Até quando, Israel?
Enviado: 04 Ago 2006, 10:16
Até quando, Israel? 1a. Parte
por Heitor De Paola em 03 de agosto de 2006
Resumo: O conflito entre Israel e o Hezbollah esconde interesses bem mais amplos, dentre os quais testar até onde vai o pacifismo do Ocidente diante da agressão, que hoje é contra Israel, mas que no futuro poderá ser ampliada.
“Well, now the Jews have a homeland again A place that is
theirs. And that's the point. It doesn't matter how many times the United States and European powers try to rein in Israel, if it comes down to survival of its nation, its people, they will fight like no lioness has ever fought to save her cubs. They will fight with ferocity, a determination, and a skill, that will astound us”.
JOE McCAIN
“The global condemnation of Israel is simply illustrative of the
low esteem attached to Jewish blood in this world where anti-Semitism
comes disguised as morality and a commitment to peace”.
DICK MORRIS
Já faz algum tempo desde que escrevi pela última vez sobre o assim chamado “conflito do Oriente Médio”. Não perdi o interesse em conhecer o que ocorria por lá, mas exatamente por isto verifiquei que tudo não passava de uma interminável repetição, uma espécie de ciclo do eterno retorno: Israel é bombardeado por homens-bomba assassinos (não suicidas, como costumam falar), foguetes, mísseis oriundos seja da Faixa de Gaza, seja da Cisjordânia. Quando Israel resolve dar um basta e contra-ataca, a nunca bem explicada “comunidade internacional” condena Israel, sua representante máxima, a ONU, convoca o Conselho de Segurança que aprova uma Resolução pró forma, decreta-se um cessar-fogo imediato que é rompido imediatamente por homens-bomba, terroristas de todos os tipos e... mais foguetes! E o ciclo recomeça. Os leitores já repararam que só se decreta cessar-fogo quando Israel reage? E que não é respeitado pelos terroristas porque não são nações mas “grupos militantes” e não têm responsabilidade legal perante a “comunidade internacional”?
Mas agora o cenário mudou, a ofensiva contra Israel é muito mais séria, o que nunca foi apenas um conflito regional, revela-se cada vez mais como parte de uma ofensiva global para destruir o mundo civilizado impondo um sistema opressivo que acabe com a liberdade individual gozada pela civilização – me escuso de não falar Civilização Ocidental porque não tenho notícias de nenhuma outra. Não é outra coisa que diz Hassan Abassi, Estrategista Chefe do Irã: “Nossa estratégia é destinada à destruição da civilização Anglo-Saxônica. Temos que utilizar tudo que nós temos à mão para atacar esse front, sejam nossas operações suicidas, seja por meio de nossos mísseis.. .quando derrotarmos os Anglo-Saxões o resto (do mundo) sairá correndo para se esconder”. (Citado por James Wolsey, ex-Diretor da CIA, na Mesa Redonda realizada em fevereiro deste ano, “Confronting a Nuclear Iran”, realizada no Jewish Institute for National Security Affairs, Washington, D.C.). No último dia 26 o segundo em comando da al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, divulgou um vídeo no qual deixa claro que o ataque não provocado do Hezbollah contra Israel foi apenas uma pequena parte da guerra travada pelo Islamismo Militante contra o Mundo Livre. Acrescentou “O mundo inteiro é um campo de batalha para nós, atacaremos onde decidirmos, até que o Islã reine da ‘Espanha ao Iraque’”.
Na ofensiva atual o Hezbollah está sendo usado como Hitler e Stalin usaram os combatentes na Guerra Civil Espanhola: testando novas técnicas militares e novo equipamento de batalha (a analogia é de Daniel Seaman). Na década de 30 ambos se preparavam para desencadear a II Guerra Mundial. O Irã prepara-se para a Terceira, juntamente com seus aliados Síria, Coréia do Norte, Venezuela e Cuba (e em breve a URSAL), tendo por trás a China e a Rússia. O jornal kuwaitiano al-Seyassa relatou no dia 27/07 que o líder máximo do Hezbollah, Sheikh Hassan Nasrallah, viajou para Damasco para um encontro secreto com o Presidente da Síria, Bashar al-Assad e com o Secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, Ali Larijani, que também pertence ao comando do programa nuclear iraniano.
Para quem já pensou que tudo isto se trata de uma delirante teoria de conspiração cito a Bahrein News Agency sobre a viagem de Chávez: em despacho de Moscou relata um encontro entre Chávez e Vladimir Putin onde serão discutidos tópicos relacionados ao comércio, cooperação econômica e militar, o desenvolvimento nuclear do Irã, a situação no Oriente Médio e os mercados petrolíferos. A Agência espanhola EFE anunciou, ao final da visita, que a Venezuela já comprou da Rússia 3 bilhões de dólares em armamentos, incluindo 24 caças-bombardeiros Sukhoi-30 e 24 helicópteros de combate, a construção na Venezuela de uma central para a fabricação de fuzis Kalashnikov e sua munição (a Venezuela comprou no ano passado 100 mil fuzis Kalashnikov AK-103, dos quais 30 mil foram expedidos em junho), sistema anti-aéreos TOR M1, lanchas de patrulha e submarinos da classe Amur. Logo depois Chávez partiu para uma visita de 3 dias ao Irã (confirmado pelo Iranian President's Media Office), para assinatura de acordos de cooperação e uma conferência de imprensa. Lá, chamou o Presidente Ahmed Ahmadinejad de “irmão e companheiro de trincheira” e acrescentou que “a Venezuela estará junto do Irã em qualquer momento e em quaisquer condições”. Por sua vez o Ministro do Petróleo iraniano, Kazem Vaziri-Hamaneh, revelou que seu país investirá 4 bilhões de dólares na infra-estrutura petrolífera da Venezuela. Ao fim do encontro Chávez recebeu a mais alta condecoração da República Islâmica do Irã concedida a líderes estrangeiros, por "seus esforços para estabelecer a justiça na Venezuela e por sua postura contra a opressão, que merece ser elogiada".
GUERRILHA OU EXÉRCITO TERRORISTA?
A FALSA IGNORÂNCIA DA ONU E DO GOVERNO LIBANÊS
Depois da retirada unilateral de Israel do sul do Líbano há seis anos, o Irã passou a suprir o Hezbollah com quantidades maciças de foguetes de artilharia de longo alcance de um tipo nunca antes usado contra território israelense. Antes que o Hezbollah começasse seus ataques, duas semanas atrás, seu arsenal era estimado entre 10.000 e 12.000 foguetes, a maioria dos quais Katyushas de 122 mm com alcance de 20 quilômetros, mas também de mísseis de longo alcance, incluindo 100 Fajr-3 (50 km e ogiva de 50 quilos) e dezenas de Zilzal (alcance de 200 km), Shahin-1 e 2 (alcance de 80 km) todos fabricados e exportados pelo Irã, além de foguetes sírios de 220 mm e bombas de fragmentação. Não estamos, portanto, frente a uma guerrilha de brinquedo mas um verdadeiro exército terrorista que desenvolve táticas militares complexas que incluem forças terrestres, mísseis, inteligência militar e, obviamente, o controle da mídia mundial, que ainda os apresenta como um grupelho de patriotas estropiados resistindo às “tropas de ocupação” de Israel. É óbvio que o governo libanês, que inclui representantes do Hezbollah, sabia de tudo e a tudo apoiava, pois não é minimamente crível que tal potência bélica se desenvolvesse dentro das fronteiras de um país sem vazar nada, sem que os serviços de inteligência percebessem coisa alguma. Seria necessária uma tão formidável capacidade de camuflagem de bunkers, túneis, arsenais e lançadores de mísseis que está acima da capacidade humana, a não ser numa região onde só existissem cegos, surdos e mudos.
A ONU também sabia e apoiava o armamentismo do Hezbollah e a infiltração em seus postos de “observação”. O General canadense reformado Lewis MacKensie relatou ao Canadian Broadcasting Company, confirmado posteriormente pelo The Ottawa Citizen, que recebeu poucos dias antes o relato de um dos observadores mortos. Este dizia que “os terroristas do Hezbollah estavam em todos os lugares em torno da posição da ONU e que esta era uma prática comum, a de usarem os postos da UNIFIL (United Nations Interim Force in Lebanon) como escudo para não serem atingidos e para atacar Israel impunemente”. Mas o capo dei tutti i capi, Kofi Annan, continua acusando Israel de ter atingido o posto deliberadamente.
O fato é que a ONU não estava lá só para “observar” passivamente. De acordo com a Resolução 1559 deveria desarmar o Hezbollah e ajudar o governo libanês a re-estabelecer o controle sobre os territórios infestados de terroristas. Esta foi a condição do cessar-fogo aceita por Israel, que honrou o seu compromisso. As duas outras partes nada mais fizeram do que supervisionar e proteger o crescimento do poderio bélico de quem deveriam vigiar.
Por outro lado, as atrocidades das “Forças da Paz” da ONU são bem conhecidas. Estupros, pilhagem, selvageria e corrupção são a norma. O que não é de estranhar, sabendo-se que nos países de onde provêm as tropas tais práticas fazem parte do cotidiano. Colocar um capacete azul moderno na cabeça de um selvagem, não o transforma num civilizado. E na cúpula é a mesma coisa: os bem talhados ternos de Kofi Annan não são capazes de transformá-lo num ser civilizado e de evitar o mar de lama do escândalo “Oil for Food”, uma das maiores corrupções da atualidade, contra a qual nada, absolutamente nada foi feito. O capo, tal como outros capi mais chegados a nós, provavelmente não sabia de nada.
Ser um exército terrorista e posar como guerrilha tem suas vantagens. Quando estudei guerra revolucionária na década de 60, baseado nos ensinamentos de Ho Chi Minh, Nguyen Von Giap e Maozedong, fui instruído de que há três níveis na luta revolucionária: reivindicatório, político e ideológico. A eles correspondem três níveis de organização popular: greves, terrorismo e guerrilhas difusas, estabelecimento de focos (foquismo, defendido por Che) ou guerrilha rural (defendido pelos maoístas) e constituição do exército de libertação. Este último, que correspondia na época ao do Vietnã, deveria evoluir para um pleno exército como força armada regular. O Hezbollah está neste último ponto, com a grande vantagem de não usar uniformes, não obedecer a nenhuma lei nacional, mas apesar disto esperam ser tratados como soldados regulares. Atacam somente civis, mas esperam estar protegidos pela Convenção de Genebra e são apoiados pela tal “comunidade internacional”!
por Heitor De Paola em 03 de agosto de 2006
Resumo: O conflito entre Israel e o Hezbollah esconde interesses bem mais amplos, dentre os quais testar até onde vai o pacifismo do Ocidente diante da agressão, que hoje é contra Israel, mas que no futuro poderá ser ampliada.
“Well, now the Jews have a homeland again A place that is
theirs. And that's the point. It doesn't matter how many times the United States and European powers try to rein in Israel, if it comes down to survival of its nation, its people, they will fight like no lioness has ever fought to save her cubs. They will fight with ferocity, a determination, and a skill, that will astound us”.
JOE McCAIN
“The global condemnation of Israel is simply illustrative of the
low esteem attached to Jewish blood in this world where anti-Semitism
comes disguised as morality and a commitment to peace”.
DICK MORRIS
Já faz algum tempo desde que escrevi pela última vez sobre o assim chamado “conflito do Oriente Médio”. Não perdi o interesse em conhecer o que ocorria por lá, mas exatamente por isto verifiquei que tudo não passava de uma interminável repetição, uma espécie de ciclo do eterno retorno: Israel é bombardeado por homens-bomba assassinos (não suicidas, como costumam falar), foguetes, mísseis oriundos seja da Faixa de Gaza, seja da Cisjordânia. Quando Israel resolve dar um basta e contra-ataca, a nunca bem explicada “comunidade internacional” condena Israel, sua representante máxima, a ONU, convoca o Conselho de Segurança que aprova uma Resolução pró forma, decreta-se um cessar-fogo imediato que é rompido imediatamente por homens-bomba, terroristas de todos os tipos e... mais foguetes! E o ciclo recomeça. Os leitores já repararam que só se decreta cessar-fogo quando Israel reage? E que não é respeitado pelos terroristas porque não são nações mas “grupos militantes” e não têm responsabilidade legal perante a “comunidade internacional”?
Mas agora o cenário mudou, a ofensiva contra Israel é muito mais séria, o que nunca foi apenas um conflito regional, revela-se cada vez mais como parte de uma ofensiva global para destruir o mundo civilizado impondo um sistema opressivo que acabe com a liberdade individual gozada pela civilização – me escuso de não falar Civilização Ocidental porque não tenho notícias de nenhuma outra. Não é outra coisa que diz Hassan Abassi, Estrategista Chefe do Irã: “Nossa estratégia é destinada à destruição da civilização Anglo-Saxônica. Temos que utilizar tudo que nós temos à mão para atacar esse front, sejam nossas operações suicidas, seja por meio de nossos mísseis.. .quando derrotarmos os Anglo-Saxões o resto (do mundo) sairá correndo para se esconder”. (Citado por James Wolsey, ex-Diretor da CIA, na Mesa Redonda realizada em fevereiro deste ano, “Confronting a Nuclear Iran”, realizada no Jewish Institute for National Security Affairs, Washington, D.C.). No último dia 26 o segundo em comando da al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, divulgou um vídeo no qual deixa claro que o ataque não provocado do Hezbollah contra Israel foi apenas uma pequena parte da guerra travada pelo Islamismo Militante contra o Mundo Livre. Acrescentou “O mundo inteiro é um campo de batalha para nós, atacaremos onde decidirmos, até que o Islã reine da ‘Espanha ao Iraque’”.
Na ofensiva atual o Hezbollah está sendo usado como Hitler e Stalin usaram os combatentes na Guerra Civil Espanhola: testando novas técnicas militares e novo equipamento de batalha (a analogia é de Daniel Seaman). Na década de 30 ambos se preparavam para desencadear a II Guerra Mundial. O Irã prepara-se para a Terceira, juntamente com seus aliados Síria, Coréia do Norte, Venezuela e Cuba (e em breve a URSAL), tendo por trás a China e a Rússia. O jornal kuwaitiano al-Seyassa relatou no dia 27/07 que o líder máximo do Hezbollah, Sheikh Hassan Nasrallah, viajou para Damasco para um encontro secreto com o Presidente da Síria, Bashar al-Assad e com o Secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, Ali Larijani, que também pertence ao comando do programa nuclear iraniano.
Para quem já pensou que tudo isto se trata de uma delirante teoria de conspiração cito a Bahrein News Agency sobre a viagem de Chávez: em despacho de Moscou relata um encontro entre Chávez e Vladimir Putin onde serão discutidos tópicos relacionados ao comércio, cooperação econômica e militar, o desenvolvimento nuclear do Irã, a situação no Oriente Médio e os mercados petrolíferos. A Agência espanhola EFE anunciou, ao final da visita, que a Venezuela já comprou da Rússia 3 bilhões de dólares em armamentos, incluindo 24 caças-bombardeiros Sukhoi-30 e 24 helicópteros de combate, a construção na Venezuela de uma central para a fabricação de fuzis Kalashnikov e sua munição (a Venezuela comprou no ano passado 100 mil fuzis Kalashnikov AK-103, dos quais 30 mil foram expedidos em junho), sistema anti-aéreos TOR M1, lanchas de patrulha e submarinos da classe Amur. Logo depois Chávez partiu para uma visita de 3 dias ao Irã (confirmado pelo Iranian President's Media Office), para assinatura de acordos de cooperação e uma conferência de imprensa. Lá, chamou o Presidente Ahmed Ahmadinejad de “irmão e companheiro de trincheira” e acrescentou que “a Venezuela estará junto do Irã em qualquer momento e em quaisquer condições”. Por sua vez o Ministro do Petróleo iraniano, Kazem Vaziri-Hamaneh, revelou que seu país investirá 4 bilhões de dólares na infra-estrutura petrolífera da Venezuela. Ao fim do encontro Chávez recebeu a mais alta condecoração da República Islâmica do Irã concedida a líderes estrangeiros, por "seus esforços para estabelecer a justiça na Venezuela e por sua postura contra a opressão, que merece ser elogiada".
GUERRILHA OU EXÉRCITO TERRORISTA?
A FALSA IGNORÂNCIA DA ONU E DO GOVERNO LIBANÊS
Depois da retirada unilateral de Israel do sul do Líbano há seis anos, o Irã passou a suprir o Hezbollah com quantidades maciças de foguetes de artilharia de longo alcance de um tipo nunca antes usado contra território israelense. Antes que o Hezbollah começasse seus ataques, duas semanas atrás, seu arsenal era estimado entre 10.000 e 12.000 foguetes, a maioria dos quais Katyushas de 122 mm com alcance de 20 quilômetros, mas também de mísseis de longo alcance, incluindo 100 Fajr-3 (50 km e ogiva de 50 quilos) e dezenas de Zilzal (alcance de 200 km), Shahin-1 e 2 (alcance de 80 km) todos fabricados e exportados pelo Irã, além de foguetes sírios de 220 mm e bombas de fragmentação. Não estamos, portanto, frente a uma guerrilha de brinquedo mas um verdadeiro exército terrorista que desenvolve táticas militares complexas que incluem forças terrestres, mísseis, inteligência militar e, obviamente, o controle da mídia mundial, que ainda os apresenta como um grupelho de patriotas estropiados resistindo às “tropas de ocupação” de Israel. É óbvio que o governo libanês, que inclui representantes do Hezbollah, sabia de tudo e a tudo apoiava, pois não é minimamente crível que tal potência bélica se desenvolvesse dentro das fronteiras de um país sem vazar nada, sem que os serviços de inteligência percebessem coisa alguma. Seria necessária uma tão formidável capacidade de camuflagem de bunkers, túneis, arsenais e lançadores de mísseis que está acima da capacidade humana, a não ser numa região onde só existissem cegos, surdos e mudos.
A ONU também sabia e apoiava o armamentismo do Hezbollah e a infiltração em seus postos de “observação”. O General canadense reformado Lewis MacKensie relatou ao Canadian Broadcasting Company, confirmado posteriormente pelo The Ottawa Citizen, que recebeu poucos dias antes o relato de um dos observadores mortos. Este dizia que “os terroristas do Hezbollah estavam em todos os lugares em torno da posição da ONU e que esta era uma prática comum, a de usarem os postos da UNIFIL (United Nations Interim Force in Lebanon) como escudo para não serem atingidos e para atacar Israel impunemente”. Mas o capo dei tutti i capi, Kofi Annan, continua acusando Israel de ter atingido o posto deliberadamente.
O fato é que a ONU não estava lá só para “observar” passivamente. De acordo com a Resolução 1559 deveria desarmar o Hezbollah e ajudar o governo libanês a re-estabelecer o controle sobre os territórios infestados de terroristas. Esta foi a condição do cessar-fogo aceita por Israel, que honrou o seu compromisso. As duas outras partes nada mais fizeram do que supervisionar e proteger o crescimento do poderio bélico de quem deveriam vigiar.
Por outro lado, as atrocidades das “Forças da Paz” da ONU são bem conhecidas. Estupros, pilhagem, selvageria e corrupção são a norma. O que não é de estranhar, sabendo-se que nos países de onde provêm as tropas tais práticas fazem parte do cotidiano. Colocar um capacete azul moderno na cabeça de um selvagem, não o transforma num civilizado. E na cúpula é a mesma coisa: os bem talhados ternos de Kofi Annan não são capazes de transformá-lo num ser civilizado e de evitar o mar de lama do escândalo “Oil for Food”, uma das maiores corrupções da atualidade, contra a qual nada, absolutamente nada foi feito. O capo, tal como outros capi mais chegados a nós, provavelmente não sabia de nada.
Ser um exército terrorista e posar como guerrilha tem suas vantagens. Quando estudei guerra revolucionária na década de 60, baseado nos ensinamentos de Ho Chi Minh, Nguyen Von Giap e Maozedong, fui instruído de que há três níveis na luta revolucionária: reivindicatório, político e ideológico. A eles correspondem três níveis de organização popular: greves, terrorismo e guerrilhas difusas, estabelecimento de focos (foquismo, defendido por Che) ou guerrilha rural (defendido pelos maoístas) e constituição do exército de libertação. Este último, que correspondia na época ao do Vietnã, deveria evoluir para um pleno exército como força armada regular. O Hezbollah está neste último ponto, com a grande vantagem de não usar uniformes, não obedecer a nenhuma lei nacional, mas apesar disto esperam ser tratados como soldados regulares. Atacam somente civis, mas esperam estar protegidos pela Convenção de Genebra e são apoiados pela tal “comunidade internacional”!