Mais um desafio aos criacionistas bíblicos
Enviado: 24 Nov 2005, 12:02
Ninguém no orkut se habilitou. Vamos lá:
Historicamente, encontramos em ilhas isoladas alguns exemplos de aves não-voadoras, terrestres de médio e grande porte.
Os casos mais notáveis foram os dodôs da ilha Maurício ( 1 m ) e as moas gigantes ( 3 m ) da Nova Zelândia ( extintos no Século XVIII e XV, respectivamente ).
A geologia e biologia moderna explica de forma conveniente esse fato curioso. O raciocínio é relativamente simples, e exponho sua análise abaixo:
1. Ilhas significativamente isoladas são formadas durante milhões de anos pela ação do vulcanismo ou deriva continental ( Ilha Maurício e Nova Zelândia, respectivamente )
2. No segundo caso, parte da biodiversidade continental original pode ser conservada, durante o gradativo afastamento
3. Em ambos os casos, biodiversidade estrangeira pode ser introduzida de algumas formas; sementes de vegetais podem percorrer o ar, pequenos animais podem eventualmente chegar à costa boiando em troncos de árvore, etc
Nota-se que para animais terrestres maiores, a dificuldade de se chegar à ilhas isoladas aumenta bastante. Sendo que para dar continuidade à uma população, é necessário no mínimo existir uma fêmea grávida de um macho ( o caso mais extremo ).
4. A ilha Maurício, de origem vulcânica, possuía apenas 2 espécies de mamíferos nativos.
Uma de morcego e outra de dugong, que foi extinta pelos colonizadores holandeses.
O morcego é facilmente explicável - ele voa, teve procedência de Madagascar ou do continente africano. O dugong, parente do peixe-boi, é aquático, nada.
A Ilha Maurício conta com outros animais terrestres nativos: tartarugas e lagartos. Tartarugas nadam também - nenhum mistério aqui.
Os lagartos endêmicos ( que só existem lá ) de Maurício como algumas espécies de gecko são aparentadas de espécies encontradas em Madagascar e no continente africano - não é irrealista supor que em um passado distante, répteis pequenos de procedência desses lugares aportaram por acaso na costa da ilha e foram isolados.
Vamos para a Nova Zelândia; como a Nova Zelândia se formou por meio da deriva continental, isto é, já fez parte do Continente Australiano uma vez, parte da biodiversidade original pode ter sido conservada; a grande maioria da fauna neozelandesa, que conta com milhões de espécies diferentes, é endêmica. As suas tuataras, insetos e anfíbios únicos e exóticos são o resultado de até 80 milhões de anos de isolamento geográfico.
Para se ter uma idéia, a Inglaterra, que só é uma ilha há cerca de 12000 anos ( final da Era do Gelo ) conta com apenas um punhado de espécies endêmicas.
Não existem mamíferos nativos na Nova Zelândia também, além de morcegos.
5. Por qual motivo então existiam dodôs na Ilha Maurício antes dos colonizadores holandeses aportarem e os exterminarem e moas gigantes na Nova Zelândia antes dos caçadores aborígenes aportarem e caçarem até o último exemplar, ambas aves relativamente grandes e que não conseguiam voar?
Existe uma categoria de animais que eu intencionalmente ainda não citei ( mas que provavelmente está óbvio ) que também é capaz de ultrapassar barreiras marítimas e sobreviver em ilhas: as próprias aves.
Discuti brevemente as dificuldades que animais terrestres de médio e grande porte possuem para ingressar em ilhas; então por que eles existem mesmo assim?
O nicho ecológico para animais terrestres de médio e grande estava desocupado tanto na Ilha Maurício quanto Nova Zelândia, que não contava com nenhum mamífero terrestre e répteis e anfíbios pequenos; foram as próprias aves que ocuparam esses nichos ecológicos vazios.
Dodôs e moas gigantes evoluíram de aves pequenas e voadoras para de maior porte sem capacidade de vôo.
Poderia ser dito então; então por qual motivo não foram os grupos de répteis que evoluíram para ocupar o mesmo nicho? Eu digo que isso já ocorreu algumas vezes - o caso mais célebre são os Dragões de Komodo em arquipélagos da Indonésia. Mas cada ambiente possui circunstâncias específicas, que irá favorecer o diferencial reprodutivo de populações distintas.
Criacionismo e catastrofismo são plenamente incapazes de explicar a biogeografia terrestre atual.
Historicamente, encontramos em ilhas isoladas alguns exemplos de aves não-voadoras, terrestres de médio e grande porte.
Os casos mais notáveis foram os dodôs da ilha Maurício ( 1 m ) e as moas gigantes ( 3 m ) da Nova Zelândia ( extintos no Século XVIII e XV, respectivamente ).
A geologia e biologia moderna explica de forma conveniente esse fato curioso. O raciocínio é relativamente simples, e exponho sua análise abaixo:
1. Ilhas significativamente isoladas são formadas durante milhões de anos pela ação do vulcanismo ou deriva continental ( Ilha Maurício e Nova Zelândia, respectivamente )
2. No segundo caso, parte da biodiversidade continental original pode ser conservada, durante o gradativo afastamento
3. Em ambos os casos, biodiversidade estrangeira pode ser introduzida de algumas formas; sementes de vegetais podem percorrer o ar, pequenos animais podem eventualmente chegar à costa boiando em troncos de árvore, etc
Nota-se que para animais terrestres maiores, a dificuldade de se chegar à ilhas isoladas aumenta bastante. Sendo que para dar continuidade à uma população, é necessário no mínimo existir uma fêmea grávida de um macho ( o caso mais extremo ).
4. A ilha Maurício, de origem vulcânica, possuía apenas 2 espécies de mamíferos nativos.
Uma de morcego e outra de dugong, que foi extinta pelos colonizadores holandeses.
O morcego é facilmente explicável - ele voa, teve procedência de Madagascar ou do continente africano. O dugong, parente do peixe-boi, é aquático, nada.
A Ilha Maurício conta com outros animais terrestres nativos: tartarugas e lagartos. Tartarugas nadam também - nenhum mistério aqui.
Os lagartos endêmicos ( que só existem lá ) de Maurício como algumas espécies de gecko são aparentadas de espécies encontradas em Madagascar e no continente africano - não é irrealista supor que em um passado distante, répteis pequenos de procedência desses lugares aportaram por acaso na costa da ilha e foram isolados.
Vamos para a Nova Zelândia; como a Nova Zelândia se formou por meio da deriva continental, isto é, já fez parte do Continente Australiano uma vez, parte da biodiversidade original pode ter sido conservada; a grande maioria da fauna neozelandesa, que conta com milhões de espécies diferentes, é endêmica. As suas tuataras, insetos e anfíbios únicos e exóticos são o resultado de até 80 milhões de anos de isolamento geográfico.
Para se ter uma idéia, a Inglaterra, que só é uma ilha há cerca de 12000 anos ( final da Era do Gelo ) conta com apenas um punhado de espécies endêmicas.
Não existem mamíferos nativos na Nova Zelândia também, além de morcegos.
5. Por qual motivo então existiam dodôs na Ilha Maurício antes dos colonizadores holandeses aportarem e os exterminarem e moas gigantes na Nova Zelândia antes dos caçadores aborígenes aportarem e caçarem até o último exemplar, ambas aves relativamente grandes e que não conseguiam voar?
Existe uma categoria de animais que eu intencionalmente ainda não citei ( mas que provavelmente está óbvio ) que também é capaz de ultrapassar barreiras marítimas e sobreviver em ilhas: as próprias aves.
Discuti brevemente as dificuldades que animais terrestres de médio e grande porte possuem para ingressar em ilhas; então por que eles existem mesmo assim?
O nicho ecológico para animais terrestres de médio e grande estava desocupado tanto na Ilha Maurício quanto Nova Zelândia, que não contava com nenhum mamífero terrestre e répteis e anfíbios pequenos; foram as próprias aves que ocuparam esses nichos ecológicos vazios.
Dodôs e moas gigantes evoluíram de aves pequenas e voadoras para de maior porte sem capacidade de vôo.
Poderia ser dito então; então por qual motivo não foram os grupos de répteis que evoluíram para ocupar o mesmo nicho? Eu digo que isso já ocorreu algumas vezes - o caso mais célebre são os Dragões de Komodo em arquipélagos da Indonésia. Mas cada ambiente possui circunstâncias específicas, que irá favorecer o diferencial reprodutivo de populações distintas.
Criacionismo e catastrofismo são plenamente incapazes de explicar a biogeografia terrestre atual.