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Quem tem medo dos espantalhos?

Enviado: 15 Ago 2006, 11:20
por spink
Freakonomics


Os espantalhos também assustam as pessoas

Quando eu era criança, percebi pela primeira vez como os pássaros deviam ser tolos quando vi meu primeiro espantalho. Como o comportamento dos pássaros podia ser tão radicalmente afetado por algo que é evidentemente uma fraude?

Agora um novo estudo sugere que os seres humanos (pelo menos os professores de psicologia) não se comportam de modo muito diferente.

Veja o que disse a resenha sobre o trabalho:

"Melissa Bateson e colegas da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, colocaram novas listas de preços toda semana na cafeteria de seu departamento de psicologia. Os preços não mudavam, mas toda semana havia no alto da lista a fotocópia de uma imagem, medindo 15 por 3 centímetros, de flores ou de olhos de pessoas. As faces variavam, mas os olhos sempre olhavam diretamente para o observador. Nas semanas em que havia olhos na lista, os funcionários pagaram 2,76 vezes mais por suas bebidas do que nas semanas com flores."

"Francamente ficamos atônitos com o tamanho do efeito", disse Gilbert Roberts, um dos pesquisadores, à revista "New Scientist".

Alguns pensamentos:

1) Esses psicólogos são muito menos honestos em média do que os clientes da Bagel Man sobre os quais escrevemos em "Freakonomics". Eles pagam quase 90% do preço afixado em média. Para os pagamentos do experimento aumentarem quase três vezes, os psicólogos estariam pagando não mais que cerca de 30% do preço afixado.

2) Existe um estudo anterior que chega a um resultado semelhante: quando as pessoas jogam "jogos da verdade" em experimentos de laboratório usando computador, colocar um olho na tela tem o mesmo tipo de efeito.

3) O artigo continua, dizendo o seguinte: "Isso poderia ter amplas implicações. Em experimentos anteriores, as pessoas constantemente pareciam se comportar de maneira mais generosa do que precisariam por interesse próprio, mesmo quando lhes diziam que suas ações eram anônimas. Isto levou uma influente escola de economistas a afirmar que o altruísmo é inato nos seres humanos, em vez de se basear no cínico interesse próprio.

"Mas se um simples par de olhos numa fotocópia pode perturbar a honestidade, a equipe de Newcastle suspeita que esses experimentos anteriores podem de alguma forma ter sido prejudicados por pistas subliminares que fizeram as pessoas sentirem que estavam sendo observadas.

"Em outras palavras, o interesse próprio pode ter uma grande influência, afinal, com as pessoas sentindo a necessidade de serem consideradas honestas. Esses resultados talvez precisem ser reexaminados", diz Roberts.

De fato, em um novo trabalho que escrevi com John List, discutimos exatamente essa tese. Acreditamos que tanto a teoria quanto as evidências sugerem que o que aprendemos no laboratório, em muitos casos, não pode ser prontamente generalizado para ambientes naturais. O "escrutínio" do laboratório é um dos motivos. Também oferecemos outros.

Steven D. Levitt