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Você fala isso porque não foi com você...

Enviado: 23 Ago 2006, 13:31
por Jack Torrance
Sabe aquele negócio mais ou menos assim:

Sobre a comida:

- Que comida ruim!

Aí tem respondem:

- Você fala isso porque você não passou fome.

Será que se nós passarmos por x experiência, mudariamos a forma de pensar?

Um exemplo real:

Não me arrependo", diz Sobel sobre apoio à pena de morte

O rabino Henri Sobel disse que não se arrepende "em nada" de ter defendido a pena de morte para os assassinos de Felipe Caffé, 19, e Liana Friedenbach, 16. Sobel causou polêmica ao se declarar a favor da pena de morte para os criminosos de Liana e Felipe. O judaísmo no qual o rabino é o principal representante religioso condena a pena de morte.
"Estou em paz com minha consciência", disse ele à Folha Online após a apresentação do maestro e pianista norte-americano Ira Levin, no teatro Cultura Artística.
"Não estou nem um pouco arrependido. As pessoas tem que entender que eu celebrei o casamento dos pais de Liana, que ela foi minha aluna, que esse caso me atingiu de uma forma muito forte e pessoal. Continuo a favor (da morte dos assassinos), sim!


Parece-me que ele é/era defensor dos DH, mas por "sentir na pele" uma coisa dessas, ele mudou (nesse caso) de opinião.

Re: Você fala isso porque não foi com você...

Enviado: 23 Ago 2006, 14:52
por Ayyavazhi
Jack Torrance escreveu:Será que se nós passarmos por x experiência, mudariamos a forma de pensar?


Sem dúvida, JT, passar por determinada experiência é diferente de ouvir falar dela. Eu tratei mais ou menos desse tema, quando postei minha opinião no tópico que mostrava crianças israelenses escrevendo mensagens em bombas.

Seria falso declarar que TODAS as pessoas, diante do assassinato de um ente querido, reagiriam da mesma forma e se tornariam favoráveis à pena de morte. No entanto, é igualmente lógico que a grande maioria dos defensores de Direitos Humanos nunca sofreram tal perda. Não sabem o tamanho da dor que atinge essas famílias e não sabem que sentimentos e idéias resultam, como seqüelas emocionais.

Percebemos aqui a vulnerabilidade da razão humana, desde as questões mais simples, até às mais complexas.

É muito fácil falar do que não se conhece e são dignos de risos, para não falar piedade, aqueles que dizem “se fosse comigo, eu faria...”, sem avaliar seriamente o peso de um drama que se desenrola fora de suas vidas. Entrincheirados em uma realidade diferente, julgamo-nos capazes de emitir sentenças pétreas e irretorquíveis sobre a experiência de outrem.

Eu chamo a isso de tolice. Muito humana, por sinal.