O Brasil é governado por uma elite que despreza o seu povo, tanto ou mais hoje em dia do que no tempo do Império. Somos um país dividido entre uma elite rica e uma plebe excluída, da mesma forma como antes éramos divididos entre índios e cristãos, escravos e senhores. A República foi proclamada 115 anos atrás, mas ainda não foi implantada. Por desprezar o povo, a elite relega a educação das crianças desse povo. Quando precisou de escola para seus filhos, essa elite fez boas escolas públicas para poucos; eram boas, mas para poucos. Quando foi preciso ampliar o número de alunos, pela pressão natural do processo histórico, os governos das elites abandonaram a escola pública aos municípios e estados, levaram seus filhos para as escolas particulares e passaram a financiá-las com recursos públicos, sob a forma de isenções e subsídios.
Cristovam Buarque
O Brasil é vice campeão mundial em concentração de renda e desigualdade social, perdendo apenas para um pequeno país africano. A maior causa deste problema é a negação da educação às camadas mais pobres da nossa sociedade.
O descaso com a educação é bastante visível. Durante o governo de FHC, entrou em vigor a aprovação automática que impede os alunos com fraco desempenho escolar de repetirem de ano. Resultado: muitos alunos chegam analfabetos na quinta série do primeiro grau.
Os salários dos professores é insuficiente e não há condições de ensino de qualidade. A escola pública é uma farsa que só serve para evitar que as crianças mais pobres fiquem na rua. É necessário que toda nossa sociedade se conscientize deste problema e lute para mudar esta realidade.
Enquanto isto, as escolas particulares dão bem melhores condições de ensino aos seus alunos. Aumentando assim, a distância de futuras possibilidades de ascensão social entre os alunos da rede pública e privada.
As primeiras escolas criadas no Brasil foram as jesuítas, cujo ensino era voltado a doutrinação religiosa, ou seja, lavagem cerebral nas crianças. Até hoje as escolas públicas existem apenas para domesticar os filhos dos pobres e perpetuar sua invisibilidade social.
Nosso ensino não tem valorizado a diversidade étnica e cultural brasileira. Ainda aprende-se história sob o ponto de vista europeu, ignorando-se a história africana, continente do qual o povo brasileiro é originário.
Os mais de 200 anos de escravidão deixaram injustiças que persistem até hoje. Nossos indicadores sociais demonstram que a qualidade de vida dos brancos é superior a dos negros. O mesmo refletindo-se nos níveis de escolaridade. Para corrigir todas as injustiças históricas cometidas contra esses brasileiros, é necessário um investimento maciço em educação por parte do governo para que haja mais igualdade de oportunidades entre todos.
A ausência de uma escola pública de qualidade trás pobreza e miséria, principalmente devido as exigências do mercado profissional que exclui quem possui pouco estudo. A pobreza é uma perda econômica, pois ela significa recursos humanos não aproveitados. Reverter essa situação significa dar a cada brasileiro acesso a uma escola pública de ótima qualidade.