
A Cruz Vermelha libanesa teme que haja 55 mortos na cidade de Qana, no sul do Líbano, após o bombardeio da aviação israelense sobre uma área povoada. Segundo disse o porta-voz da Cruz Vermelha libanesa Georges Katani, o número "não é definitivo", pois foi obtido de um xeque local, que também assegurou que pelo menos 30 dos mortos são crianças.
"Até o momento, nossos voluntários (da Cruz Vermelha) recuperaram 15 cadáveres entre os escombros", disse Katani. Uma testemunha entrevistada pela emissora de TV libanesa LBC assegurou que "há mais de 25 crianças mortas" nos vários edifícios derrubados esta manhã.
Por sua parte, o canal de TV Al-Manar, do movimento xiita Hesbolá, assegura que 20 crianças morreram no ataque a Qana. Para comprovar suas informações, as televisões locais estão mostrando imagens de vários cadáveres de crianças retirados dos escombros por membros da Cruz Vermelha libanesa.
"Filme isto para os europeus e os americanos. É esta a civilização que nos trazem?", gritava para as câmeras da LBC um homem que carregava uma menina morta em seus braços. "Isto é um açougue, um açougue", gritam algumas mulheres do povoado, localizado a aproximadamente 20km de Tiro.
Este massacre é o mais grave registrado no Líbano desde que começou a guerra não declarada entre Israel e o Hezbolá, no dia 12 de julho. Dados do governo libanês afirmam que, desde então, 750 pessoas morreram, e 2 mil pessoas ficaram feridas. Só durante a madrugada deste domingo, Israel realizou 180 ataques ao Líbano.
O vilarejo de Qana, depois de um bombardeio de duas horas por mar, terra e ar, se transformou em uma montanha de escombros. As bombas israelenses tiveram três zonas como alvos - a entrada do vilarejo, o centro e uma das laterais -, onde muitas vítimas civis continuam soterradas, o que pode aumentar o número de mortos nas próximas horas.
No edifício onde foi registrado o maior número de vítimas viviam 35 famílias, muitas delas refugiadas de outras áreas da vizinha região de Tiro, segundo a rádio A Voz do Líbano.
Carros de bombeiros chegaram ao local para ajudar nas operações de resgate, acrescentou a emissora, afirmando que os jornalistas que se encontravam no lugar "choraram diante deste novo massacre".
As rádios e televisões libanesas falam de um "novo massacre em Qana", localidade onde Jesus Cristo, segundo a tradição cristã, fez o primeiro milagre, e que alcançou fama em 18 de abril de 1996 quando mais de 110 civis perderam a vida em um bombardeio israelense.
Na ocasião, a comunidade internacional obrigou Israel a suspender suas ações contra o movimento xiita. Atualmente, Olmert faz questão de repetir que o Exército não interromperá os ataques até acabar com o Hezbolá e impedir os disparos de foguetes ou mísseis contra o território israelense.
Na madrugada de sábado para domingo, Israel bombardeou a estrada que liga Beirute a Damasco, fechando de fato a fronteira entre Líbano e Síria, com o objetivo, segundo o Exército hebreu, de impedir que o Hezbolá receba armas a partir do território sírio.
Paralelamente, as tropas israelenses executam uma ofensiva desde 28 de junho na Faixa de Gaza para resgatar um soldado capturado por grupos armados palestinos. Até o momento, 147 palestinos faleceram nas operações.
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