar as caixas de som - apontadas para fora da pequena casa onde se dava a balbúrdia e que, justamente por ser pequena, dispensava tal auxílio sonoro eletrônico.
A resposta deles foi aumentar o volume, aumentar os gritos palmas e batidas de pés e estender a "oração" para além da meia-noite, horas depois do horário normal de encerramento.

Entre os gritos podia-se ouvir o pastor (ou coisa parecida) proclamar "se o grito é para louvar Jesus, vamos gritar sim"... e outras pérolas do gênero.


Interessante, os funcionários da minha escola, que lidam diariamente com os crentes que teimam em se instalar na praça em frente, contam que é exatamente assim que eles agem.

Deve ser o modus operandi comum a esse tipo de crente. Quanto mais se reclama, mas irritantes eles se tornam.

Enviado: 26 Jul 2006, 09:55
por Pug
Não existe lei para proibir o excesso de barulho ou horários onde pura e simplesmente é proibido?

Aqui em França, só se escuta os sinos e nada de excessos.

Consta que os evangélicos também actuam do mesmo modo em determinados bairros. Nunca presenciei, vi na tv onde falavam da nova evangelização em curso...
Fazem de qualquer espaço um templo e quando alguém reclama do barulho actuam do mesmo modo descrito pelo Acauan, aumentando o som...de novo, lembro, não presenciei...


Em Portugal existem algumas igrejas evangélicas, desconheço ocorrência de problemas do tipo descrito no texto do Tranca.

Re: Besteiras crentes no calçadão da minha cidade

Enviado: 26 Jul 2006, 10:33
por Tranca
Acauan escreveu:
Tranca-Ruas escreveu:Porém, os próprios evangélicos discordam destes métodos empregados por alguns dos seus. Sentem-se envergonhados e se apressam em dizer que são somente as denominações mais radicais e mais fundamentalistas (geralmente compostas por pessoas de baixo nível de escolaridade) que se dignam a promover tais pregações públicas recheadas de incitação de ódio ao diferente e afirmações ignóbeis.


Este é um ponto interessante.
Crentes um pouco mais, digamos, refinados, torcem o nariz para este tipo de proselitismo grosseiro e chegam mesmo a criticá-lo, até onde a crítica não produza escândalo junto aos seus correlegionários.

Só que, na maioria das vezes, a diferença que os separa é de forma, não de conteúdo, expressando o proselitista grosseiro e difamador exatamente as mesmas idéias nas quais acreditam os "evangelizadores" melhor treinados nas artes da sutileza, que nem sempre combinam com o ofício da sinceridade.


Exato.

Os crentes mais grosseiros, como os citados or mim, acabam por expor aos quatro ventos aquilo que é vendido de modo sutil na maioria dos templos evangélicos.

Uma situação similar, a exemplo, ocorreu uma vez em que estava como convidado em um culto de uma igreja protestante tradicional e ouvi o pastor falando sobre a vida de Lutero. Quando mencionava determinada passagem da vida do "teólogo reformador" antes do episódio das teses pregadas na porta da igreja, ele disse: "Vejam só vocês, o próprio Lutero, nesta época, acreditava em santos!"

Ou seja, uma forma sutil de diminuir a crença em santos dos católicos, sem afirmar com todas as letras o que eles pensam.

Enviado: 26 Jul 2006, 11:29
por carlo
Pug escreveu:Não existe lei para proibir o excesso de barulho ou horários onde pura e simplesmente é proibido?

Aqui em França, só se escuta os sinos e nada de excessos.

Consta que os evangélicos também actuam do mesmo modo em determinados bairros. Nunca presenciei, vi na tv onde falavam da nova evangelização em curso...
Fazem de qualquer espaço um templo e quando alguém reclama do barulho actuam do mesmo modo descrito pelo Acauan, aumentando o som...de novo, lembro, não presenciei...


Em Portugal existem algumas igrejas evangélicas, desconheço ocorrência de problemas do tipo descrito no texto do Tranca.


Aqui também existem leis que proibem tal comportamento, Pug. O diabo é a descrença no nosso Poder Judiciário. Quem tem saco, dinheiro e paciência, entra na justiça e ganha. Na cidade onde moro, tem uma igreja que era uma balburdia só. Ocorre que um condominio vizinho ao lado entrou na justiça, fecharam-na. A tal igreja só voltou a funcionar, com um sistema acústico perfeito: Ar-condiocionado central, toda lacrada, nem um pio lá de dentro foi ouvido mais, alívio geral! :emoticon4:

Re: Re.: Besteiras crentes no calçadão da minha cidade

Enviado: 26 Jul 2006, 11:35
por Tranca
Acauan escreveu:Um momento que certos crentes se mostram particularmente cínicos e hipócritas é quando reagem virulentamente às reclamações contra o barulho produzido por suas pregações e cultos.

É o cúmulo da cara-de-pau para quem vive falando em "amor ao próximo" evidenciar tal falta de respeito pelos outros e ainda arrogar santidade ferida quando cobrados disto.

Já ouvi crentes protestando contra os vizinhos que pedem silêncio alegando que se no lugar de uma igreja fosse um pagode fazendo barulho (ou coisa parecida) ninguém reclamaria, como se esta desculpa esfarrapada fizesse algum sentido ou como se o comportamento anti-social de alguns os autorizasse a também o sê-lo.


Desde quando abriu uma igreja evangélica perto de casa todos os vizinhos reclamam do barulho. Só não tomei providências porque boa parte da vizinhança é de alguma denominação evangélica e não teria coragem de reclamar por medo dessa história de escandalização e os outros - católicos - eu não conheço bem e não sei se quereriam se indispor com alguns vizinhos antigos.

Coisa engraçada - e estúpida ao mesmo tempo - aconteceu estes dias atrás, quando uma processão católica estava passando em frente a esta igreja bem na hora do culto. Os católicos, acompanhando o andor com uma imagem de santo(a) cantavam alto e na igreja evangélica, aumentaram o volume do som. Os católicos cantaram mais alto e na igreja evangélica aumentaram mais ainda o volume do som, até o nível do barulho ficar insuportável.

Quando saí na frente de casa para ver aquela balbúrdia, a procissão dobrou a esquina e o som na igreja foi diminuído.

Este pequeno episódio demonstra que de modo velado, existe uma disputa e um rancor muito forte entre cristãos católicos e cristãos evangélicos.



Testemunhei certa vez um "ponto de oração" evangélico que, solicitado pelos vizinhos a desligar as caixas de som - apontadas para fora da pequena casa onde se dava a balbúrdia e que, justamente por ser pequena, dispensava tal auxílio sonoro eletrônico.

A resposta deles foi aumentar o volume, aumentar os gritos palmas e batidas de pés e estender a "oração" para além da meia-noite, horas depois do horário normal de encerramento.

Entre os gritos podia-se ouvir o pastor (ou coisa parecida) proclamar "se o grito é para louvar Jesus, vamos gritar sim"... e outras pérolas do gênero.

Se eles são santos, eu sou o general Custer.


Eu conheço uma história similar ocorrida em uma pequena cidade aqui do Paraná. Mas que teve um desfecho muito legal. :emoticon16:

Em uma destas tradicionais (e barulhentas) denominações evangélicas, um belo dia, resolveram colocar um daqueles antigos auto-falantes cônicos apontado para a rua, logo acima da porta da igreja.

A vizinhança reagiu com indignação ao barulho da congregação e foram pedir a pastor para que retirasse o artefato, pois estava incomodando e não havia tal necessidade, pois o seu rebanho era pouco numeroso e cabia bem dentro da igreja.

Ele negou-se veementemente em atender o pedido e até destratou os moradores dos arredores, utilizando-se das argüições de praxe - que se o som da igreja estava atrapalhando os vizinhos a assistir TV e ouvir música mundana, deviam é agradecer-lhe e coisas do mesmo nível de irracionalidade.

Certo dia, já sem paciência e não agüentando o volume do som na hora do jornal da noite, um velho de uma casa próxima pegou sua cartucheira e pregou fogo no auto-falante, destruindo-o. :emoticon12: :emoticon12:

Os crentes ficaram em polvorosa, mas não se atreveram a reclamar e nem de dar parte do velho à policia.

Enviado: 26 Jul 2006, 12:16
por Tranca
carlo escreveu:
Pug escreveu:Não existe lei para proibir o excesso de barulho ou horários onde pura e simplesmente é proibido?

Aqui em França, só se escuta os sinos e nada de excessos.

Consta que os evangélicos também actuam do mesmo modo em determinados bairros. Nunca presenciei, vi na tv onde falavam da nova evangelização em curso...
Fazem de qualquer espaço um templo e quando alguém reclama do barulho actuam do mesmo modo descrito pelo Acauan, aumentando o som...de novo, lembro, não presenciei...


Em Portugal existem algumas igrejas evangélicas, desconheço ocorrência de problemas do tipo descrito no texto do Tranca.


Aqui também existem leis que proibem tal comportamento, Pug. O diabo é a descrença no nosso Poder Judiciário. Quem tem saco, dinheiro e paciência, entra na justiça e ganha. Na cidade onde moro, tem uma igreja que era uma balburdia só. Ocorre que um condominio vizinho ao lado entrou na justiça, fecharam-na. A tal igreja só voltou a funcionar, com um sistema acústico perfeito: Ar-condiocionado central, toda lacrada, nem um pio lá de dentro foi ouvido mais, alívio geral! :emoticon4:



Por Lei e demais disposições do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), para se abrir uma igreja ou qualquer espaço que se promova aglomeração de pessoas, aumento de trânsito ou barulho, necessita-se, para se ter autorização de funcionamento, de que seja feita uma pesquisa do impacto a ser causado nas imediações, consultando-se os moradores e comerciantes devido à modificação de rotina a ser causada.

O problema é que, verificada a desobediência às disposições legais, necessita-se recorrer a um judiciário moroso, gastando dinheiro para se ter o provimento esperado.

Os poderes públicos municipais não possuem condições de fiscalizar e se o fazem, dão de frente com o lobby que estas igrejas têm dentro da própria máquina administrativa.

Sobre o tema, o excerto a seguir é elucidativo:

4.1 CULTOS RELIGIOSOS

No tocante à realização de cultos religiosos surge uma questão interessante, pois em princípio, constitui um direito fundamental do indivíduo, previsto no artigo 5º, inciso VI, da Constituição da República Federativa do Brasil. (14)

No entanto, em que pese aludida garantia, tal preceito não autoriza a poluição sonora. Com efeito, o dispositivo é claro ao assegurar o livre exercício dos cultos religiosos e garantir, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias. Pois bem, deve-se conciliar essa liberdade com a preservação do meio ambiente, objeto da Resolução CONAMA 001/90, que prescreve a observância dos padrões estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

A expressão "na forma da lei" significa, de acordo com a legislação em vigor, que a norma do CONAMA ajusta-se à competência que lhe foi dada pela Lei 6.938/81.

A Resolução 001/90 resolve:

I – A emissão de ruídos, em decorrência de quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda política, obedecerá, no interesse da saúde, do sossego público, aos padrões, critérios e diretrizes estabelecidos nesta Resolução.

Nem dentro dos templos, nem fora deles, podem os praticantes de um determinado credo prejudicar o direito ao sossego e à saúde dos que forem vizinhos ou estiverem nas proximidades das práticas litúrgicas. (15)

A NBR 10.152 determina que o nível de ruído em igrejas e templos deve ser de, no máximo, 50 decibéis.

Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5261


Quem quiser conhecer o texto legal que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, clique aqui.

Enviado: 26 Jul 2006, 12:45
por Fernando Silva
Pug escreveu:Não existe lei para proibir o excesso de barulho ou horários onde pura e simplesmente é proibido?

No Rio de Janeiro, o limite era 55dB, mas a bancada evangélica conseguiu mudar para 85dB (e ninguém fiscaliza para ver se estão dentro do limite). Se você reclamar, vão lhe correr de lá sob a acusação de estar possuído pelo demônio.

Moro em frente a duas favelas (recuso-me a chamá-las "comunidades", como querem os seus moradores e os hipócritas). Certas noites, há um culto em cada uma e sou obrigado a ouvir aquela gritaria desvairada, pontuada por "Glória, Senhor, aleluia! Em nome de Jesus!".

Enviado: 26 Jul 2006, 13:28
por Pug
Fernando Silva escreveu:
Pug escreveu:Não existe lei para proibir o excesso de barulho ou horários onde pura e simplesmente é proibido?

No Rio de Janeiro, o limite era 55dB, mas a bancada evangélica conseguiu mudar para 85dB (e ninguém fiscaliza para ver se estão dentro do limite). Se você reclamar, vão lhe correr de lá sob a acusação de estar possuído pelo demônio.

Moro em frente a duas favelas (recuso-me a chamá-las "comunidades", como querem os seus moradores e os hipócritas). Certas noites, há um culto em cada uma e sou obrigado a ouvir aquela gritaria desvairada, pontuada por "Glória, Senhor, aleluia! Em nome de Jesus!".



85db, querem um aeroporto a cada esquina :emoticon5:

Re.: Besteiras crentes no calçadão da minha cidade

Enviado: 26 Jul 2006, 13:37
por Tranca
E o engraçado é que a própria norma do órgão de controle responsável diz que o limite deve ser 50 dB. Um Estado resolve contra uma norma editada por um Conselho Nacional.

Taí, Pug, respondida sua primeira pergunta?
:emoticon16:

Re: Re.: Besteiras crentes no calçadão da minha cidade

Enviado: 26 Jul 2006, 13:44
por Lúcifer
Tranca-Ruas escreveu:

E nunca vi um político ter colhões para dizer na cara deles que estão se escondendo debaixo da religião para fazer valer suas pretensões ilegais e ignaras. Devem ser todos gente da mesma laia, na maioria.

Eles acham que estão acima da Lei. Acham que a Lei de deus é a única à qual estão submissos.

É incrível a incapacidade desse tipo de gente mais fundamentalista de entender que a Lei é para todos. Uma explicação é a baixa escolaridade vigente neste meio. Mas isso não é escusa suficiente.

O pior é que essa gente ajuda a eleger gente do mesmo calibre para nossas mesas do executivo e legislativo.



Não é que os políticos não tenham culhão mas, como bem se sabe, quanto mais do lado dessa gente, mais votos ganham por causa da simpatia com os cretinos, etc.

Enviado: 26 Jul 2006, 13:51
por Lúcifer
Fernando Silva escreveu:
Pug escreveu:Não existe lei para proibir o excesso de barulho ou horários onde pura e simplesmente é proibido?

No Rio de Janeiro, o limite era 55dB, mas a bancada evangélica conseguiu mudar para 85dB (e ninguém fiscaliza para ver se estão dentro do limite). Se você reclamar, vão lhe correr de lá sob a acusação de estar possuído pelo demônio.

Moro em frente a duas favelas (recuso-me a chamá-las "comunidades", como querem os seus moradores e os hipócritas). Certas noites, há um culto em cada uma e sou obrigado a ouvir aquela gritaria desvairada, pontuada por "Glória, Senhor, aleluia! Em nome de Jesus!".


E é melhor você não reclamar não, meu irmão, senão Deus avisa para os crentes que você vai reclamar e eles te mandam a punição na forma de balas AR-15. Sabe como é...tem muitos traficantes ligados aos evangélicos hoje em dia.

Re.: Besteiras crentes no calçadão da minha cidade

Enviado: 26 Jul 2006, 14:01
por Lúcifer
Em relação aos crentes idiotas fazendo pregação nas ruas, ainda que as pessoas tem a opção de cair fora, não precisa ficar lá e assistir.
Agora imagina tal cena dantesca. Dois vagões de trens, superlotados e com grupos evangélicos fazendo pregação lá dentro, gritando como loucos e etc. Agora imagine tal cena em um final de tarde, as pessoas voltando pra casa depois de um dia cheio de serviço e alguns tremendamente suados e "bem cheirosos".
É isso o que as pessoas passam quando pegam os trens da linha Variante que liga a estação Bras até Calmon Viana, aqui em São Paulo e eu já tive que passar por esse inferno quando estudava em São Miguel Pta.
Pelo menos, nesses trens, existe a democracia:
Os dois primeiros e os dois ultimos vagões são dos viciados e os vagões do meio são dos evangélicos.
Ainda estou a achar o horário dos vagões das prostitutas. Me falaram que tinha mas até agora não encontrei. :emoticon11: :emoticon11:

Re: Re.: Besteiras crentes no calçadão da minha cidade

Enviado: 26 Jul 2006, 14:03
por Hrrr
Lúcifer escreveu:Em relação aos crentes idiotas fazendo pregação nas ruas, ainda que as pessoas tem a opção de cair fora, não precisa ficar lá e assistir.
Agora imagina tal cena dantesca. Dois vagões de trens, superlotados e com grupos evangélicos fazendo pregação lá dentro, gritando como loucos e etc. Agora imagine tal cena em um final de tarde, as pessoas voltando pra casa depois de um dia cheio de serviço e alguns tremendamente suados e "bem cheirosos".
É isso o que as pessoas passam quando pegam os trens da linha Variante que liga a estação Bras até Calmon Viana, aqui em São Paulo e eu já tive que passar por esse inferno quando estudava em São Miguel Pta.
Pelo menos, nesses trens, existe a democracia:
Os dois primeiros e os dois ultimos vagões são dos viciados e os vagões do meio são dos evangélicos.
Ainda estou a achar o horário dos vagões das prostitutas. Me falaram que tinha mas até agora não encontrei. :emoticon11: :emoticon11:


e o vagao dos metaleiros, newmetaleiros e emos?

Re.: Besteiras crentes no calçadão da minha cidade

Enviado: 26 Jul 2006, 14:11
por Lúcifer
Infelizmente, irmão, a zona leste é reduto dos pagolixeiros, funcklixeiros, forrolixeiros e new sertanolixeiros.
É raro alguém ter o nosso bom gosto musical.
Em relação aos emos, os viciados nem deixa os caras entrar ou eles são jogados do trem em movimento. E, se eles entram nos vagões evangélicos, os crentes vão quererm tirar o diabo do corpo deles. Então, eles não enchem o saco. :emoticon12: :emoticon12:

Re.: Besteiras crentes no calçadão da minha cidade

Enviado: 26 Jul 2006, 14:12
por Spitfire
Eu já tive problemas com um vizinho que era pai de santo... 1 vez por semana eles ficavam até umas 3 da manhã de gritaria, bem ao lado da minha janela. Uma vez, profundamente irritado com toda aquela gritaria do carvalho, pequei o primeiro disco do Casseta&Planeta (Preto com um buraco no meio), coloquei as caixas de som próximo da janela e coloquei uma música chamada "Mama Áustria" (uma paródia da "Mama África") em alto (e bota "alto" nisto) em bom som.
A partir daquele dia a gritaria encerrava as 22h. :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

Re.: Besteiras crentes no calçadão da minha cidade

Enviado: 26 Jul 2006, 15:16
por darthvader
O probelma é o já citado.. POLÍTICA!!!

A religião angaria votos! É só ver o número de "pastores" que estão candidatos ultimamente! O crescimento foi vertiginoso!!!
Ninguém vai fazer nada contra essa gente. Que político vai querer se queimar com um filão de votos deste tamanho???

Vou contar um história real aqui de Curitiba.. pitoresca!!!

Eu e um colega, costumávamos ensaiar e compor em seu pequeno estúdio, no bairro da Barreirinha aqui em Curitiba.
Perto dali, uma igreja católica "transmitia", através de um pontentíssimo autofalante instalado na torre principal (no alto), as missas de sábado!!!
E o sábado inteiro o bairro todo era obrigado a "orar junto" com o dito padre!!!
Nosso estudio ficava a umas 5 quadras de distãncia, mas o som era tão forte que ouvíamos como se fosse no prório vizinho!!!
Muito foi reclamado e nada foi feito!
Um dia, capa de jornal:
"Homem morre ao tentar escalar torre de igreja"
Na matéria, o homem caiu de uma altura x (não me lembro ao certo), quando escalava a torre da igreja. Suspeita-se de roubo, pois o autofalante instalado na torre houvera sido arrancado!!!!!!

Logicamente não se tratava de roubo, era apenas um herói do bairro, tentando fazer "justiça com as proprias mãos", já que ninguém tomava providência alguma!!!!!

Hoje, quando comentam sobre o ocorrido, todos se referem o homem que morreu como o "herói da Barreirinha"!!!!!

E hoje????
O autofalante voltou a ser instalado, etudo voltou como era antes... tornando os sábados um verdadeiro "saco" para um bairro inteiro de Curitiba!!!!!!!!!!!!

Uhu! :emoticon3: ®