Primórdios da corrupção petista
Enviado: 27 Ago 2006, 22:36
MSM escreveu:Lula e a corrupção no PT
por Ipojuca Pontes em 03 de março de 2004
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"Lula, no mínimo, foi conivente” - Paulo de Tarso Venceslau, secretário de finanças de S. José dos Campos
É um engano pensar, como sugere a mídia nacional, que o “escândalo Waldomiro” é o primeiro caso de mega corrupção nos governos do PT do companheiro Lula. Para além das denúncias que vinculavam o ex-governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (atual ministro das cidades), a uma caixinha alimentada pelos bicheiros gaúchos (em que um militante do PT no governo, descoberta a vultosa negociata, assumiu o papel de “bode expiatório” para salvar as aparências), e do escabroso episódio envolvendo obscuras operações de assessores com o prefeito petista Celso Daniel, de Santo André (assassinado, segundo a família, como suposta queima de arquivo), há o caso seminal do militante Paulo de Tarso Venceslau, ex-secretário de finanças de Prefeituras administradas pelo Partido dos Trabalhadores no Estado de São Paulo.
O Caso Paulo de Tarso é, no mínimo, revelador: antigo guerrilheiro da Ação Libertadora Nacional (ALN) e um dos responsáveis pelo seqüestro do embaixador americano Charles Elbrike (que serviu paras libertar o atual Chefe da Casa Civil, José Dirceu), Paulo de Tarso (codinome “Geraldo”), economista e quadro do partido, depois da abertura promovida pela ditadura Geisel, tornou-se, com a redemocratização do país, administrador das finanças de duas prefeituras petistas.
Na secretária das finanças das prefeituras de Campinas (89/92) e São José dos Campos (93/96), Paulo de Tarso travou, solitariamente, durante anos, uma longa refrega com o que julgava ser a “banda podre” do PT, quando descobriu que o empresário Roberto Teixeira, compadre e hospedeiro (gratuito) de Lula durante oito anos, estava por trás de operações fraudulentas que envolviam cifras públicas em torno de US$ 16 milhões. O “golpe” do compadre de Lula, segundo o ex-secretário de finanças, consistia em fazer com que a empresa que representava, a CPEM – Consultoria para Empresas e Municípios -, alegando o privilégio de “notória especialização”, fugisse dos trâmites do processo de licitação e desviasse os fundos municipais para os cofres do partido, da própria CPEM e sabe-se lá para quem mais. No caso especifico, o bem-sucedido Roberto Teixeira pressionava, com o apoio dos caciques petistas, para que o secretário das Finanças da Prefeitura de São José dos Campos autorizasse o pagamento indevido de US$ 5,5 milhões, fazendo uso de documentos rasurados, assinaturas falsas e números ($$) fantasiosos.
Em que pesem as ações dos assessores de Lula, o então secretário das Finanças da Prefeitura de São José dos Campos resistiu às pressões, instalou uma comissão de sindicância para investigar a falcatrua e sustou o vultoso pagamento do compadre do presidente do PT. De posse dos dados comprobatórios levantados pela comissão, encaminhou, no início de 1993, denúncia ao Ministério Público, que, examinando o dossiê, não só o julgou procedente, como anulou o contrato da CPEM de Roberto Teixeira e proibiu a Prefeitura de fazer qualquer pagamento à empresa protegida.
Mas o secretário fez mais. Sabedor de que, pela posição assumida, estava sendo considerado por Lula como um “criador de problemas”, buscou e manteve entrevista pessoal com o próprio presidente nacional do PT e explicou, cara a cara, com riqueza de provas, que a CPEM era uma empresa desonesta, que estava desviando de forma criminosa dinheiro da prefeitura de São José dos Campos. Segundo Paulo de Tarso, em entrevista concedida ao Jornal da Tarde, em 26/05/97, Lula ouviu o relato, considerou-o grave e, ao final, disse que o caso tinha de encontrar “uma solução”.
A solução encontrada foi exonerar o militante Paulo de Tarso Venceslau do cargo de Secretário das Finanças da Prefeitura de São José dos Campos. A prefeita da cidade, Ângela Guadgnin, chorando, comunicou-lhe a decisão tomada pela direção nacional (e estadual) do Partido dos Trabalhadores. Antes, o incômodo secretário já tinha sido cercado e ameaçado de morte por três homens dentro de um carro de chapa fria, na Rodovia dos Trabalhadores, em São Bernardo dos Campos.
Marginalizado como um pária dentro do PT, o último ato do ex-secretário de Finanças do São José dos Campos foi protocolar uma carta-denúncia que entregou ao próprio Lula, durante reunião do diretório do partido, no Hotel Della Volpe, em São Paulo, no dia 5 de abril de 1995, na ocasião em que o Presidente do PT trocava confidências com o compadre e bem-sucedido empresário Roberto Teixeira.
Em resposta, até hoje, Lula - assegura Paulo de Tarso - permanece em silêncio.