Escolha para padres acusados de abuso sexual
Enviado: 04 Set 2006, 15:32
Escolha para padres acusados de abuso sexual
The New York Times
10:41 31/08
Andy Newman
Enquanto a Igreja Católica luta para reparar sua imagem, manchada pelos escândalos de abusos sexuais, uma das questões mais confusas enfrentadas pelos líderes religiosos é sobre como lidar com os padres acusados de abuso.
Alguns padres, cujos crimes se encontravam dentro dos estatutos de limitação, estão presos. Outros foram afastados.
Porém outros - por conta da idade ou da natureza de seus crimes, ou por terem sido bem-sucedidos em algumas das acusações - não podem ser afastados pela lei canône. Esses padres vivem num tipo de mundo das sombras, isentos da maioria das responsabilidades, porém ainda ajudados financeiramente pela igreja e livres para fazerem o que bem entendem, o que irrita os críticos da igreja e causa mais dívidas às dioceses.
O cardeal Edward M. Egan, líder da Arquidiocese de Nova York, está tentando algo diferente. Desde junho, ele oferece uma chance para sete padres acusados de molestarem crianças sexualmente.
Eles podem passar o resto de suas vidas em habitações supervisionadas onde, além de receberem terapia, deverão preencher um relatório diário de seus passos. Ou então, podem deixar o sacerdócio e a rede de segurança vitalícia que este proporciona.
Até agora, cinco dos sete padres que receberam as cartas escolheram o afastamento, ao invés de se submeterem ao monitoramento. Um dos padres se mudou para um asilo e o outro está a caminho, disse um oficial da diocese.
"Não acredito que a arquidiocese esteja fazendo isso porque se interessa pelo bem-estar das crianças", disse o reverendo John P. Bambrick, padre da diocese de Trenton, Nova Jersey, e defensor das vítimas, que afirma ter sido abusado na infância por um padre em Yonkers. "Existe uma questão de responsabilidade aqui, e os advogados da diocese inventaram esse plano brilhante, que consiste em encurralar e controlar os padres ou forçá-los ao afastamento".
Ele complementa: "Devolver esses padres à sociedade não é uma atitude responsável".
Fonte: Último Segundo