Cedro em Chamas
Enviado: 06 Ago 2006, 17:10
Cedro em chamas
Por Acauan
Quando das manifestações no Líbano contra o assassinato do ex-primeiro ministro Rafic Hariri, que exigiam a retirada das tropas sírias do país e proclamavam a restauração da identidade nacional libanesa, expressei meus melhores desejos àquele povo em uma frase: - Que a liberdade ilumine os cedros.
São Paulo tem uma grande colônia de libaneses e descendentes. Cristãos em sua maioria, que vieram para cá em épocas difíceis, pelos motivos de sempre que tiram pessoas de sua terra natal.
Aqui chegaram e prosperaram.
Fizeram-se reconhecidos pela habilidade nos negócios, pelo zelo com a educação dos filhos e pela culinária que se disseminou entre os muitos sabores oferecidos pela grande cidade.
E também como uma comunidade pacífica e ordeira, que em agradecimento à terra que os acolheu presenteou a cidade de São Paulo com um dos melhores hospitais do país.
No momento em que escrevo, outros clarões, opostos aos que desejei, iluminam os cedros.
De novo.
Foi assim quando o Líbano, conhecido como a Suíça do Oriente Médio por ser um enclave de paz, progresso e convivência em uma região tumultuada, sucumbiu à guerra civil e terminou retalhado entre organizações terroristas e exércitos de ocupação estrangeiros.
Foi assim que Beirute deixou de ser a Paris do Oriente, a cidade que reunia o melhor da vida cultural do mundo árabe.
Visto por este lado, é preciso buscar a convergência entre certezas políticas e humanas.
Minhas certezas políticas dizem que as organizações terroristas árabes e muçulmanas (e quaisquer outras) devem ser totalmente destruídas, independente de qualquer julgamento de mérito das causas que os terroristas dizem servir.
O terrorismo é um mal em si, não apenas pelas mortes e danos que causa, em nada diferentes das mortes e danos provocados por exércitos nacionais na guerra, mas pelo modo como causa estas mortes, através da infiltração oculta de seus agentes dentro das sociedades que pretende atacar.
O terrorista, ao contrário de um soldado em uniforme, que luta sob as ordens e o estandarte de seu país, não é um combatente identificável, mas um inimigo invisível que só se mostra às suas indefesas vítimas quando já é tarde demais.
Não há como prevenir atentados terroristas sem ações policiais que tendem a transformar qualquer cidadão do país vítima do terrorismo em suspeito em potencial, restringindo liberdades e garantias individuais.
Onde as há, bem entendido, razão pela qual as democracias são alvos preferenciais do terrorismo - ditaduras não ligam a mínima para o quanto a repressão posta a serviço de seus interesse restringe as liberdades que não concedem ou as garantias que não garantem.
O objetivo do terrorismo é justamente enfraquecer as instituições e a autoridade dos governos que ataca, tanto por provocar a insegurança de que tais governos são impotentes para proteger seus cidadãos quanto por produzir o efeito repressivo que, atuando sobre seus próprios governados, desperta neles a idéia de que o inimigo é seu próprio governo e não os terroristas.
É esta natureza da atividade terrorista que a torna potencialmente mais nociva, em todos os sentidos, que a ação militar convencional, uma vez que células terroristas sob comando na maioria das vezes difuso, promovendo ataques dispersos e eventuais, não tem força suficiente para derrotar um governo organizado, mas são facilmente montados e mantidos na forma de pequenos grupos mais ou menos armados, que podem se proliferar e destruir uma sociedade a partir de dentro, sem chegar a um resultado definitivo, mantendo o conflito indefinidamente na forma de violência anárquica.
Outra certeza política é que é imperativo que o Estado de Israel sobreviva.
Todos os argumentos colocados a favor da independência e soberania de um Estado Palestino podem e devem ser considerados, ao contrário dos argumentos favoráveis à destruição do Estado de Israel.
O Estado de Israel é sujeito do direito internacional, reconhecido pela comunidade das nações e realidade geo-política instituída e mantida por três gerações de cidadãos nativos.
Qualquer alusão à possível ilegitimidade de sua criação pode, em última instância, ser dirigida a qualquer outro estado nação, principalmente aos do Oriente Médio, todos criados por convenções políticas que administraram a dissolução de impérios coloniais.
Inclusive o Líbano.
E a razão de ser do Estado de Israel clama alto, uma vez que, quando este não existia, nenhuma outra nação levantou suas armas para defender os filhos de Abraão em sua hora mais negra.
Por isto é imperativo que esta nação tenha seu próprio Estado e suas próprias armas.
Resta conciliar a simpatia pessoal e humana pelo país dos cedros e seu povo com tais imperativos políticos.
Não é tão difícil quando vislumbramos a hipótese de o terrorismo islâmico sair vitorioso deste confronto, o que resultaria na legitimização popular de seu poder e na propagação do terror onde quer que interesses se voltem contra poderes instituídos.
Os recentes atentados promovidos em São Paulo por criminosos comuns mostraram os riscos desta disseminação.
Não é tão fácil quando olho quadros com paisagens de Beirute enquanto almoço na casa de esfihas que freqüento, cujo proprietário libanês, com quem nunca troquei mais que algumas palavras em anos, deve se perguntar apenas "por que nós?"
Certamente minhas dissertações não lhe serviriam como resposta.
Por Acauan
Quando das manifestações no Líbano contra o assassinato do ex-primeiro ministro Rafic Hariri, que exigiam a retirada das tropas sírias do país e proclamavam a restauração da identidade nacional libanesa, expressei meus melhores desejos àquele povo em uma frase: - Que a liberdade ilumine os cedros.
São Paulo tem uma grande colônia de libaneses e descendentes. Cristãos em sua maioria, que vieram para cá em épocas difíceis, pelos motivos de sempre que tiram pessoas de sua terra natal.
Aqui chegaram e prosperaram.
Fizeram-se reconhecidos pela habilidade nos negócios, pelo zelo com a educação dos filhos e pela culinária que se disseminou entre os muitos sabores oferecidos pela grande cidade.
E também como uma comunidade pacífica e ordeira, que em agradecimento à terra que os acolheu presenteou a cidade de São Paulo com um dos melhores hospitais do país.
No momento em que escrevo, outros clarões, opostos aos que desejei, iluminam os cedros.
De novo.
Foi assim quando o Líbano, conhecido como a Suíça do Oriente Médio por ser um enclave de paz, progresso e convivência em uma região tumultuada, sucumbiu à guerra civil e terminou retalhado entre organizações terroristas e exércitos de ocupação estrangeiros.
Foi assim que Beirute deixou de ser a Paris do Oriente, a cidade que reunia o melhor da vida cultural do mundo árabe.
Visto por este lado, é preciso buscar a convergência entre certezas políticas e humanas.
Minhas certezas políticas dizem que as organizações terroristas árabes e muçulmanas (e quaisquer outras) devem ser totalmente destruídas, independente de qualquer julgamento de mérito das causas que os terroristas dizem servir.
O terrorismo é um mal em si, não apenas pelas mortes e danos que causa, em nada diferentes das mortes e danos provocados por exércitos nacionais na guerra, mas pelo modo como causa estas mortes, através da infiltração oculta de seus agentes dentro das sociedades que pretende atacar.
O terrorista, ao contrário de um soldado em uniforme, que luta sob as ordens e o estandarte de seu país, não é um combatente identificável, mas um inimigo invisível que só se mostra às suas indefesas vítimas quando já é tarde demais.
Não há como prevenir atentados terroristas sem ações policiais que tendem a transformar qualquer cidadão do país vítima do terrorismo em suspeito em potencial, restringindo liberdades e garantias individuais.
Onde as há, bem entendido, razão pela qual as democracias são alvos preferenciais do terrorismo - ditaduras não ligam a mínima para o quanto a repressão posta a serviço de seus interesse restringe as liberdades que não concedem ou as garantias que não garantem.
O objetivo do terrorismo é justamente enfraquecer as instituições e a autoridade dos governos que ataca, tanto por provocar a insegurança de que tais governos são impotentes para proteger seus cidadãos quanto por produzir o efeito repressivo que, atuando sobre seus próprios governados, desperta neles a idéia de que o inimigo é seu próprio governo e não os terroristas.
É esta natureza da atividade terrorista que a torna potencialmente mais nociva, em todos os sentidos, que a ação militar convencional, uma vez que células terroristas sob comando na maioria das vezes difuso, promovendo ataques dispersos e eventuais, não tem força suficiente para derrotar um governo organizado, mas são facilmente montados e mantidos na forma de pequenos grupos mais ou menos armados, que podem se proliferar e destruir uma sociedade a partir de dentro, sem chegar a um resultado definitivo, mantendo o conflito indefinidamente na forma de violência anárquica.
Outra certeza política é que é imperativo que o Estado de Israel sobreviva.
Todos os argumentos colocados a favor da independência e soberania de um Estado Palestino podem e devem ser considerados, ao contrário dos argumentos favoráveis à destruição do Estado de Israel.
O Estado de Israel é sujeito do direito internacional, reconhecido pela comunidade das nações e realidade geo-política instituída e mantida por três gerações de cidadãos nativos.
Qualquer alusão à possível ilegitimidade de sua criação pode, em última instância, ser dirigida a qualquer outro estado nação, principalmente aos do Oriente Médio, todos criados por convenções políticas que administraram a dissolução de impérios coloniais.
Inclusive o Líbano.
E a razão de ser do Estado de Israel clama alto, uma vez que, quando este não existia, nenhuma outra nação levantou suas armas para defender os filhos de Abraão em sua hora mais negra.
Por isto é imperativo que esta nação tenha seu próprio Estado e suas próprias armas.
Resta conciliar a simpatia pessoal e humana pelo país dos cedros e seu povo com tais imperativos políticos.
Não é tão difícil quando vislumbramos a hipótese de o terrorismo islâmico sair vitorioso deste confronto, o que resultaria na legitimização popular de seu poder e na propagação do terror onde quer que interesses se voltem contra poderes instituídos.
Os recentes atentados promovidos em São Paulo por criminosos comuns mostraram os riscos desta disseminação.
Não é tão fácil quando olho quadros com paisagens de Beirute enquanto almoço na casa de esfihas que freqüento, cujo proprietário libanês, com quem nunca troquei mais que algumas palavras em anos, deve se perguntar apenas "por que nós?"
Certamente minhas dissertações não lhe serviriam como resposta.