Conhecimento Empírico
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Conhecimento Empírico
Defino "Conhecimento Empírico" como a aquisição do conhecimento através das experiências vivenciadas a partir dos sentidos e do raciocínio sobre as impressões registradas em nosso cérebro.
Se a nossa mente nunca sofresse as impressões dos sentidos, ela seria apenas um objeto sem a capacidade do raciocínio.
A tentativa de Descartes de se abster de todas as sensações impressas em sua mente para obter a razão pura, chegou à ridícula conclusão do "penso, logo existo!".
Explico por que eu penso assim:
"penso"
Se nós pensamos é porque temos parâmetros impressos em nossos neurônios, a partir dos sentidos grosseiros, que interagem para se deduzir que estamos pensando.
"logo existo!"
O conceito de existência tem relação com a metafísica e esta, ainda, não se provou suficiente para responder à questão do "ser", apesar do grande esforço de Heidegger.
Por estes motivos, refuto a "razão pura" e em tratando-se de "conhecimento" ou "razão", considero todas as correntes filosóficas subordinadas ao "empirismo".
Portanto, a minha posição racional, no momento é "sem o empirismo não existe a razão".
Nao preciso da metafísica para saber que eu existo.
E descartes nao dizia que pensava sem impressoes dos sentidos. A estratégia dele foi tentar descobrir se os pensamentos que tinha derivavam de uma experiencia verdadeira ou de uma experiencia ilusória. Ele concluiu que nao há maneira de saber, com certeza absoluta, se nao estamos a ser enganado por um demónio com impressoes falsas. Esta conclusao é ainda logicamente válida. Nao foi de modo nenhum refutada. O que nao importa muito, porque seja com for, existe uma realidade qualquer, e o meu cérebro está a receber estimulos que lhe permitem pensar essa realidade (mesmo que seja uma realidade ilusória). Por isso, pensar, para Descartes, implica receber alguma forma de impressao exterior... e isso significa que "Penso, Logo existo" Está muito certo.
E foi Kant que "reuniu" o empirismo de Hume e Locke com o Racionalismo de Descartes.
E descartes nao dizia que pensava sem impressoes dos sentidos. A estratégia dele foi tentar descobrir se os pensamentos que tinha derivavam de uma experiencia verdadeira ou de uma experiencia ilusória. Ele concluiu que nao há maneira de saber, com certeza absoluta, se nao estamos a ser enganado por um demónio com impressoes falsas. Esta conclusao é ainda logicamente válida. Nao foi de modo nenhum refutada. O que nao importa muito, porque seja com for, existe uma realidade qualquer, e o meu cérebro está a receber estimulos que lhe permitem pensar essa realidade (mesmo que seja uma realidade ilusória). Por isso, pensar, para Descartes, implica receber alguma forma de impressao exterior... e isso significa que "Penso, Logo existo" Está muito certo.
E foi Kant que "reuniu" o empirismo de Hume e Locke com o Racionalismo de Descartes.
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Re.: Conhecimento Empírico
Sou um pragmatista.Isso caracteriza-se pela ênfase dada às consequências, utilidade e sentido prático como componentes vitais da verdade.O valor de uma hipótese está situada em seu resultado prático, naquilo que mais contribui para o bem-estar da humanidade.
“A boa sociedade é aquela em que o número de oportunidades de qualquer pessoa aleatoriamente escolhida tenha probabilidade de ser a maior possível”
Friedrich Hayek. “Direito, legislação e liberdade” (volume II, p.156, 1985, Editora Visão)
"Os homens práticos, que se julgam tão independentes em seu pensar, são todos na verdade escravos das idéias de algum economista morto."
John Maynard Keynes
Friedrich Hayek. “Direito, legislação e liberdade” (volume II, p.156, 1985, Editora Visão)
"Os homens práticos, que se julgam tão independentes em seu pensar, são todos na verdade escravos das idéias de algum economista morto."
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Re.: Conhecimento Empírico
faithless escreveu:Nao preciso da metafísica para saber que eu existo.
"... Quanto à existência provada pelo cogito ("Penso, logo existo!"), só pode ser a existência do pensamento, da realidade pensante (res cogitans), não da realidade distinta do pensamento." Pág. 69 - BATTISTA MONDIN - CURSO DE FILOSOFIA - ED. PAULUS - VOL. II. - 1981.
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Miguel,como se pode saber que existe sem uma convicçâo metafísica do fato?
O empirismo nem mesm pode nos dar um senso seguro de identificaçâo individual..dependendo das escalas de medida,por exemplo,posso ter uma complexidade real de uma partícula em vez de ser realmente humano,segundo a ótica do empirismo.
O empirismo nem mesm pode nos dar um senso seguro de identificaçâo individual..dependendo das escalas de medida,por exemplo,posso ter uma complexidade real de uma partícula em vez de ser realmente humano,segundo a ótica do empirismo.
Re: Re.: Conhecimento Empírico
Rhaone da Silva escreveu:faithless escreveu:Nao preciso da metafísica para saber que eu existo.
"... Quanto à existência provada pelo cogito ("Penso, logo existo!"), só pode ser a existência do pensamento, da realidade pensante (res cogitans), não da realidade distinta do pensamento." Pág. 69 - BATTISTA MONDIN - CURSO DE FILOSOFIA - ED. PAULUS - VOL. II. - 1981.
Er... pois. Continuo na minha...

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Rhaone da Silva escreveu:faithless escreveu:E descartes nao dizia que pensava sem impressoes dos sentidos.
"... Descartes põe de lado como não certos os conhecimentos obtidos por meio dos sentidos, porque os sentidos, muitas vezes, nos enganam." Pág. 69 - BATTISTA MONDIN - CURSO DE FILOSOFIA - ED. PAULUS - VOL. II. - 1981.
foi o que eu disse:
A estratégia dele foi tentar descobrir se os pensamentos que tinha derivavam de uma experiencia verdadeira ou de uma experiencia ilusória
Essas citaçoes foram para me refutar ou para confirmar o que eu disse? De facto, as citaçoes confirmam o que eu disse...

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Re.: Conhecimento Empírico
Caramba... ganhei. E o único livro sobre Descartes que eu li foi "Descartes para principiantes". Filosofia em Comics...



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Re.: Conhecimento Empírico
ok="já argumentei o suficiente para me fazer entender".
Re.: Conhecimento Empírico
Queria um segunda opiniao Doutor. 

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Re: Conhecimento Empírico
Rhaone da Silva escreveu:
Defino "Conhecimento Empírico" como a aquisição do conhecimento através das experiências vivenciadas a partir dos sentidos e do raciocínio sobre as impressões registradas em nosso cérebro.
Se a nossa mente nunca sofresse as impressões dos sentidos, ela seria apenas um objeto sem a capacidade do raciocínio.
A tentativa de Descartes de se abster de todas as sensações impressas em sua mente para obter a razão pura, chegou à ridícula conclusão do "penso, logo existo!".
Explico por que eu penso assim:
"penso"
Se nós pensamos é porque temos parâmetros impressos em nossos neurônios, a partir dos sentidos grosseiros, que interagem para se deduzir que estamos pensando.
"logo existo!"
O conceito de existência tem relação com a metafísica e esta, ainda, não se provou suficiente para responder à questão do "ser", apesar do grande esforço de Heidegger.
Por estes motivos, refuto a "razão pura" e em tratando-se de "conhecimento" ou "razão", considero todas as correntes filosóficas subordinadas ao "empirismo".
Portanto, a minha posição racional, no momento é "sem o empirismo não existe a razão".
BOBAGEM!
A matemática não tem nenhum fundamento empírico. Ela lida com conceitos puramente abstratos. Não existe a percepção sensorial de um número complexo, do conjunto vazio, de um ponto, de uma reta etc. Isto são conceitos que criamos e, uma vez criados, toda verdade acerca deles depende exclusivamente dos axiomas adotados e da razão.
Eu posso ter a certeza racional da verdade ou falsidade de uma proposição matemática pela pura necessidade racional dela ser verdade, dados certos axiomas, sem nenhuma experiência envolvendo isto.
Ou será que por acaso você já sentiu a textura, a cor, o cheiro ou o sabor da irracionabilidade da raiz de 2, ou da incompletude?
Cara, o que você está fazendo é confundir a epistemologia com pedagogia e neurociências. Para epistemologia, não importa que sob o aspécto neurológico ou pedagógico o conhecimento comece pelos sentidos ou por uploads ao cérebro via USB. O que importa é que existe um conhecimento que é formal, ou seja, é verdade pela pura necessidade racional de ser verdade, e outro que não é.
Outro ponto que vocês ignora é que a própria experiência é interpretada segundo pressupostos intelectuais. Por exemplo, você olha as folhas de uma árvore e pode descrever este estado-de-coisas assim:
"Aqui há 1000 folhas verdes".
"Aqui há uma folhagem verde".
"Aqui há 10^12 átomos organizados de forma tal que refletem a luz na freqüencia 520–570 nm".
O mesmo estado-de-coisas está sendo descrito por meio de conceitos distintos e por números distintos que variam em função dos conceitos. E ainda, estes conceitos compõe cosmovisões distintas que enxergam a mesma coisa diferentemente. O fato é que tudo que vemos é a luz. Não entra pelo nosso olho a informação "aqui há 1000 folhas verdes" ou "aqui há uma folhagem verde". Só entra luz verde, neste caso. O jeito que nós interpretamos a luz que vemos é uma operação intelectual. Nós construímos conceitos e aplicamos estes sobre aquilo que experimentamos. Se eu aplico o conceito "folha", então trabalho com 1000 unidades; mas se aplico o conceito "folhagem", trabalho com uma unidade.
Visite minha página http://filomatia.net. Tratando de lógica, filosofia, matemática etc.
Visite o Wikilivros. Aprenda mais sobre Lógica.
Assista meu canal do youtube. Veja meu currículo lattes.
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Re: Conhecimento Empírico
Muito bem Dante, a tua explicação é bastante convincente, mas confesso faltar-me mais estudo a respeito, por isto vou estudar mais o assunto.
O que posso dizer, no momento, é que para termos estas idéias abstratas se faz necessário antes termos os estímulos sensoriais para que o nosso cérebro possa ter condições de "imaginar" ou "raciocinar" sobre estas proposições que mencionastes.
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Re: Re.: Conhecimento Empírico
faithless escreveu:Queria um segunda opiniao Doutor.
Não, não sou Doutor. Espero que alguém dê uma segunda opinião.
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Re: Conhecimento Empírico
Rhaone da Silva escreveu:
Muito bem Dante, a tua explicação é bastante convincente, mas confesso faltar-me mais estudo a respeito, por isto vou estudar mais o assunto.
O que posso dizer, no momento, é que para termos estas idéias abstratas se faz necessário antes termos os estímulos sensoriais para que o nosso cérebro possa ter condições de "imaginar" ou "raciocinar" sobre estas proposições que mencionastes.
Do ponto de vista da pedagogia e das neurociências talvez você esteja certo, mas várias correntes da epistemologia, as quais estou inclinado dada a força de seus argumentos, concentram-se menos na gênese e mais no fundamento do conhecimento.
O fato é que temos toda uma vertente do conhecimento chamada de "conhecimento formal" (lógica, geometria, aritmética e matemática em geral) que lida com entidades que, ao menos diretamente, não temos qualquer experiência sensível delas: números, figuras geométricas (alguém já viu um ponto, uma linha ou um hipercubo?), tautologias etc. E a verdade das proposições que tratam destas coisas não é atestada empiricamente, mas por métodos formais de demonstração.
Vide o número 0 (zero). As culturas maia, islâmica e hindu conheciam este número. Já os gregos, romanos e outras culturas, não. O que impedia estas de conhecer o zero? Alguma deficiencia em seus sentidos? É óbvio que não. Eles apenas não criaram este conceito, por diversos motivos sem relação com a experiência sensível, como a falta de um sistema numérico posicional.
Mesmo tratando dos fundamentos do conhecimento empírico, temos que considerar questões muito mais complicadas que o simples "ver para crer". Entre elas, dado que o que entra pelos olhos não é informação, mas luz, como luz é convertida em informação?
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(desculpe, não sei excluir!)
Editado pela última vez por Rhaone da Silva em 27 Ago 2006, 15:08, em um total de 1 vez.
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(desculpe, não sei excluir!)
Editado pela última vez por Rhaone da Silva em 27 Ago 2006, 15:09, em um total de 1 vez.
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Re.: Conhecimento Empírico
ok <--- era prá ser somente este post.